"... Pois é, e tem mais esta que acabo de ler no jornal", é Zóião falando aos seus colegas antes mesmo de eu entrar em sua casa. De pé, fico escutando ele ler a notícia:
"Nós defendemos o armamento para o cidadão de bem, porque entendemos que a arma de fogo, além de uma segurança pessoal para as famílias ela também é a segurança para a nossa soberania nacional. E a garantia de que a nossa democracia será preservada, não interessam os meios que, porventura, um dia tenhamos que usar. A nossa democracia e a nossa liberdade são inegociáveis, discursou Bolsonaro a apoiadores, o que vocês acham?"
Lampa, sentado num tamborete, olha de baixo pra cima sem mexer músculos. Frio, calculista. E resmunga: "Hmmm... Pura demagogia. Ameaça o povo, ameaça contra a paz. Hmmm... Lá na minha terrinha cabra safado come grama pelo pé por muito menos do que isso. O povo é bom, cabra safado não presta".
Pera, pera! Sou eu falando. Calma, Lampa! Você também está fazendo ameaça!
"Não, Chefe! Não estou fazendo ameaça de nada. Só estou dizendo como é lá na minha terrinha".
Na sua terrinha, Pernambuco, não é assim, não é mais assim. "É!", rebateu Lampa. "Não!", replico.
E nesse é e não é, Zilidoro que estava aparentemente indiferente no seu canto, põe o bedelho: "O negócio, seu Assis, é que esse Bolsonaro realmente está ultrapassando todos os limites. Ele está ameaçando o povo, a paz, a democracia, e por isso precisamos estar sempre atentos. Agora mesmo ele, através de seu advogado, acaba de entrar com uma ação acusando o ministro Alexandre de Morais por abuso de autoridade. É o fim da picada!".
Sim, sei, mas precisamos manter a linha, a calma, porque senão perdemos a razão e aí já viu: nos lascaremos, pois tudo que esse presidente aí quer é pretexto para o golpe que pretende´dar no nosso país.
Zóião me olhou e muito calmamente disse: "Perfeito, seu Assis. Precisamos manter a linha e ficarmos atentos".
Os irmãos Biu e Barrica e os demais presentes perguntaram se eu conheço Pernambuco. Eu disse que sim. E perguntei se alguém ali sabia onde se acha o município de Caruaru. Claro, foi provocação. Pela primeira vez Lampa sorriu assim solto, quase menino: "Conheço, que nem a palma da minha mão. E agora sou eu quem pergunta: Quem sabe aqui quando foi fundado esse município?".
Mané, que continua a nos surpreendendo, levantou a mão e disse logo: "No dia 18 de maio de 1857!".
Palmas gerais. Ambiente descontraído, Zé e Jão entreolham-se e começam a cantar com a ajuda do Youtube:
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