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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

RONIWALTER JATOBÁ E O JOVEM LUIZ GONZAGA

Luiz Gonzaga, o rei do baião, não era santo e nem deixou procuração para eu falar bem ou mal dele.
E nem carecia.
Quem me conhece sabe que a mim me basta falar do que presta na vida brasileira, notadamente no tocante às artes, à cultura popular.
E Gonzaga prestava.
Após uma surra lascada que a mãe Santana e o pai Januário lhe deram aos 17 anos, por se engraçar da filha de um poderoso de Exu, terra onde nasceu, partiu pras ordens no Exército e depois pro deus-dará no oco do mundo, que por um tempo se chamou zona do mangue carioca, onde chafurdou e chafurdou até ser chamado pra substituir um sanfoneiro numa gravação nos estúdios da finada Victor.
E aí sua vida mudou.
Antes, nas rodas do mangue, conheceu um garoto de nome Armando, que viria a ser ministro do “nada a declarar”, lembram? Dos tempos do Figueiredo, o general que preferia cheiro de cavalo a cheiro de povo e que um dia pediu para “ser esquecido”, lembram? Está no inferno.
Pois bem, o garoto era um garoto como tantos. Estudante de Direito, no Rio. Nordestino, incentivou Gonzaga a tocar as cantigas da sua terra.
Nada demais.
Entre 1941 e 1945, Gonzaga lançou 24 discos, apenas como sanfoneiro-compositor.
Em 46, escolheu o grupo Quatro Azes e um Coringa para lançar o baião.
Em 47, gravou Asa Branca com o grupo do Canhoto.
Ninguém apostava, achava que não ia muito longe.
O ano de 49 chegou com Gonzaga sendo procurado por políticos para compor um jingle contra José Américo. Nasce o baião Paraíba, que Emilinha Borba lançou em março do ano seguinte, com um sucesso da gota serena.
A partir daí, Gonzaga fez jingles para Jânio, Lacerda, JB (candidato de Carvalho Pinto e primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta) e Humberto Teixeira, que se elegeu deputado federal, facilmente.
Antes e depois disso, ele cantou para Dutra, Getúlio, Eva Perón e mais meio mundo.
Notaram? Hoje ele está cantando melhor do que nunca.
Mas não fosse o lançamento do novo livro do mineiro Roniwalter Jatobá, O Jovem Luiz Gonzaga, na Casa das Rosas a partir das 19 horas, os 20 anos do desaparecimento do Rei do Baião passaria despercebido, pelo menos cá em Sampa.
Que coisa!
A rainha do forró Anastácia e trio liderado por Chumbinho estarão conosco.
Ao lado de Anastácia, estará também Terezinha da Sanfona, líder do grupo feminino Karolinas com K, de Recife.
Vamos todos lá? Avenida Paulista, 37, próximo à estação Brigadeiro do metrô.
....................
PLOCAS & BOAS
- E o Sarney, hein?
- E a tal gripe suína? Quem está gostando disso é a indústria farmacêutica, eu já disse. Por que os coleguinhas da imprensa não explicam a razão de tanto barulho, hein?
- Barão do Pandeiro aniversaria sábado. Você sabe quem é Barão do Pandeiro? Vá um domingo desse à Banca do Choro no Mercado Municipal Paulistano que ficará sabendo. É dos bons e com seus 70 nos nunca gravou um disco. Não liga.
- Acabo de receber o Dicionário de Filmes Brasileiros Longa Metragem, de Antonio Leão da Silva Neto, já na 2ª edição revista e atualizada, lançado com apoio do Ministério da Cultura, através de um dos seus braços, a Secretaria do Audiovisual. O Instituto Brasileiro Arte e Cultura, Ibac, aparece como instituição apoiadora. O livro, escrito por quem é do ramo, traz títulos e sinopses de filmes brasileiros rodados entre 1908 e este ano de 2009. No total, são 4.194 filmes. Na página 908, há o registro de Saudade do Futuro, uma produção franco-brasileira dirigida por Cesar Paes e Marie-Clémence, e que teve por base o livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, do papai aqui, que, aliás, aparece n´algumas cenas. dizem as más línguas que Marlon Brando apressou sua ida o céu depois de me ver em ação...

2 comentários:

  1. Roni Jatobá tem um dos textos mais sensíveis que já li. Dele conheço Tiziu e O Jovem JK, dois livros maravilhoso. Com certeza, O Jovem Luiz Gonzaga não foge à regra.
    Geraldo Nunes

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  2. valdério costa06 agosto, 2009 18:36

    Alguem já falou que o crítico mais feroz e seletivo é o tempo. No caso de Luiz Gonzaga creio que sua obra permanecerá encantando as gerações vindouras.
    Parabenizo o autor pela escolha temática e aguardo o lançamento deste livro aqui em Brasília.

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