“Ele gostava de bandoneón, mas gostava também de sanfona”.
A afirmação foi do sanfoneiro Antenógenes Silva (1906-2001), em entrevista que me deu pouco antes de morrer num hospital do Rio de Janeiro. E tinha uma justificativa: no começo de 1931 ou 32, Carlos Gardel o contratou para acompanhá-lo nos palcos argentinos.
Gardel, francês de origem, nasceu em 1890 e morreu em 1937, em Medellín, Colômbia num desastre de avião em que se encontrava também o paulistano do Bixiga, Alfredo Le Pera.
Le Pera, nascido em 1900, foi o mais frequente e importante parceiro de Carlos Gardel.
O bandoneón é um instrumento musical variante da sanfona.
A sanfona nasceu há mais de 2,5 mil anos a.C., na China.
O primeiro nome da sanfona foi cheng. Outros vieram: concertina, acordeón, acordeão de 40, 60, 80, 120 e até mais baixos.
A sanfona de oito baixos ou pé de bode, é muito difícil de “domá-la”, dizem especialistas.
Esse instrumento chegou ao Brasil, provavelmente, pelas mãos dos italianos e alemães que trocaram suas terras pelo Brasil nos finais da primeira parte do século 19.
O Rio Grande do Sul foi o Estado maior fabricante de sanfonas, por lá chamadas de gaita. E foi lá que nasceu o grande gaitista Cavaleiro Moysé, de sobrenome Mondadori (1895-1978).
Não são poucos os grandes sanfoneiros nascidos no Brasil. O primeiro deles foi José Rielli, de batismo Giuseppe (1885-1947).
Giuseppe, que gerou Osvaldo (Riellinho), começou a gravar solos de sanfona em disco a partir de 1912, pela Casa Edison.
E essa história vai ganhando força com o surgimento de outros craques, como o já referido Antenógenes.
Em 1941, o pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) começa a gravar discos e conquistar fãs Brasil afora. E é a partir desse momento que proliferam academias de sanfonas.
Riellinho foi um mestre nesse campo, como professor.
Até Hebe Camargo foi sua aluna.
Ao se falar de sanfona impossível não citar Sivuca, Mario Zan e Dominguinhos.
Mario Zan foi apelidado de rei da sanfona pelo rei do baião, Luiz Gonzaga.
Dominguinhos foi “eleito” por Gonzaga como o seu principal seguidor.
Sivuca, paraibano de Itabaiana, começou a carreira artística no auditório da Rádio Jornal do Comércio, de Recife.
E logo passou a correr mundo.
Em Portugal, Nos Estados Unidos, no Japão e por todos os países por onde passou, deixou a marca brilhante do seu talento.
O talento de Sivuca foi reconhecido em vida. E agora, agora mesmo, ganhou até um nome só pra si: 26 de maio.
O Dia Nacional do Sanfoneiro faz parte do nosso calendário festivo desde 2021, e não por acaso vem a ser o ano em que ora vivemos.
Grande paraibano
O Sivuca sanfoneiro
Tocador de muitos baixos
No Brasil, no estrangeiro
É nome reconhecido
Por todo bom brasileiro
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