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sexta-feira, 30 de abril de 2021

ENFIM, ABRIL FINDOU


O Brasil é um país extraordinário, mas cheio de contradições.
Eu já disse e repito: o Brasil, para Kafka, seria uma festa. Um sonho. 
Todos sabemos que Franz Kafka (1883-1924) foi um escritor fantástico, em todos os sentidos.
Nós, brasileiros, apanhamos, apanhamos e não aprendemos.
A nossa lembrança é, digamos assim, quase zero. 
O que comemos no dia anterior, quase sempre esquecemos no dia seguinte, não é mesmo?
No dia 30 de abril de 1981, um puma explodiu com dois militares do exército, na zona sul do Rio de Janeiro.
A bomba que explodiu no carro era pra ter explodido no Riocentro, onde se realizava um espetáculo em homenagem aos trabalhadores.
E lá estavam Chico Buarque, Elba Ramalho, Martinho da Vila, Sérgio Ricardo, Clara Nunes, Miucha, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e dezenas de outros artistas e um público estimado em 30 mil pessoas, incluindo crianças.
O presidente de plantão era o general João Figueiredo, aquele que dizia detestar o cheiro de povo.
À época Bolsonaro, esse aí, era tenente. E de tanto gostar de dinheiro começou a propagar uma campanha visando aumento de soldos dos militares. Essa campanha contava com a ideia de explodir bombas por todo canto. Foi preso e julgado pelo Tribunal Militar. Pra ele foi bom: aposentou-se como capitão e depois virou vereador, pelo Rio. Mais: apontou na mentira, na fake news e virou presidente.
Como se vê, o mês de abril nos traz à memória fatos tocantes.
É no mês de abril que se comemoram o Dia da Mentira, Dia do Jornalista, Dia do Livro Infantil, Dia do Índio, Dia de Tiradentes, Dia Mundial da Saúde, Dia do Exército Brasileiro, Dia do Café, Dia do Beijo, Dia Mundial do Desenhista...
O dia do Desenhista é comemorado desde 2011. Há 10 anos, portanto.
Esse dia foi criado por não-sei-quem, mas a inspiração foi o italiano Leonardo. O da Vinci. Quem dá Vinci, dá trinta, quarenta, cinquenta... Brincadeirinha...
Vinci era uma vila italiana do século 15, onde nasceu Leonardo.
Leonardo da Vinci nasceu no dia 15 de abril de 1452.
Um século e pouco depois, nascia nas terras inglesas o gênio da literatura mundial William Shakespeare. 
Shakespeare nasceu em abril e morreu em abril, com 52 anos de idade.
Em abril morreu também um cara de importância fundamental na formação de pessoas: o escritor espanhol Miguel de Cervantes, aos 68 anos.
O mês de abril de 2020 termina hoje, no Brasil, com 400 mil mortos pela Covid-19.
A história é feita por fatos. 
Marcar o nome na história não é fácil.
Que o diga o cartunista Fausto, construindo seu nome como fizeram Shakespeare e Cervantes.
Gereba, Klévisson e eu compusemos um xote que fala de perseverança. Ouça:

LEIA TAMBÉM

O cantor e compositor baiano Dorival Caymmi nasceu no dia 30 de abril de 1914:  

quinta-feira, 29 de abril de 2021

HOJE É DIA DE WILSON SERAINE!

O Piauí é um dos 9 Estados nordestinos. 
Foi na capital desse Estado que nasceu o professor de física Wilson Seraine. O caso se deu no dia 29 de abril de 1966, ano em que Chico Buarque e Geraldo Vandré disputavam o 1º lugar do 2º Festival de Música Popular Brasileira (TV Record). Deu empate.
Wilson Seraine morou alguns anos na capital paulista e depois voltou à terra de origem.
É longa e rica a sua trajetória como professor universitário. Entre seus alunos, está o recém-nomeado ministro do STF, Kassio Nunes Marques.
Além da profissão de professor, Seraine é apaixonado pela cultura popular nordestina. Dessa paixão sobressaem-se a música e folhetos de cordel. E particularmente, segue à anos a trilha do rei do baião, Luiz Gonzaga.
São centenas e centenas de jornais, revistas, discos e tudo mais referente ao artista nascido em Exu, PE. 
Até agora, Wilson Seraine já publicou 11 livros e produziu um CD com repertório de Luiz Gonzaga em alemão.
Filho de Wilson e Maria, o professor Seraine é casado com Ana Beatriz. Com Ana tem 3 filhos: Mateus, Ana Clara e Wilson Neto.
Todos as quintas, a partir das 20h, Wilson Seraine apresenta o programa musical A Hora do Rei do Baião. O programa vai ao ar pela rádio Cultura FM de Teresina 107,9, PI.

O BRASIL ESTÁ MORRENDO...



São 400 mil mortes
São 400 mil vidas
São 400 mil almas
Pela covid colhidas

Mas isso é muito pouco
Na verdade não é nada 
Todo mundo vai morrer 
De covid ou de porrada 

Quem diz isso não tem senso 
Não tem cara, tem careta 
É assassino serial
Bicho louco do capeta

Louco e mixuruca 
Porra louca sem noção 
Nascido pra fazer mal 
Ao Brasil, nossa nação

Mas um dia vai ter fim 
O criminoso serial
Ninguém vive tanto tempo
Fazendo o mal

Essa é a quarta vez que faço poema sobre os mortos pela covid. 
E veja fotos de Assis declamando para a reportagem da Folha: Assis Ângelo Declama Cordéis Sobre a Pandemia  

BRASILEIROS DA ANTÁRTIDA


No dia Nacional da Educação, 28 de abril, Bolsonaro disse pra quem quis ouvir que conhece o Brasil, por dentro e por fora. Ele: "Amazônia, Antártica..."
Disse Antártica e rapidamente "corrigiu": Antártida. 
O cara é de uma ignorância avassaladora. 
Não sabe a besta que as duas formas estão corretas. Tanto faz dizer Antártida, como Antártica. 
A Antártida é um dos sete continentes do nosso planeta. 
O terceiro menor deles.
Dá nisso não estudada, não ir à escola. 
Dá nisso acreditar que a terra é plana e que cloroquina serve para matar o novo corona vírus.
À propósito do Dia Nacional da Educação há, no Brasil, cerca de 11 milhões de analfabetos. Incluindo o cabra citado.
Uma coisinha a mais: Bolsonaro quer que todos fiquem iguais a ele, no tocante à ignorância. 
Bolsonaro e seu ministro da Economia acabam de fazer um corte profundo no orçamento do ministério da Educação, para o ano de 2021. O corte foi de 2,7 bilhões. Eu hein!
Ah, sim! Com a "anexação" da Antártida ao Brasil ficamos agora com 22,5 milhões de km².
É bom ler bons livros. Ouça:


quarta-feira, 28 de abril de 2021

FOME É FOME, TEM GENTE COM FOME

Enquanto houver fome, haverá comida?
Enquanto houver comida, haverá fome?
Não sei, não sei, não sei...
Só sei que fome é fome, fome é fome...
O trem faz: Café com pão, bolacha não, bolacha não...
Em 1946 o poeta negro pernambucano Solano Trindade (1908-74) escreveu um poema que, infelizmente, será eterno por sua beleza triste e pela realidade que dificilmente sairá de pauta. Chama-se: Tem Gente com Fome.
Tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome...
É um trem seguindo seu rumo, nos trilhos.
Onomatopeia.
Tem Gente com Fome é um poema atualíssimo.
Desnecessário entrar em detalhes, diante do desgoverno que ora vivemos. Leia:

Tem gente com fome

Solano Trindade

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiiii

Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Pisiuuuuuuuuu

IBGE: SEM CENSO, NÃO HÁ CONSENSO


De fato, não dá pra levar a sério o atual presidente da República.
Esse presidente faz tudo que não presta, contra o País e a nação.
Ele mentiu para conquistar o voto dos indecisos e decepcionados peraltices proibidas do PT.
Usou a Internet pra mentir e enrolar o povo.
O que esse presidente tem feito, nenhum outro fez.
Ao cair apaixonadamente aos braços do Centrão, Bolsonaro vendeu o que restava da sua alma ao Diabo.
Entre as estripulias que acaba de fazer está a implosão do orçamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE.
O IBGE foi criado no governo Vargas, em 1934.
O que levou à criação do IBGE foi a necessidade de o Brasil conhecer o Brasil. E a partir daí identificar as políticas e prioridades necessárias para o crescimento do País.
Idiota autoritário, Bolsonaro não entendeu isso.
Por priorizar as suas necessidades de político sem compromisso com o País e a nação, Bolsonaro cortou a verba de pesquisa do IBGE: de 3 bilhões de reais para 53 milhões.
Pode parecer muito, mas não é.
O Brasil tem uma extensão territorial bem superior aos 8,5 milhões de km² que aprendemos na escola.
Hoje 28 o ministro decano do STF, Marco Aurélio, determinou: que o Governo encontre os meios necessários para a realização do Censo de 2020, que ainda não foi feito...
Sem Censo não há consenso nas decisões de interesse do País.

