Antes de mais nada, o seguinte: já passou da hora de José Ramos Tinhorão virar nome de um prêmio cultural, seja em que esfera for. Particular, inclusive.
O jornalista e historiador José Ramos Tinhorão fechou os olhos e partiu para a eternidade terça-feira 3.
Esse José eu conheci de perto.
Frequentei o seu espaço desde o tempo em que ocupava um minúsculo apartamento da Rua Maria Antônio, SP.
Costumávamos, nos últimos anos, molhar o gogó com uma boa cana ou um bom vinho na minha casa.
Muitas vezes, depois que perdi meu par de olhos, ele com toda simplicidade do mundo e atenção lia livros pra mim.
Sinto profundamente a sua falta. Era inteligentíssimo, persistente e arguto. Deixou uma trintena de livros publicados sobre a nossa formação cultural.
Nos últimos anos, nos últimos vinte e poucos anos, a historiadora aposentada pela USP, Maria Rosa, sua companheira, foi de grande importância na sua vida. Ele a ouvia com muita atenção. Maria o ajudava passando a limpo seus textos, já que ele costumava escrever à mão.
Guardo boas lembranças do amigo.
Lembro do "esporro" que me deu quando cheguei à Câmara Municipal de São Paulo para receber o título de Cidadão Paulistano, em 1998.Por ali. Eu estava atrasado para a solenidade e ele a minha espera do térreo do elevador que nos levaria ao andar onde recebi o título. O esporro deveu-se ao fato de eu não está engravatado. Só de bleize. "Como é que você vem receber o título de cidadão da cidade mais importante do Brasil, sem gravata?". Passo seguinte, tirou a própria gravata e a enfiou no meu pescoço.
Muitas histórias.
Muita gente passou a vida esculhanbando Tinhorão, dizendo que ele era um chato e tal. Não era.
Tinhorão era um doce de pessoa: afávio, solícito e atencioso.
Ganhei muito discos e livros dele. Eu retribuia-o com livros e discos que trazia das minhas andanças por lugares distantes da capital paulista.
Uma vez Tinhorão me disse que ficara curioso com um ritmo musical que até então desconhecia: o Rasga, de origem portuguesa e que não existe mais. Foi quado lhe disse que tinha um discos de 76 rpm(voltas) e com isso ele encerrou sua pesquisa que resultou no livro O Rasga.http://assisangelo.blogspot.com/2011/07/jose-ramos-tinhorao-e-sua-grande-obra.html
Pra encerrar: uma vez nos encontramos em Lisboa e foi uma festa. Comemos uma ótima bacalhoada regada a vinho do porto http://assisangelo.blogspot.com/2011/02/jose-ramos-tinhorao-83-viva.html .
Tinhorão merece ser sempre lembrado.
concordo com tudo que você escreveu. Quando eu esta escrevendo livro sobre
ResponderExcluirorlando
silva, franqueou seus arquivos para pesquisa. E escreveu o prefácio.
tornamo-nos amigos. Todas às sextas-feiras almoçavamos juntos com outros amigos
foi assim até quase
ás vésperas de ser vitimado pela doença.