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terça-feira, 6 de agosto de 2024

A MORTE CONTINUA MATANDO...

A cada dia perco amigos.
Foram-se ontem brincar na Eternidade os amigos Sinval de Itacarambi Leão, aos 81; e o músico Caçulinha, de batismo Rubens Antônio da Silva, aos 84.
Sinval, jornalista fundador e editor da revista Imprensa, passou como profissional por vários órgãos da imprensa como TV Globo, Folha e tal. Foi briguento em todos os sentidos. Gostava do que era bom: Whisky, por exemplo. Chegou a ser preso duas vezes pelos brutamontes da ditadura militar (1964-1985). Na terceira vez, alertado por companheiros, deu no pé pra lugar desconhecido não sabido.
Caçulinha começou a carreira abraçando a sanfona, instrumento que nunca largou. Seu primeiro disco gravado era de 78 rpm. Trazia de um lado a polca Corochere (Francisco dos Santos e Caçulinha) e do outro lado a guarânia Triste Juriti (Mário Vieira e Armando Castro).
O segundo disco de Caçulinha trazia o choro Pelé (Amasílio Pasquin e Caçulinha) e a valsa Noiva do Sargento.
Durante alguns anos Caçulinha trabalhou como músico arranjador no extinto programa Domingão do Faustão, na TV Globo.
A última vez que Sinval e eu molhamos o bico foi cá em casa, há pouco mais de um ano.
A última vez que me encontrei com Caçulinha foi no estúdio da Rádio Capital. No tempo que apresentei o programa São Paulo Capital Nordeste.
Sinval e Caçulinha eram paulistas. O primeiro dos arrabaldes de Araçatuba e o segundo, Caçulinha, de Piracicaba. 
O 6 de agosto de 1910 marca a data de nascimento de outro paulista: Adoniran Barbosa, de Valinhos. Deixou-nos muitas músicas bonitas, engraçadas, irônicas e de amor como Iracema de que tanto gostava o também amigo Paulo Vanzolini, autor dos clássicos Ronda e Volta por Cima.
Pois é, o mundo está ficando menor e mais irracional.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

MINAS FICA MAIS POBRE SEM O JORNALISTA SINVAL

Eu tenho uma amiga muito querida que diz amar banana passa.

Achei meio esquisito o que ela me disse. Tem explicação: eu sou um cara que desconhece origens de muitas coisas. 

Ao dizer o que ora acabo de dizer, ela disse numa gargalhada retumbante que eu não sou de nada e de nada conheço. 

Confesso: essa amiga é provocadora... E, diante de tal provocação retruquei perguntando: "Você sabe o que é uva passa?".

Bom, ela me mandou pra ponte que caiu e não fui...

Quanta besteira...

Hoje 5, há pouco, fez a última viagem o amigo e coleguinha de jornalismo Sinval de Itacarambi Leão, 81 anos. Raízes mineiras.

Esse Sinval vem a ser o fundador da revista Imprensa junto com Paulo Markun, Dante Maiussi e Manuel Canabarro.

Quando dava eu lá estava a publicar uma ou outra coisinha.

Quando eu à toa assobiando às aves e ao vento, lá na revista saía algum texto falando dos movimentos meus nesta cidade paulistana, incluindo personagens como Paulo Vanzolini. 

A última vez que Sinval e eu nos vimos foi em abril ou maio de 2023, quando ele batendo à porta da minha casa com Whisky debaixo do braço disse que já estava na hora de a gente voltar a falar de poesia.

Falamos.

E falando como falamos,  falamos do Geraldo Vandré... A ver com o presídio Tiradentes... 

Tantas conversas, tantas coisas, tantas brincadeiras e um profissional invulgar...


AINDA CAMÕES NO MEMORIAL



Não sou túmido, tampouco narcisista ou pernóstico. 
Também não sou presunçoso nem prepotente. Longe disso! Talvez um besta...
Porém, uma coisa: falar de si próprio é bom, mas não é bom.
Melhor: falar de si próprio e bem, naturalmente, é coisinha danada de perigosa. Né, não?
Pois, pois...
O fim da tarde e início da noite de sexta 2, no Memorial da América Latina, foi supimpa. Isso porque reunimos pessoas incríveis para lembrarmos da fantástica viagem do navegador português de Sines Vasco da Gama. O lugar onde nasceu Vasco, fundado em 1362, dista da Capital portuguesa cerca de 160km. É logo ali.
Vasco da Gama, filho bastardo de um certo Estevão, não era de muitas posses. A família também não. No entanto, muito cedo, o jovem Vasco interessou-se pelos mistérios do mar tornando-se assim um craque das ondas salgadas. Quando encetou a viagem marítima rumo às Índias, em busca de fama e riqueza, tinha apenas 28 anos de idade. Conseguiu tudo que quis e acabou morrendo no mesmo ano que nasceu o poeta Luís Vaz de Camões (1524-1580).
Foi Vasco da Gama quem pegou a trilha deixada por Bartholomeu Dias e chegou ao destino programado dez meses e dez dias depois da sua partida de Portugal.
O evento ocorrido no Memorial da América Latina deveu-se ao lançamento formal do livro que fiz recontando a façanha de Vasco da Gama. Título do livro: A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama, em braille.
Este ano completam-se cinco séculos do nascimento do poeta português Camões e dois séculos da criação do sistema braille de leitura para cegos, inventado pelo francês Louis Braille (1809-1852).
Neste ano de 24 completam-se também 500 anos da morte de Vasco da Gama.E quero dizer mais o seguinte: fiquei feliz que nem um passarim diante de um saco de alpiste ao reencontrar amigos como o jornalista e dramaturgo Osvaldo Mendes, Marcelo Cunha, Maurício Pereira, o maestroJúlio Medaglia, Fausto Bergocce, Paulo Garfunkel (Magrão), Cacá Lopes, Luiz Wilson, a cantora Fatel, Helena e seu companheiro argentino Julio, Nireuda, Cris Alves, Cilene Soares, o cantor Raimundo José... Meu abraço especial para Luciano Martins e sua companheira Taís, Jarbas Mariz, Luís Voutolini, Carlos Silva, Darlan Zurc  e Fernando Coelho pelos belos textos escritos a mim dirigidos. Sabe? Teve hora que me senti um cabra importante...
No sábado 3 estive presente no programa Paiaiá na Conectados, apresentado pelo bom baiano Carlos Silvio. Clique:



domingo, 4 de agosto de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (120)

A África é um celeiro de crenças incríveis.
Paulina Chiziane é a primeira escritora moçambicana a ganhar o prêmio Camões, como o seu conterrâneo Mia Couto. É autora de um movimentadíssimo romance intitulado Niketche (2001). Nesse livro, o personagem central é um cara pra lá de machista, grosso, que mora com quatro mulheres e tem caso aqui e acolá. Na trama nasce um movimento de fortalecimento do viver feminino.

Dentro dessa mesma temática e também enaltecendo a mulher é o romance histórico A Rainha Ginga, do angolano José Eduardo Agualusa. Esse livro foi lançado em 2014  e conta a história de uma mulher e do seu povo que lutam contra os invasores. A ver com portugueses e holandeses. Há personagens brasileiros. A líder guerreira Ginga mostra que não nasceu pra brincadeira. Pra se divertir, chegou a formar um harém com homens vestidos de mulher. 

Harém por harém é bom que se diga que suas origens datam da Antiguidade. Está na Bíblia.

No Livro Sagrado aparece Salomão reinando absoluto com 700 mulheres com quem se casou e outras 300 com quem não se casou. Uma festa!

Que não nos esqueçamos: o pai de Salomão era o rei Davi.

Outra história dá conta de que foram sultões do Império Otomano que criaram esse pagode todo chamado harém. O auge foi no século 13 e o declínio começou ali pelo século 17. O fim ocorreu na primeira parte do século 20.

Isto também se deu com as gueixas, no Japão, que deram sinal de vida na segunda metade do século 17.

Os padres sempre estiveram em terras virgens.

José de Alencar, não custa lembrar, era filho de um padre: José Martiniano Pereira de Alencar. Filho de padre também foi o abolicionista José do Patrocínio (1853-1905), seu pai era João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de São Salvador. Era político e muito influente na região. Tinha 54 anos de idade quando levou para seu convívio uma garotinha de 13 anos, Justina Maria do Espírito Santo, que daria a luz ao famoso Patrocínio.


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 3 de agosto de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (119)

Amor, sangue e sexo também se acham no romance Maria Bonita, de Afrânio Peixoto, publicado em 1914. Em resumo: A Maria Bonita de Peixoto é uma personagem simplesmente fantástica. Ela é filha de Isabel e André. Tem um irmão, Lucas. Com seis anos de idade já despertava a atenção dos marmanjos. Com uns 13 anos apegou-se a Luís, um moleque da sua idade. Esse moleque era filho de uma fazendeira muito rigorosa. Seu nome: Mariana.

Luís tinha um irmão que tentou estuprar Maria. E a partir daí o romance cresce, ganha contornos inimagináveis. Encurtando: Lucas defende a irmã com unhas e dentes e tiros. O que também faz o pai, que é preso e a mãe morre de desgosto. A essa altura, Maria é posta pra fora da terra onde morava com a família.

Maria casa-se com o canoeiro João, que mata Luís por assédio à Maria. Maria fica só com o filho de 4 anos.

Essa é a história. 

O incrível nisso tudo é o preconceito exalado pelo autor Peixoto. Ele foi um dos primeiros escritores a criticar ferozmente o livro de estreia de Gilka Machado, Cristais Partidos (1915), chamando-a de “matrona imoral”, e “mulatinha escura”.

Gilka subiu paredes com essas críticas, reconhecendo porém: “Aquela primeira crítica (por que negar?) surpreendeu-me, machucou-me e manchou o meu destino. Em compensação, imunizou-me contra a malícia dos adjetivos”.

Ao contrário de Gilka, a mineira Ana Maria Gonçalves tem colhido muitos elogios da crítica sobre a sua obra.