terça-feira, 27 de abril de 2021

HÁ 25 ANOS MORRIA RAPHAEL RABELLO

Responda depressa: o que tem a ver Dino 7 Cordas com Raphael Rabello?
Dino, de batismo, Herondino José da Silva, nasceu no ano em que a gripe espanhola deixou o Rio de Janeiro em pé de guerra. 
Dino nasceu no Rio, e Raphael Rabello em Petrópolis, RJ. 
A estreia de Dino 7 cordas em disco ocorreu em 1940. 
Raphael nasceu em 1962 e morreu em dez anos antes de Dino, em 1996.
Dino deixou uma obra sensacional, como Raphael. 
Raphael estreou em disco em 1976, quando tinha 14 anos, e Dino, aos 22.
Está na hora de trazer de volta a história desses dois gigantes da música instrumental brasileira. 
Entre Dino e Raphael havia em comum a genialidade musical desenvolvida ao violão. 
Raphael Rabello morreu num dia como hoje 27 de abril. 
É uma pérola a gravação de Raphael para Luiza, de Tom Jobim. 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A IMPORTÂNCIA DOS JORNAIS


Hoje é 26 de abril.
No dia 24 de abril de 1876, o jornal Gazeta de Notícias (RJ) publicava um "artigo de fundo" estimulando o governo a construir uma ponte que ligasse Niterói ao Rio. Veja só!
Esse artigo trazia a marca do fundador do Jornal, José Ferreira de Souza Araújo (1846 - 1900). 
Os artigos de Araújo traziam eram assinados com o pseudônimo de Lulu Sênior.
O tempo passou e, em março de 1974, era inaugurada a ponte Rio-Niterói (Ao lado


A HISTÓRIA SE REPETE

Em 1920, o paulista de Taubaté, Monteiro Lobato, escreveu um conto muito bonito, triste, mas bonito.
Esse conto deu o título ao livro Negrinha.
Negrinha é uma personagem infantil que sofre muito nas mão de sua "dona" Inácia. Link:https://assisangelo.blogspot.com/search?q=negrinha+
Contei essa história a amiga Ivone.
Ivone não se surpreendeu com essa história. E contou que há alguns anos soube de uma história parecida ocorrida no bairro paulistano Jardim Miriam. 
O Jardim Miriam é um pedaço violento da Capital paulista, localizado na Zona Sul da cidade. 
Um dia, segundo Ivone, a polícia saiu correndo para pegar um bandido, que acabara de matar duas pessoas. 
No meio do caminho, o policial encontrou uma menina, de uns 7 anos, a quem perguntou se vira um homem correndo com arma na mão. A menina disse que sim e apontou o lugar por onde o fugitivo seguira. 
Dia seguinte, um homem procurou a mãe da menina e ameaçou, "Olha aqui, se você não der um jeito na sua filha, eu vou cortar a língua dela". 
A mãe, assustada, chamou a filha para uma "conversa". 
Durante a conversa, a mulher pôs um ovo pra cozinhar.
Minutos depois a mulher pegou o ovo numa colher e ordenou que a criança abrisse a boca. 
Pois é, história igualzinha à história do conto de Lobato. 
Triste, não é? 
O tempo passou, a menina cresceu, casou, e um dia disse à Ivone: "Agradeço a minha mãe por ter feito o que fez. Sofri, mas poderia estar sem a língua hoje".
Os bandidos de ontem, são os mesmos de hoje. 

domingo, 25 de abril de 2021

ESPERANÇA É ALIMENTO DO POVO BRASILEIRO

Eu pretendia falar hoje sobre a Imprensa internacional.
Os jornais do mundo todo estão dizendo que o Brasil está morrendo de fome e de Covi-19. O que é fato.
É fato também que essa tragédia ocorre de modo indiferente aos olhos do presidente da República.
Mas eu vou deixar esse assunto pra outra hora.
Amigos e amigas leitores deste blog sugerem, vez por outra, que eu escreva sobre determinado assunto.
Hoje Marília pede para eu falar sobre poesia e esperança. Temas recorrentes. https://assisangelo.blogspot.com/2016/07/viva-esperanca.html 
Clarissa sugere que eu fale sobre teatro de rua.
Luis Carlos Bahia, cantor e compositor, quer que eu fale sobre catulo da Paixão Cearense.
Catulo foi um dos grandes poetas brasileiros, sem dúvida. 
Era um intelectual e a poesia dele é, mais das vezes "matuta". Particularmente, eu gosto da poesia dele.
Papativa do Assaré(Antônio Gonçalves da Silva 1909-2002) não gostava do Catulo. E isso devia-se ao fato de ele, Catulo, tentar imitar o linguajar do homem do campo de antigamente. Essa fala se acha no livro O Poeta do Povo, vida e obra de Patativa do Assaré(capa ao lado).

Pois bem, Catulo é o autor de Luar do Sertão. Quer dizer, co-autor.
Em 1914, por ali, o cantor e compositor e palhaço negro Eduardo das Neves lançou à praça a primeira gravação daquela que viria se transformar num clássico da nossa música popular. Ouça.
O Tiné, jornalista das antigas, impaciente com o desgovernos que ora vivemos, acha razoável que diga algo sobre a CPI que pretende identificar os responsáveis pelo não combate a Pandemia que ora dizima o povo. Já falei e ainda vou falar. https://assisangelo.blogspot.com/2021/04/bolsonaro-tem-medo-da-cpi.html
Tudo isso já foi abordado neste blog.
O teatro de rua é uma prática milenar. Vem da velha Grécia. Dos antigos. Até chegar por essas plagas, o teatro de rua demorou bastante. Demorou mas encontrou adeptos, diretores como Augusto Boal e José Celso Martinez. 
Há até festivais de teatro de rua espalhados Brasil a fora. https://assisangelo.blogspot.com/2011/11/sertajoce-e-doenca-voce-sabia-e-viva-o.html





                    LUA CHEIA

Meu amigo, minha amiga, se você olhar para o ceu vai notar que a lua está findando em crescente para dá vez à lua cheia, prevista para daqui a dois dias.
leia mais:

sexta-feira, 23 de abril de 2021

LEIAM, LEIAM; PELO AMOR DE DEUS!

Hoje é o dia mundial do livro. A data foi inspirada no dia da morte do autor inglês Willian Shakespeare, 1616.
Nesse mesmo ano e mês morria Cervantes, autor de Dom Quixote. 
Shakespeare morreu com 52 anos de idade e Cervantes, com 68. 
Aproveito a data pra recomendar a leitura de uma dúzia de livros escritos por brasileiros: 

O Cabeleira, de Franklin Távora
O Guarani, de José de Alencar
Dom Casmurro, de Machado de Assis
Os Sertões, de Euclides da Cunha
O Quinze, de Rachel de Queiroz
A Bagaceira, de José Américo de Almeida
Fogo Morto, de José Lins do Rego
Vidas Secas, Graciliano Ramos
Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
Capitães de Areia, Jorge Amado
Viva o Povo Brasileiro, João Ubaldo Ribeiro
Macunaíma, Mário de Andrade 

Fora esses, romancistas geniais, eu recomendaria também a leitura de Casa Grande e Senzala (Gilberto Freyre), Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Hollanda), Geografia da Fome (Josué de Castro).
Pra encerrar eu recomendaria um poeta: Augusto dos Anjos, Eu e Outras Poesias.
Tomara que você, meu amigo, minha amiga, ache tempo para assistir o filme Vidas Secas. 
 

BOLSONARO EM PELE DE CORDEIRO

Não sei o que acontece: se depois que fiquei cego estou vendo mais ou quem via mais está vendo menos.
O fato é que não vi ninguém falar sobre a fala mentirosa do atual presidente da República, na Cúpula do Meio Ambiente ontem 22.
Previsto pra falar entre os primeiros dez dos 40 presidentes mundo afora, Bolsonaro falou bem depois. E no seu blábláblá prometeu o que não vai cumprir. Óbvio. 
O detalhe nessa história é que o lobo estava transvestido em pele de cordeiro, pra comer a vovózinha e todos os ingênuos deste mundo de meu Deus. Tipo: Bolsonaro boa praça, bom menino, Marcelino, pão e vinho...
Só não vê quem não quer ver: esse é um recuo para ganhar mais adeptos, "apoiadores".
Foi um discurso pra satisfazer a sanha bolsonarista. Enfim, as eleições estão próximas.
Foi um discurso eleitoreiro. Nada mais.


