O insuspeito baiano Assis Valente, autor do clássico Boas Festas, criou a bela canção Boneca de Pano que fala de uma mulher que se lasca todinha num cabaré. Era bela, ficou feia. Não confundir essa música com o bolero Boneca Cobiçada, de Bolinha e Biá.
E Jamelão, hein?
De batismo José Bispo Clementino dos Santos, Jamelão cantou como ninguém a dor que os cornos sentem, mas sem palavrão. No máximo a palavrinha leviana, a propósito título de um samba canção feito por Zé Keti e Amado Régis. Ouça:
Se o homem sofre com a traição da mulher, é possível que a mulher sofra com a traição do homem.
Na discografia brasileira, ali pelos começos do século 20, há registro de marchas, sambas e canções em que os personagens das histórias cantadas deixam em casa a "patroa" e vão marcar presença nas orgias, como a coisa mais natural do mundo. Mas aí surgem personagens femininas, poucas é verdade, fazendo o mesmo. Algumas chegam até a cansar das orgias.
A portuguesinha Carmem Miranda, investida da personagem que assume diz que inauguraram um cabaré no morro e querem que ela o frequente. Diz que não e desafia quem a convença do contrário.
Numa canção de João Roberto Kelly, autor da marchinha de carnaval Cabeleira do Zezé, o cantor Jamelão interpreta um personagem que fica em casa esperando pacientemente a amada que passa as noites dançando como quer nos bailes da vida. Seu conformismo se acha quando diz que ela dança com os outros, mas o melhor dela é dele.Agora explícito ou de modo quase explícito, canta a escrachada sergipana Clemilda.
Clemilda, no RG Clemilda Ferreira da Silva (1936-2014), começou a carreira de cantora ainda nos anos de 1960. Até então o seu estilo era leve, de intérprete de canções até folclóricas. Mas num momento qualquer dos 70/80 rompeu essa linha e partiu pra música de duplo sentido. Privilegiou os ritmos do Nordeste. Um dos seus grandes sucessos foi Prenda o Tadeu. Outros sucessos dela: O Anel do Eno, Coitadinha Da Tonheta, Seu Tuzinho, É Mais Embaixo.
O fato, porém, é que a boa música popular brasileira está hoje se acovardando e dando espaço à má música popular ou “pra pular”, sem conteúdo no formato.
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