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domingo, 21 de maio de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (18)

 
O proibido, por razões que Freud explica, desperta todos os tipos possíveis de curiosidade. Faz sucesso, por despertar os monstrinhos invisíveis que há em nós.
Na última terça 28, saiu da lista do vestibular da Universidade Rio Verde, de Goiás, o livro Eu Receberia as Piores Notícias dos Teus Lindos Lábios, do jornalista e roteirista de cinema e TV Marçal Aquino. Trata-se de um romance com personagens que formam uma relação triangular, na qual se acha um pastor. E aí está o problema.
O romance de Marçal provocou a ira do deputado bolsonarista Gustavo Gayer, que da tribuna federal cuspiu cobras e lagartos contra a obra do romancista. Disse que o livro é de teor pornográfico. A Universidade curvou-se e, a seu modo, tascou o carimbo de censura no livro.
O livro já é sucesso, merecidamente.
E não custa lembrar: em 1974 os guardiões da moral tupiniquim proibiram o lançamento do Dicionário do Palavrão, do estudioso da cultura popular, Mário Souto Maior. Quatro anos antes, agentes do sistema militar tentaram identificar e prender Carlos Zéfiro, o autor dos quadrinhos eróticos que tanto prazer levou às mãos dos jovens daqueles tão nublados tempos.
Artistas de todas as áreas criticaram e resistiram às investidas das botinas e blindados representados pelos donos do poder da época. Dos 60 aos 80.
O cartunista Fausto, paulista de Reginópolis, com graça e ironia resume: “Militares e nem ninguém têm ou terão o direito de vetar o imaginário sexual. O Zéfiro foi muito importante na minha vida. A vida segue”.
“Concordo completamente com o que diz Fausto. O Zéfiro foi de uma importância fundamental para a juventude da nossa época. Bati muita bronha lendo as histórias dele”, diz rindo o escarrado e cuspido músico e roteirista criador de Vira-Lata, personagem que resume de certa forma a força do Brasil pela diversidade, Paulo Garfunkel.
Fausto e Paulo Garfunkel, o Magrão, são do caralho!
Sabe aquela história da Censura?
Em 1972 Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro compuseram uma obra a que deram o título de Pesadelo. Por ali, diz assim:

…Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente, olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo troco
Vamos por aí, eu e meu cachorro
Olha um verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí…


Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora.

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