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domingo, 25 de dezembro de 2022

JESUS SEMPRE FOI UM CARA NEGRO. PONTO (2, FINAL)


Era uma espécie de banco central, o que se chamava de templo.
No tal templo trocavam-se moedas de diversas espécies e lugares. Esse templo era dirigido por judeus de alto gabarito. E foram esses que pegaram Jesus e o entregaram a Pilatos que lavou as mãos e deu no que deu.
No geral, e a rigor, comparo Jesus a Antônio Conselheiro.
Conselheiro, beato, saiu dos cafundós do Ceará para brigar contra os poderosos da sua época. E aí, lascou-se. Resultado: 25 mil mortos em Canudos, BA.
Nisso tudo até aqui contado, há algo que me encanta: Jesus, a contragosto dos discípulos, recebeu um dia um grupo de crianças no Jardim das Oliveiras. Justificando a sua vontade teria dito "Vinde a mim crianças".
Agora, meu amigo, minha amiga, imagine Jesus loiro de olhos azuis no Egito.
Naquele tempo, no tempo de Jesus, havia tudo quanto não presta, que nem hoje. Figuras como o rei Salomão eram de grande importância. Temidos. Salomão era negro. O rei Davi, também. Por que não se fala disso?
Existem centenas, milhares, de livros, discos, muita coisa que trata de Jesus e seus discípulos.
Os discípulos eram uma espécie de segurança de Jesus.
Jesus não nasceu em Belém, nasceu em Nazaré.
Nazaré era uma vilinha de nada pegada à Palestina.
E o Natal, hein?
Em dezembro daqueles tempos era um mês de festejos pagãos.
O cristianismo foi adotado como religião, digamos assim, no século 4 pelo Imperador Constantino.
O calendário gregoriano... Bom, essa é outra história. Sem falar da violência comum naqueles tempos. Escravidão, inclusive. Analisando bem, pouco mudou até aqui.
Na segunda parte do século 19 o baiano Castro Alves pegou para si a bandeira da abolição e gerou a obra-prima O Navio Negreiro, cuja a 4ª parte foi musicada pelo pernambucano Jorge Ribbas. Assim:

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!...


Foto de Flor Maria.
Ilustração do cartunista Fausto Bergocce.

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