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domingo, 24 de fevereiro de 2019

VIVA BIBI FERREIRA!






A multitudo Bibi Ferreira não morreu. Bibi nasceu e encantou-se, foi pra longe, foi pro céu, sem sair do nosso coração e mente. 
Legal ouvir, ver e ler tanta coisa sobre Bibi, pequena, baixinha, invocada e um vozeirão daqueles de assustar o coração do tenor mais forte e sensível.
Bibi, todo mundo disse, virou artistas antes de virar gente: tinha uns 20 dias quando o pai e a mãe a puseram num palco, substituindo uma boneca.
Todo mundo falou isso e aquilo da Bibi Ferreira, atriz, diretora, cantora, etc. e tal.
Atenção, anotem: como cantora, Bibi começou a gravar discos no começo da segunda parte te 1941, pela extinta Columbia. Coincidentemente, foi nesse  ano  que o pernambucano Luiz Gonzaga e o Gaúcho Nelson Gonçalves iniciavam suas carreiras na extinta Victor.
As primeiras composições gravadas por Bibi, de duas autoria, foram as toadas Fitinha Encarnada e Lá longe, na minha terra.
Mas ela só voltaria a gravar discos em 1953, com acompanhamento da orquestra de Osvaldo Borba.
Pois é, no rigor dos termos Bibi fez-se grande também como compositora e cantora.
No acervo no Instituto Memória Brasil, IMB, há, se não tudo, quase tudo, a obra musical da filha de Procópio Ferreira (1898-1979). Curiosidade: Bibi lancou-se em disco (78 RPM) dez anos antes de Inezita Barroso. As duas primeiras gravações de Inezita, pela extinta Sinter, foram Funeral d"um Rei Nagô e Curupira. Nessa gravação ela acompanha-se ao violão. No caso da Bibi quem a acompanha é o mestre do violão Dilermando Reis ( 1916-1977). Dilermado foi professor de violão do ex-presidente da República , Juscelino Kubitschek (1902-1976).






quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A MARCHA DA MACUMBA

Cena 1: Jair Bolsonaro reunido com seus ministros. Ele fala grosso, fala alto. Todos ouvem o presidente, silenciosamente. Ele dá ordens, grita, dá socos na mesa.
Cena 2: telefone, ao seu lado, toca. É a secretária anunciando que o filho Carlos está chegando. 
Cena 3: O menino entra às pressas. O pai rapidamente dá um pulo da cadeira e, de pé, bate continência ao filho. O filho traz sobre a camisa uma faixa verde e amarela, igualzinha a que usa o pai Jair.
Segunda passada 18, o presidente da República demitiu seu amigo e confidente Gustavo Bebiano do cargo de Secretário Geral da Presidência. A demissão foi provocada por desejo pessoal do caçula dentre os varões Bolsonaro.
A demissão de Bebiano acendeu uma luzinha vermelha no Planalto. A pergunta que se ouve em todo canto é: como pode o filho do presidente ter tanta força ao ponto de levar o pai a tomar decisões tão importantes para a vida nacional, como essa de demitir o ministro da SGP? Mas o tempo é de carnaval, e no carnaval vale tudo, até cenas esquisitas, bizarras, como as imaginadas na abertura deste texto. Detalhe: em entrevista dada à Jovem Pan, o Ministro demitido disse que o Presidente foi "evenenado" por seu filho. Disse também que o Presidente foi alvo  "de macumba psicológica".
E as velhas marchinhas estão de volta.
Fiz isto aí, para desopilar: 

A Marcha da Macumba

Tem batuque na macumba
Safadeza, o escambal 
O filhinho do papai
Dá-se bem, não se dá mal
Ele bota pra quebrar
No país do Carnaval

Ele chora com chupeta 
Ele é fenomenal
O filhinho do papai
Dá-se bem, não se dá mal
Ele bota pra quebrar
No planalto Central










segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

BOECHAT FOI DO CARALHO!

Hoje faz uma semana que Ricardo Boechat foi para um lugar que ele não acreditava existir: o céu.
Boechat dizia-se ateu. E mais ou menos comunista. Mesmo incompleta está ai uma mentira.
Boechat era um anarquista inserido no mundo capitalista, que sabia perfeitamente como lidar com as diversas tendências políticas e sexuais.
Além de ateu, ele declarava-se um tarado. Moderado, claro.
Boechat não tinha o menor pudor de dizer aos microfones da Band FM que gostava de ver filme pornô. E falava isso com todas as letras, naturalmente.
Boechat era uma figura...
Acho que foi ainda num dia deste ano que eu o ouvi a falar sobre hemorroidas. E foi muito engraçado. Ele contou detalhes até onde se lembrava da cirurgia. Achei legal.
Boechat quebrava rótulos, mitos e tabus. Falava língua simples, a do povo, por isso tanto carinho, respeito e admiração por ele.
Ricardo Boechat foi um cara do caralho. Ele contou histórias do dia a dia de modo o mais natural. Ele fez do microfone o instrumento mais potente de que um comunicador pode fazer. Nisso ele era bom demais. O cartunista Fausto, que embarca amanhã ao Paraguai, sacou isso em traços. Ai está:

UMA VEZ FLAMENGO, FLAMENGO ATÉ MORRER!

