É provável que você nunca tenha ouvido falar em Aretino, Pietro Aretino.
Casanova e Aretino amavam amar mulheres e escrever tudo que sentiam e viam ao derredor. Os dois tinham em comum, além disso, o fato de serem italianos. Viveram, porém, em tempos diferentes.
Casanova nasceu em 1725 e morreu em 1798. Seu livro mais conhecido é A História de Minha Vida, em quase 4 mil páginas manuscritas.
Aretino morreu em 1556, aos 64 anos de idade. Seu livro mais conhecido é Sonetos Luxuriosos.
Casanova tinha um ídolo: Pietro Aretino.
Para Casanova, acabo de gerar o poeminha abaixo:
Ora pois eu sei que fui
Bom aluno e professor
Na escola aprendi
Os segredos do amor
Desde então eu parti
Pra viver com destemor
Eu sou o personagem
Das histórias de amor
Muitos mentem sobre mim
Comigo fazem terror
Eu não sou o que dizem
Tampouco sou sedutor!
Era veneziano
O mais famoso sedutor
Nascido para ser padre
Desistiu foi professor
Pra com calma ensinar
Os caminhos do amor
Foi um aventureiro
Diferente dos demais
Não pensava duas vezes
Pra quebrar regras legais
Pra ele certas coisas
Eram muito naturais
A mãe era uma atriz
E o pai um bom ator
O casal teve seis filhos
Entre eles um pintor
Que fixou em tela
O mano galanteador
Era um cara simples
Bonito e elegante
Andava bem vestido
Com firmeza, confiante
Chamava a atenção
Por ser também galante
Varão, forte e viril
— E bem dotado também!
Andou por todo canto
Num eterno vai e vem
Verdade seja dita
Nunca dormiu sem ninguém
Casanova era fã
De Pietro Aretino
Um poeta sem vergonha
Devasso e cretino
Diziam inimigos
Do ousado libertino
Mas ele não ligava
Pois tempo não perdia
Gostava de bom vinho
De mulher e putaria
Quando queria chamava
O Deus Baco pra orgia
Por um rabo de saia
Tudo fazia num piscar
Leão caçava a pau
E onça fazia miar
Do céu tirava o sol
Somente pra se mostrar
Casanova foi um cara
Que gostava de pecar
E pecava todo dia
Sem poder se controlar
Sua fama ele fez
Pra na história ficar
No seu tempo fez de tudo
Com beleza, alegria
Seu prazer era o prazer
Que dava e recebia
Casanova fez de tudo
Com mulher o que queria
Um amante completo
No rigor da perfeição
Casanova sempre foi
Um mestre da sedução
Pra ele toda mulher
Era benção da Criação
Esse cara tudo fez
Inda mais até faria
Pra um dia ser lembrado
Pelas coisas que sabia
No seu mundo aprendeu
A viver com ousadia
Casanova nunca teve
Nem limite nem noção
Por uma mulher gostosa
Agarrava até o cão
o Inferno todos sabem
É o mundo da perdição
Pode ser pode não ser
Verdade o que contou
Mas ele contava bem
As batalhas que travou
Sua luta era na cama
Com as mulheres que amou
Nesse mundo ele passou
Amando e sendo amado
Pra onde quer que fosse
Era sempre desejado
As mulheres viam nele
Um macho apaixonado
Casanova não fumava
Casanova não bebia
Casanova tinha medo
De brochar em plena orgia
Por isso se cuidava
Pra fazer o que fazia
O cara no entanto
Não era brinquedo, não
Estava sempre pronto
Para entrar em ação
Mulher ele chamava
Para chamegar no chão
Viver é coisa boa
Mas é bom ter cuidado
Quem anda sem destino
Pode pegar trem errado
Um trem de pés pra cima
É um trem descarrilado
Pacato de bom papo
Detestava confusão
De briga ele fugia
Sem nem topar discussão
Porém um dia foi preso
E atirado na prisão
Fora vítima de quem
E qual a acusação?
Quem seria seu carrasco
Alguém da inquisição?
Ou um maluco qualquer
Sem rumo, sem direção?
Agora o que fazer
Ali encarcerado
Que nem um preso qualquer
Depois de condenado?
Fugir, tinha de fugir
Pra não ser crucificado
Pra isso fez um plano
Pra lá de bem bolado:
Furar uma parede
Subir lá no telhado
E pronto! Estava livre
Que nem um ser alado
Muita coisa ele fez
Até mesmo por compulsão
Estudou e aprendeu
A arte da tradução
Não à toa encantou-se
Com Homero e com Platão
Teve tempo pra ouvir
Muito tempo para ler
Escutando aprendeu
A cultura do saber
Seguindo essa trilha
Completou-se no prazer
Traduziu Elíada
Para italianos
Livro trata da guerra
Entre gregos e troianos
Que começou com um rapto
E durou mais de dez anos
Aprendeu tudo que quis
No belo campo da cultura
Leu Dante, Camões e Sade
Mestres da literatura
Porém ele aprendeu
A viver com pica dura
Tinha sorte no amor
E no jogo tinha azar
Não sabendo o que fazer
Ajoelhou-se pra rezar
Seu destino era perder
Muitíssimo antes de ganhar.
Morreu longe de casa
Esquecido sem ninguém
Distante das mulheres
E dos seus filhos também
No jogo perdeu tudo
Um por um cada vintém
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