Ana Maria embrenhou-se no campo da pesquisa para inteirar-se sobre a história da escravidão no Brasil. O pretexto era conhecer suas origens. O resultado foi o livro Um Defeito de Cor, com cerca de 1.000 páginas. Sensacional. 

A autora dá de mão de uma personagem real, histórica, de nome Luiza Mahin e com ela vai até o fim procurando o filho que o pai vendera quando tinha dez anos de idade. O filho era o poeta abolicionista Luiz Gama. Daí pra frente é tudo basicamente ficção. Luiza morre surda e cega, vangloriando-se modestamente por ter convencido o romancista Joaquim Manuel de Macedo a dar nome de Carolina a uma das suas personagens do livro A Moreninha, lançado em 1844.

Carolina é amiga branca de Luiza.

No livro de Maria Gonçalves tem violência de todo tipo, inclusive estupros. Tem também padre transando com seminarista, mulher morando com padres e muito mais sob os olhares de Xangô, Oxum e outros santos da crença africana.

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

É HOJE! É HOJE! VAMOS LÁ?


Bom, pessoal, é o seguinte: tomara que ninguém se esqueça de dar um pulinho, dois ou três pulinhos ao Memorial da América Latina logo mais às 17 horas. Já estou treinando a língua pra falar em bom português.
A partir da hora aí já dita, no Memorial permanecerei até às 21 horas.
Além de bom português, estarei lançando em braille a adaptação que fiz de Os Lusíadas. A versão que fiz ganhou o título de A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama. 
Nas imagens aí é possível ver que não estou a dizer besteira. Além de treinar a língua, também treino o corpo todo. E a alma. E será assim, livre e lépido, que estarei dando as boas vindas com apertos de mãos e abraços aos amigos e aos amigos dos amigos.


quinta-feira, 1 de agosto de 2024

PROCISSÃO PARA O REI DO BAIÃO



Atenção! Atenção!
Amanhã 2 completam-se 35 anos da partida do Rei do Baião para a Eternidade.
Foi no dia 2 de agosto de 1989 que o pernambucano Luiz Gonzaga entrou no hospital Santa Joana, de Recife, e de lá não mais saiu com vida. Seu falecimento deveu-se a um maldito câncer de próstata e outros problemas como osteoporose. Está sepultado na sua cidade berço, Exu.
Pouco antes de ser internado no Santa Joana, Gonzaga não se fez de rogado e atendeu a um telefonema meu. Ele estava saindo de casa para fazer promessa no Canindé, CE. À época, eu trabalhava na Rádio Jovem Pan. A entrevista foi ao ar no mesmo dia. Não lembro o dia.
Há alguns anos, o professor Wilson Seraine criou o que ele chama de "Procissão das Sanfonas". Uma beleza! Reúne dezenas e dezenas de sanfoneiros e sanfoneiras rua a fora.
O evento, que já se acha na 16ª edição, tem lugar amanhã 2 na Capital piauiense, mais precisamente da Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores até o Museu do Piauí. Na foto acima, registros de bate-papos de Seraine com amigos, incluindo o neto de Gonzagão Daniel Gonzaga e sua produtora musical, também produtora da rainha do forró Anastácia, Carol.
Confira abaixo bate-papos de Wilson Seraine sobre o Rei do Baião e o acervo que criou.


Confira aí como foi a última Procissão:

AMANHÃ 2 TEM CAMÕES NO MEMORIAL

Já tem gente contando as horas, ouvi dizer. Acredito, pois eu também tô que tô.
Não se esqueçam: é amanhã sexta 2, na biblioteca do Memorial da América Latina. Nesse dia 2 estaremos aguardando vocês pra um abraço e bom papo. Aliás haverá, além do lançamento do livro em braille A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama, mesa de debates com bam-bam-bans da USP. Além disso haverá declamação em braille e leitura para videntes.
O jornalista Eduardo Rascov, editor da revista Memorial da América Latina, estará proseando comigo numa mesa. Falaremos sobre a Língua Portuguesa e um de seus dos artífices: Camõe, cujo nascimento foi há 500 anos.
O Newsletter Jornalistas & Cia registra hoje o que vamos fazer amanhã, no Memorial da América Latina. Confira:

Clique para melhor visualização


Para adquirir o livro físico clique: https://loja.uiclap.com/titulo/ua61443/

quarta-feira, 31 de julho de 2024

O DIA 2 ESTÁ CHEGANDO...

Não só brasileiros, mas também portugueses e pessoas outras que gostam da boa literatura estão convidadas para o evento multimídia que ocorrerá entre as 17h e 21h na próxima sexta 2 na biblioteca do Memorial da América Latina. Que evento é esse?
Bom, o presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA), José Manuel Diogo, abre o link abaixo:


O poeta Luís Vaz de Camões nasceu em Coimbra, ali no século 16. Tinha 55 ou 56 anos. Seu encantamento ocorreu no ano de 1580. Antes, em 1572, teve publicada a sua obra prima: Os Lusíadas.
Bom pessoal, aguardamos vocês lá no Memorial. No cardápio vai ter comes e bebes.

terça-feira, 30 de julho de 2024

VAMOS AO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA!

