Os textos inseridos quase diariamente neste blog eu os faço muito rapidamente.
São vários os textos que escrevo para jornais e revistas, e também para contracapas de discos, prefácios e para um ou outro livro como o que está sendo produzido agora por Silvana Congilio sobre a Pensão Jundiaí, criada pela saudosa Mariazinha num ano do século passado.
Silvana me pediu uma colaboração e eu, lhufas!
Mas vou atendê-la, claro.
Trata-se de uma coletânea que reunirá textos de “pensionistas”.
A Pensão é uma espécie de jogral sem sede própria, onde jornalistas, artistas e intelectuais de muitos quilates se encontram uma vez por mês num local de Sampa, hoje Club Homs, para troca de idéias e jantar regado a água e vinho.
São pensionistas históricos embora faltosos Paulo Vanzolini, Inezita Barroso, Ives Gandra, Paulo Bomfim, e tantos e tantos nomes que enriquecem está Paulicéia louca e bela.
Mariazinha era poeta e das maiores agitadoras culturais que conheci, para quem cometi um poemeto, uma brincadeira intitulada Aula na Pensão:
Casa, casinha
Arranha céu...
Meu Deus!
Quero rima para prédio,
Quero rima para casa!
De novo: arranha-céu,
Casa, casinha
É assim, Mariazinha?
Mas não há rima para pensão,
Não há rima para prédio,
Há rima para casarão!
De novo: casa, casinha,
Prédio, espigão.
Agora, sim:
A pensão de Mariazinha
É o nosso coração.
Onde eu estava mesmo?
Ah! Sim: no blog.
Dificilmente releio os textos que posto aqui, nem antes, nem depois.
E aí cometo absurdos dizendo o que não quero pelas linhas tortas da imprecisão e da dubiedade madrasta, saídas pela pressa da imperfeição.
É a velha história: escreveu não leu, o pau comeu.
Isso aconteceu no texto que escrevi outro dia sobre a Revivendo.
Eu quis dizer que os herdeiros dos grandes artistas - incluindo escritores - quase sempre dificultam o relançamento das obras deixadas.
Passei por isso quando tentei tirar do limbo um dos nomes mais importantes da nossa música, o paulista de Tietê Ariowaldo Pires, chamado de Capitão Furtado.
Fui a estúdio e produzi o já raro CD Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo, com participação especial de Mococa & Paraíso, Inezita, Tinoco, Moacyr Franco, Rodrigo Matos, Muíbo Cury, entre outros intérpretes da boa música caipira.
O Capitão partiu há 31 anos completados no último dia 11.
Ele deixou magnífica obra que se conta às centenas, gravadas em centenas de discos por intérpretes como Gilberto Alves, Paraguassu, Sílvio Caldas, Roberto Fioravanti, Jackson do Pandeiro, Ivon Curi, Rolando Boldrin, Raul Torres & Serrinha, Alvarenga & Ranchinho, Xerém & Bentinho, Tião Carreiro & Pardinho...
Foi ele quem descobriu a dupla Tonico & Tinoco.
Pois bem, no texto postado eu quis dizer das dificuldades impostas mais das vezes a quem se arrisca a levar a público obras musicais e literárias de autores brasileiros falecidos há menos de 70 anos.
É dureza.
Até já propus que se diminua esse tempo de validade a herdeiros, na nova lei de Direitos Autorais.
A Revivendo, é claro, encontra esse tipo de dificuldade para a realização de suas iniciativas, e só a calma e a persistência de Leon Barg somadas à calma e persistência das filhas Laís e Lilian têm possibilitado que artistas como Chiquinha Gonzaga, Capiba, Ary Barroso, Chico Alves, Orlando Silva e Luiz Gonzaga, por exemplo, entre centenas, não caiam na vala comum do esquecimento.
A Revivendo e seus heróis, que hoje atendem por Laís e Lilian Barg, merecem aplausos e louvores de todos os tipos e de todo mundo de sã consciência e sensível à arte.
Aliás, está mais do que na hora de o Congresso Nacional se prestar uma grande homenagem a essa empresa, exemplo de categoria e fé por um País melhor.
Este ano a Revivendo já levou à praça pelo menos uma dúzia de belíssimos discos.
E o que vocês estão esperando, hein?
Ora, corram já às lojas e comprem esses discos.
Haverá melhor presente do que dar a um amigo, amiga, parente, aderente, do que um disco Revivendo?
Fui!
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