quinta-feira, 22 de abril de 2021

ROBERTO, NOS TEMPOS DA DITADURA

Filho de um relojoeiro com uma costureira, Roberto sempre foi um menino bem comportado.
Ele foi um dos quatro filhos de dona Laura e de seu Robertino, mas o único que daria pra música.
Um dia, por onde passavam trens, o pequeno Roberto brincava quando de repente…
Com 9 anos de idade, o menino já mostrava pendores para a música.
Ele nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, ES, no dia 19 de abril de 1941.
Uma vez o capixaba Carlos Poyares (1928-2004), flautista dos maiores, contou no programa São Paulo Capital Nordeste que eu apresentava na rádio Capital, AM 1040, que fora o responsável por levar Roberto à cantar na rádio da cidade onde nascera. “Pequenininho, com aquele problema da perna, eu o punha no colo pra ele cantar ao microfone”.
Se não fosse um trem a provocar uma tragédia na família de dona Laura e seu Robertino, essa seria uma história comum. Como tantas.
Seria a história de alguém que, desde cedo, almeja alcançar o estrelato pela via musical.
Em 1959, com 18 anos de idade, aquele Roberto grava o primeiro disco com duas músicas: João e Maria e Fora do Tom.
Em 1961, aquele Roberto começa a firmar o nome de Roberto Carlos diante um público carente de novidades. Nesse ano ele lança seu primeiro LP: Louco Por Você.
Até aí nada demais acontece na carreira do candidato à fama.
Mas tudo acontece de modo muito rápido.
Carlos Imperial (1935-92), um agitador cultural dos infernos, foi o “anjo” de Roberto Carlos. No Rio.
E a partir daí, muita gente passou a saber de muita coisa sobre Roberto.
Em 1964, os militares partiram com tudo pra derrubar o presidente democraticamente eleito: João Goulart (1919-76).
A partir do golpe, Roberto passou a se aproximar do poder.
Em 1966, quando os brasileiros dos grandes centros se dividiam na torcida por Banda (Chico Buarque) e/ou Disparada (Geraldo Vandré), Roberto Carlos recebia num programa do Chacrinha o “título” de rei.
E a partir daí tudo mudou na vida do “Rei da Juventude”.
Dois anos depois, Roberto voltava da Itália com o prêmio de primeiro lugar conquistado ao interpretar Canzone Per te, de Sérgio Endrigo, no festival de San Remo.
O ano de 1968 foi o ano do AI-5. AI-5 NUNCA MAIS!
E o nome do Roberto cada vez mais crescendo, nas mídias. Ele mesmo autoriza lançamentos de livros com o seu nome e poetas de cordel lançam sua história em versos.
Os militares botando pra quebrar: prendendo, torturando, matando.
E nas telas dos cinemas, o filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, de Roberto Farias.
Chico, Caetano, Vandré e tantos, e tantos outros brasileiros sendo obrigados a deixar o país.
E Roberto crescendo…
Na Itália, Sérgio Endrigo grava Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, Caminando, de Vandré.
Em 1971, Roberto ganha todas as paradas com Detalhes.
Nessa década, ele passa a brilhar mais junto com as estrelas dos generais. Convidado, aceita cantar nas olimpíadas verde-oliva.
A esse altura, demite o mordomo Nichollas Mariano, de batismo José Mariano da Silva
Aí começa um problema: Nichollas, pra se vingar, escreveu um livro bombástico, O Rei e Eu.
Esse livro, porém, não alcança o que pretendia o autor.
Não alcança porque Roberto, através dos seus advogados, consegue brecar na Justiça todos os 70 mil exemplares impressos.
O gosto pela censura Roberto adquire aí.
Em 2007, Roberto processa o jornalista e historiador baiano Paulo César de Araújo, por escrever o livro Roberto Carlos em Detalhes. Uma bela escrita, diga-se de passagem, lançado no programa São Paulo Capital Nordeste.
Em nenhum momento da sua vida como cidadão e profissional, Roberto Carlos abriu a boca para manifestar-se a favor dos oprimidos, dos censurados, dos perseguidos, das vítimas dos poderosos de
Em primeiro plano o empresário Marcos Lázaro e Assis;
Ao fundo Roberto numa passagem de som no Ibirapuera


plantão. Pelo contrário.
Em 1986 ele participou da campanha do empresário Antônio Ermírio de Moraes (1928-2014), a governador do Estado de São Paulo.
Ermírio perdeu, mas Roberto ganhou.
Dessa campanha também participaram vários outros artistas, entre os quais o mineiro Téo Azevedo. “O cara é, realmente, esquisito”, diz Téo. Detalhe: anos depois, Roberto processou Téo Azevedo por produzir um disco no qual duas músicas dele eram interpretadas pelo cantor Carlos Pinho. Disco independente, no rigor fora de lucros.
Evidentemente que não dá pra dizer que Roberto Carlos não canta bem. Canta. Em várias línguas, incluindo inglês e francês. Mas é difícil ouvi-lo agradecendo a Pinochet por sabe se lá o quê. DE NOVO, ROBERTO CARLOS
Ia-me esquecendo: num ano qualquer dos 70, fui incubido pela Folha a cobrir uma passagem de som de Roberto Carlos no Ibirapuera. KUROSAWA E ROBERTO CARLOS, ALGO EM COMUM?
Roberto Carlos é o artista que mais gravou músicas no Brasil. E no mundo, talvez. Desde 1959 até agora ele gravou 1.138 músicas, das quais 676 de sua autoria com parceiros.Em 1977, ele abre um poporrí com Asa Branca. Ouça:

QUE VERGONHA...

Falando uma língua esquisita, embora parecida com a língua portuguesa, o presidente Jair Bossal dirigiu-se ao mundo pra pedir dinheiro.
Coisa triste, feia.
O Brasil não é mendigo. O Brasil é um País riquíssimo, em tudo. 
Além de pedir dinheiro ao mundo, o presidente mais uma vez mentiu, mentiu, mentiu, e não apresentou plano nenhum para combater o desmatamento ilegal, o garimpo ilegal e tudo o mais que ocorre na região amazônica. 
O desmatamento na Amazônia está batendo record.
Juro, fiquei com uma vergonha danada de ser brasileiro pela boca de vocês sabem quem. 
Ah sim: Bolsonaro foi um dos últimos presidentes a falar hoje 22 na Cúpula do Meio Ambiente. 

quarta-feira, 21 de abril de 2021

PELO BEM DO BRASIL, TCHAU BOLSONARO!

O colega jornalista Vito Antico telefona pra dizer da notícia que acaba de surpreendê-lo:
"Ao todo 1488 pessoas e mais de 500 organizações assinaram pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Foram enviados 115 documentos ao presidente da Câmara dos Deputados, sendo 63 pedidos originais, 7 aditamentos e 45 pedidos duplicados. Até agora, apenas 6 pedidos foram arquivados ou desconsiderados. Os outros 109 aguardam análise." (Agência Pública)
Fora isso ainda tem o STF exigindo explicação do presidente da Câmara, Artur Lira, para o não atendimento dos pedidos de impeachment contra Bolsonaro.
O que Bolsonaro tem feito contra o povo brasileiro é, simplesmente, absurdo. 
Historicamente absurdo é o que Bolsonaro tem feito contra o povo brasileiro.
Por menos, muito menos, a Dilma foi catapultada da cadeira da presidência da República à cadeira da sua casa, em Minas. 
É um horror o Bolsonaro e um horror também é o que ele faz contra o País. 
Isso é claríssimo. 
A Imprensa do mundo todo tira sarro do nome dele. E de tabela, do Brasil.
O Brasil, logo o Brasil! 
O Brasil é o 5º maior país do mundo em população ocupante de um mesmo território. 
Amanhã 22, oficialmente considerado o dia da descoberta do Brasil por Álvares Cabral, será alvo do mundo civilizado que discute a importância de se preservar o meio ambiente. 
Refiro-me à Cúpula do Meio Ambiente, que reunirá, virtualmente, presidentes de 40 países.
Desde já, como brasileiro, sinto-me envergonhado pelo presidente que representará o nosso país nesse encontro tão importante para o futuro do mundo. 
Os índios do Brasil estão morrendo...
As árvores da Amazônia estão caindo...
O governo Bolsonaro está patrocinando tudo isso, para o bem dos seus amigos assassinos da terra. 
Pois é, compreendo a estupefação do colega Antico no que se refere a tudo que ora ocorre no nosso País. 
O lugar de Bolsonaro, e de todos os integrantes do seu Governo, é o ostracismo.
O cantor e compositor baiano Gilberto Gil está tão indignado quanto todos nós. Ouça:

terça-feira, 20 de abril de 2021

COVID-19 MATA GILMAR DE CARVALHO

A Covid-19 continua matando que nem a gota serena.
Comparada à Covid, a gota serena não mata nada. 
A Covid-19 já matou mais de 3 milhões de pessoas mundo afora. Só no Brasil quase 400 mil pessoas já tombaram vitimas dessa praga que a todos nos assusta. 
Todo o tipo de gente a Covid já matou. 
Agora mesmo essa doença levou o jornalista e estudioso da cultura popular Gilmar de Carvalho, aos 71 anos. 
Gilmar era cearense de Sobral e morreu na noite de sábado 17. Pena. 
Guardo boas lembranças desse cearense. 
Em 2009, a gráfica do Senado imprimiu o livro "Patativa do Assaré: poeta universal". 
Esse livro reúne textos de 12 autores, entre os quais Gilmar e eu. Confira: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/385447


VIVA TONY RAMOS!

