Assis com o livro Elifas Andreato: 50 anos de carreira |
Elifas Andreato era paranaense da safra de 1946 e um ataque cardíaco o levou ao hospital, de onde partiu.
Antes de se tornar o mais importante e aplaudido designer do Brasil, Elifas foi metalúrgico.
Foi pelas mãos do jornalista alagoano Audálio Dantas que Elifas alçou voo no campo das artes plásticas. Já escrevi muito a seu respeito.
Eu conheci Elifas ali pelos começos dos anos de 1980.
A sua atuação nas áreas social e política foi de grande importância para o País. Para o País, reforce-se, que pensa, que luta por tempos melhores. Sempre. Elifas não pensava duas vezes para jogar-se de corpo e alma no trabalho que tinha por objetivo o refortalecimento da Democracia.
Era radicalmente contra qualquer tipo de agressão e censura. São famosas as capas e ilustrações que fez para jornais da chamada "Imprensa Nanica", como Opinião e Movimento.
Há muitos quadros seus retratando os "anos de chumbo" no Brasil.
Há obras em várias entidades democráticas. No Congresso Nacional, inclusive.
Em 1972, Elifas fez a capa do Livro Negro da Ditadura Militar. Esse livro provocou grande polêmica. É ele mesmo quem fala: Elifas Andreato e a capa do Livro Negro da Ditadura
Semeador, por Elifas Andreato |
Em 2011, o artista recebeu o prêmio Vladimir Herzog concedido pelo Instituto Vladimir Herzog, pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), pelo Comitê Brasileiro de Anistia, pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.
Poucos sabem, mas Elifas Andreato escrevia letras poéticas para amigos seus, como Jessé, musicar. Até um prêmio internacional ele ganhou. Foi num festival de música realizado em terras do Tio Sam.
Capista de LPs de Chico Buarque, Martinho da Vila, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Elis Regina, Clara Nunes e da dupla Toquinho e Vinícius e centenas de outras mais, Elifas também fez cartazes para teatro etc. Morreu pobre e endividado, com um banco ameaçando tirar-lhe do lugar onde morava.
Eu soube dos problemas materiais que Elifas enfrentava através de amigos. Mas ele, mesmo, não costumava falar sobre o assunto.
A última vez que falei com Elifas foi num dia qualquer de janeiro deste ano, quando por telefone lhe pedi que escrevesse um pequeno texto contando o que o trouxera de Rolândia (PR), para a Capital paulista. Esse texto seria incluído numa reportagem que fiz especialmente para o Newsletter Jornalistas & Cia. Prometeu, mas não fez. Talvez por já estar vivenciando problemas relacionados à saúde.
No livro Elifas Andreato: 50 anos de carreira, lançado em 2018, ele inicia dizendo o seguinte:
Somos aquilo que lembramos. A frase é do filósofo e jurista italiano Noberto Bobbio e está no livro O Tempo da Memória.Lembro-me de outra, não sei se com as mesmas palavras, mas o significado é o seguinte: nossa riqueza são nossos pensamentos, as ações que cumprimos, as lembranças que conservamos e não deixamos apagar e das quais somos o único guardião.Depois de um certo tempo de vida temos que batalhar para que as lembranças não nos abandonem. Devemos nos entregar a elas com afinco porque as recordações não aflorarão se nós não as procurarmos nos mais distantes recantos da memória.Este livro (Elifas Andreato : 50 anos de carreira) são minhas lembranças.
As últimas ilustrações para discos de Elifas Andreato foram estampadas nas capas de CDs de Socorro Lira e Jorge Ribbas. O HOMEM NÃO TEM JEITO. O PRECONCEITO MATA.
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