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terça-feira, 4 de março de 2025

EU E MEUS BOTÕES (77)

Olá, pessoal. Boa tarde! Ué, cadê vocês que não me respondem?

Abraçado com o mano Bil, Barrica foi dizendo "Desculpe seu Assis, mas eu estou me sentindo assim meio Mané..."

"Como é que é? Meio Mané é a puta que pariu, viu!?", foi falando quase aos gritos o nosso querido botão Mané. Depois, puxou um lenço do bolso e com ele limpou a cara. "Mais respeito, mais respeito!".

A sala ficou completamente em silêncio. Após sentar-se no tamborete, Mané findou por pedir desculpa. 

Surpreso com a reação de Mané, Barrica levantou-se de onde estava e foi abraçar o colega. Solidários, os botões fizeram fila para abraçar o querido botão. Só Lampa não fez isso. Sentado estava, sentado ficou. Sem um pingo de incômodo, o velho cangaceiro puxou de fininho o punhal e com ele começou a cutucar as unhas. 

Ao se desculpar, Barrica contou que bebera bastante no dia anterior e por isso ficara desse jeito. Sabe como é, um tanto tonto e morrendo de vontade de dormir. 

Zilidoro, depois de voltar para seu canto disse que Barrica é fraco no tocante à bebedeira. Biu concordou e revelou que o mano estava doente de roedeira, pois a namorada com quem pretendia se casar estava corneando-o numa boa. E todos caíram na risada. Menos Lampa, que de cabeça baixa estava e de cabeça baixa ficou cutucando as unhas. 

Bom pessoal, estou sentindo a falta de duas pessoas: Pitoco e Fuinha. E está pra chegar a querida Flor Maria. 

Ao ouvir esse nome, Lampa limpou seu punhalzinho inseparável na barra da calça e o enfiou de volta à cintura. Levantou a cabeça, respirou fundo enquanto passava o tempo. Sem nada dizer, levantou-se depressa arrumando a calça e a camisa de manga curta que usava. Sentou-se de novo. De repente olhou nos olhos de todo mundo que ali estava e grossamente abriu a boca e perguntou: "E aí, vocês nunca viram macho, não?".

Mais uma vez a casa dos botões explodiu numa risada só.

"Até o senhor, seu Assis?", bradou do seu jeito o imprevisível Lampa ao mesmo tempo que se encaminhava em direção ao banheiro. Nisso chega a tão esperada Flor Maria. 

Ao ouvir o doce nome da Flor, Lampa saiu quase correndo de onde estava, enxugando o rosto. E tinha um sorriso estranho na cara. E logo um cheiro forte de perfume barato tomou conta do ambiente. 

Pois, como eu havia prometido, aqui está a historiadora Flor Maria. Dona Flor, a sala é sua. E todos se levantaram batendo palmas. Numa tentativa de ser o primeiro a fazer pergunta à visitante, Lampa abriu a boca e da boca nada saiu. O que se ouviu foi algo como um grunhido, pois gaguejar nem conseguia. Levantei o dedo indicador direito e o levei aos lábios pedindo silêncio. Com tranquilidade, Flor Maria dirigiu-se a Lampa e perguntou o que tinha feito nos últimos dias. 

Ao recompor-se minimamente, Lampa passou a mão no rosto e disse que sentira falta das suas palavras e que no Carnaval brincara muito no bloco Ainda Estou Aqui. 

"Muito bem, Lampa. Você assistiu o filme  feito pelo Walter Salles que tem entre as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro?".

Lampa disse que sim e que lera o livro que inspirou o filme. Mais: achou uma injustiça a Fernandinha não ganhar o prêmio maior da Academia. 

Zilidoro, que não perdia um movimento de Lampa, levantou-se puxando palmas. E todos: "Muito bem! Muito bem!! Muito bem!!!".

Zoião, lá no seu cantinho ao lado de Zé levantou a mão pedindo palavra: " A presença da dona Flor aqui já está fazendo efeito. Até eu, que não sou chegado a filme de cinema, assisti a quase todos os filmes da temporada desse tal Oscar".

Biu e Barrica riram do final da frase de Zoião corrigindo: "Não é Oscar não. É Óscar".

Confesso que achei graça, mas deixa isso pra lá. Bom, quero saber de vocês se gostavam de Inezita Barroso. 

"Eu cheguei a ver dois ou três filmes por ela estrelados. Um deles lembro bem: Ângela", contou Zé acrescentando que adorava vê-la na TV Cultura apresentando o programa Moda e Viola. Ao dizer isso, Zé fez todos ali dizerem que amavam Inezita. Bom, continuei lembrando que hoje 4 de março completam-se um século e um ano do nascimento dela. Vocês sabiam que Inezita era Inês? 

Timidamente, Zoião informou a quem não sabia: "Ela se chamava Ignez Magdalena Aranha de Lima. O Barroso que ela usava era sobrenome do marido". Ouviu-se "Muito bem! Muito bem!".

Inesperadamente, Lampa levantou-se e todo orgulhoso falou: "Pois é, fiquem vocês todos aqui sabendo que neste 2025, mais precisamente no próximo dia 8, vai se completar dez anos que ela morreu".

Foi a vez de Zoião cair na risada e corrigir Lampa: "Ô seu besta. Né vai não. É vão, visse?".

Ao ouvir tal coisa, Lampa deu um pulo já com a mão no punhalzinho. Calma, calma pessoal. E já que Pitoco e Fuinha não vieram, sugiro fazermos um lanchinho lá embaixo para acalmar os ânimos.

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