Hoje é terça, depois de terça é quarta e pra chegarmos à sexta, precisamos passar pela quinta. Portanto: quarta, quinta, sexta 2...
Pois é pessoal, a 1ª sexta-feira de agosto de 2024 está chegando. Nesse dia, entre 17h e 21h, estarei proseando sobre o poeta português Camões e ao mesmo tempo tornando público o livro resultante de uma adaptação especial que fiz de Os Lusíadas.
Os Lusíadas é uma obra mágica que conta a história de bravura do povo português, especialmente no campo oceânico, dos mares.
O original camoniano foi publicado em maio de 1572.
O original angeliano será lançado no próximo dia 2. Pois, pois!
Bom, espero vocês todos lá no Memorial da América Latina.
Ah! Sim: haverá debate sobre as origens da língua portuguesa. À respeito, fiz:

O mar inventou o Brasil
E os portugueses, o mar
Tal façanha só foi feita
Pra que se pudesse contar
Que o poeta rei Dinis
Chegou longe sem nadar

Nadar mesmo não sabia
Mas sabia inventar
Foi ele quem inventou
De por seu povo no mar
Balançando sobre as ondas
Foi o mundo conquistar

Tinha já uns trinta anos
Era bom e coisa e tal
Não gostava do latim
Tao falado em Portugal
Depressa ele pensou
Numa língua mais legal

Essa "língua mais legal"
Era a língua portuguesa
Cultivada com esmero
Como flor da realeza
Portugal lhe deu a forma
O tom, graça e beleza

No mundo há muita gente
Falando em japonês
Falando grego e russo
Alemão, turco e chinês 
Mas na vida coisa boa
É falar em português

domingo, 28 de julho de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (118)

O romance da grande escritora cearense lembra um pouco o romance As Meninas da paulistana Lygia Fagundes Telles. As personagens de Lygia não são irmãs, mas amigas. Ana Clara cursa Psicologia, Lorena cursa Direito e Lia, Ciências Sociais.

Lembra também a história de Raquel o romance Toda a Luz que Não Podemos Ver do norte-americano Anthony Doerr.

A história traçada por Doerr se passa no decorrer da Segunda Grande Guerra: uma garotinha órfã de mãe, Marie, perde a visão aos seis anos de idade e é até os 13, 14 anos criada pelo pai, chaveiro do museu nacional de história natural (França) que é preso pelos nazistas e tal. Emociona. É fantástico este livro. Tem muito palavrão e prostitutas pegando clientes a pau nas ruas alemãs. Tem também estupros praticados por soldados russos. Ganhou o Prêmio Pulitzer em 2015.

Tão grande quanto a brasileira Júlia Lopes de Almeida foi a inglesa Barbara Cartland (1901-2000), autora de mais de 700 livros. Entre esses livros, o romance O Duque e a Filha do Reverendo.

O duque no livro de Barbara é um cara bem apessoado e rico, muito rico, mas sem herdeiros. É solteiro e depois de descobrir que a mãe traía o pai, jurou a si próprio jamais se casar. É quando entra na história uma jovem de 19 anos chamada Bianca.

Em 2019, o mineiro Itamar Vieira Junior estreou na literatura publicando o livro Torto Arado. Excelente a partir do título. É uma história já conhecida, mas aqui contada de maneira excepcional. Envolve pessoas pobres, negras, em luta pela sobrevivência no interior baiano. Tem amor e muito sexo. A trama começa assim:


Quando retirei a faca da mala de roupas, embrulhada em um pedaço de tecido antigo e encardido, com nódoas escuras e um nó no meio, tinha pouco mais de sete anos.

Minha irmã, Belonísia, que estava comigo, era mais nova um ano. Pouco antes daquele evento estávamos no terreiro da casa antiga, brincando com bonecas feitas de espigas de milho colhidas na semana anterior. Aproveitávamos as palhas que já amarelavam para vestir feito roupas nos sabugos. Falávamos que as bonecas eram nossas filhas, filhas de Bibiana e Belonísia…


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

 

sábado, 27 de julho de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (117)

Entre as freiras do colégio Maria Augusta, a Guta, faz amizade com Maria Gloria e Maria José.Ao completar 18 anos, as três Marias deixam o colégio para ganhar vida própria. Glória casa-se cedo. José não se casa, transformando-se numa pessoa muito quieta e solitária. Augusta envolve-se com um artista plástico bem mais velho do que ela e casado. Ela sofre. Depois conhece um certo Isaac que finda por matar-se.
Raquel de Queiroz
A ficção de Júlia Lopes de Almeida flerta o tempo todo com a realidade. Ela era participativa e arguta observadora da sociedade em que viveu. De lá pra cá, ou seja, do século 19 pra cá, aparentemente nada mudou.

No livro Correio da Roça (1913), a autora conta os perrepes vividos por suas personagens: Maria, mãe de quatro filhas, perde o marido e praticamente toda a fortuna que tinha. Sobra-lhe uma fazenda fincada no fim do mundo. É lá que vai viver com as filhotas. Enfim, essa é mais uma bela história enredada por Júlia Lopes de Almeida.