Eu conheci um monte de artistas, incluindo atores como Antônio Fagundes e Jackson Antunes. Excepcionais.
Excepcional também é o ator Tony Ramos. Eu o ouvi ontem 19 falando na Rádio CBN.
Aos entrevistadores Fernando Andrade e Tatiane Vasconcellos, Tony lembrou sua trajetória artísticas e dos projetos que ainda tem pra levar adiante no teatro e cinema.
Ele já está com mais de 70, mas isso não o impede de sonhar. O sonho é tudo, diz.
Lembrou que está há muito tempo na TV Globo, mas sempre pronto pra receber uma eventual dispensa.
O Tony é uma figura incrível, cheio de personagens na mente.
Antônio Fagundes, também grande ator, não carrega rei na barriga. É também um grande cidadão. Eu o entrevistei para o programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei durante anos na Rádio Capital AM 1040.
O Jackson, mineiro dos bão, é também um cidadão extraordinário.
Com Jackson cheguei a gravar algumas coisas em disco. Exemplo:
 

O BOLSONARISTA ROBERTO

"Acho que o Bolsonaro é muito bem-intencionado. Ele tem tido muita dificuldade com o pessoal em volta dele. Mas acho ele bom e já tem conseguido algumas coisas. Vamos torcer pelo país, que está na mão dele".
A declaração aí é do cantor e compositor capixaba Roberto Carlos, feita no dia 5 de fevereiro de 2020.
O Bolsonaro a quem refere é, naturalmente, o atual presidente da República do Brasil.
Bolsonaro é tudo de ruim que o Brasil já teve como presidente.
Todos os dias o titular da "empresa" Brasil abre a boca só pra dizer besteira. Muita besteira. Diz e faz só besteira. Das grandes.
Pra ele, o novo Coronavírus provoca apenas uma "gripezinha". O resultado dessa gripezinha é, até aqui, a morte de quase 400 mil brasileiros e brasileiras.
Mas voltemos a Roberto, o cantor das emoções.
Pra chegar onde chegou, ao topo das paradas, fez tudo o inimaginável. Quer dizer, já vendeu até a alma ao Cramunhão. 
Admirado por generais e militares de outras patentes, Roberto Carlos tem no currículo um passado de omissão que pesará para sempre na história que construiu até aqui.
Médici, lembra-se de Médici?
O general Emílio Garrastazu Médici (1905-85) foi dentre todos os presidentes do ciclo militar, o pior. O mais violento.
Esse general, sempre de óculos escuros, frequentava os estágios de futebol enquanto brasileiros comuns eram torturados e mortos nos subterrâneos da ditadura militar.
Enquanto Roberto Carlos cantava pra grandes plateias, emocionado, nos calabouços sofriam os brasileiros e brasileiras presos por discordarem da ditadura. 
Já muito famoso, o cantor despede um dos seus empregados: Nichollas Mariano, mordomo.
Mariano foi o primeiro DJ a apostar no sucesso do cantor. Por ele fazia tudo.
Era Mariano quem liberava o acesso de quem procurava o cantor, incluindo mulheres.
No livro que Mariano lançou em 1979, há detalhes horrorosos que aqui não ouso recontar. O livro tem por título O Rei e Eu.
Pessoas são pessoas, com seus os erros e acertos. 
E não custa lembrar: ninguém é igual a ninguém, mas todos precisamos ser respeitados nos pontos de vista.
Há exatamente 50 anos, em 1971, o "rei" lançava à praça uma das músicas que se tornariam clássicas no seu repertório: Detalhes.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

O ÍNDIO ESTÁ PERDIDO

No calendário de datas festivas do Brasil, o Dia do Índio é hoje. Mas é certo que não há o que comemorar, pois os índios brasileiros continuam vivendo ao deus dará. 
Os nossos índios morrem de todas as formas, das formas mais absurdas possíveis, a tiros, facadas, armadilhas.
Como se não bastasse, e isso é muito sério, ainda tem o governo, representado por Bolsonaro, metendo as mãos e os pés nas terras indígenas. No Congresso há um projeto para liberar a exploração de tudo o que é nas terras dos índios: ouro e outros minérios, madeira, petróleo e tudo o mais. 
O atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acaba de ser denunciado por suas más ações ao Supremo Tribunal Federal. Acusação: "trabalhar" em favor dos poderosos madeireiros que atuam nas terras indígenas. 
Pois é, não dá para comemorar o Dia do Índio.

LEIA MAIS:

VACINA SIM, JÁ, IMEDIATAMENTE (10)




Cerca de 12% da população brasileira já foi vacinada contra o corona vírus. Entre os vacinados famosos estão atores, cantores etc.
Receberam vacina nos últimos dias: Sergio Reis, Arlindo Cruz, Lilia Cabral, Fabio Jr, Lulu Santos, Geraldo Azevedo, Chico Buarque, Nana Caymmi e Maria Bethânia.
O números indicam que já morreram mais de 370 mil brasileiros, pela Covid-19. E os infectados já chegam à casa de 14 milhões. 
Entre os artistas famosos, vítimas da covid, se acham Aldir Blanc e Genival Lacerda.
E pensar que tem gente que ainda não acredita na virulência 



domingo, 18 de abril de 2021

FOME, FOME, FOME, ATÉ QUANDO!

Os sem tetos se multiplicam nas ruas do Brasil. É fato.

Com o crescimento de sem tetos na ruas, cresce o flagelo do povo no Brasil.

A fome é praga eterna, desde tempos imemoriais. É fato.

As desgraças cíclicas que ocorrem permanentemente nunca são devidamente resolvidas pelos poderosos de plantão, seja aqui seja alhures. 

A seca que judia principalmente o nordeste expulsa, historicamente, o homem do campo e nas grandes cidades perdem a própria identidade. Pena.

As epidemias, também cíclicas têm a mesma "capacidade de tanger o povo pra ambientes desconhecidos.

O Brasil vive um momento de terror.

Pandemia é quando uma doença se alastra pelo mundo, caso do Novo Coronavírus que já infectou quase 150 milhões de pessoas.

O número de mortos pela Covid-19 já passa de 3 milhões de pessoas no mundo,  no Brasil, ojá são quase 40 mil mortos.

As desgraças levam a fome.

As desgraças andam de mãos dadas com os desemprego, com a pobreza, com a desigualdade entre as pessoas.

Metade da população brasileira já começa a sentir falta de víveres na mesa. Quer dizer, a fome é mal rapidamente perceptível a qualquer olhar.

Quando não alimentada, a barriga ronca e seu dono geme.

Os números indicam que há muitos brasileiros morrendo de fome.

O Brasil, curiosamente, é um dos países que mais produzem alimentos pra o mundo. Alimentos que exportam.

Enquanto isso, o presidente da República continua provocando o Novo Coronavírus e a fome quando nada faz para conter essas duas desgraças que ora assola o território Nacional.

O Brasil que tem muito pode distribuir um pouco para quem não tem nada.

Cerca de 5% da população brasileira tem dinheiro que não acaba mais.

O tema, fome, é amplamente abordado na música popular brasileira.

Ouça Ney Matogrosso:



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http://assisangelo.blogspot.com/2021/04/a-fome-e-praga-que-mata.html 



sábado, 17 de abril de 2021

PANDEMIA COMO ROMANCE (2, FINAL)

 A peste a que se refere no livro Camus é a Bulbônica.

A Bubônica é doença antiga, com origem na China. 

Muita coisa veio da China. Muita coisa boa, muita coisa má. 

Outras pestes importunaram e devastaram o mundo, desde tempos imemoriais. A história conta.

A Peste é uma romance que trata da fragilidade humana. Nossa. 

Camus chegou perto do nosso Machado de Assis.

Camus nasceu em 1913, Machado em 1839.

A narrativa de Camus trás personagens atualíssimos do cotidiano de uma tragédia pandêmica.

Dizer mais o quê?

Machado, em vários livros, fez referências às pragas do seu tempo.

Não aprendemos com a história das mazelas, desgraças, porque não prestamos.

Somos horrorosos, etc.

Albert Camus deixa a ideia de que nós, humanos, poderemos ser bons, solidários, generosos.

Camus morreu num acidente de carro. 

Camus, jornalista, filósofo, teatrólogo, deixou a França de luto quando um acidente de carro o matou 4 de janeiro de 1960.

Mas os grandes não morrem, que nem os sonhos. 



UM ARTISTA NA RIBALTA

O sábado tem que ser um dia bonito, como todos os dias. Mas sábado é sábado, ora. E por não ter lá o que fazer, estou retomando à escrita Conto. Tudo invencionice, de cabeça oca. Lá vai:

UM ARTISTA NA RIBALTA, por Assis Angelo

Para Darlan Zurc, um brasileiro de Nova Soure (BA).

Um tiro seco varou a tarde e pegou o peito de João, que caiu feito um fardo.
Foi tudo muito rápido.
Desesperada e gritando que nem louca, Maria correu para acudi-lo. Não deu tempo.
Sobre o corpo do marido, Maria despencou com batimento zero.
Sorrateiramente, um vulto escapulia entre árvores.
Aturdido, a pouca distância dali, um menino tentava entender o que ali ocorria.
Um tiro, um baque surdo, choro e silêncio.
O dia se aproximava do fim.
O céu escurecia prometendo chuva.
Chuva traz raio e trovão.
Pra muita gente chuva de trovão traz granizo, chamado de dentes de nuvens.
Num galho de árvore, um passarinho soltava um trinado triste.
João era filho de Antônio, que era filho de José.
O avô de João era das Alagoas.
Homem simples, honesto e solidário, seu José trabalhava de sol a sol plantando e colhendo num pedaço de terra que herdara do pai.
Era alegre, brincalhão, não reclamava de nada, a não ser das secas brabas que chegavam de tempos em tempos.
Seu José não se metia na vida alheia e nem se envolvia com “coisas da política”, como dizia.
Gostava mesmo era de miudeza.
Nos fins de semana, achava tempo pra se divertir com as tiradas dos poetas violeiros.
Cantoria era seu fraco, especialmente quando nos embates de viola presente estavam os Cegos Aderaldo e Sinfrônio.
Nem sabia direito porque gostava tanto desses cantadores. Só sabia que eram bons e que a cegueira em nada os incomodava.
Era experiente, duro na queda.
Escapou incólume dos ventos pandêmicos da Bubônica e da Espanhola, que muita gente matou.
Numa manhã José disse à mulher, Anita, que iria tomar banho no açude e que voltaria logo. Não voltou.
Antônio adorava as histórias do pai. E muita coisa que o pai fazia, ele passou a fazer. Como alimentar o gosto pelas cantorias, pelas rodas de cordel, pelos ditos, causos e histórias de Trancoso.
Trancoso era um português que inventava histórias, lembrava José.
As histórias do pai, Antônio passou para o filho João.
Mas Antônio não queria que João vivesse o tempo todo na roça, no roçado, no campo. Queria vê-lo Doutor, com um anelão reluzente no dedo.
E João foi crescendo, crescendo e virou Doutor. Em Agronomia. E justificou-se ao pai ressaltando a importância da profissão que abarcara. Sem, porém, esquecer das histórias dos cantadores, das histórias dos violeiros, das histórias dos cangaceiros.
Antônio ficou orgulhoso do filho.
Ao contrário do avô e do pai, João só teve um filho, a quem deu por herança o nome.
O pequeno João ouvia tudo, mas não via nada.
Ficava encantado com as histórias que o pai contava. Não à toa ele passou a gostar do Gego Aderaldo, Cego Sinfrônio e de outros cegos, como Patativa e Manelito.
Manelito era um ás do violão. Era chamado de O Poeta do Violão. E até no rádio ele tocava. E pelo rádio ficou famoso.
Com seu instrumento, Manelito era capaz de fazer Deus chorar de alegria.
Um dia o menino João prometeu ao pai: Vou ser que nem Manelito ou Aderaldo. Vou tocar muito pra o sinhô gostar do que eu vou tocar.
O pai chorou.
Na tarde do tiro seco e do baque surdo, João tinha uns 7 anos.
Depois, pouco depois, é que foi descobrir que o choro que ouvira naquela tarde era da mãe.
O tempo passou e ele foi crescendo, crescendo, até virar um gigante da arte de tocar cordas.

