(Obra Coletiva)
A poesia entristecida
Chora a morte de um artista
Referência em nossa arte
Um genial cordelista
E a musa mandou mensagem
Pra prestarmos homenagem
A Lucas Evangelista.
Artista que o povo tem
Um carinho especial
Foi ele autor consagrado
De ‘A Carta do Marginal’
O Brasil todo conhece
Tem respeito e enaltece
Seu talento magistral.
No seio de sua gente
Foi artista consagrado
Era Mestre da Cultura
Do Ceará, nosso Estado
Nas páginas da poesia
Cordel, livro e antologia
Pra sempre será lembrado.
Pra Canindé, todo ano
Ia para romaria
Na Festa de São Francisco
Mostrava sua poesia
Cheia de belos roteiros
Para encantar os romeiros
Com brilho, encanto e magia.
Sabia escrever histórias
Bem ao agrado do povo
Para toda ocasião
Tinha sempre um cordel novo
Grande artista popular
Fazia rir e chorar
Ganhando palmas e aprovo.
Quem desconhece as histórias
Do nosso cancioneiro,
Tenta negar o passado,
Escrevendo outro roteiro,
Despreza nossa cultura
E joga a Literatura
De Cordel num atoleiro.
Essa ilusão transitória
É o abrigo tumular
De quem, mesmo vivo, morre
Sem nada de bom deixar.
Portanto, mudando o tom,
Afirmo que se algo é bom,
Nada consegue matar.
João Lucas Evangelista,
Nosso bluesman nordestino,
Deu voz a quem voz não tinha,
Fez da sua obra um hino.
Nas cruzadas dos martírios,
Converteu espinho em lírios,
Foi senhor do seu destino.
Legou cordéis e baladas
Numa monumental saga,
Como um rio caudaloso
Que as ipueiras alaga;
Partiu, porém, permanece,
Seu legado prevalece,
Pois nem o tempo o apaga.
Lucas da Bíblia nos fala
Sobre Cristo o galileu,
Evangelista é aquele
Que um evangelho escreveu,
Nosso Lucas, cordelista
O nome de evangelista
Colocou no nome seu.
Crateús no Ceará
Foi sua terra querida,
Deixou seu berço natal
Para o mundo fez partida,
E fez com força inaudita
Nossa poesia escrita
Ter fama reconhecida.
Lucas foi artista múltiplo
Foi músico e cordelista,
Grande mestre da cultura,
Escritor e repentista,
No Brasil em qualquer parte
Não há quem supere a arte
De Lucas Evangelista.
Assim como toda vida
Tem o seu ponto final
Lucas parte nos deixando
Uma saudade imortal,
Aqui deixou sua história,
Foi para o trono da glória,
A Corte Celestial.
O Lucas Evangelista
Foi um grande inspirador
Além de ser cordelista
Foi poeta cantador
Mestre da nossa cultura
Que lutava com bravura
Dignidade e fervor .
Aqui na Terra ele foi
O menestrel da canção
Escrevia seus cordéis
Com bastante inspiração
Foi um vate valioso
Um poeta primoroso
De toda sua geração.
Nosso cantador querido
Para outro plano partiu,
Mas sabemos que sua arte
Por todo o mundo expandiu
Conquistar toda uma gente
Através do seu repente
Nosso Lucas conseguiu.
O mundo dos Cordelistas
Acordou entristecido
Com a notícia que o Mestre
Lucas havia morrido.
João Lucas Evangelista
Foi um grande Cordelista,
Famoso e reconhecido!
Ao Lucas Evangelista
Segue o póstumo tributo.
Meu mestre você será
Vate sem substituto.
Partiu pro reino Celeste
E hoje este discípulo veste
O triste manto do luto!
João Lucas Evangelista
Foi um grande menestrel
Criou histórias e músicas,
Na arte fez seu papel.
Feito um grande timoneiro
Rodou o Brasil inteiro
Divulgando seu cordel.
Hoje a musa do cordel,
Vestiu seu traje de luto,
Pois Lucas Evangelista,
Poeta versátil, astuto.
O Mestre imortal, decano
Foi versejar noutro plano,
Num elevado reduto!
Um vate quando nos deixa
Voltando a casa do Pai
Deixa imensa saudade,
Mas sua história não vai
Assim nosso cordelista
João Lucas Evangelista
Sua lembrança não sai.
Percorreu nosso Brasil
Essa importante figura
Do Nordeste ao Sudeste
Lucas com literatura
Tocava linda canção
Levando assim emoção
De maneira bem segura.