Hoje segunda, 18, faz dez dias da tragédia incendiária que vitimou mortalmente o sonho de dez jovens, no Rio. Dos três que ficaram gravemente feridos, dois receberam alta hospitalar e um continua internedo: Jhonata Ventura, de 14 ou 15 anos.
O Rio de Janeiro é uma tragédia, por si só.
O Brasil é uma tragédia. Os poderosos são uma tragédia. Até quando suportaremos tanta tragédia?
Como sobreviver às tragédias?
As tragédias acontecem de modo previsível, aqui no Brasil. Especialmente aqui, no Brasil.
As últimas grandes tragédias ocorreram em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Em Minas, a Vale do Rio Doce assassinou trabalhadores das localidades de Mariana e Brumadinho. A primeira, já está praticamente esquecida. A segunda está indo para o esquecimento, também.
Pois é, há pouco veio aquela enxurrada que matou não sei quantas pessoas no Rio de Janeiro e o caso do Ninho do Urubu. Que nome, hein?
O Ninho do Urubu é o local em que jovens treinavam sonhos para alcançar o estrelato no mundo do futebol. Nessa “brincadeira”, morreram 10 futuros jogadores do Flamengo. Eram futebolistas em formação.
Bom, o Flamengo é um dos times mais antigos do Brasil. Tem mais de 100 anos de existência. E é o mais rico dentre todos os times de futebol do País.
Em 1920 um dos atletas do Flamengo e também jornalista, Paulo Magalhães (1900-1972) compôs o hino oficial do time que defendia: Hino Rubro-negro, gravado em disco pela primeira vez em 1932, pelo cantor Castro Barbosa (1909-1975). Em 1945, Lamartine Babo compôs a marcha Hino ao Flamengo, gravado originalmente por Gilberto Alves (1915-1992).
No céu não tem time de futebol, mas certamente foi pra lá que os meninos assassinados pelos descaso dos diretores do Flamengo foram.
O Flamengo é o time de maior torcida do país, o segundo é o Corinthians.
Grandes nomes das artes e da literatura torciam fervorosamente pelo time de Zico: Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Ary Barroso.
Diz a lenda que uma vez perguntado porque torcia pelo Flamengo o autor do clássico Grande Sertão: veredas, respondeu dizendo, emblematicamente: “Os homens inteligentes torcem pelo Flamengo”.
Uma vez, também, Walt Disney ofereceu mundos e fundos ao compositor Ary Barroso. Ele queria que o autor de Aquarela do Brasil fosse trabalhar nos Estudos Disney, nos EUA. Conversa vai, conversa vem, Ary perguntou: “Nos Estados Unidos tem Flamengo?”. E como nos Estados Unidos não tinha e não tem Flamengo, Ary não foi trabalhar nos Estúdios Disney.
Não á toa, a marcha de Lamartine contém os versos: “Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”. Foi por esse time que os meninos do Ninho do Urubu morreram.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há todas as músicas enaltecendo o Flamengo gravadas em discos de 78 rotações, compactos e LPs.
Ai na foto, duas matrizes com Flamengo interpretado por Jacob do Bandolim e Flamengo em Marcha, do Spots contendo spots veiculados nas emissoras de rádio no ano de 1962, quando o Rubro-negro carioca desenvolveu uma grande campanha para construção do seu centro de treinamento, na Gávea.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

JUSTIÇA, UM TREM SEM TRILHOS

A Justiça é uma mulher vilipendiada. Sofre todos os dias, de todas as formas, em todo canto.
Agora mesmo, neste momento, ouço no rádio a notícia de que a Justiça foi desrespeitada, agredida.
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que as novas tarifas de ônibus da cidade fossem diminuídas em 30 centavos, de R$ 4,30 para R$4,00.
Essa, uma coisa.
Outra: o super ministro do STF, Gilmar Mendes, exige que investigações a respeito da fortuna que mantém guardada parem.
Essas investigações, apurações, estavam sendo feitas por especialistas da Receita Federal.
Não, a justiça não é cega.
Todos aqueles que gostam da verdade, da inteligência, que se emocionam com a sensibilidade histórica de personagens de todos os tempos, que fizeram história, que marcaram hão de se lembrar que o filósofo grego, Sócrates, que nasceu 4 séculos antes de Cristo e morreu 80 e poucos anos depois, não deixou nada escrito. Porém, sempre há um porém, como dizia Plínio Marcos (1935-1999), na vida de Sócrates houve Platão. E foi Platão quem trouxe à luz Sócrates. Sem Platão não haveria Sócrates.
No primeiro dos dez livros de A República de Platão, Sócrates e seu irmão Glaucos são interceptados por um jovem escravo de Polimarcos, dizendo que seu amo o quer na sua casa. 
Polimarcos é um personagem de A República. Sócrates e seu irmão estavam vindo de uma procissão em louvor a uma deusa do seu tempo. 
E Sócrates e seu irmão lá vão à casa de Polimarcos, onde amigos mútuos e o pai de Polimarcos o esperavam. E ali trava-se um diálogo muito bonito entre Sócrates e o pai de Polimarcos sobre velhice.
O primeiro dos dez livros de A República trata de coisas incríveis sobre o cotidiano universal, desde aqueles tempos.
Como sabem todos aqueles que gostam de Sócrates, Sócrates adorava perguntar e foi perguntando que ele entrou para a história. E aí vão as indagações sobre vida e sobre tudo, justiça.
O que é justiça?
Qual a importância de um homem justo na sociedade?
Sócrates chega a questionar sobre cegueira. "É possível ver sem os olhos?".
Por ter tanto interesse na vida e na justiça e em tudo que nos cerca, Sócrates foi condenado pelos poderosos da sua época e morto pela sentença que lhe deram. Crime: educar os jovens do seu tempo.
O tal Gilmar, do STF, precisa ler e aprender com Sócrates.
O STF é uma casa de marimbondos.
Por que morreu no nascedouro a CPI da Toga?
Meu amigo, minha amiga, um dia o Brasil há de ser de gente.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