E como gigante, conheceu outros gigantes como João Pernambuco e Villa-Lobos.

Conheceu também o cantador Pinto do Monteiro, que lhe ensinou detalhes esquecidos por Villa.

Naquele tempo, tempo de gigantes, João viu se possível fazer o que prometera ao pai.
A cantoria e o gosto pela arte João do pai e do avô herdou.
Até hoje ninguém sabe quem disparou o tiro que pegou o peito de João, se homem ou se mulher.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

PANDEMIA COMO ROMANCE (1)

É uma história forte, tocante.
É uma história que foi não foi, mexe com o mundo. Com a humanidade. É cíclica.
A história que acabo "ler" começa num dia 16 de abril. Não tem ano, mas tem personagens muito interessantes: Rieux, médico; Rambert, jornalista; Paneloux, padre...
A história tem por título A Peste. É um romance (1947) do escritor Albert Camus (1913-60).
Começa numa cidade fictícia da Argélia denominada Orã com população de 200 mil habitantes.
Naquele 16 de abril, o doutor Rieux tropeça ocasionalmente num rato morto. Não liga. 
E a história vai começando, ratos mortos se multiplicando nas casas, vielas, ruas, corredores. E de repente, seres humanos morrendo de modo como nunca antes ocorrera naquele lugar.
É uma história incrível, que ora se repete na rua.
A Peste, de Camus, é atualíssima de todos os ângulos.
Amanhã contarei melhor essa história.

BRASIL DE GENTE GRANDE

O Brasil, país de dimensões continentais, é rico em gente, música, ouro, prata e tudo mais.
Foi aqui, no nosso País, que nasceram Chiquinha Gonzaga, Carlos Gomes, Benedito Lacerda, Pixinguinha, Chico Alves, Valdir Azevedo, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Cartola, Dalva de Oliveira, Elis Regina...
Todos os dias sou surpreendido por artistas apresentando suas obras como podem. Pela internet, principalmente.
Vocês já ouviram falar de Alexandre Neves e Adriana Gava?
Alexandre e Adriana são do Ceará, terra de Juvenal Galeno (1838-1931).
Vocês já ouviram falar da cantora, compositora e instrumentista Jordanna?
Jordanna é uma artista nascida na terra de Ary Barroso (1903-64) e das gêmeas Célia&Celma. Quer dizer, Ubá, MG.
De Alexandre e Adriana só tomei conhecimento agora, quando me enviaram uma belíssima adaptação da lenda amazonense O Boto (abaixo), que mora no rio e do rio sai na forma de homem pra conquistar mulher. É o besta!
A adaptação musical pra essa lenda foi feita por Vidal França e Márcia Aciolly.
Um dos primeiros CDs de Vidal traz um encarte com a minha assinatura. O cabra é bom.
Márcia Aciolly, jornalista, nasceu lá pelas bandas das Alagoa. Finíssima.
Lembro-me de uma vez que Márcia me "salvou". 
Foi numa noite em que eu apresentava São Paulo Capital Nordeste (rádio Capital AM 1040) e, de repente, surgiu-nos à frente o jornalista francês Gilles Lapouge (1923-2020). Foi sem avisar, de surpresa para me entrevistar para a radio France. E a Márcia, que domina a língua de Baudelaire, ajeitou tudo e tudo deu certo. E lá fui eu pra radio France, traduzido por Márcia. 
Pois é, este é o nosso país.

 
OUÇA TAMBÉM:

J&CIA ABORDA O TEMA "DEFICIENTES"

Jornalistas portadores de deficiência física, visual etc foram tema da edição especial do Newsletter Jornalistas&Cia, edição do dia 8 de abril de 2021, nº 1302.
"Foi uma edição excepcional, que tem rendido muitos comentários e sugestões", segundo seu fundador o jornalista Eduardo Ribeiro.
A edição ocupou mais de 60 páginas.
É histórica, pois até hoje órgão nenhum da Imprensa brasileira tratou do assunto.
Leia entrevista que abre a edição especial, cuja a íntegra pode ser conferida através do link: J&Cia: DIA DO JORNALISTA

“Fiquei cego só dos olhos”

A seguir, a entrevista que Assis Ângelo deu a J&Cia:
 

Jornalistas&Cia – Gostaríamos que você contasse primeiro a sua história, como ficou cego e como enxerga – apesar da cegueira – esse processo todo que envolve a deficiência, não só nos jornalistas, mas de um país inteiro que tem essas necessidades.

Assis Ângelo – Antes de mais nada, devo dizer – e digo com total convicção – que hoje vivemos numa sociedade cega, ou melhor, de cegos. Cegos, pior ainda, que veem. Ou quase veem ou fazem de conta que não veem. É terrível. Essa sociedade cega a que me refiro não vê o cego como cego; se recusa. É por preconceito, por medo, receio, é por tudo o que não presta. 

Eu perdi minha visão, recebi o laudo técnico do Hospital das Clínicas no dia 17 de fevereiro de 2013. São mais de oito anos. Isso depois de eu me submeter a duas cirurgias em clínica particular – laser e sei lá mais o quê – e em seguida HC, porque pensei que ali seria um caminho mais fácil, haveria ali para mim uma luzinha no final do túnel. Mas essa luzinha não chegou para o cego. Então, depois de um total de nove cirurgias, recebi um laudo técnico, de uma junta – porque vários médicos assinaram −, dizendo que todos os meios haviam sido tentados, mas infelizmente... − E tem retorno isso, doutor? − Não, não tem.

J&Cia – O seu problema é...

Assis – Descolamento de retina. Então, não há notícia de alguém que tenha ficado cego, completamente cego, e voltado. Se a retina caiu de vez, lascou-se! E no meu caso foi terrível! Inclusive, no próprio HC ela estava descolando e descolou. Fui orientado a ir lá pra o pronto-socorro, acompanhado, e lá embaixo não havia ninguém, médico ou enfermeiro... Fiquei esperando, esperando, esperando e o trem não chegava nunca. E quando o responsável pelo pronto-socorro chegou, olhou e pronto! Já foi. Eu chorei pra danar, não parava de chorar. Mandaram voltar uns dias depois, voltei e a tortura continuou. Uma cirurgia aqui, outra acolá, e acabou! Descolamento de retina total, absoluto. As cirurgias foram dolorosas em todos os sentidos. Foram cirurgias na alma, cortes no pensamento...

J&Cia – Foram quantas semanas nesse período?

Assis – Cerca de um ano. Esse problema aconteceu quando eu me apresentava no palco do Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Era o mestre de cerimônias do meu projeto Rodas Gonzagueanas. Levei Osvaldinho do Arcordeon, a cantora Socorro Lira, um monte de gente boa. 

De repente, aconteceu. Não foi total, no meu caso foi devagarinho. Quando terminei o negócio lá eu não via mais nada. E o choro... sou mole demais, não parava de chorar. Ninguém entendeu nada. Todo mundo desceu do palco e eu fiquei que nem uma barata tonta, rodando pra lá e pra cá. A Socorro Lira chegou e perguntou: “O que tá havendo, baixinho?”. Eu não conseguia falar nada. Ela me pegou pela mão, me tirou dali e a coisa ficou assim. Acabou com a minha noite. No dia seguinte já voltei pra São Paulo.

J&Cia – Você ainda conseguia ver alguma coisa?

Assis – Conseguia. Com o olho direito, porque o esquerdo já tinha apagado. Só me sobrou o olho direito. Pensei que o mundo tinha acabado, mas que não poderia acontecer mais nada comigo. Depois, as cirurgias, sempre acreditando que podia fazer alguma coisa. No hospital fiz um poema/oração:

Creio em ti, Santa Luzia,
Dos cegos a padroeira.

Creio em ti, Santa Luzia,
Dos cegos a mensageira.
Rogo a ti, Santa Luzia,
Que me dês boa visão
Para que eu possa
Ver as maravilhas da criação. 

