Não era nem uma da manhã quando o Outono rompeu o tempo e chegou, hoje, ao nosso hemisfério. Portanto, já estamos vivendo a bela estação outonal, que se estenderá até junho, quando nos dará a cara o Inverno.
O Outono faz nos convencer de que os dias são mais curtos e as noites são mais longas. E o frio é danado. Lá fora, as árvores mudam de folhas e os passarinhos fazem festa.
Somente no Sul e Sudeste essa estação é mais claramente observada, pois no Norte e Nordeste o clima parece sempre o mesmo no correr do ano todo. Quer dizer, imutável. Lá a seca sempre dá um jeito de se fazer presente, maltratando sertanejos e estorricando o solo.
Muitos artistas, eruditos ou não, desde sempre compuseram belas peças pra nos lembrar o Outono. O italiano Antonio Vivaldi (1678-1741) foi um desses artistas. Ouça:
O nordestinos são cheios de crenças.
A Natureza é incrível. Tudo nela, é incrível.
Quando formigueiros trocam o pé da serra por um lugar mais
alto, é sinal de que vai chover. E chuva grossa!
Quando a asa branca troca de lugar é porque o lugar trocado
vai entrar num período de seca brava.
Se no período correspondente aos meses de novembro e março
não chover é porque o inferno vem à terra.
O dia 19 de março, de São José, é a data máxima dos
sertanejos. Se não chover até esse dia, da terra não nascerá nada além de
poeira e tristeza.
A crença está aliada à sabedoria popular.
O estudioso da cultura brasileira Luís da Câmara Cascudo
(1898-1986), potiguar, deixou nos seus livros um legado invulgar. Em muitos dos
seus livros, ele enfoca a simplicidade do povo. Nessa simplicidade se acha
retalhos da vivência milenar da vida humana.
O sanfoneiro e cantador Luiz Gonzaga (1912-86) também
retratou a vida do povo na sua obra. As crenças estão lá, como a pedra de sal
que o sertanejo em que tanto acredita. Expostas num lugar qualquer da casa,
essas pedras se amanhecerem umedecidas é sinal de que a terra propiciará
fartura naquele ano.
A festa do milho é uma das muitas que o sertanejo promove em
junho.
O Rei do Baião traz na sua discografia um LP (A festa do
Milho, 1963) que lembra um pouco o saber, no seu estágio puro, do homem do
campo. Ouça:
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se
acha a discografia de Luiz Gonzaga e quase todos os livros de Câmara Cascudo.
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