O século 20 nos deu algumas autoras também muito importantes como a cearense Raquel de Queiroz, que estreou como romancista em 1928 com O Quinze. Obra-prima.

Em 1939, Raquel brindou aos leitores o romance As Três Marias.

As Três Marias são Augusta, Glória e José.

Maria Augusta é posta pelo pai num colégio de freiras depois que a mãe morre. Tinha 12 anos de idade. No começo enfrenta dificuldades para se adaptar ao novo ambiente.

O romance de Raquel de Queiroz conta, além da vida dessas Marias, a vida rápida de outras jovens.

Jandira e Violeta são duas amigas de Maria Augusta. A primeira casa-se com um sujeito desqualificado, sem profissão, e com ele tem um filho, que nasce cego.

Quanto à Violeta, Augusta fica sabendo que virara puta. Ela lembra:

…Agora estava perdida, com a porta aberta para todos os homens. E eu tentava imaginar o horror daquela vida: chega um homem gordo, bigodudo, hálito de cerveja, tem o direito de entrar, de deitar com ela na cama, de exigir o que quiser. E parecia-me ver o homem, a camisa suada fedendo, os beiços babosos, a carne mole. Ou então outro qualquer, magro, ossudo, velho, com cruzes de esparadrapo no pescoço, ou cheirando a cigarro apagado...

sexta-feira, 26 de julho de 2024

DRAUZIO VARELLA E NÓS...


Esta semana o médico Drauzio Varella esteve por cá. Tivemos uma ótima conversa. Tudo gravado para em breve ser mostrado num podcast semanal.
O podcast, ainda sem título, tem como integrantes os craques Alex, Abreu, Magrão, Cilene e eu.
O papo com o Drauzio começou com lembranças à memória do biólogo e compositor paulistano Paulo Vanzolini (1924-2013) e seguiu por aí afora.
Drauzio contou um pouco da sua história e do tempo em que Vanzolini foi seu professor na Faculdade de Medicina na USP. Contou também do tempo em que atendia presidiários na velha casa de detenção, que também frequentei como repórter da Folha. E também como repórter frequentei a Penitenciária Feminina do complexo Carandiru. Mas essa é outra história...
Durante certo período, Drauzio distribuiu na penitenciária uma revista em quadrinhos intitulada Viralata. Essa revista, com roteiro assinado por Paulo Garfunkel (Magrão) e quadrinhos por Libero Malavoglia, foi de especial importância para conscientizar os presidiários aidéticos no período mortal da doença.

A CULTURA ESTÁ DE LUTO



Hoje, poucas horas antes da cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris, morreu o olímpico xilogravurista pernambucano J. Borges.
Borges, 88 anos, partiu para a eternidade de modo natural.
Celebrado no Brasil e no exterior, o artista do traço e da palavra foi pai 24 vezes: 18 biológicos e os outros adotados. Vários seguiram a profissão do pai.
Como o poeta popular Patativa do Assaré, J. Borges frequentou os bancos escolares por pouco tempo. Cerca de um ano; Patativa uns três meses apenas.
A partida inesperada do grande xilogravurista pernambucano deixa o mundo da cultura popular de luto.
Ah! Sim: J. Borges, além de deixar milhares e milhares de xilos, deixou também folhetos de cordel que ele mesmo ilustrava.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

INEZITA BARROSO, CAPIBA E ISMÁLIA


Capiba e Assis
Até hoje é grande o número de pessoas que abreviam por meios próprios a própria vida.
Cleópatra matou-se, deixando-se espontaneamente ser picada por cobras.
Duas filhas do filósofo Karl Marx tiveram destino idêntico ao destino de Cleópatra.
No mundo todo muita gente continua se matando.
No Brasil, 30 ou 40 pessoas matam-se diariamente. No dia 15 de julho de 1921 o poeta mineiro de Ouro Preto Alphonsus de Guimaraens pendurou-se numa corda e partiu, pouco antes de completar 51 anos de idade.
Guimaraens teve uma grande paixão na adolescência: a prima Constança, que morreu aos 17 anos de idade.
Depois da partida de Constança, Alphonsus de Guimaraens casou-se e teve 14 filhos, incluindo a caçula Constança, que ganhou esse nome em memória da amada do grande poeta. No dia 21 de novembro de 1910, Guimaraens publicou pela primeira vez no jornal A Gazeta o poema que todo mundo conhece: Ismália. O detalhe é que esse poema foi publicado originalmente com o título de Ofélia.
Ofélia é uma personagem shakespareana que aparece no 4º Ato do final da cena 7 do clássico Hamlet. Confira: 
O REI: ...Então, meiga rainha?
A RAINHA: Tanto as desgraças correm, que se enleiam no encalço umas das outras. Vossa irmã afogou-se, Laertes.
LAERTES: Afogou-se? Onde? Como?
A RAINHA: Um salgueiro reflete na ribeira cristalina sua copa acinzentada. Para aí foi Ofélia sobraçando grinaldas esquisitas de rainúnculas, margaridas, urtigas e de flores de púrpura, alongadas, a que os nossos campônios chamam nome bem grosseiro, e as nossas jovens "dedos de defunto". Ao tentar pendurar suas coroas nos galhos inclinados, um dos ramos invejosos quebrou, lançando na água chorosa seus troféus de erva e a ela própria. Seus vestidos se abriram, sustentando-a por algum tempo, qual a uma sereia, enquanto ela cantava antigos trechos, sem revelar consciência da desgraça, como criatura ali nascida e feita para aquele elemento. Muito tempo, porém, não demorou, sem que os vestidos se tornassem pesados de tanta água e que de seus cantares arrancassem a infeliz para a morte lamacenta.
LAERTES: Afogou-se, dissestes?
A RAINHA: Afogou-se.
LAERTES: Querida irmã, já tens água de sobra; não te darei mais lágrimas. Contudo, somos assim, que a
natureza o obriga, sem que importe a vergonha; uma vez fora, deixou de ser mulher. Adeus, senhor. Com
as palavras, só chamas me sairiam, se não fosse apagá-las a tolice.
(Sai.)
O REI: Sigamo-lo, Gertrudes. Que trabalho me custou para a cólera acalmar-lhe! Receio que de novo a
explodir venha. Sigamo-lo, portanto.
(Saem.)
Ismália ganhou esse título por volta de 1919, foi interpretado por muita gente boa, incluindo Fernanda Montenegro, Larissa Luz e o rapper Emicida.
Em 1958, Ismália foi melodiado pelo compositor pernambucano Capiba e gravado, com orquestra, pela cantora paulistana Inezita Barroso. Ouça:



