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sábado, 25 de outubro de 2014

REPENTISTAS GLOSAM DILMA EM CANTORIA

Políticos intelectuais como Euclides da Cunha, Ronaldo Cunha Lima, Saulo Ramos, Ariano Suassuna, Paulo Vanzolini, Manuel Bandeira e Rachel de Queiróz eram grandes entusiastas da poética musical do repente brasileiro. Esses nomes me levam a outros, como Almir Pazzianotto, Peter Alouche e Aldo Rebelo, ex-deputado federal e atual ministro dos esportes.
Certa vez, na década de 70, veio da França o professor Raymund Cantel, titular da cadeira de cultura popular universal da Sorbonne, para desenvolver pesquisa sobre literatura de cordel e a arte do Repente. Agora mesmo, seguindo seus passos, chega à São Paulo a estudante Elvina Le Poul.  Ela já ouviu dezenas de repentistas e no Instituto Memória Brasil disse que os europeus, especialmente os franceses, têm grande admiração pelos poetas improvisadores ao som de viola.
Pois bem, de muito bom grado atendi ontem o convite do amigo Aldo Rebelo para almoçar ao lado de alguns desses artistas tão admirados. Foi um encontro e tanto no tradicional restaurante Andrade, especializado em pratos típicos da culinária nordestina.
O encontro reuniu Sebastião Marinho, Andorinha, João Bernardo, Luiz Wilson, Zé Teotônio, Téo Azevedo e Moreira de Acopiara, entre outros (foto acima no clic de Darlan Ferreira).
O secretário de cultura do município de São Caetano, Jander Lira também esteve presente.
Houve momentos marcantes de uma verdadeira cantoria.
Sebastião Marinho e Andorinha abriram a roda glosando o mote O Brasil está Querendo dona Dilma Novamente (Click abaixo). 
https://www.youtube.com/watch?v=BQr-2id_2A8&feature=youtu.be
Outro momento bonito foi quando o aboiador Zé Teotônio desenvolveu um tema em que os vaqueiros do sertão estão sendo substituídos por motoqueiros.
Demonstrando estar ainda totalmente integrado às suas raízes nordestinas, Aldo Rebelo chegou a se emocionar por instantes enquanto aplaudia os artistas em performance. Ele mesmo chegou a informar que na sua terra, Alagoas, as vaquejadas também contam com motoqueiros com suas máquinas endiabradas a correr atrás de boi. Uma tristeza.
Euclides da Cunha, Ronaldo Cunha Lima, Saulo Ramos, Paulo Vanzolini, Manuel Bandeira e Rachel de Queiróz não tiveram tempo para ver com seus próprios olhos a tragédia da substituição da vaqueirama por motoqueiros.
Ariano viu e sofreu.
Saulo Ramos gostava tanto de cantador repentista que chegou a levar alguns para tocar na casa de Roberto Carlos, entre eles Otacílio Batista e Oliveira de Panelas.
Alias, numa certa ocasião o poeta pernambucano Manuel Bandeira escreveu:
Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão,
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João...

O trecho aí faz parte de um longo poema que o poeta publicou na coluna que escrevia no jornal do Brasil, em 1959. Detalhe: Muitos anos depois, o compositor/cantor Djavan musicou e gravou  num LP os primeiros onze versos sem dar crédito ao autor...

Fica o registro.

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