Ó minha Santa Luiza,
Luzia santa querida,
As maravilhas da criação
São os pilares da vida.
Eu quero ver esses milagres,
Quero ver essa magia.
Eu quero luz nos meus olhos.
Eu quero ver, Santa Luzia. 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. 

Essa prece eu fiz no Hospital das Clínicas. Mas a santa estava com outras preocupações...

J&Cia – Como era a sua vida até aquele momento?

Assis – Muito agitada. Eu viajava o Brasil inteiro.

J&Cia – Não tinha um emprego fixo, né? 

Assis – Não, porque chegou uma hora em que optei, apostando na cultura popular. O estudo da cultura popular sempre foi muito importante pra mim. Sempre, sempre fiz isso, sempre me envolvi com a cultura popular. E olhando prum lado e pra outro, notei – como hoje ainda dá pra notar – que o País, os seus dirigentes, em todas as esferas, não dão lá muita bola pra cultura popular. Não sabem esses dirigentes que a cultura popular é a marca de um país, a marca de um povo. É a “personalidade” de um país, sua identidade. Aí me envolvi mais ainda. Foi como Dom Quixote: não estou fazendo nada mesmo, então vamos inventar...

J&Cia – Você fez trabalhos pra várias instituições...

Assis – Muitas. Pra Sesc... Me apresentei muito em palcos, fazendo palestras, basicamente sobre cultura popular, embora pudesse fazer sobre vários assuntos. Mas cultura popular sempre foi o meu interesse. Para falar de cultura popular você sempre faz um voo, uma viagem, por outras facetas, como a cultura erudita... é um tema muito amplo, por isso sempre me interessou.

J&Cia – O Assis desse período era o quê? Um poeta, um jornalista, um declamador, um compositor. O que você era? Tudo isso e um pouco mais?

Assis – Era um pedaço de cada coisa. Era, não, sou um pedaço de cada coisa. A vida para mim sempre foi um desafio. Sempre procurei coisas na vida pra me ocupar e entender. Sempre tive a cabeça cheia de interrogações. Então, sempre procurei respostas para as minhas indagações, às minhas perguntas. As respostas que ninguém me dava fui buscar. Fui à pé, fui entrevistar, com um gravadorzinho, às vezes com um bloco de papel. Enfim, cruzei o Brasil de cabo a rabo, como diria Luiz Gonzaga. Fui pra fora, pra França, pra... e pra onde eu fosse ia buscar a cultura popular, especialmente o Brasil perdido pelo mundo. Então, achei lá nos alfarrábios de Portugal muita coisa bonita relativa ao Brasil. Achei nos alfarrábios da França muita coisa bonita relativa ao Brasil. Achei discos que nunca foram lançados aqui, nos seus originais. Como de Geraldo Vandré, lá gravados e que lá mesmo ficaram. Uma vez falei pra ele, que duvidou. Sentado neste sofá, onde estou, mostrei a ele. Geraldo se emocionou, evidentemente.

Então, muita coisa tenho aqui. Por exemplo, mais de três mil discos só de músicas de brasileiros gravadas em outras línguas. Tenho milhares e milhares de folhetos de cordel, do Brasil e de outros lugares. Inclusive de Portugal, das suas origens. Fora outros milhares de livros, de partituras, jornais e revistas a partir do final do século 19, do Brasil inteiro. É por aí, pela cultura popular, que se pode fazer o resgate, é possível recompor, recontar a história de um cidadão, de uma cidadã, de um país, de um lugar qualquer.

J&Cia – Você aplicou nisso boa parte do que ganhou na vida, não é? Até onde sabemos, não considerava isso um gasto, mas uma realização e um investimento. Tem ideia de quanto vale esse acervo? Quantos itens são?

Assis – Aproximadamente 150 mil itens. É muita coisa mesmo. E não me arrependo, absolutamente. O que comprei, está comprado. O que comprei, ninguém comprou.

J&Cia – Você ganhou muito dinheiro pra poder comprar tudo isso?

Assis – Eu trabalhava muito, né? Fui repórter da Folha, do Estado, ocupei chefia no Estadão, em vários lugares. Rádio, TV, revistas... assessoria de imprensa. Deixei a TV Globo a convite do Quércia [Orestes Quércia (1938-2010), governador de São Paulo de 1987 a 1991] pra assumir a assessoria da Secretaria da Agricultura do Estado. O secretário era um ex-prefeito de Bauru, Tidei de Lima. Fui ganhando muito bem, três ou quatro vezes o que ganhava na Globo. Fiquei mais ou menos um ano, até que o Estadão me chamou pra ser chefe da editoria de Política. Fui pra lá ganhando mais ainda. 

Na época o editor era José Nêumanne Pinto, paraibano como eu. Anda sumido. Desde que fiquei cego nunca mais telefonou. Mas faz parte, né? Quando perdi a visão, só perdi a visão dos meus olhos. Mas estou inteiro. Continuo falando direito, não esqueço as coisas, ando − mas sozinho não dá... −, tá tudo na minha memória. Sei escrever, é claro. Mas como não posso escrever... Não sei escrever em braile. O braile foi muito importante, mas agora não mais. Principalmente pra alguém como eu, que se mexeu tanto na vida.

J&Cia – Quando você ficou cego os amigos desapareceram?

Assis – Olhe... gato, cachorro, papagaio... etc etc etc. Até o macaquinho que havia ali no pé de côco foi embora também. Ficou um aqui, outro acolá. As pessoas mais queridas, pessoas lindas como a minha filha Ana Maria. Devo muita coisa a ela, por que não dizer: a vida.

J&Cia – Porque o seu apartamento aqui era um centro de referência, não? Um intenso vaivém...

Assis – Vinha gente do Brasil inteiro. Professores, estudiosos do México, da França, dos Estados Unidos, de países aqui do Cone Sul. Sempre abri as portas e sempre orientei a quem pude orientar. Atendi a muitos estudantes de jornalismo, de artes, de artes visuais... Vejam vocês, de artes visuais (risos)... Agora não dá mais pra atender a ninguém porque não poderei ajudar. Claro que sei mais ou menos onde estão os discos, os livros, as partituras. Mas é o que digo: mais ou menos. Não serei um orientador rico de informações como antes.

J&Cia – Depois de tantos anos tendo você como colaborador e amigo, sabemos que você tem uma memória de elefante. A cegueira reforçou ainda mais a sua memória?

Assis – Uma memória fantástica, uma carinha maravilhosa e um corpinho dando sopa (risos). Mas voltemos ao tema central dessa conversa. Os seres humanos nasceram tortos desde sempre. Desde que o homem desceu da árvore foram surgindo pessoas que se arrastavam no chão, pessoas mudas, surdas, cegas. Em algumas sociedades essas pessoas deficientes eram atiradas em precipícios, assassinadas ainda bebês. Isso na antiga Roma, na velha Grécia... Grécia, berço de Homero, um cego, que deixou para a humanidade obras, pérolas, como a Ilíada, a Odisseia, escritas séculos antes de Cristo. Não é brincadeira, não. Ele escapou. Até porque era de uma família abastada. Mas o governo da época o exilou em Atenas. Aí ficou meio chapado, ficou doido, e escreveu aquelas obras.

Aliás, em Odisseia tem uma coisa muito importante. O personagem, Ulisses, luta dez anos até a vitória e volta pra casa disfarçado de mendigo. Todos o davam como morto, menos a mulher, que era a rainha, Penélope. Durante todo esse tempo ela resistiu ao assédio para que se casasse, dizendo que só faria isso quando terminasse de tecer um sudário, mas toda noite desmanchava o que tinha feito de dia. Quando Ulisses voltou, ela não o reconheceu. Quem o reconheceu foi o cachorro, que já estava velho e cego, e morreu em seguida. Então, os cegos, mais do que outros, sempre sofreram muito. E ainda sofrem.

J&Cia – Mas você conseguiu preservar a sua memória e ela é uma luz pra você...

Assis – É, com certeza. Vejam bem: havia essa desgraceira toda, deficientes sendo mortos por causa dessa sua condição. O tempo foi passando até que em 1784, na França, o rei Luís XVI criou o Instituto Real dos Meninos Cegos de Paris. Em 1825, um menino chamado Louis Braille, com 16 anos de idade, criou o sistema de leitura tátil que leva seu nome. Nesse mesmo ano nascia no Brasil D. Pedro II. O que tem a ver? Já vou contar. Em 1844, um menino de dez anos, cego, de família abastada, vai para a França estudar no instituto, volta seis anos depois trazendo o sistema Braile, começa a mostrá-lo a outras pessoas cegas no Rio de Janeiro e a coisa vai evoluindo. D. Pedro assiste a uma demonstração desse método de leitura e em 1854 cria algo parecido com o que havia na França: Real Instituto dos Meninos Cegos do Rio de Janeiro. O instituto foi inaugurado em dezembro daquele ano, mas sem a presença do menino, que havia morrido em março, aos 19 anos. O nome dele era José Álvares de Azevedo. Em 1891 – portanto, logo após a queda do Império −, o instituto ganhou outro nome: passou a chamar-se Instituto Benjamin Constant, que era professor de Matemática da escola. O tempo correu e o IBC está lá até hoje.

J&Cia – Hoje, com toda a sua capacidade produtiva, boa memória, capacidade de escrever, de acompanhar o mundo contemporâneo, por que nada acontece, o que está faltando pra você ter um trabalho?