TRABUCO E METRALHADORA, NA BAND

Aos 66 anos de idade, morreu Leporace.
Aos 66 anos de idade, morreu Boechat.
Meu amigo, minha amiga, você sabe quem foi Vicente Leporace?
Vicente Leporace foi ator compositor e o primeiro mais popular radialista de São paulo, com atuação na Band AM.
O programa de Leporace tinha por nome O Trabuco, apresentado nas manhãs de segunda a sábado. Era popularíssimo. A voz de Vicente era fortíssima, clara. Ele era objetivíssimo. Ia prá cima dos poderosos com a sua voz de trabuco e coragem de Titã. Foi processado várias vezes pelos poderosos que se sentiam por ele agredidos.
Ricardo Boechat, por acidente nascido na Argentina (Leporace era mineiro), e criou-se em Niterói tornando-se uma grande voz do rádio há poucos anos. Precisamente a partir do programa que apresentava na Band News FM.
O programa de Leporace durou 16 anos ininterruptos. O de Boechat, 13.
Eu adorava ouvir o programa de Leporace.
Eu adorava ouvir o programa de Boechat.
A última vez que o programa de Vicente Leporace foi ao ar foi num sábado, 15 de abril de 1978.
A última vez que o programa de Boechat foi ao ar foi ontem, segunda 11.
Boechat era verdadeira metralhadora giratória no ar. Ele não tinha papas na língua, como Leporace.
Estou torcendo para que chegue logo o mês de setembro. Nesse mês completarei 67 anos de idade.
E para ativar corações e mentes, ouçam aí o Leporace pela última vez apresentando seu programa O Trabuco:



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

VIVA MPB, TINHORÃO E CUÍCA!

Sócrates, Cefálos, Pireu, Polimarcos,
Vandré tem um medo danado da morte, Tinhorão acha graça dela e ainda tira sarro, brinca sacaneia, e faz o mesmo com a velhice, declarando: "Ser velho é uma merda!"
No Livro 1 de A República de Platão Sócrates está deixando a cidade junto com o irmão, Glaucón, quando é interceptado por um escravo que diz querer o seu amo, Polimarcos, que fique. Em resumo: Sócrates atende o pedido de Polimarcos e vai a sua casa, onde encontra o pai do Cefálos, seu amigo, Cefálos passa a falar sobre a velhice e diz não ter saudade dos tempos da juventude. Ele enaltece a idade, a velhice. É um diálogo e tanto.

Tinhorão é um barato. Esse cara nasceu em Santos e foi batizado com o nome de José Ramos, simplesmente. Meninote, ali pelos 9 anos, foi morar com os pais no Rio de Janeiro. Cresceu, estudou e fez os cursos de Direito e Jornalismo. Nos fins da década de 1950, começou a destacar-se nacionalmente. Nos anos 60 e 70 passou a despertar a atenção de todo mundo. De Tom Robin inclusive, que o esculhambava. E também de Taiguara, Caetano e outros medalhões da chamada MPB que chiavam ao ler seus textos. Mas ele tem passado intacto pelo tempo, pelo menos aparentemente. Agora nesse 7 de fevereiro, Tinhorão está completando 91 anos de idade. Eitah! Não quer festa, não quer badalação nenhuma a sua volta. “Esse, pra mim, sempre foi um dia como outro qualquer”.
No correr da vida profissional, José Ramos Tinhorão publicou mais de 30 livros e tornou-se o mais importante estudioso da nossa história musical e de costumes. Talvez escreva ainda um livro sobre a licenciosidade na poética brasileira, incluindo cordéis. Eu e o amigo Rômulo Nóbrega estamos enchendo-lhe a paciência nesse sentido. “Se isso acontecer, será o último”, diz com uma risadinha sacana o velho de guerra Tinhorão.
Elis Regina (1945-1982) gravou música tirando sarro de Tinhorão, ouça: https://www.youtube.com/watch?v=WdcJqMsuYHU, o mesmo fez, mais recentemente a Filarmônica de Pasárgada, ouça: https://www.youtube.com/watch?time_continue=55&v=cwi4WIj6mkw.
Quem também apaga velas e come bolinho neste mês, à guisa de aniversário, é o sambista paulistano Osvaldinho da Cuíca (ai na foto). Ele nasceu no dia 12 de fevereiro de 1940.
Osvaldinho ganhou o apelido Cuíca por causa do instrumento que escolheu para tocar a vida. Ele tem grande admiração por Tinhorão. Tanto que a sua trajetória musical sofreu desvio por influência de Tinhorão.
Gregos e troianos tascaram o pau e, paralelamente, homenagearam e continuam homenageando Tinhorão. Para a história não ficar desequilibrada compus um batuque pra o Cuíca. Este:

Em São Paulo tem batuque
Digo e provo, sim senhor!
E muita gente bonita,
Demonstrando seu valor

Osvaldinho da Cuíca
Do pandeiro e do tambor
É um grande ritmista
Do batuque, professor!

Mas pra ele tanto faz
O pandeiro ou o tambor
Importante no batuque
É o que vem da sua cor

O batuque vem de longe
Vem da alma, vem da dor
Vem dos olhos, vem das mãos
E dos pés do dançador

Todo mundo bate palmas
Pra quem é batucador
Quem batuca também dança
Ao som livre do tambor

Osvaldinho da Cuíca
Também é batucador
Ele toca ele encanta
Abraçado a bom tambor

Osvaldinho da Cuíca
Do batuque é professor...



Este texto foi publicado no newsletter Jornalistas e Cia. Abra:

