O número de pessoas desaparecidas na 5ª maior cidade do planeta, São Paulo, chega a 30 por dia e a cerca de dez mil/ano.
No País, o total de desaparecidos pode ultrapassar a duas centenas de milhar.
Embora sério, o assunto, porém, já não desperta tanto interesse por parte de quem é, digamos, achável; do mesmo modo que a questão dos atropelamentos – e morte – de motoqueiros nas ruas da cidade.
No caso, o aumento anual é de pelo menos 10%; e três vezes isso, no resto do País.
Como repórter da Folha e de outros jornais, fiz reportagens sobre desaparecimentos. Creio que todo repórter um dia fez matéria sobre desaparecimentos.
Coisa banal, como quase tudo hoje em dia.
Os reálites vieram pra isso.
Orwell antecipou a idéia agora fato, no livro 1984.
Bom, mas eu quero mesmo é falar do achável Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelles Fernandes, o cearense latino-americano sem-dinheiro-no-bolso que deixou a zona sul da megalópole paulistana para trabalhar novas canções num lugarejo esquecido das terras do Uruguai.
Belchior foi encontrado fácil, fácil, no último fim de semana porque, ora, porque Belchior é Belchior. Se não fosse, e se o jornalismo do Fantástico tivesse mais o que fazer, ele não teria sido achado, certo? E ele não gostou disso, mas civilizado inda que é, atendeu a reportagem e, finalmente, todos ficaram felizes e felizes ficarão certamente para sempre.
Mas há outras pessoas, digamos, desaparecidas além das que se acham no número extraído da estatística, no início deste texto: Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Chico Buarque, Roberto Luna, Odair Cabeça de Poeta, Oswaldinho do Acordeon, Beth Carvalho, Amelinha... E quem mais, quem mais? Geraldo Vandré! Hahaha!
Na foto acima, feita no século passado, eu e o rapaz latino-americano trocando idéias sobre achados e perdidos, perdidos e achados; sumidos, aparecidos e reaparecidos e coisas que tais.
.............
PLOCAS E BOAS
- O Lobão, das Minas e Energia, e dona Dilma-não-sei-quê dizem que a exploração do petróleo pré-sal, achável em camadas profundas do oceano, em nada vai mudar a rotina dos motoristas, porque o preço da gasolina, por mais que a tenhamos, não vai baixar. Dá pra entender? E por ainda estar em rebuliço o Senado, Lula sugere que todos dêem uma “cheiradinha no pré-sal” pra coisa acalmar. Eu, hein!
- Vanusa, a única cantora a gravar Avohai, de Zé Ramalho, em outubro de 1977, está sendo pichada por errar a letra do Hino Nacional Brasileiro, em solenidade meses atrás na Assembléia Legislativa de São Paulo. Isso é covardia. Quantos sabem de cor a letra de Duque Estrada, hein? Eis, aliás, mais uma razão para que o nosso hino seja ensinado de novo nas escolas. Hino nacional é a reza de um país.
- O querido amigo Júbilo Jacobino, fiel escudeiro do músico Costa Senna, manda avisar que a filhota Ornela está à beira de completar 15 primaveras. Isso ocorrerá no próximo dia 5. E eu também, no próximo dia 27. Quantas? 57, no talo!
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
O CIRCO SENADO
"Renuncio ao mandato de presidente do Senado sem mágoas ou ressentimentos, de cabeça erguida, demonstrando mais uma vez que não usei das prerrogativas do cargo pra me defender".
Adivinhem de quem é essa lorota.
Ah! Sim, o texto abaixo eu escrevi no dia 5 de dezembro de 2007 e foi originalmente publicado, na coluna que eu assinava no portal Music News. Apenas encurtei o título.