Assis – Tá faltando muita coisa, que poderia se resumir numa canetada do bem. Estão faltando pessoas com decisão, que dessem atenção às pessoas não só cegas, mas às pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, seja de nascença ou adquirida. Falta muita coisa. Por exemplo: esse menino aí, Álvares de Azevedo, foi o primeiro professor de cegos. Isso poderia se multiplicar. Depois do instituto lá no Rio de Janeiro, surgiu outro em Minas Gerais, cujo nome não recordo; surgiu outro aqui em São Paulo, acho que o Padre Chico. Deve haver outros por aí.

Quando eu perdi a visão dos olhos, uma das pessoas políticas com quem falei foi a Luíza Erundina, deputada amiga, pessoa querida, minha conterrânea. Ela me recomendou ir a uma instituição na praça da Árvore. Uma instituição pequena, mas que não oferecia nada do que eu precisava. Tinha muito jogo de dominó, xadrez. A minha vontade é produzir, escrever, editar, falar. Atualmente duas pessoas me ajudam. Uma é Anna Clara da Hora, garota de 23 anos, estudante de artes visuais, que tem uma paciência enorme em me ouvir – com ela escrevo um ou dois textos diariamente para o blog, com exceção dos finais de semana; e o Vito Antico, jornalista recém-formado pela PUC, que estagiou no meu Instituto Memória Brasil, com minha orientação. Fechei o IMB como entidade cultural e sem fins lucrativos – até porque era sem fins lucrativos mas eu só pagava; então, quando só tira e não repõe, complica. O IMB ficou só na memória e o acervo ficou aqui, onde sempre esteve. Falta isso: mais atenção ao cego. O último censo do IBGE, que tem já 11 anos, indicava cerca de 600 mil cegos totais no País, mais de seis milhões de pessoas com visão reduzida. Mas é censo antigo e quem diz que fazem um novo?

J&Cia – Tem ideia de quantos deficientes são no total?

Assis – Segundo esse mesmo censo, 46 milhões de brasileiros tinham então algum tipo de limitação, de deficiência.

J&Cia – E o que existe de informação pra essas pessoas?

Assis – Nada! Elas estão no canto da parede, como eu fiquei quando recebi o laudo. Só pensava em me matar. Posso falar isso agora. Muitos na mesma condição que eu estão no canto da parede, chorando ou se matando. Não aparece em lugar nenhum porque suicídio não é notícia; especialistas dizem que esse tipo de noticiário incentiva mais suicídios. Só sei o seguinte: é muito sério o problema de uma pessoa sem visão. Qualquer tipo de deficiência é ruim, mas a falta de visão dos olhos é uma coisa danada. Tudo na vida é feito para o visual. Quando você perde isso, tem que se refazer, tem que se reestruturar, se reinventar. Mas é difícil para um invisível se reinventar. Eu me tornei uma pessoa invisível, infelizmente. (chora, emocionado) Somos humanos, temos o que pensar. A cabeça está boa, mas tenho a certeza de que muitas cabeças de cegos não estão boas. A propósito, sabem quem são? Procurem. Não vão achar. Os cegos estão escondidos. Escondidos pelo pai, pela mãe, pela irmã, pela família, engordando, sem meta, sem objetivo algum. Essa é a história.

Eu, apesar de tudo, sou um privilegiado. Estou querendo trabalhar há muito tempo. Quero voltar ao rádio, à televisão. Posso fazer isso com a maior naturalidade do mundo. Minha memória é boa, não preciso de script. Basta dar uma geral: olha o assunto é esse. Vamos fazer? Vamos fazer... No rádio, na televisão...

J&Cia – Você teve um programa de rádio que foi líder de audiência, não foi?

Assis – Na Rádio Capital. Durante sete anos apresentei um programa chamado São Paulo, Capital Nordeste. Líder de audiência em São Paulo. E era AM, ia pro Brasil inteiro. Levei cerca de quatro mil artistas, jornalistas, poetas, escritores, atores... todo mundo participou.

J&Cia – Você acha que poderia contribuir com isso, de algum modo? Acabar com essa invisibilidade, essa ausência? O que teria de ser feito?

Assis – Sim! Visão Cidadã! Esse será o título do programa de televisão e rádio que apresentarei em breve... (risos) Não é possível que não apareça alguém pra me chamar pra fazer um negócio desses. Esse é um projeto que já existe há algum tempo, no papel... Tenho já 13 episódios escritos, bonitinhos, com personagens sendo entrevistados, por mim e por uma amiga jornalista, Cilene Soares. Ela é uma jornalista muito boa e uma produtora excepcional. É isso aí, vamos fazer!

Olha aí, pessoal! É possível fazer! Por quê? Pra mostrar a minha cara feia, a minha fala? Não, não! É exatamente pra mostrar as lacunas que há na nossa sociedade em relação ao cidadão que está ali atrás, esquecido, quase como se fosse um cidadão de segunda classe.

J&Cia – Fale um pouco desse programa.

Assis – O ponto de partida, o gancho, é o deficiente visual, o cego. Sempre vamos fazer uma viagem pelo mundo, pela história, pelo passado, mostrando histórias de cegos incríveis, mas vamos trazer pessoas portadoras de outras deficiências. Então a ideia é dar visibilidade a essas pessoas, fazê-las mostrar a importância de ser cidadão, de ser cidadã neste País que não dá bola pra cultura popular. Mas é obrigação do governo, seja qual for a esfera – municipal, estadual ou federal −, patrocinar e abrir espaços para mostrar esse problema. Não tenho conhecimento que haja ou tenha havido algum momento no mundo um programa de televisão mostrando a dificuldade do cego. No Brasil, nem pensar... Visão Cidadã. Já fiz música pra ele. E vamos apresentar sempre um filósofo, um estudioso, um professor, um juiz, um advogado, um jornalista... Por que? Porque a cegueira é democrática. Ela ataca a todos. É que nem essa “gripezinha” aí: pega todo mundo. Mas vamos direcionar isso para o lado positivo da vida, porque todos nós precisamos viver, e viver bem. Não nascemos pra sofrer, não nascemos pra chorar o tempo todo. Chorar faz parte, pra lubrificar os olhos. Então, é preciso se mexer nesse sentido.

Eu falei desse menino aí, Álvares de Azevedo... Lá em 1749, havia em Portugal um rei chamado D. João V. Ele nasceu em 1689 e morreu em 1750. Um ano antes de morrer ele chancelou a Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos de Lisboa. O que os cegos dessa irmandade faziam? Vendiam impressos da época principalmente folhetos de cordel. Essa era uma forma de o cego não se perder na vida nem nas esmolas. Uma maneira de eles ganharem a vida com o próprio trabalho, vendendo folhetos sem pagar impostos. Isso é uma coisa para se lembrar e replicar, mas não se replica. Esse é o problema. Exemplos do século 18 em Portugal, do século 19 na França e no Brasil, que não se replicam.

J&Cia – Acompanhamos o universo das empresas, onde parece que essa questão está bem avançada. Há programas de inclusão, leis que obrigam a contratação de pessoas com deficiência. Na área privada esse é um processo crescente. E na área pública?

Assis – Não sei... Na nossa área, acho que a Jovem Pan tem um cego... Não sei mais onde tem, estão todos escondidos. Ninguém fala de cego. Existe a lei de inclusão, lógico, de 2015.

J&Cia – Existe a lei, mas ela é aplicada? 

Assis – Ela não se movimenta. Um amigo, Luiz Guerreiro, me levou para o Laramara, uma entidade sem fins lucrativos. Ele sumiu – onde estiver, um abraço... Ele me levava uma vez por semana. Não me falaram quanto tempo eu ia ficar lá. Teve uma festa de fim de ano e nunca mais ninguém me chamou. Supus que aquilo tivesse sido um encerramento, mas ninguém me avisou. Três meses depois, alguém em nome da entidade começou a me ligar pedindo ajuda financeira. Falei: “Pôxa, estou desempregado. Não tenho fonte de renda”. Ligou várias vezes. Então, o que falta? Uma orientação maior, até pra aposentadoria. Eu estava completamente perdido; se morresse, ninguém ia perceber. É uma pasmaceira total. Essas entidades também precisam levar a sério esse lado. Tem também a Dorina Nowill, que não conheço mas dizem ser muito boa.

O que eu quero com esse projeto de rádio e televisão é exatamente mostrar que invisíveis podem ser vistos. E que cego pode ver

J&Cia – Como é a sua rotina hoje, o seu dia a dia?

Assis – Costumo dormir por volta das 22h, que é quando o sono bate. Acordo por volta de 1h, 2h, ligo o rádio; canso, aí ligo o aparelho de audiolivros. Quando o galo canta na minha memória, aí pelas 5h, como umas frutas, ligo o rádio de novo e vou fazer uma hora de ginástica. Depois, cuido do meu asseio e tomo o café da manhã. Fico na sala até começar o jornal na TV. Tem dias que faço o primeiro texto para o blog com o Vito por volta das 11 horas. Após o jornal, falo com a Aninha e faço mais dois textos. Há dias em que faço até seis textos. Tudo por telefone, ditado. Mas eu dito rápido, com pontuação. Sai bonitinho. Faço poemas, gravo... Tenho um amigo, Darlan Zurc, intelectual, escritor, historiador e quadrinista, que grava pra mim, põe música e solta na internet. Aos sábados e domingos tenho outro companheiro, colaborador, o Carlos Silvio, que faz o programa Paiaiá na webrádio Conectados... Minha rotina é essa. Às vezes vou a Portugal, Espanha, Roma, vou pra Rússia... Não quero nem saber, vou fazendo as minhas viagens.