segunda-feira, 22 de julho de 2024

DIA 2 LANÇO LIVRO EM BRAILLE NO MEMORIAL

O dia 2 de agosto está chegando. É dia importante não só por ser o dia que lembra os primeiros 35 anos do desaparecimento do rei do baião Luiz Gonzaga, como também o dia em que estaremos reunindo amigos e amigas para o lançamento do livro A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama em braille e o áudio desse mesmo livro em espaço próprio na Internet. Será no Memorial da América Latina, entre às 17h e 21h. Na ocasião haverá debate com professores da USP e de um representante português sobre o poeta português Luís Vaz de Camões.
De Camões adaptei Os Lusíadas, originalmente publicado em 1572.
A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama escrevi em sextilhas. Usei todos os principais personagens do poeta português e acrescentei dois violeiros repentistas no começo e no final do texto poético.
Ao adaptar Os Lusíadas pensei numa ópera popular.
Agendem-se!



domingo, 21 de julho de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (116)

Além de romances e contos, Júlia também encheu páginas e páginas de jornais de sua época com crônicas e poemas. Na verdade ela começou a escrever escondida do pai. Em março de 1905, João do Rio a entrevista para o suplemento O Momento Literário, em carta dominical do diário Gazeta de Notícias, do Rio. Júlia ao jornalista:

Pois eu em moça fazia versos. Ah! Não imagina com que encanto. Era como um prazer proibido! Sentia ao mesmo tempo a delícia de os compor e o medo de que acabassem por descobri-los. Fechava-me no quarto, bem fechada, abria a secretária, estendia pela alvura do papel uma porção de rimas...

De repente, um susto. Alguém batia à porta. E eu, com a voz embargada, dando volta à chave da secretária: já vai! já vai!

A mim sempre me parecia que se viessem a saber desses versos em casa, viria o mundo abaixo. Um dia, porém, eu estava muito entretida na composição de uma história, uma história em verso, com descrições e diálogos, quando senti por trás de mim uma voz alegre: — Peguei-te, menina! Estremeci, pus as duas mãos em cima do papel, num arranco de defesa, mas não me foi possível. Minha irmã, adejando triunfalmente a folha e rindo a perder, bradava: — Então a menina faz versos? Vou mostrá-los ao papá!

— Não mostres! — É que mostro!

— Vai fazê-lo zangar comigo. Não sejas má!

Ela ria, parecendo refletir. Depois deitou a correr pelo corredor. Segui-a comovidíssima. Na sala, o papá lia gravemente o Jornal do Comércio.

— Papá, a Júlia faz versos! — Não senhor, não lhe acredites nas falsidades! — Pois se eu os tenho aqui. Olha, toma, lê tu mesmo...

Meu pai, muito sério, descansou o Jornal. Ah! Deus do céu, que emoção a minha! Tinha uma grande vontade de chorar, de pedir perdão, de dizer que nunca mais faria essas coisas feias, e ao mesmo tempo um vago desejo que o pai sorrisse e achasse bom. Ele, entretanto, severamente lia. Na sua face calma não havia traço de cólera ou de aprovação. Leu, tornou a ler.

A folha branca crescia nas suas mãos, tomava proporções gigantescas, as proporções de um grande muro onde na minha vida acabara a alegria... Então, que achas? O pai entregou os versos, pegou de novo o Jornal, sem uma palavra, e a casa voltou à quietude normal. Fiquei esmagada. Que fazer para apagar aquele grande crime? No dia seguinte fomos ver a Gemma Cuniberti, lembra-se? Uma criança genial. Quando saímos do espetáculo, meu pai deu-me o seu braço. — Que achas da Gemma? — Um grande talento. — Imagina! O Castro pediu-me um artigo a respeito. Ando tão ocupado agora! Mas o homem insistiu, filha, insistiu tanto que não houve remédio. Disse-lhe: não faço eu, mas faz a Júlia...