Ontem iniciei a minha fala no programa Balanço Geral, da Rádio Record, com um poema de Berthold Brecht, que diz: “O pior analfabeto é o analfabeto político/ Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos/ Ele não sabe que o custo de vida/ O preço do feijão, do peixe/ Da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas // O analfabeto político é tão burro/ Que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política/ Não sabe o imbecil que da sua ignorância política/ Nascem a prostituta, o menor abandonado/ E o pior de todos os bandidos/ Que é o político vigarista, pilantra, o corrupto/ E lacaio dos exploradores do povo”. Lembrei o poema por imaginar o rebuliço que iria ocorrer logo mais ao decorrer do dia, no circo em que se pôs um calhorda em julgamento, por seus pares, e que ao fim resultou absolvido das imoralidades cometidas, e de todos conhecidas por estarem a meses estampadas nos principais jornais nacionais e estrangeiros. O Brasil está de luto, perdeu. Os brasileiros estão satisfeitos, ganharam com a vitória do calhorda, rico de roubos e bois de ouro. O episódio de ontem no circo Senado, armado na praça dos Três Poderes, me levou a recordar, com tristeza, uma fala antiga do amigo Vandré, autor de Pra não Dizer que não Falei de Flores, quando certa vez, ao caminhar no Centro da cidade de São Paulo, a meu lado, apontou com irritação e desdém para um grupo de jovens em algazarra: “É pra essa gente que querem que eu cante? Não, não vou cantar!”. Ao ler carta de um leitor do suplemento Folhateen, da Folha, da última segunda 10, me arrepiei: “A nota que eu daria para vocês era dez, mas de vez em quando vocês publicam matérias muito sem graça, como ´órfãos do tropicalismo` (edição 30/7). Quem quer saber de um grupo de MPB dos anos 60?...”. Pois é, falta aos brasileiros em formação curiosidade, vontade de aprender, de conhecer a arte, artistas, personalidades, a história do País... E o autor da carta só tinha 13 anos. Em palestra recente a estudantes do 3º ano do ensino médio da escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, dom FHC, ex-imperador do Brasil, deu uma dica registrada no jornal: “Eu acho que é melhor ter formação aqui e depois fazer aperfeiçoamento fora, para não desenraizar...”. Já estamos desenraizados. O lixo estrangeiro já invadiu a mente de todos e a meta é: tudo por dinheiro. Silvio Santos, o biscateiro eletrônico, não me deixa mentir. Ainda FHC, justificando: “Nós vivemos numa sociedade capitalista. Ela nasce da acumulação e não é igualitária. É um pouco de hipocrisia imaginar que uma sociedade capitalista vá ser igualitária. Mas você tem que dar igualdade de oportunidade na educação, no acesso à saúde, para compensar essa desigualdade”. Nos anos de 1960, Stanislaw Ponte Preta, decepcionado com os rumos da política partidária, de conchavos, desabafava: “Se é para se locupletar, que nos locupletemos todos”. É isso o que os brasileiros parecem querer: se locupletar. Uma vez perguntei ao poeta Carlos Drummond de Andrade qual o partido político de sua predileção. Resposta, a seco: “O homem de partido é partido”. Brecht, citado na contra-capa do Lp Canto Geral, de Geraldo Vandré, em 1968: “Vós que vireis na crista da onda em que nos afogamos, quando falardes de nossas fraquezas pensai também no tempo sombrio a que haveis escapado”. E vivido, acrescentaria. O calhorda foi absolvido no primeiro tempo, por margem de cinco gols. E parece justo o placar... O culpado pela derrota do time Brasil, sem técnico, são os brasileiros. Bandido vence, povo perde. Valores invertidos, a nação de cabeça baixa. A culpa é nossa. Um dia Pelé disse que brasileiro não sabia votar. E levou pau, mas ele tinha razão. Como saber votar, se sequer sabe ouvir, falar, ler, brigar por direitos? Lula outro dia disse que “ler é uma chatice”. Dizer mais o quê, hein? Lembro de velha piada, segundo a qual Deus estava pondo os pontos finais na criação do mundo, distribuindo mazelas, tragédias no planeta que agora estamos. De repente um anjinho desses de asas tortas pergunta, num fio de voz, por que ele, Deus, não punha umas castastrofezinhas num tal Brasil, como terremotos, maremotos, tsunamis, essas coisas. E Deus, como quem não quer nada, respondeu: “Espere só o povinho que vou botar lá”.///Da coleguinha Macida Joachim, recebo a mensagem: “Eu e minha família temos um projeto de alfabetização para adultos, totalmente voluntário, que funciona numa casinha no Bairro do Bixiga, em São Paulo. Lá, reunimos educadores voluntários para ensinar pelo método Paulo Freire. Já estamos nessa batalha há pouco mais de ano. Também aprendemos muito nesse projeto. Seria desejo nosso ter você para falar sobre música, cultura popular”. Sim, por que não? Outras pessoas podem se juntar a Macida. Contato: macidajoachim@uol.com.br ///Que viva a esperança! /// Outra coleguinha, Márcia Accioly, manda e-mail convidando para assistir apresentação do grupo pernambucano SaGRAMA, no Teatro-Escola Brincante. Ora se vou! Será no próximo dia 18. Do grupo acabo de receber Cd novo: Tenha Modo. A respeito falarei depois. /// Fui!