Nessa pandemia, escrevi e publiquei quatro folhetos de cordel, que têm dados atualíssimos, até hoje. É como se fosse uma recontagem poética. Também concluí a adaptação para teatro de Os Lusíadas, de Camões. É uma ópera popular. Não divulguei isso ainda, mas está na hora de começar a falar, porque no ano que vem, 2022, vamos comemorar os 450 anos do lançamento da primeira edição de Os Lusíadas em Portugal. Está prontinha.

Estou também me envolvendo com a história de Maria Firmina dos Reis, que nasceu no Maranhão em 1822 e morreu cega, em 1917, na casa de uma amiga. Primeira professora negra no Brasil, primeira romancista e poeta a publicar livro e poesia no Brasil. Outra cuja história me interessa muito é da primeira soldada brasileira, a baiana Maria Quitéria, que nasceu em 1792 e morreu em 1853. Ela participou das lutas pela independência do Brasil, cuja última grande briga foi na Bahia. E assim vai.

O maior exemplo de personagem deficiente é o corcunda de Notre Dame, imortalizado por Victor Hugo. Shakespeare também tem personagem deficiente. Machado de Assis, pouca gente sabe ou lembra, ficou cego durante uns meses, tinha diabetes e era epilético.

 Voltemos ao descolamento de retina. Descolamento de retina não tem reposição, transplante, não tem conserto. Perguntei a vários especialistas, muitos: o que é isso? Você pode sofrer uma queda e a retina cair; levar uma pancada; entrar num táxi e estar cego ao descer; dormir e acordar sem enxergar nada. Isso tudo me foi dito várias vezes, repetidamente. Eles não conseguem explicar, não existe uma causa só. Também não tem cura, porque não é doença. Existem centenas de males que atacam os olhos, mas esse é pra gente grande (risos). Você cai e tem que se levantar. Estou me levantando, fazendo poesia, cordel, ouvindo muitos livros. Livros de domínio público, porque os livros novos ninguém pode botar na internet. Esses eu precisaria de alguém que lesse pra mim. Sinto saudades da leitura, de ter um livro na mão. Isso nunca mais terei.

Na Bíblia há muitos personagens cegos. Jesus vai lá, esfrega terra nos olhos do camarada e ordena: “Abra os olhos e veja!”. Eu, hem? Não existe prova disso. Deus que me perdoe, eu blasfemando...

A cegueira está presente em todo canto, mas o cego é invisível, está na hora de o Brasil acordar, de as pessoas acordarem, de as pessoas serem mais doces com outras, as discriminações existem, meu Deus do céu! Quando cheguei a São Paulo, em 1976, pensei que era brincadeira quando gozavam da minha cara, do meu sotaque. Eu ria. Agora sei que era discriminação. Contar piada de cego, de aleijado, de nordestino, sempre teve... Agora é que a vaca tosse, que a barra pesa. Aconteceu aqui na minha casa mesmo. O camarada botou o pé na minha frente e saí catando coquinho, quase enfiei a minha fuça na televisão. E esse era um amigo: “Ah, foi sem querer!”. Um tempo antes fomos tomar um caldo de cana na feira aqui perto, ele se afastou, conversando não percebi que tinha tirado minha mão do ombro dele e de repente, pa! – dei com a cara no poste. Os óculos escuros me feriram. Por que isso, cara? Acontece, infelizmente acontece. Histórias incríveis, algumas até cabeludas, de que nem vale a pena falar.

A discriminação mata. Encolhe, deixa a gente pequenininho. Somos todos iguais perante a lei de Deus. E a dos homens também, tá lá na Constituição. Todos os direitos para cegos e portadores de deficiências!

J&Cia − Quais são os grandes cegos da nossa história?

Assis – Estou muito bem acompanhado. Estou com Homero, Camões, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga (em 1961 ou 1962 ele perdeu a visão num acidente de carro no Rio de Janeiro), Maria Firmina dos Reis, Cego Sinfrônio, Cego Oliveira, Cego Aderaldo (foi o mais importante violeiro, cantador e repentista cego que o Brasil já teve), Titulares do Ritmo, um grupo musical constituído só de cegos. Aliás, quero levar músicos como esses todos para o rádio, a televisão, fazer festivais de música, de literatura, de poesia de cegos. Ninguém fez! Por que não vou fazer? Fiz o maior encontro de repentistas do Brasil, mais de 100 deles. Primeiro Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas, em 1997, que rendeu um belíssimo CD duplo. 

Quero trazer à tona, à vida, as pessoas que estão escondidas, sem quererem. Há caminhos a trilhar. A cegueira não é o fim. Qualquer deficiência não pode ser o fim da pessoa. Até o corcunda de Notre Dame apaixonou-se por uma bela. Quer dizer, existe alma num corpo defeituoso. Há coisas boas também na memória de um cego. Aliás, Ulisses, lá na Odisseia de Homero, dizia: “No meu peito há um coração que suporta a dor”. Então, há caminhos, e é esse que eu quero percorrer.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

E O BOLSOLINI, HEIN?

Reprodução de foto publicada nos jornais, no dia 1º de abril de 2020

Um colunista de jornal começaria esse texto dizendo assim: o bem e o mal existem. Bolsonaro é do mal. 
O mesmo cronista diria, lembrando a história, que no Brasil já houve um presidente maluco: Delfim Moreira... 
Deixando um pouco de lado o cronista, o repórter assim iniciaria o texto: o atual presidente do Brasil é um louco fora de uma camisa de força. Um sujeito que faz questão de a toda hora mostrar a sua força. Independentemente do lugar onde esteja. 
No começo de abril de 2019, o presidente recém eleito do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, se achava em Israel. Um Estado de direita no prumo do Estado de Direito.
Em Israel, Bolsonaro mostrou mais uma vez, sua faceta mórbida de direitista radical.
Bolsonaro é do mal, repetiria o cronista. 
Pra escrever sua reportagem, o repórter mergulhou na história e descobriu que um direitista radical italiano de nome Benito Mussolini (1883-1945) disse, com todas as letras, em agosto de 1937: "só um povo armado é forte e livre". Essa frase horrorosa ganhou manchete no extinto jornal Correio da Manhã (ao lado).
Essa frase horrorosa também ganhou "vida" na boca do famigerado Bolsolini, quer dizer, Bolsonaro. Isso em abril de 2020. 
Algo a ver entre um e outro, ou não?
No dia 10 de novembro de 1937, dois meses depois de Mussolini ter pronunciado aquela frase horrorosa, o gaúcho Getúlio Vargas dava um golpe sobre outro ao instaurar o Estado Novo.
O Estado Novo acabou logo depois de uma entrevista do paraibano José Américo de Almeida. 
Há malucos brandos, mornos, bobos, mansos, e malucos perigosos, sem noção, que chegam ao mundo sem finalidade construtiva. Caso do Boslonaro. 
Bolsonaro vive para torturar e matar. 
Não nos esqueçamos que o atual presidente da República do Brasil é fã da tortura e torturados representados pelo Coronel Ustra. 
Jair Messias Bolsonaro é sinônimo de morte. 
Os déspotas, mostra a história, têm sempre um fim trágico.
 
"Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado” (22 de abril de 2020)
“Olha como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Por isso eu quero que o povo se arme, a garantia de que não vai aparecer um filho da puta e impor uma ditadura aqui." (22 de abril 2020)
“O cidadão de bem, esse foi desarmado, por ocasião do referendo de 2005.” (29 de outubro de 2018)
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein? Vamos botar esses picaretas para correr do Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem de ir pra lá." (03 de novembro de 2018)
“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso” (Em maio de 1999)

À propósito, a Globo Play está apresentando uma série de cinco episódios mostrando a violência inata do atual Presidente da nossa República Federativa. 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

CAMISA DE FORÇA NO BOLSONARO!

O Brasil está sem rumo, desgovernado.
Eu cá com meus botões pergunto: o que leva alguém que chega à presidência da República, pela via direta, a fazer tanto mal a uma população?
Eu não entendo. 
Bolsonaro foi um deputado fuleiro. 
Nesse cargo permaneceu por cinco mandatos, ali no seu lugarzinho, até que resolveu, junto com os filhotes, a disparar um processo recheado de mentiras pela internet. 
O alvo era ser Presidente. 
E aí está, alguém que chegou ao mais alto cargo da República fazendo ameaças e mais ameaças contra o povo. 
O comportamento desse presidente é um comportamento carente de camisa de força, urgentemente. 
E ele continua ameaçando, ameaçando...
É um desequilibrado. 
Eis as últimas do bufão: "Olha, o Brasil está no limite. O pessoal fala que eu devo tomar providências. Estou aguardando o povo me dar uma sinalização. Porque a fome, a miséria, o desemprego estão aí. Só não vê quem não quer, quem não está nas ruas... Esse pessoal, amigos do Supremo Tribunal Federal, daqui a pouco vamos ter uma crise enorme aqui. Eu vi que um ministro baixou lá um processo para me julgar por genocídio. Olha, quem fechou tudo, quem está com a política na mão não sou eu. Agora, eu não quero aqui brigar com ninguém, mas estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil. O que vai nascer disso tudo? Onde vamos chegar? Parece que é um barril de pólvora que está aí. E tem gente com paletó e gravata que não quer enxergar isso"


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