Lê-se na apresentação do livro História dos Grandes Bordéis do Mundo, de Emmett Murphy, o seguinte:
"Em meados de 1970, na maior cidade da América, na capital mundial do entretenimento, foi elaborado um plano para abrir o maior bordel dos Estados Unidos.
O estabelecimento deveria ficar situado a poucos passos do Times Square: segundo as estimativas, o local é frequentado anualmente por dezesseis milhões de visitantes, tanto turistas como participantes de congressos, que geram um movimento anual de 5 bilhões de dólares...".
A exploração do lenocínio sempre rendeu muito dinheiro, em qualquer tempo e lugar. E quem menos ganha nessa história é a mulher que abre as pernas.
O que se sabe com certeza é que vem de tempos imemoriais o uso do corpo como mercadoria.
Já no início do primeiro capítulo do seu livro, Murphy escreve:
"Estamos em 1200 a. C. Na Ásia os chineses estão publicando um dicionário de 40 mil caracteres. Na Ásia Menor, os gregos estão sitiando Tróia. No Mediterrâneo os fenícios constituem o principal poder comercial. No Egito, são promulgadas as primeiras leis regulamentando a venda de cerveja. E na Terra Santa, Josué está prestes a atacar a cidade de Jericó...".
Jericó é uma cidade palestina localizada na Cisjordânia. É das mais antigas do mundo. Por lá andou Cristo.
Na Bíblia há a informação de que Josué, depois de comandar uma matança em Jericó, casou-se com uma prostituta de nome Rahab.
O Velho Testamento apresenta algumas pistas para se ir a lugares em que mulheres de má fama atendiam os estímulos sexuais de homens de boa fama, casados e tal.
Pois é, no tocante a essa questão, a história ainda se acha muito distante de nós. Nebulosa.
Os portugueses trouxeram para o Brasil além de folguedos populares, ditos que caíram facilmente na boca do povo. Um desses é "casa da mãe Joana".
Você não sabe o que é casa da mãe Joana?
Essa expressão, surgida lá pelo século 14, talvez na França, tem por significado um lugar ou local em que a desordem é uma constante. Desordem no sentido de desarrumação, bagunça etc.
Outra versão dessa expressão tem a ver com uma cafetina muito "bondosa" que tratava as prostitutas como uma mãe. Chamava-se Joana.
A prostituta Rahab era independente. Atendia a "clientela" em casa, como tantas e tantas fazem até hoje nos pequenos e grandes centros.
Mas, enfim, o papo aqui é bordel.
Não sei como se fala ou se escreve bordel em grego.
Há uns seis séculos antes de Cristo, o governador de Atenas era Sólon não sei de quê. Era grandão e integrava o grupo fechado de meia dúzia de sábios idolatrados pelos gregos.
Naquela época, gregos tarados pegavam mulheres na rua. Era uma esculhambação, uma zona só! Foi quando Sólon chegou pra dar um basta e pôr ordem na desarrumação.
Àquela altura, Sólon tentava a todo custo resolver problemas de ordem financeira que estava enfrentando. E aí ele delimitou espaço para a prática da prostituição remunerada.
O curioso nesse caso é que o Estado recebia uma porcentagem do faturamento do que hoje chamamos lenocínio.
Como se vê, não é de hoje que se faz ou se tenta fazer o que se fez lá atrás, na Grécia.
Há até os dias atuais cidades mundo afora que têm ambientes reservados para exploração sexual: Rio, São Paulo...
No Rio existiu um bordel muito famoso chamado Casa Rosa. Começou nos anos 40 e seguiu anos adentro. Ficava em Laranjeiras. Foi tombada e virou centro cultural. Até um filme virou. Título: Pretérito Perfeito, em cujo elenco entrou o compositor e cantor roqueiro Lobão.
Tão famosa como a Casa Rosa foi a boate La Licorne. Funcionou na capital Paulista, entre 1965 e 1991. Ficava na Vila Buarque.
O título dessa casa remete à figura mitológica do Unicórnio, que nas páginas da história aparece como uma espécie de cavalo com um corno na testa.
(CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO…)
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora