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sexta-feira, 27 de junho de 2014

VOU VIRAR CHINÊS

Formar, informar, opinar e criticar é mais do que um ideário humano, humanístico, um direito claro e lógico dos cidadãos livres de qualquer lugar do mundo, inclusive dos que vivem nessa parte de cá da linha do Equador, onde se situam países como o Brasil: é um dever.
O dever de formar, informar, opinar e criticar é sagrado.
Mas como fazer isso num país onde o analfabetismo é uma praga, um cancro, uma doença resistente e de cura difícil?
Como fazer isso num lugar a onde um enorme contingente de eleitores vai às urnas de tempos em tempos para votar por interesses estranhos ao bem comum?
No caso Brasil, pode-se dizer que engatinhamos rumo ao lugar onde a “res pública”, a coisa publica e sua valorização de que falavam os sábios do Direito latino e que tanto sentido fazem para a mudança de uma sociedade que deseje respeito reconhecimento do mundo civilizado.
O nosso país, um país de guerras e conflitos há cinco séculos, como bem nos mostra o Dicionário das Batalhas Brasileiras, de Hernani Donato (1922-2012), ainda não assimilou as lições básicas da democracia reimplantada duas décadas após um golpe que apeou do poder seu representante legítimo, João Goulart, passando, então, a ser regido sob as ordens de um governo militar que fez desaparecer milhares de pessoas que ousaram dele discordar.
No mais nos esquecemos de tudo, e facilmente, até de fatos que nos marcaram a vida de modo profundo, como os 46 anos - completados ontem - da passeata que reuniu de 100 mil a 150 mil pessoas, entre estudantes, professores, pais, padres e freiras na Avenida Presidente Vargas do extinto Estado da Guanabara, exigindo o fim da ditadura e do arrocho salarial.
Mas por que eu falo dessas coisas, da ausência do mínimo básico na vida da gente, do respeito, educação, opinião e crítica que tanto nos faltam?
Esta semana este blog alcançou a marca de 150 mil acessos Brasil e mundo a fora. Desse total, há registradas opiniões e loas de apenas algo em torno de 1% do público que o acessa.
A falta de opiniões e críticas eu considero grave num país de 200 milhões de pessoas.
E um detalhe surpreendente me chamou a atenção na leitura de estatísticas do blog: sou mais acessado na China do que aqui, no Brasil.
Vou virar chinês.
Pela ordem, acessam este blog: China, Brasil, Alemanha e Estados Unidos.
Pode?

Um comentário:

  1. Me considero parte integrante deste percentual de apenas 1% dos 150 mil acessos desta semana. Um pais de esquecimento fértil. Imaginem, esqueceram Luiz Gonzaga, Marinês, Jakcson do Pandeiro e até Dominguinhos, mais recentemente, 46 anos passados, então. Falta de aplicação das Leis ou criação de novas, resulta no que assistimos agora. A Copa rola, fatos negativos acontecem e as nossas TVs se omitem na verdadeira informação, fora do Pais a realidade é outra. Seria feliz se pudesse voltar ao passado. Contudo, sem a travessia nas águas negras da ditadura vivida.

    Aloisio Alves

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