Minha Nossa Senhora! Pus-me a tremer, a tremer muito. O pai, esse, estava impassível como se estivesse a dizer coisas naturais:

— Estamos combinados, pois não? O prometido é devido. Fazes amanhã o artigo.

Sei lá o que respondi! O certo é que não dormi toda a noite, nervosa, imaginando frases, o começo do artigo. Pela madrugada julgava impossível escrevê-lo, tudo parecia banal ou extravagante. Mas depois do almoço, antes de sair, o pai lembrou-me como se lembra a um escritor: — Vê lá, Júlia, o artigo é para hoje. Tenho que o levar à noite. Havia um jornal que exigia o meu trabalho. Era como se o mundo se transformasse. Sentei-me. E escrevi assim o meu primeiro artigo... Só mais tarde, muito mais tarde, é que vim a saber a doce invenção de meu pai.

O Castro nunca exigira um artigo a respeito da Gemma…

O Senado Federal publicou em 2020 um livro reunindo crônicas esparsas de Júlia Lopes de Almeida. Título: Ânsia Eterna.

Nesse livro, originalmente publicado em 1903, se acha o conto O Caso de Rute. É sobre uma jovem órfã de pai. A mãe se casa de novo e o novo marido abusa sexualmente da pequena Rute. Tinha ela 15 anos quando isso ocorreu. Os transtornos provocados pelo fato jamais foram superados pela personagem.


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora


sábado, 20 de julho de 2024

HÁ 90 ANOS MORRIA O PADRE CÍCERO

O céu de Juazeiro do Norte, CE, amanheceu embaçado no dia 20 de julho de 1934. 

Sobre árvores, pássaros trinavam menos do que dias anteriores. 

De um lugar qualquer ouvia-se o canto agourento da acauã. 

Nas proximidades do centro da cidade, um mar de pessoas formava-se diante de uma casa. Nessa casa morava "o santo padre" Cícero Romão Batista. 

O corpo do padre Padin Cícero do Juazeiro jazia num leito, cercado pelos amigos mais próximos. 

Portanto, hoje 20 completam-se 90 anos da morte do famoso padre.

Cícero nasceu no dia 24 de março de 1844. Teve vida atribulada, atribuladíssima. Chegou até a ser castigado pelo Vaticano que o proibiu de celebrar missas, batizar e casar fosse quem fosse. Isso foi provocado por uma suposta armação que resultou num "milagre". Tal milagre teria ocorrido quando o padre enfiava uma hóstia na boca de uma beata. Essa beata, Mocinha, inspirou o rei da embolada Manezinho Araújo a compor uma música para Luiz Gonzaga gravar.

Quatro anos, uma semana e um dia depois em Sergipe, o mais famoso bandoleiro do Nordeste: Lampião. 

Virgulino Ferreira foi expulso de uma igreja em Juazeiro a bengaladas dadas pelo padre Cícero. 

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (115)

Júlia Lopes de Almeida

Os contos de Júlia Lopes de Almeida são fortíssimos como A Caolha, originalmente publicado no jornal argentino La Nación; Os Porcos, dedicado a Artur Azevedo e Os Conventos. Esse último trata de uma mulher que perde o marido e fica com as filhas para criar.

Com o passar do tempo, Artur Azevedo inspira-se num texto de Júlia (Reflexões de um Marido) para escrever uma comédia em três atos intitulada O Dote, em 1907. Essa peça o autor dedicou à escritora.

O enredo de Artur gira em torno do casal Ângelo e Henriqueta. Ambos são apaixonados.

Henriqueta é do tipo gastona, viciada em supérfluos. Isso leva o varão a tremer na base, prevendo a bancarrota. Preocupado ele procura o amigo Rodrigo, a quem pede conselho. E o conselho é: divórcio.

Machado de Assis foi também agraciado com uma dedicatória de Júlia. A dedicatória aparece no conto Perfil de Preta, escrita em 1903.

Perfil de Preta é a história de um triângulo amoroso, cuja vítima é um mulato de nome João Romão.

Entre os romances de Júlia destaco, além de A Viúva Simões, A Falência e A Intrusa.

O romance A Falência trata de um português que vem ao Brasil ainda jovem e pobre. Enriquece negociando café. Uma hora ele é tentado a investir na bolsa de valores americana. Começo do século 20. A bolsa quebra e com ela o personagem português.