Fez da arte o seu viver
Emocionando o povão
Com "Carta de um Marginal"
Bem feita composição
Mostrando a realidade
Da tal marginalidade
Que envergonhava a Nação.
Foi chamado pelo Pai
Pra sua Santa Morada
Lá no Céu, Evangelista,
Cumprirá nova jornada
Viverá novo rojão
E cantará seu baião
De forma bem animada.
Partiu um grande poeta
Mestre no verso e viola
Levou consigo um ensino
Que não se ensina em escola
Levou a chuva e o tostão
Mais um Mestre do sertão
Levou cheia sua sacola.
Com nome forte e profundo
Discípulo do salvador
Lucas, o Evangelista
Lavrou a terra com amor
Plantando sua poesia
Fez chover paz e harmonia
Com seu pinho de valor.
Despedimo-nos chorosos,
De Lucas Evangelista,
Poeta, compositor,
Violeiro, repentista,
Da arte, divulgador,
Folheteiro, cantador
E afamado cordelista.
Autor de ‘Um tostão de chuva’,
De “A carta de um marginal”,
“Foronfonfom”, “Mototaxi”,
Legado exponencial!...
Sem sequer se despedir
Partiu para residir
Na pátria celestial.
Muito vasta e conhecida,
Sua produção reluz,
Sendo merecidamente
Aclamado como um dos
Aedos de maior claque
E um dos nomes de destaque
Das artes de Crateús.
Um exemplo de amigo,
Probo chefe de família,
Semeador de amizade,
Aparador de quizília.
Em Crateús foi nascido,
Mas tornou-se conhecido
Quando morou em Brasília.
O bardo abraçou a sorte
Como vira-mundo, errante;
Foi nas feiras nordestinas
Uma presença marcante
Com sua lira primorosa
Na fase áurea e saudosa
Do poeta itinerante.
Por esse Nordeste imenso
De feira em feira atuou,
E nas praças da Ceilândia
Diversas vezes cantou.
Lá ainda tem família,
Pois o poeta em Brasília
Por doze anos morou.
Nas feiras, com sua Kombi,
Ele chamava atenção
Cantando suas toadas,
Tocando seu violão,
Ouvindo as canções bonitas
Pra comprar cordéis e fitas
Juntava uma multidão.
Entre as canções mais tocantes
Nascidas de sua pena
Cito “Filho de cigano”,
E, de comovente cena,
“Canção do sentenciado”
E outro clássico afamado
Que é “Lembrança de Helena”.
É grande a lista de títulos
De cordéis que publicou.
Cinco LPs, muitas fitas
E CDs também gravou;
Viveu pra se eternizar,
Sua arte singular
Nossa cultura marcou.
Foi Lucas Evangelista
Grande mestre da canção
Divulgador incansável
Da popular tradição
Com sua arte soberana
Cantou sobre a lida humana
Em cada composição.
Em "Carta de um marginal"
Expos uma triste história
Assim eternizou um
Exercício de memória
A dor de um excluído,
Um malfazejo e sofrido,
Versando uma vida inglória.
Andarilho da poesia
Com suas letras e voz
Lucas foi fonte fecunda
Jorrando versos à foz
Inspirou, foi referência,
Um vate de excelência
Grande exemplo para nós!
Deixa saudades o Mestre
De violão ritmado,
Porém na Corte Celeste
O Sarau "tá preparado!"
Pra celebrar sua vida
A sua missão cumprida
E o seu imenso legado!
Herdando o nome do santo
Que a palavra ‘desdobra’
O poeta Evangelista
Com as rimas de sua obra
Em sua vida fecunda
De poesia profunda
Mostrou talento de sobra.
A inspiração veio cedo
Dos antigos menestréis
Violeiros, cantadores
Que declamavam cordéis
E as historias dos seus pais
Bem guardadas nos anais
Galopa ainda corcéis.
À cultura popular
Deu asas e deu alento
Conseguiu com sua arte
Garantir o seu sustento
Foi do romance ao forró
Até em cobra deu nó
E conseguiu seu intento.
Parte com missão cumprida
Sua obra ficará
No ‘rela bucho’ ou cordel
Muito além do Ceará
Viaja como Asa Branca
Sua rima alegre e franca
Sempre lembrada será.
Meus versos fazem homenagem
A um mestre da tradição,
É Lucas Evangelista,
Da cultura e do sertão.
Cantou com alma e viola,
Rima que encanta e consola,
Nos tocando com emoção.