................
Nada mudou na casa de mãe-joana. Os personagens continuam os mesmos.
Adivinhem de quem é essa lorota.
Ah! Sim, o texto abaixo eu escrevi no dia 5 de dezembro de 2007 e foi originalmente publicado, na coluna que eu assinava no portal Music News. Apenas encurtei o título.
Ontem iniciei a minha fala no programa Balanço Geral, da Rádio Record, com um poema de Berthold Brecht, que diz: “O pior analfabeto é o analfabeto político/ Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos/ Ele não sabe que o custo de vida/ O preço do feijão, do peixe/ Da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas // O analfabeto político é tão burro/ Que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política/ Não sabe o imbecil que da sua ignorância política/ Nascem a prostituta, o menor abandonado/ E o pior de todos os bandidos/ Que é o político vigarista, pilantra, o corrupto/ E lacaio dos exploradores do povo”. Lembrei o poema por imaginar o rebuliço que iria ocorrer logo mais ao decorrer do dia, no circo em que se pôs um calhorda em julgamento, por seus pares, e que ao fim resultou absolvido das imoralidades cometidas, e de todos conhecidas por estarem a meses estampadas nos principais jornais nacionais e estrangeiros. O Brasil está de luto, perdeu. Os brasileiros estão satisfeitos, ganharam com a vitória do calhorda, rico de roubos e bois de ouro. O episódio de ontem no circo Senado, armado na praça dos Três Poderes, me levou a recordar, com tristeza, uma fala antiga do amigo Vandré, autor de Pra não Dizer que não Falei de Flores, quando certa vez, ao caminhar no Centro da cidade de São Paulo, a meu lado, apontou com irritação e desdém para um grupo de jovens em algazarra: “É pra essa gente que querem que eu cante? Não, não vou cantar!”. Ao ler carta de um leitor do suplemento Folhateen, da Folha, da última segunda 10, me arrepiei: “A nota que eu daria para vocês era dez, mas de vez em quando vocês publicam matérias muito sem graça, como ´órfãos do tropicalismo` (edição 30/7). Quem quer saber de um grupo de MPB dos anos 60?...”. Pois é, falta aos brasileiros em formação curiosidade, vontade de aprender, de conhecer a arte, artistas, personalidades, a história do País... E o autor da carta só tinha 13 anos. Em palestra recente a estudantes do 3º ano do ensino médio da escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, dom FHC, ex-imperador do Brasil, deu uma dica registrada no jornal: “Eu acho que é melhor ter formação aqui e depois fazer aperfeiçoamento fora, para não desenraizar...”. Já estamos desenraizados. O lixo estrangeiro já invadiu a mente de todos e a meta é: tudo por dinheiro. Silvio Santos, o biscateiro eletrônico, não me deixa mentir. Ainda FHC, justificando: “Nós vivemos numa sociedade capitalista. Ela nasce da acumulação e não é igualitária. É um pouco de hipocrisia imaginar que uma sociedade capitalista vá ser igualitária. Mas você tem que dar igualdade de oportunidade na educação, no acesso à saúde, para compensar essa desigualdade”. Nos anos de 1960, Stanislaw Ponte Preta, decepcionado com os rumos da política partidária, de conchavos, desabafava: “Se é para se locupletar, que nos locupletemos todos”. É isso o que os brasileiros parecem querer: se locupletar. Uma vez perguntei ao poeta Carlos Drummond de Andrade qual o partido político de sua predileção. Resposta, a seco: “O homem de partido é partido”. Brecht, citado na contra-capa do Lp Canto Geral, de Geraldo Vandré, em 1968: “Vós que vireis na crista da onda em que nos afogamos, quando falardes de nossas fraquezas pensai também no tempo sombrio a que haveis escapado”. E vivido, acrescentaria. O calhorda foi absolvido no primeiro tempo, por margem de cinco gols. E parece justo o placar... O culpado pela derrota do time Brasil, sem técnico, são os