A Intrusa conta a história de um advogado que depois de perder a mulher e ficar viúvo, promete nunca mais se casar. Mas há uma reviravolta. O viúvo tem um adolescente para criar e a casa para cuidar. Sozinho… É quando ele contrata uma governanta. E mais não digo.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

EU SOU DO TEMPO DA PAZ E DO AMOR

Fiquei de orelha de pé ao ouvir no rádio notícia de um "apagão cibernético mundial". Isso hoje 19.
Ouvi também tentativas de explicação da parte de empresas que monitoram o sistema responsável pela segurança geral da Internet. Não me convenceu. Pior: uma pulga instalou-se derrepentemente cá de lado do meu ouvido.
Fico pensando: e se essa história se repetir de maneira mais violenta, hein?
Fico ainda pensando se não é possível, numa hora qualquer, o caos abrir suas garras contra o mundo e também nos pegar. E aí?
Fato é que vivo num tempo, vivemos num tempo, instável e terrivelmente maligno. Pra dizer o mínimo...
Sim, sim: antes que me digam que eu sou atrasado, rebato dizendo que não sou. 
Saudoso? Também não sou, mas gosto do que canta o parceiro pernambucano e forrozeiro Luiz Wilson:

quarta-feira, 17 de julho de 2024

O REBELDE CAMÕES

Luís Vaz de Camões, o primeiro e mais famoso poeta da língua portuguesa, tinha 28 anos de idade quando foi levado de Portugal para a Índia numa esquadra comandada por Fernão Álvares Cabral (1514-1571).
Esse Fernão era filho de Pedro Álvares Cabral, nascido num 11 de julho. 
Sobre a vida pessoal do poeta português pouco se sabe, mas o pouco que se sabe já é muito.
Camões foi um jovem rebelde, de família conhecida em Lisboa. Gostava da noite e estava sempre rodeado por arruaceiros, prostitutas, deserdados da vida. Tinha entre seus admiradores e admiradoras estudantes de Coimbra e tal. Estava sempre envolvido em brigas e cachaçadas. Foi preso algumas vezes por dívidas e agressões.
Em 1549, em batalha pela praça de Ceuta, Marrocos, perdeu o olho direito.
Sua ida à Índia não foi escolha pessoal. Pra lá foi mandado como castigo e voltou em 1569.
Três anos depois de voltar da Índia, teve impressa a sua obra-prima.
Camões morreu pobre e o seu corpo foi enterrado numa vala comum.

terça-feira, 16 de julho de 2024

CAMÕES NO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA


Atenção, atenção, amigos e amigas: o dia 2 de agosto está chegando.
"O que é que vai acontecer nesse dia?", pergunta curiosa a menina Anna Clara, Anninha.
O dia 2 de agosto, além de ser o dia do encantamento do rei do baião Luiz Gonzaga, é o dia em que faremos coisas bonitas em torno da memória do poeta português Luís Vaz de Camões.
Neste 2024 completam-se 500 anos do nascimento do poeta.
Pouco antes de findar a pandemia provocada pela Covid-19 eu me debrucei no passado recordando a beleza poética de Camões. Fiz mais: ouvi algumas vezes Os Lusíadas. Uma pérola! Fiz isso e fiz mais, adaptei Os Lusíadas "para Canto e Cordel". Imaginei essa adaptação, que ganhou título de A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama, como "ópera popular".
No próximo 2 de agosto, no Memorial da América Latina, estaremos debatendo a obra camoniana. Na ocasião será lançada, em braile, essa adaptação.
Essa obra tem a apresentação do maestro Julio Medaglia e do poeta popular Oliveira de Panelas.
Medaglia faz a apresentação em texto corrido e Oliveira, em versos.
Na ocasião também será lançada uma gravação do texto feita por profissional do ramo e que ficará à disposição de todos os internautas. À propósito, A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama será, na ocasião, interpretada por um ator especialmente convidado para o evento. Leitura dramática. 
E mais coisas havará em torno da adaptação que fiz de Os Lusíadas.
Este ano completa-se o bicentenário da criação do sistema braile de leitura para cegos.
Agendem-se!

segunda-feira, 15 de julho de 2024

A CULTURA POPULAR PERDE SÉRGIO CABRAL

Clique para ler a reportagem de Tinhorão e Sérgio Cabral

O mundo cultural está de luto: morreu Sérgio Cabral.
O jornalista e estudioso da cultura popular do Rio de Janeiro Sérgio Cabral morreu ontem, aos 87 anos.
Sérgio iniciou a carreira de jornalista no Diário da Noite, quando tinha 20 anos de idade. Trabalhou no JB e noutros jornais. Deixou muitos livros publicados sobre o samba carioca. Além disso, escreveu biografias de Tom Jobim, Pixinguinha, Nara Leão e Eliseth Cardoso, a Divina. 
No começo dos anos de 1960, Sérgio Cabral se achava trabalhando no Jornal do Brasil. Nesse jornal ele chegou a assinar uma coluna com José Ramos Tinhorão (1928-2021) intitulada Primeiras Lições de Samba (acima).
O jornalista estava internado num hospital do Rio há três meses. Sofria de Alzheimer.
Em fevereiro de 1997, Sérgio foi o convidado do programa Roda Viva da TV Cultura. Foi falar da sua tragetoria profissional. Naquele ano estava lançando o livro As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Para entrevistá-lo na Roda estavam Paulo Vanzolini, Leci Brandão, Rosângela Petta, Nenê da Vila Matilde, Sérgio Roveri, João Máximo e eu. Confira abaixo:



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