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sábado, 4 de maio de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (94)

Lygia Fagundes Telles
A paulistana Lygia Fagundes Telles, de formação na tradicional faculdade de Direito do Largo de São Francisco, SP, partiu pra Eternidade depois de viver 103 anos. Deixou uma obra literária invejável. Seu primeiro romance foi Ciranda de Pedra, publicado em 1954 quando a Capital paulista completava 400 anos de fundação.
O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada.
Ciranda de Pedra provocou espanto e polêmica entre intelectuais, especialmente porque a autora abordava questões como loucura, infidelidade conjugal e homossexualidade feminina.
Grosso modo, a ciranda de Lygia trata de um casal que se separa com três filhas. A mais nova, Virgínia, escolhe continuar a vida só ao lado da mãe. As outras duas meninas, Bruna e Otávia, passam a viver com o pai. A relação é tensa. E mais não conto.
A homossexualidade também aparece nas páginas de As Meninas, romance que Lygia teve publicado em 1973. O enredo se desenvolve em torno da estudante de Direito Lorena; da estudante de Psicologia Ana Clara e da ativista política Lia, estudante de Ciências Sociais. 
Safo
As Meninas de Lygia traz a descrição chocante de uma sessão de tortura. O livro porém não foi censurado, certamente porque o censor incumbido de tal tarefa só foi até à página 40 e depois saiu correndo pra encher a cara num boteco. Pois é. Pois, pois.
O tema homossexualidade feminina/masculina data de priscas eras, como diria o poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914). Está nos compêndios de história. A Grécia era pródiga nessa atividade comum até hoje, seja aonde for.
Você já ouviu falar em Safo?
Safo viveu na Antiguidade, entre os anos de 630 e 570 a.C. Era muito conhecida e admirada. Fazia poemas de amor e tal. Nasceu na ilha grega de Lesbos. Daí a expressão lésbica. Safo também gerou a expressão Sáfica, direcionada às mulheres que sentem atração por outras mulheres, mas não exclusivamente.
Quem nasce na ilha de Lesbos, hoje com uma população estimada em 90.000 pessoas, é lésbio ou lésbia.
Ali pelo século 2 d.C existiu um imperador romano de nome Adriano.
Adriano era casado com a jovem Víbia. Mas ele não gostava, digamos, da fruta. Seu desejo recaía sobre parrudos e potentes mancebos. E aí apaixonou-se por um dos seus escravos, Antínoo. Não foram felizes para sempre porque Antínoo morreu antes, afogado num rio.
Verlaine e Rimbaud
Mas muitos outros países deitaram e rolaram no campo sexual.
A França deu ao mundo grandes poetas e romancistas, atores, atrizes.
Verlaine e Rimbaud, por exemplo, marcaram época como poetas e amantes. Brigavam muito, indo aos tapas.
O caso entre eles por pouco não terminou em tragédia.
Em 1873, Verlaine sacou o revólver e meteu bala em Rimbaud. Três anos antes Verlaine casara-se com uma adolescente de 15 ou 16 anos. Seu nome: Mathilde Mauté de Fleurville.
Mathilde descobriu o relacionamento paralelo com Rimbaud e separou-se dele.
Essa é mais uma história enrolada no mundo da literatura.
Depois de quebrar o pau com Rimbaud, Verlaine juntou-se a outro rapaz e tal. Também não deu certo e o poeta passou a se perder na droga e no álcool. Morreu ao lado da mãe, Élisa, aos 52 anos.
A arma usada para acabar com Rimbaud foi leiloada em 2016, na França. O arremate custou 434,5 mil euros.

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