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domingo, 13 de outubro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (138)

Machado de Assis (olha ele de novo!) adorava tudo ou quase tudo que Voltaire escreveu. A sua doce ironia, há quem diz que vinha da sua grande admiração pelo francês autor de Cândido — Ou o Otimismo.

E o que dizer da paulista de Mococa Ercília Nogueira Cobra?

Em 1924, Ercília escreveu o livro Virgindade Inútil, novela de uma rebelde. Essa obra foi publicada pelo criativo e exigente escritor Monteiro Lobato, que era dono de uma editora na capital paulista. O governo não gostou e mandou trogloditas tirar o livro de circulação. 

De Ercília é também o livro Virgindade Anti-Higiênica. 

No decorrer do tempo que viveu, Ercília foi presa uma vez em São Paulo, outra vez no Rio de Janeiro e mais duas: no Paraná e Rio Grande do Sul. Era acusada de tudo que não presta. Chamavam-na de prostituta, pornográfica, subversiva e de cafetina. Apanhou muito. Foi torturada e numa ou duas ocasiões obrigada a depor à autoridade policial totalmente nua.

Conta a história que numa de suas prisões viu-se cara a cara com um delegado de Polícia. Ele perguntava em português e ela, de repente, passou a responder em bom francês. O delegado riu e a encarou debochando nessa mesma língua. Ante tal situação e clima, Ercília mandou ver em alemão. Agora, irritado, o delegado a mandou aos gritos à cela.

Não se sabe direito até hoje quando Ercília Cobra morreu. E de quê.

Ah! Sim: Talvez com o propósito único de vingar-se da sociedade hipócrita, Ercília montou um bordel e o encheu de mulheres corajosas com ela. Isso ocorreu em Caxias, RS.


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

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