MORRE UM NOME NASCE UM MITO

Pra morrer basta estar vivo, segundo dito popular, mas precisava ser agora? Justamente com Boechat?
Ricardo Boechat, ouço no rádio, acaba de trocar a terra pelo céu, de onde veio.
Eu não privei da sua amizade, não trabalhamos juntos, mas o respeitava muito como todo o Brasil, aliás.
Diariamente eu ouvia as críticas e ponderações de Boechat na Band FM, logo cedo. Ele era uma espécie de metralhadora giratória. E acertava, quase sempre, o alvo. O alvo eram os bandidos de colarinho branco, os políticos, empresários sacanas. Quando errava o alvo, justificava-se. E como o mais humilde dos humildes seres da terra, não pensava duas vezes para corrigir-se, pedir desculpas em público etc. Só por isso, mas não só por isso, tinha o meu respeito e a minha admiração.
Éramos nascidos no mesmo ano: 1952. Portanto Boechat despediu-se deste mundinho de josta aos 66 anos de idade.
Ricardo Boechat nasceu por acaso na embaixada brasileira, em Buenos Aires. O seu pai era diplomata, justifica-se.
Boechat começou a carreira no Diário de Notícias, RJ, nos anos de 1970, colaborando na coluna de Ibrahim Sued (1924-1995), depois passou por um monte de jornais e tv, e escreveu livros como Copacabana Palace - Um hotel e sua história. Esse livro foi publicado em 1998. Curiosidade: Um dia a rainha do baião, Carmélia Alves (1925-2012) perguntou-me se eu não lhe poderia apresentar Boechat. Perguntei a razão: "Ele é maravilhoso, quero casar com ele". Carmélia foi crooner do Copacana Palace e destaque no livro de Boechat.
Boechat nunca soube disso, certamente.
Boechat não era comunista nem anarquista, era um democrata, uma pessoa que torcia para o Brasil andar nos trilhos. Dizia-se ateu, mas depois de ver com seus próprios olhos a beleza do Rio de Janeiro do alto do Cristo Redentor disse, nos microfones da Band: "Acho que a partir de agora passo a acreditar em Deus". Ele era contra o voto obrigatório.
Puta que pariu! Com tanto cabra safado espalhado por ai, por quê Boechat foi o escolhido, hoje, de Deus? Vai ver está faltando opinião por lá...
Hoje cedo, antes de dar uns pulos na academia de ginástica ouvi Boechat pela ultima vez falando que tinha de falar, criticamente claro, sobre o descaso dos poderosos de plantão diante das catástrofes e tragédias previstas como a de Mariana e Brumadinho. E não esqueceu de dizer que Brumadinho está, aos poucos, deixando as primeiras páginas dos jornais e revistas. E tascou o pau, como tinha de tascar, no incêndio previsível no chamado ninho do urubu. O assunto que vitimou os jovens flamenguistas rendeu este post:

https://www.facebook.com/radiobandnewsfm/videos/homenagem-aos-jogadores-do-flamengo/807769076242102/



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

LAMPIÃO, FURIBA E MINISTRO MAL EDUCADO

O cara é colombiano, foi adotado pelo Brasil, virou cidadão, virou ministro da Educação e passa, agora, a esculhambar com os brasileiros. Esse cara é Ricardo Vélez Rodríguez. Fala mal e mal a nossa língua, mais claramente fala que nós, brasileiros, somos canibais e costumamos surrupiar o que há nos hotéis estrangeiros e nos vôos internacionais. Mal educado e mal informado, disse em entrevista à Revista Veja desta semana, que o cantor e compositor pop Cazuza disse que "liberdade é passar a mão no guarda".
Pois é, por que foram buscar um estrangeiro prá dirigir os rumos da educação brasileira? Grave, grave...
Hoje 6 de fevereiro completam-se exatos 50 anos que as cabeças de Lampião, Maria Bonita e de mais 9 cangaceiros, expostos no Museu Nina Rodrigues da Bahia, foram liberadas por lei para finalmente serem sepultadas. Foram sepultadas no Cemitério da Baixa dos Lázaros, de Salvador, BA.
Até aqui falo da desgraça que é esse ministro da Educação.
Até aqui falo da tétrica exposição dos restos de Lampião e Maria Bonita no Museu baiano.
Agora falo com tristeza sentimental do sétimo dia de desaparecimento de um dos mais sensíveis e bem humorados poetas repentistas brasileiros. Falo de João Batista Bernardo, que o mestre dos trocadilhos repentinos Pinto do Monteiro apelidou para sempre João Furiba.
João Furiba nasceu em 1931, em Pernambuco, e foi-se embora no último dia do primeiro mês do ano. Deste ano. O passamento aconteceu no Hospital Municipal de Cajazeiras, no Sertão paraibano. Eu conheci de perto João Furiba.
Furiba era baixinho, magrinho e cheio de vida. Ria à toa. Brincava com todo mundo. Ele era o que o poeta Carlos Drummond de Andrade chamava de Gauche.
João Furiba deixa um espaço aberto no mundo da cantoria. Deixa, também, uns quarenta filhos espalhados por aí e uma tristeza indomável no peito dos poetas repentistas que ficam. Ele fez bem ao Brasil como Louro Branco, Otacílio Batista e tantos e tantos. Aqui ele com Valdir Teles:





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

AS MINAS DE MINAS SÃO UMA BOMBA


Desde sempre, o Brasil tem sido uma tragédia. Melhor: tragédias previstas, anunciadas.
A história do Brasil é recheada de grandes tragédias ambientais, inclusive. Minas Gerais, especialmente, tem se mostrado uma bomba relógio.
Em 2003, barragem estourou e fez enormes estragos em Cataguases, MG. Também em Minas, em 2007, foi a vez de a população de Miraí sofrer as consequências do estouro de outra barragem que espalhou pelo menos 2 milhões de metros cúbicos de rejeitos. E o que fez o governo? E os horrores que a população de Mariana enfrentou em 2015, hein? Agora é o que se vê em Brumadinho: um horror dos horrores, descaso, impunidade e irresponsabilidade de quem poderia dar exemplo e não dá.
A Vale do Rio Doce continua faturando e muito com a exploração de minérios. E dos mineiros.
Somente em 2018, essa gigante mineradora faturou 17,6 bilhões de dólares. Já os trabalhadores, nada.
Em 1984, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicou no jornal Cometa Itabirano o poeminha abaixo:

I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

Drummond foi um dos mais brilhantes e sensíveis poetas da vida brasileira. Nunca recebeu o Nobel de literatura, embora por merecimento tenha sido indicado mais de uma vez. Eu o entrevistei duas vezes (Folhetim, FSP), antes de ele completar 80 anos de idade. Era uma figura doce, dulcíssima. Perguntei-lhe uma vez se havia gravado poemas seus em disco. Ele riu e disse que sim, em 1958. E outros mais como se vê ai na foto.
Todas as gravações de Drummond se encontram no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, inclusive o primeiro disco da série iniciada pelos produtores Irineu Garcia e Carlos Ribeiro em que aparece os três primeiros poemas gravados na voz do próprio Drummond. Esse disco, de dez polegadas, foi dividido com o poeta pernambucano Manoel Bandeira (1886-1968).

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O QUE É SAUDADE?

Quem nunca sentiu saudade, mesmo sem saber que saudade é saudade? Hoje, 30 de janeiro, é o dia da saudade.
São latinas as raízes da palavra saudade. Como expressão, saudade só existe na língua portuguesa e na galega.
Cabeções, tradutores, estudiosos, de várias partes do mundo reuniram-se há alguns anos para descobrir as palavras de mais difícil tradução. Dentre todas as línguas, centenas, milhares, saudade apareceu como a sétima palavra mais difícil de traduzir.
É muito fácil você meu amigo, você minha amiga, quando digo "estou com saudade".
O que é saudade? 
Saudade é a ausência de alguém querido, de uma história bonita e triste, ou não. 
Saudade, uma vez me disse quando perguntei, Adoniram Barbosa: é um bichinho que rói, que rói o nosso coração.
Tem até uma música que diz: "a saudade mata a gente, morena...", ouça:




O poeta nordestino Antonio Pereira de Moraes partiu para a Eternidade depois de ficar conhecido como o poeta da Saudade. É dele este poema:

Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai.

Saudade tem cinco fios
Puxados à eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro, a lembrança
Dos dias da mocidade.

Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece.
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece.

Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.

Quem quiser plantar saudade
Primeiro escolha a semente
Depois plante em lugar seco
Onde brota o sol mais quente
Pois se plantar no molhado
Quando nascer mata a gente.

                         Antônio Pereira

BRUMADINHO CONTA SEUS MORTOS


Oficialmente há  24.092 barragens espalhadas Brasil afora. Oficialmente, eu disse. Acredita-se, porém que esse número passe de 30.000. Só em Minas Gerais há cerca de 900. Dessas, 176 são, em tese, de responsabilidade da Vale do Rio Doce.
Os brasileiros da periferia vivem constantemente ameaçados de serem levados pelas enxurradas de lama, provenientes da sobra da mineração feita por milhares e milhares de operários que pagam com a vida o trabalho que prestam às mineradoras.
O caso de Mariana não foi o primeiro, nem o caso de Brumadinho foi o segundo. Muitos estouros de barragem já ocorreram desde que se multiplicaram as mineradoras no País.
As montanhas de Minas Gerais estão vindo abaixo faz tempo. Desde Tiradentes. Tiradentes pagou com a vida o que todo mundo sabe. Não à toa, Minas Gerais tem o nome que tem.
A irresponsabilidade dos poderosos, incluindo as tais autoridades constituídas, tem levado o Brasil ao buraco. A propósito: vocês têm notado que não é de hoje que muita coisa tem caído no país: viadutos, edifícios, peças do monotrilho, árvores derrubadas pelas chuvas e até parte de um hangar do Campo de Marte, agora há pouco. Sem falar nos políticos que têm caído que nem moscas na teia.

Uma perguntinha ao pobre mortal ou à pobre mortal que lê estas linhas: o que você faria se tivesse um salário de 5 milhões de reais mensais, hein???
Pois é, essa graninha aí referida é o que ganha o presidente da Vale do Rio Doce, tá bom??
Mais: a Vale teve um faturamento de 17,6 bilhões de reais, em 2017.
Atenção! acabam de sair novos números da desgraça, e não simples tragédia, prevista em Brumadinho: 99 corpos foram retirados do mar de lama pelos bombeiros etc. mais de duzentos continuam desaparecidos. A coisa é grave, gravíssima. Desculpem-me os mais sensíveis, mas a verdade é que já passou da hora de bater o pau na mesa!

Título: Vida e morte em Brumadinho
Autor: Assis Ângelo

Morre sorte, morre vida
Morre fé, morre esperança
Morre fim, morre começo
Morre paz, morre bonança
Morre tudo, nada fica
Só a dor da má lembrança

Morrem homens e mulheres
E crianças nas esquinas
Morre dia, morre noite
Nos morros, nas colinas
Morre tudo que se mexe
No rico solo de Minas

Mariana se repete
Com dor e muito espinho
O povo de Deus precisa
De amor e mais carinho
Por quê morre tanta gente
D'uma vez em Brumadinho?

O terror desceu matando
Pelas águas do Feijão*
Provocando desespero
Pavor e destruição
O poder não tem limite
nem pudor nem compaixão

Força e violência
Tem o Grande Capital
Que transforma gente em coisa
Pelo tal do vil metal
Impondo a "Mais valia"
Na alma nacional

A Vale do Rio Doce 
De doce não tem nada
Tem dor, tem agonia
E chicote pra lapada
Quem reclama ganha cruz,
Vira coisa descartada

Vale tudo, vale tudo
Na terra da bandalheira
Vale roubar o povo
Vale vale a roubalheira
Só por isso vale pôr
Os ratos na ratoeira!



segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

PAIAIÁ E A MÚSICA PRA SÃO PAULO


Nessa loucura que é a internet há coisa incríveis. Há programas de rádio etc. O Paiaiá, por exemplo.
O programa Paiaiá é um programa transmitido pela web. É assim: Rádio Conectados, todo o sábado entre o meio-dia e 13h. O apresentador desse programa é o paiaiaense Carlos Silvio, uma figurinha incrível aqui ao lado.
Estive no Paiaiá no último dia 19, pela segunda vez. Fui falar sobre a enxurrada de músicas inspiradas na Capital Paulista. São mais de 3000 músicas. Incrível não? Confira

PAPA VÊ RISCO NO POPULISMO



A imprensa mundial destaca em manchetes a prisão na Bolívia do criminoso italiano Cesare Battisti, que fugiu do seu país após ser condenado à prisão perpétua. As notícias dão conta de que ele assassinou 4 pessoas e deixou uma paraplégica. No Brasil, encontrou guarida.
Battisti integrou uma facção política denominada Proletários Armados pelo Comunismo.
Em nome do povo muitas desgraças têm sido feitas desde os primórdios.
Há poucos dias, o Papa Francisco alertou o mundo para os perigos que oferecem o populismo e as ditaduras.
O Partido dos Trabalhadores Alemães, criado em janeiro de 1919, deu vez ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que ganhou forma no ano seguinte e com Hitler (1889-1945) fez história chegando aonde chegou.
Em 1920, Mussolini (1883-1945) criava o fascismo.
O fascismo e o nazismo são farinha do mesmo saco, da pior espécie.
O nazi-fascismo deixou mares de sangue nos quais se afogaram cerca de 50 milhões de almas, sem contar os 35 milhões de feridos. Hitler matou-se e Mussolini, foi morto e esquartejado pela ira popular.
A Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial, por isso provocou a Segunda e o resultado foi o que se viu.
Mussolini foi aliado de Hitler desde o primeiro momento. Hiroito (1901-1989) do Japão, também.
Dentre todas as guerras, a Segunda (1939-1945) foi a que fez o maior número de vítimas. Paralelamente a isso muitos livros, filmes, peças teatrais e músicas foram escritos e publicados nos mais diversos idiomas.
A Segunda Guerra Mundial terminou com a rendição do Japão, no dia 2 de setembro de 1945.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há muitos livros e discos que tratam do assunto. Ai ao lado LPs que registram discursos de Hitler e Mussolini. O Assunto é vasto.


sábado, 26 de janeiro de 2019

MICHEL LEGRAND GRAVOU MULHER RENDEIRA....

O maestro, compositor,instrumentista francês  Michel Legrand morreu num  sábado hoje 26, aos 86 anos de idade.
Foi num sábado que conversei com ele rapidamente, por telefone. Ele no Rio de Janeiro e eu cá em Sampa. Na ocasião eu apresentava o programa São Paulo Capital Nordeste, pela Rádio capital AM 1040. Eu tinha combinado com a sua produção uma participação dele no meu programa, ao vivo. E assim foi.
O motivo da entrevista de Legrand ao meu programa era o fato de ele ter gravado o baião Mulher Rendeira, de domínio  público, adaptado pelo paraibano Zé do Norte ( 1908-1979).
Mulher Rendeira integrou a trilha sonora do filme O Cangaceiro, de Lima Barreto (1906-1982). Esse filme, com roteiro da escritora cearense Raquel de Queirós (1910-2003), foi lançado  em 1953. Ganhou o mundo e muitos prêmios.
Originalmente, a música Mulher Rendeira é interpretada por Homero Marques e o conjunto paulistano Demônios da Garoa.
Dentre os inúmeros  intérpretes estrangeiros de Mulher Rendeira, se acham Joan Baez, Domenico Modugno e Michel Legrand. Daí.. não consegui fazer como queria, por problemas técnicos, a entrevista com esse que foi um dos maiores artistas da música francesa. O meu amigo Peter, francês nas origens intelectuais, funcionaria como intérprete.
Michel Legrand gravou Mulher Rendeira num dos primeiros LPs gravados no Brasil, pela extinta  Colúmbia, isso em 1960. Nesse mesmo disco há a gravação de Aquarela do Brasil, do mineiro Ary Barroso. Curiosidade: Zé do Norte morreu pobre de marré, marré. Deixou muitos filhos com mães diferentes.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha o LP de Legrand com Mulher Rendeira e Aquarela do Brasil ( foto acima). Ouça:


DOR E MORTE EM BRUMADINHO

Título: Vida e Morte em Brumadinho
Autor: Assis Ângelo

Morre sorte, morre vida
Morre fé, morre esperança
Morre fim, morre começo
Morre paz, morre bonança
Morre tudo, nada fica
Só a dor da má lembrança

Morrem homens e mulheres
E crianças nas esquinas
Morre dia, morre noite
Nos morros, nas colinas
Morre tudo que se mexe
No rico solo de Minas

Mariana se repete
Com dor e muito espinho
O povo de Deus precisa
De amor e mais carinho
Por quê morre tanta gente
D'uma vez em Brumadinho?

O terror desceu matando
Pelas águas do Feijão*
Provocando desespero
Pavor e destruição
O poder não tem limite
nem pudor nem compaixão

Força e violência
Tem o Grande Capital
Que transforma gente em coisa
Pelo tal do vil metal
Impondo a "Mais valia"
Na alma nacional

A Vale do Rio Doce 
De doce não tem nada
Tem dor, tem agonia
E chicote pra lapada
Quem reclama ganha cruz,
Vira coisa descartada

Vale tudo, vale tudo
Na terra da bandalheira
Vale roubar o povo
Vale vale a roubalheira
Só por isso vale pôr
Os ratos na ratoeira!

