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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (159)

Eu não ia falar de mais um romance de Asimov, mas vou falar. 

No livro O Fim da Eternidade (1955) há o que não poderia haver no seu enredo: um cara, chamado Andrew, treinado pelo sistema para não ter emoção de tipo algum, apaixona-se perdidamente por uma cientista de nome Nöys.

Quem é essa mulher e o que ela pretende?

Essa história passa-se quase toda na casa do chapéu, num inimaginável século 482.

Será que Nöys é uma figura perigosa?

Será que Nöys vai corresponder à paixão de Andrew?

Andrew é um técnico de uma organização chamada Eternidade. Os habitantes dessa coisa são chamados de “Eternos”.

Ora, ora, não posso deixar de comparar Asimov a Guimarães Rosa, mas numa bobagenzinha só: Rosa era um paquerador e amante incorrigível, como o autor Isaac Asimov.

A pergunta: quem matou o primeiro e o segundo cientistas de As Cavernas de Aço e de O Sol Desvelado?

Uma coisa a mais: houve um escritor que inspirou a criação do Dia da Ficção Científica Brasileira. Era paulistano e chamava-se Jeronymo Monteiro (1908-1970).

Como Machado de Assis, Jeronymo Barbosa Monteiro era autodidata e poliglota. E também jornalista e um dos pioneiros da ficção científica ou ficção do futuro, como também esse gênero é chamado.

Como Machado, Jeronymo traduziu livros de autores como Victor Hugo. Falava quatro línguas: francês, italiano, espanhol e inglês.

E como Coelho Neto, Jeronymo caiu no esquecimento, pois são poucas as pessoas que lembram dele hoje e da obra que deixou. Entre seus livros se acham Três Meses no Século 81 (1947), A Cidade Perdida (1948) e Os Visitantes do Espaço (1963). 

E ainda como Coelho Neto, Jeronymo escreveu livros direcionados ao público infantil.

Sua atividade como jornalista estendeu-se pelas páginas da Folha, Estadão e O Globo.

No jornal Tribuna de Santos, Jeronymo assinou uma coluna intitulada Admirável Mundo Novo. Nessa coluna, ele divulgava notícias do mundo científico.

Antes de trabalhar nesses jornais, assumiu a direção e edição da primeira revista publicada pela Editora Abril, em 1950. São dele a tradução e adaptação dos primeiros números do gibi O Pato Donald.

O maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto foi um dos mais criativos jornalistas e ficcionistas da vida intelectual brasileira. Publicou centenas e centenas de contos, crônicas, poesias, romances. Muita coisa ele escreveu, até livros para o público juvenil. Chegou a assinar obras com Olavo Bilac.

Neto tem um conto bastante curioso no qual um cientista gera um ser esquisito denominado James Marian. Esse ser foi resultante da junção de um corpo masculino jovem cuja cabeça fora degolada e de uma jovem que teve o corpo esmagado de que sobrou apenas a cabeça intacta.

Cabeça de uma jovem num corpo de um jovem resultou no personagem próximo a Frankenstein. Detalhe é que, ao contrário de Frankenstein, Marian é bonito e encantador.

Lá pras tantas, Marian conta sobre seu criador:


…Tive um protetor, Arhat. Vivi em sua companhia e ele velou por mim. Não era de amor que me cercava, mas de cuidados. Eu era feitura sua, obra do seu saber. Tinha grande zelo por mim, sempre atento à minha saúde, às minhas tristezas, medicando-me, defendendo-me de todo o mal para que eu resistisse. Eu era para ele como objeto delicado que se conserva em vitrina. Amor não havia. Que fez por mim? Deu-me a vida, educou-me e instituiu-me herdeiro da fortuna que dissipo. Eu dormia e ele despertou-me... e ando agora como estremunhado, só desejoso de voltar ao sono…


Foto e ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

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