Nas praças fez poesia
De Crateús para o mundo.
Sua voz e seu repente
Ecoaram tão profundo.
Que até no céu seus cantares
São eternos, nos altares,
Como um legado fecundo.
Foi um mestre de talento,
Na viola ao improvisar.
Nos folhetos e cantigas,
Fez o povo se encantar.
Na sua arte divina,
Cada verso se destina
A nunca se apagar.
Sua lira continua
Brilhando na imensidão.
E nós, que aqui ficamos,
Guardamos sua emoção.
Lucas vive na memória,
Imortal pela história,
Eterno no coração.
Um grande prazer na vida
Foi conhecer Evangelista
Um cantador de viola
Que nunca perdeu de vista
Levar pelo mundo afora
A alegria a toda hora
Era um poeta ativista.
Conheci Evangelista
Pela José de Alencar
Sua belina e radiadora
Fazia o povo parar.
Pra degustar do seu verso
Que atingia o universo
De um sublime poetar.
A bênção, poeta Lucas,
Nosso Mestre da Cultura
Que levou sertão afora
Com tanta desenvoltura
A cultura popular
Que só tem neste lugar
Por ser terra de bravura...
Como um trem, com longo apito,
Deslizando sobre o trilho
Partiu o poeta Lucas
E Crateús perde um filho.
Foi um poeta impoluto,
A poesia está de luto
E o cordel perdeu o brilho.
As folhas verdes da mata
Da Caatinga nordestina,
Que já nas primeiras chuvas
Vertem água cristalina
Choram por Evangelista,
Poeta e grande artista
De rima afiada e fina.
João Lucas Evangelista
Foi um poeta gigante.
Seu cantar ultrapassou
A fronteira mais distante.
Na viola ou no papel
Seu poema de cordel
É marca muito importante.
Mas, Lucas Evangelista
Encanto-se, não morreu.
Teve recital no céu.
Como a musa prometeu,
A alegria foi completa
Com a chegada do poeta
Uma grande festa deu.
Ninguém viveu a cultura
Do jeito que ele viveu
Na sua época o cordel
Ficou mais forte e cresceu
O poeta de Crateús
Foi mostrar para Jesus
A rima do verso seu.
E por isso digo eu,
Digo sem pestanejar,
Nesta arte tão bonita
Da gente vivenciar
Que Lucas Evangelista
Deixou como cordelista
Um nome pra respeitar.
Lucas nasceu com a viola
Desenhada na sua mente
Cresceu e desenvolveu
O verso como semente
No terreno que plantou
A poesia se espalhou
Com a viola e o repente.
Tive o prazer de aplaudir
Este grande repentista
Agora foi para cima
Nosso amigo cordelista.
Deixando a sua história
Presa na nossa memória
No nosso quadro de artista.
Mestre Lucas foi um vate
Do nosso tempo atual;
Um Aedo – nosso Orfeu...
Referência nacional
No romance de cordel
Excelente menestrel
Na canção tradicional.
A “Carta de um Marginal”
Ficou sem o seu autor
Nós ficamos sem o mestre,
No peito tristeza e dor!
Quem seus cordéis cantará?
Nas feiras do Ceará
Tá faltando um tocador.
Quem irá cantar a dor
Daquele povo sofrido...?
O inverno; a invernada
Ou o sertão ressequido
Ou mesmo ler um cordel
Narrando história fiel
Do último fato ocorrido?
Aqui, de peito partido
Sou eu quem registra o fato...
Da partida do herói
Que destino tão ingrato!
Bastante triste fiquei
Mas pra vida eterna, eu sei,
Ninguém assina contrato...
Lucas será “sempre vivo”,
Pois além de seus talentos
Também gerou quatro filhos,
Sua prole, seus rebentos,
Gente que ama a cultura,
Sua geração futura,
Frutos de dois casamentos.
Lucilane, Luciléa,
Linda Léa e Márcia Linda,
Estes filhos, com certeza,
Farão a linhagem infinda.
Sua vida foi completa
E a memória do poeta
Viverá bem mais ainda!
FIM
Autores: Mestre Geraldo Amâncio Pereira, Evaristo Geraldo da Silva, Paulo de Tarso, Paola Tôrres, Dideus Sales, Julie Oliveira, Paiva Neves, Pádua de Queiroz, Gerardo Pardal, Vânia Freitas, Rosinha Miguel, Tião Simpatia, Rouxinol do Rinaré, Rafael Brito, Marco Haurélio, Arlene Holanda e Klévisson Viana
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