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segunda-feira, 16 de março de 2020

VERÍSSIMO, VIETNÃ: O PRISIONEIRO



O exército norte-americano cometeu uma das maiores atrocidades numa guerra. Foi no dia 16 de março de 1968 numa aldeia de My Lai, no Vietnã. Brutalmente assassinadas crianças, homens e mulheres. No total mais de 500 pessoas.
Esse massacre lembrou-me a cantora Joan Baez, o jornalista José Hamilton Ribeiro e do escritor Érico Veríssimo (1905-1975), esse último autor do romance O Prisioneiro (Editora Globo; 1ª edição, 1967).
Veríssimo identifica o lugar onde transcorre a história num ponto qualquer da Ásia, próximo à China.
Os personagens principais são um tenente que deixa o seu país para servir fora, sob o comando de um coronel.
O coronel determina ao tenente que interrogue um prisioneiro. E isso pouco antes de o tenente retornar ao seu país de origem e já no fim do livro.
O romance é fortíssimo e bem movimentado. Fantástico!
Na terra onde foi prestar serviço militar, o tenente faz amizade com uma voluntária francesa que dedica todo o seu tempo a ajudar crianças órfãs. Ele à ela conta toda sua história.
O romance chega ao ápice com a explosão de um bordel no qual se achava uma prostituta por quem o tenente se apaixonara. Nenhum dos personagens tem nome no livro, à exceção da prostituta que aparece apenas pela letra K.
Veríssimo também não diz, mas deixa crer que o lugar onde se passa a história é o Vietnã.
E foi no Vietnã, no dia 20 de março de 1968, que Hamilton Ribeiro pisou numa bomba e foi aos ares. Escapou, mas deixou lá um pedaço do seu corpo. Antes disso, a cantora e instrumentista nova-iorquina Joan Baez foi às ruas com Martin Luther King (1929-68), chamando a atenção do mundo para os horrores da guerra.
José Hamilton Ribeiro é o jornalista mais premiado do Brasil e também um dos escritores mais festejados. Lê muito e é viciado em moda de viola. Pra ele escrevi o poema ZÉ:

O mundo anda perdido
Que nem galo sem terreiro
Que nem um cego sem guia
Ou barco sem timoneiro
Mas ainda bem que tem
José Hamilton Ribeiro

 Repórter de boa cepa
Ouro puro, verdadeiro
É um galo bom de briga
Doido por galinheiro
Hoje seu nome é marca
Do jornalismo brasileiro

Na pauta desse José
Tem sanfona, tem pandeiro
Tem cantiga de Matuto
E prosa de marrueiro
Fora isso ainda tem
Verso, viola e violeiro

Ele foi a todo o canto
Foi até o estrangeiro
Foi à luta, foi à guerra
Lutou foi bom guerreiro
Caiu mas levantou-se
De modo muito ligeiro

Incansável segue firme
Livre, leve e faceiro
Redescobrindo na vida
O prazer aventureiro
De fazer mais reportagens
Com o carimbo Zé Ribeiro

Novas guerras continuam
No Brasil, no mundo inteiro
É gente matando gente
Por nada, só por dinheiro
Mas nem a morte mata
José Hamilton Ribeiro

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