......................................
*Córrego do Feijão, cuja as águas foram invadidas pelos rejeitos da barragem de Brumadinho administrada pela Vale do Rio Doce, no dia 25 de janeiro de 2019




sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

IRRESPONSABILIDADE MATA, EM MINAS


A cantora Clara Nunes (1942-1983) era mineira de Paraopeba. ela e muita gente bonita. Eu a conheci, simples e forte como os ventos do São Francisco.
Paraopeba é um município que dista da capital mineira, 100 Km mais ou menos.
Paraopeba nasceu às margens do rio de mesmo nome, ali pelo século 18.
Paraopeba fica perto de Brumadinho, onde acaba de ocorrer uma tragédia enorme, provocada pela irresponsabilidade  dos dirigentes da Vale e outros poderosos.
Paraopeba é uma cidade muito bonita, pequena e pacata. E o rio, lindo. Como o rio Doce, que perdeu a cor e o sabor com a tragédia que praticamente o engoliu em novembro de 2015. Lembram-se?
http://assisangelo.blogspot.com/2015/11/estao-esquecendo-mariana.html

O rio Paraopeba, como tantos e tantos, acaba misturando-se às águas do mar, depois de serpentear por regiões diversas.
O rio Paraopeba se acha em contos e romances de autores brasileiros.E na música, também.
João Guimarães Rosa (1908-1967) adorava citar cidades e rios nas suas obras. Em Grande Sertão , ele deixa seus personagens falar por ele. Cita umas duas dezenas de lugarejos e cidades por onde passa. Aliás, nesse livro, os personagens nadam e  atravessam rios, riachos, riachões, etc.
No tempo de Rosa não havia essas malditas barragens que matam bichos, peixes e gente.


Assis e Clara Nunes







SEBASTIÃO MARINHO
O cantador repentista Sebastião telefona dizendo que se acha na cidade em que nasceu, a paraibana Solânea. Ele, como faz todos os anos, põe a viola nas costas e vai cantar Nordeste afora. Já esteve esse ano em vários municípios da Paraíba e Rio Grande do Norte. Diz que está tudo muito bom, mas falta água. a seca é grande por onde tem andado. As cenas que vê o fazem sofrer. Cenas de sol quente, de seca, de dor. Mas assim que é a vida. E a vida segue. Nesse fim de semana Marinho vai estar em Pilões, PB. À Capital paulista, voltará no próximo dia 6.

QUARENTA E UM ANOS, SÓ SE FAZ UMA VEZ!

Idade, idade, idade, aniversário, aniversário, aniversário, viver, viver, viver.....
Como é bom viver.
Há quem negue a idade, que bobagem!
Minha querida Inesita Barroso ( 1925-2015) dizia tantas coisas bonitas sobre o tempo "a gente não leva nada!",  "que tal brincar?".
E dizia também: "porque negar a idade?" e ela brincava também dizendo e continuava brincando: "somos tão pobres, mas ricos somos pela autenticidade que Deus nos dá".
Inezita dizia tudo  com tanta naturalidade que enchia- me de alegria. Carmélia alves (1925-2013), a rainha do baião e Anastácia achavam muita graça do que Inezita (1925-2015) dizia. Machado de Assis ( 1839-1908) sabia como ninguém falar de coisas e gentes , de vaidades, de histórias do dia a dia. No romance Esaú e Jacó ( 1904), ele dá vida a incríveis personagens, baseados no livro Gênesis. Começa com Perpétua e sua irmã Natividade subindo o Morro do Castelo, Rio, em busca do futuro enunciado pela adivinha Cabloca. E a história segue. Lá pelas tantas, bem para tantas, Natividade fica triste no seu aniversário de 41 anos de idade. Esse detalhe no romance Machadiano fez me lembrar o aniversário de Mirian, irmã de Mara e Márcia, filha do potiguar Xavier Cortes. Quarenta e um anos! No romance de Machado, Natividade sofre por pensar que o marido Santos tinha se esquecido de data para ela tão importante. É quando ele, Santos, dá lhe um abraço e beijos e beijos, anunciando que ela é desde aquele instante baronesa, mulher do barão, e ele barão. E os 2 filhos Pedro e Paulo ( Esaú e Jacó), razão que a levou a consultar a Cabloca, não entendem nada, mas vibram e batem palmas. Esau e Jacó é um livro absolutamente necessário em qualquer estante que se preze. Viva Mirian, irmã de Mara e Márcia!
O futuro de Pedro, previsto pela mãe, é ser médico. E o de Paulo, advogado.
A história segue num crescente, mas não vou contar o final.


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

SAMPA:CURIOSIDADES MUSICAIS


Eu já falei que há mais de 3000 músicas que tratam da cidade de São Paulo, feitas por mais de de 7000 compositores de todos os Estados brasileiros e também do Exterior. Pois bem a primeira dessas músicas que traz na sua letra o nome de um bairro é tã tã tã tãããã... Hino Nacional Brasileiro, de  Osório Duque Estrada (1870-1927) e Francisco Manoel da Silva (1795-1865). O bairro é Ipiranga. 
A primeira música que traz no título o nome de um bairro paulistano é tã tã tã tãããã... Rapaziada do Brás. Essa música, uma valsa-choro, que tem  como autores o maestro Alberto Marino (1902-1967) e um dos seus filhos, Alberto Marino Jr. (1924-2011). A primeira gravação dessa música com o autor  Bertorino Alma (Alberto Marino), data de 1926, originalmente sem letra. Marino assinava Bertorino Alma  pois não caía bem aos ouvidos da elite um erudito compor música popular.
No link abaixo eu trago algumas curiosidades. Confiram:

No acervo do Instituto Memória Brasil se acham dezenas e dezenas de gravações diferentes de Rapaziada do Brás.

Confira a  primeira gravação  de Rapaziado do Brás,  com Bertorino Alma, que  ocorreu de modo independente e através do selo Brasilphone. Confiram:

A primeira gravação com letra,  de Rapaziada do Brás,  ocorreu em 1965. A façanha coube ao argentino naturalizado Carlos Galhardo (1913-1985). Confiram:






terça-feira, 22 de janeiro de 2019

BRASIL DE BRASILEIRO

Arnaldo Xavier era um paraibano, poeta, amigo meu. Negro, maravilhoso. Um dia, não sei qual, ele se lascou todinho e morreu dentro de casa. Disseram: foi infarto.
Eu brigava muito com o Arnaldo. Ele dizia que eu era doido e idiota, pelo ponto puro e simples de eu aplaudir Castro Alves, baiano, por ter feito com tanta grandeza o Navio Negreiro.
Castro Alves, branco que era, assumiu a liberdade da vida. E isso independia e independe de cor. E Arnaldo não entendia isso.
Arnaldo entendia que negro tinha que falar de negro e que branco era inimigo.
Que bobagem!
Os negros trazidos de África prá mover a vida do Brasil construíram o Brasil.
Depois de tudo que aconteceu, escravos na vida continuamos. Brancos e negros, negros e brancos.
Ouvi há pouco o repeteco da fala do ex capitão, ora presidente Bolsonaro. E lá estava ele em Davos abrindo para o mundo o Brasil. Pôxa, que bom!
Estou torcendo para que o novo governo, eleito pelo povo, dê certo.
Cá prá nós, é engraçado ouvir o Bolsonaro falar "quéshtão",Óquei, óquei, óquei?? 
Então tá, ok?
A gente pode errar falando, podemos acertar nos gestos.
Não votei no Bolsonaro.
Quem sabe quem sou, sabe que fui eu um dos fundadores do PT.

EDUARDO ARAÚJO

Ontem ou anteontem ouvi Vila, chamado professor, dizer na Pan que Eduardo Araújo tinha ido para outro plano. Ele diz isso sempre de modo apoplético. Eduardo continua vivo e cantando muito bem. Fica o registro. Aliás, o Vila disse uma vez que estava fazendo um livro baseado em livro que eu escrevi falando do Nordeste. Eu gosto do Vila. Disseram que esse livro sobre o Nordeste escrito pelo Vila já saiu, opa!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

PRA PENSAR: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

Outro dia ouvi no rádio que o bambambã da Rússia, Putin oferecia todo o seu apoio a Maduro. Isso fez-me lembrar do belíssimo enredo desenvolvido por George Orwell, no seu famoso livro A Revolução dos Bichos. Obra prima. 
Orwell desenvolveu a trama do livro inspirado nas loucuras de Stalin.
É muitíssimo atual e ponto de reflexão a Revolução dos Bichos. Começa com Major, um velho porco muito respeitado por seus pares, dizendo que tivera um sonho e que esse sonho ele queria compatilhar com todos. Major morre e Bola de Neve, outro porco sensato e respeitado, o substitui. Mas logo depois Bola de Neve é posto pra correr por outro porco, Napoleão.
Napoleão é a cara de Stalin.
Napoleão tem um assessor tipo carrapato, Garganta.
No final, não vou contar o final, há um momento que não dá pra deixar de comparar com o que ocorreu na Conferencia de Teerã, reunindo representantes das três grandes potências envolvidas na II Grande Guerra: Stalin (URSS), Churchill (Reino Unido) e Roosevelt (USA).
E onde ficam Trotsky e Lênin em Revolução dos Bichos?
O livro é fantástico, fabuloso. Aliás é uma fábula que todos devem ler. Detalhe: Até hoje esse livro não foi traduzido na Rússia, nem na China, nem na Coreia do Norte e na Venezuela, acho que não.
George Orwell morreu no dia 21 de janeiro de 1950. Sua obra não.

CORDEL ENCANTADO

Hoje, 21, faz uma semana que a Plim Plim repõe na sua programação o folhetim Cordel Encantado. Belíssimo. A primeira vez que esse folhetim foi ao ar foi em 2011. Na ocasião o Globo Ruim fez uma bela reportagem sobre literatura de coral. Confira:


PAIAIA E SÃO PAULO PARA TODOS

A vida é coisa maravilhosa.
A Tv Cultura, de São Paulo, costuma trazer programa e entrevistados importantíssimos. É a melhor TV. Às vezes pisa aqui, às vezes pisa acolá. Mas isso é bom para provocar o tico e teco que há em nós.
O historiador José Ramos Tinhorão chega sempre a mim, as sextas-feiras, reclamando que está com uma dor aqui e ali.
Velhice foi o tema do programa Roda Viva da segunda 14 passada. Confira:
http://tvcultura.com.br/playlists/46_roda-viva-ultimos-programas.html

PAIAIÁ

Depois de quase um ano voltei ao programa Paiaiá.
O Paiaiá é um programa apresentado pelo Paiaiaense Carlos Sílvio, que vai ao ar todos os sábados, ao meio-dia, na Rádio Web Conectados (www.radioconectados.com.br). O cabra é bom.
O programa Paiaiá, da Conectados, é um programa que fala de jovens e velhos, de meninos e meninas, de ricos e pobres, e talentos em geral...

Dessa vez falei sobre os 465 anos que São Paulo a completar na próxima sexta-feira. Falei de Inezita, Paulo Vanzolini, Alberto Marino, Zica Bergami,Osvaldinho da Cuica, Tom Zé e outros grandes que cantaram São Paulo. Até eu andei fazendo isso, junto com Jarbas Mariz.
Clique a assista a entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=hxuMwA1DKEA



Rapaziada do Brás originalmente é uma valsa-choro de autoria de Marino feita em 1917 sem letra. A letra veio depois, em 1965, quando Marino Jr. letrou a música do pai para Carlos Galhardo gravar. Ouça:



sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

DE PAIAIÁ PARA SÃO PAULO

Olá, queridos leitores. 
Dia 25 de Janeiro a cidade de São Paulo completa 465 anos e para falar dessa cidade e como ela foi tratada através da música, amanhã, meio-dia, ao vivo, começando a temporada 2019 do programa Paiaiá na Conectados, eu  estarei no programa para falar de músicas que homenageiam a cidade de São Paulo .
Acesse: www.radioconectados.com.br ou pelo nosso aplicativo https://goo.gl/beZewi.
WhatsApp: 01120616257
Apresentação: Carlos Sílvio. Saiba quem é Carlos Sílvio clicando nesse link:
http://assisangelo.blogspot.com/2019/01/de-paiaia-para-o-mundo.html

Reprise, domingo, 19h00

Não percam.
Rádio web Conectados, a maior web rádio do Brasil.

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