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sábado, 22 de abril de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (9)

Não é de hoje, sei: a nossa música popular está completamente a-fu-nhe-nha-da!
Musicalmente, o Brasil começou a ganhar forma com Chiquinha Gonzaga e Joaquim Antônio da Silva Callado. O ponto de intersecção entre os dois foi o bom gosto.
Callado foi o cara que deu os ingredientes necessários para a formação do choro, que Pixinguinha daria os pontos finais na virada do século 19.
Chiquinha, que compôs centenas e centenas de músicas, foi quem criou o gênero musical marcha ou marchinha. É dela Ó Abre Alas, de 1899: "Ó abre alas!/ Que eu quero passar (bis)/Eu sou da lira/Não posso negar...".
O chorinho nasceu praticamente junto com o maxixe.
O maxixe era um tipo de dança considerado obsceno, lascivo.
Hoje a nossa música popular anda de pernas bambas, de gozo ou sofrência.
Eu não ouso perguntar, porque é quase certo que muita gente sabe o que é funk.
MC Pipokinha é muito doida. Muito doida também é a MC Carol.
Andei ouvindo uma certa Valesca Popozuda. Ai, ai, ai.
E o que dizer da doida varrida Tati Quebra Barraco?
Pipokinha autodenomina-se “Princesa da Putaria”.
Seguindo a lógica da Pipokinha, Quebra Barraco opta por considerar-se a “Mamãe da Putaria”.
Velhos tempos, novos tempos.
Entre 1902 e 1903 Manuel Pedro dos Santos, o Bahiano, gravava para a Casa Edison a cançoneta A Boceta da Vovó. Deve ter feito sucesso à época, pois em 1904 Mário Pinheiro gravava para a mesma Casa a cançoneta Boceta de Rapé. Pois, pois. Mero duplo sentido que se ouvia da boca do Bahiano e do Mário.
Muita água lavou corpos após encontros proibidos, claro fica nos sambas e noutros gêneros musicais tão comuns desde sempre na discografia brasileira.
Na nossa música popular há registro de situações de infidelidade conjugal. Muitas.
Os personagens apresentados nos sambas e que tais eram sempre machões metidos a besta, que deixavam a mulher em casa e partiam para aventuras sexuais nos prostíbulos.


São muitos os títulos de músicas que trazem a palavra orgia. Alguns: Orgia e Nada Mais, com Aracy de Almeida; Vou pra Orgia, com Nuno Roland; Orgia, com Orlando Silva.
Pois é, a mulher sempre esteve num degrau abaixo da vida social masculina. Machista. E dê-se a isso o nome ou classificação que se queira dar. Portanto, não é difícil entender o berro quase desesperado que a mulherada do funk, principalmente, e de outros ritmos está dando por aí.
Tudo isso é compreensível, mas é arte o que se está fazendo?

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