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sexta-feira, 16 de julho de 2021

EU E MEUS BOTÕES (1)

Na intenção sempre frutífera de espantar meus ais, dialogo com meus botões.
Meus botões tem nome: Zé, Mané, Jão, Biu, que é Severino lá no Nordeste; Lampa, inspirado naquele de lá que caiu na grota de Angico; Zoião, Barrica, Zilidoro. 
São bons e sabidos os meus botões. E com eles afasto minhas tristezas e desfuturos.
Agora a pouco o Zilidoro, metido que só, abriu brecha no campo da conversa, filosofando: "Rico não morre de faca, nem de soluço". 
Esqueci de dizer que Zilidoro é, digamos, filósofo. Popular.
A demonstração impoluta de sapiência de Zilidoro irrita sobremaneira o Zoião, misto de poeta e político: "Rico safado não morre de faca, nem de soluço, e esse tal aí que ganhou cadeira de presidente, é um besta sem tamanho. Mas não escapará da morte, já já virará pó".
Zoião não é brinquedo, não.
Quase tudo que Zoião diz, se confirma. Pessoalmente, acho que Zoião tem parte com o capeta. 
Ousei perguntar aos meus botões sobre tudo que ocorrera nesta semana que se finda. Em uníssono, responderam: "Foi um fim de semana dos infernos!".
De fato, a semana foi um caos. E nem vou entrar nos detalhes, basta dizer que na calada da madrugada o Congresso aprovou um fundo eleitoral da ordem de 5,7 bilhões de reais. 
"Isso é roubo!", gritou Zé ao mesmo tempo que Mané, irritado, puxava dos quartos uma peixeira de doze polegadas. 
Eu da minha parte, "já estou afiando o meu punhá", disse arregalando os olhos e babando pelos cantos o prosaico Lampião. Eu, hein!



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