brasileiros. Bandido vence, povo perde. Valores invertidos, a nação de cabeça baixa. A culpa é nossa. Um dia Pelé disse que brasileiro não sabia votar. E levou pau, mas ele tinha razão. Como saber votar, se sequer sabe ouvir, falar, ler, brigar por direitos? Lula outro dia disse que “ler é uma chatice”. Dizer mais o quê, hein? Lembro de velha piada, segundo a qual Deus estava pondo os pontos finais na criação do mundo, distribuindo mazelas, tragédias no planeta que agora estamos. De repente um anjinho desses de asas tortas pergunta, num fio de voz, por que ele, Deus, não punha umas castastrofezinhas num tal Brasil, como terremotos, maremotos, tsunamis, essas coisas. E Deus, como quem não quer nada, respondeu: “Espere só o povinho que vou botar lá”.///Da coleguinha Macida Joachim, recebo a mensagem: “Eu e minha família temos um projeto de alfabetização para adultos, totalmente voluntário, que funciona numa casinha no Bairro do Bixiga, em São Paulo. Lá, reunimos educadores voluntários para ensinar pelo método Paulo Freire. Já estamos nessa batalha há pouco mais de ano. Também aprendemos muito nesse projeto. Seria desejo nosso ter você para falar sobre música, cultura popular”. Sim, por que não? Outras pessoas podem se juntar a Macida. Contato: macidajoachim@uol.com.br ///Que viva a esperança! /// Outra coleguinha, Márcia Accioly, manda e-mail convidando para assistir apresentação do grupo pernambucano SaGRAMA, no Teatro-Escola Brincante. Ora se vou! Será no próximo dia 18. Do grupo acabo de receber Cd novo: Tenha Modo. A respeito falarei depois. /// Fui!
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Nada mudou na casa de mãe-joana. Os personagens continuam os mesmos.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
MÊS DE CACHORRO LOUCO
Foi num mês como este, agosto, num domingo dia 15, há cem anos, que o militar, engenheiro, jornalista e escritor carioca Euclides da Cunha, autor da obra-prima Os Sertões, caiu morto após uma troca de tiros com o cadete, depois tenente e general Dilermando de Assis.
Sete anos depois, Euclides da Cunha Filho, com 19 anos, tentou vingar a morte do pai e também caiu morto pelas balas assassinas do mesmo Dilermando.
Ciúmes e traições não escolhem vítimas.
Foi sempre assim, ainda é e será. E não interessa se o sujeito é rico ou pobre, branco ou preto, analfabeto ou intelectual como Euclides, que até presidir presidiu interinamente os destinos da Academia Brasileira de Letras no lugar do seu fundador, Machado de Assis.
Mas essa é outra história.
O tema traição já foi desenvolvido zilhões de vezes de todas as formas e em todas as línguas, desde que homem é homem e mulher é mulher.
Há uma dica na tábua dos dez mandamentos: não cobiçar a mulher do outro... Mas cobiça-se!
Dilermando cobiçou a mulher de Euclides e o resto se sabe. Importante, porém, é que ele legou à posteridade uma obra sem igual, sem a qual não se entenderia Canudos.
O arraial de Canudos, no norte da Bahia, caiu nos fins do século XIX pela força bruta do Exército comandado pelo general Artur Oscar de Andrade.
Euclides escreveu, no seu livro mais famoso:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores (...) Um velho, dois homens feitos e uma criança na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados...”.
Até hoje Canudos e o seu líder, o cearense Antônio Conselheiro, são cantados em verso e prosa por poetas eruditos e populares, como João Melchíades, Apolônio Alves dos Santos, Patativa do Assaré, Leandro Tranquilino, Ivanildo Vila Nova, Antônio Queiroz de França, Klévisson Viana; e também por compositores da nossa música, como João da Bahiana (samba Cabide de Molambo), em 1931; Almirante e Luiz Peixoto (toada Pai João), em 1932.
Até o romancista peruano Vargas Llosa escreveu um livro sobre a insurreição popular na Bahia: A Guerra do Fim do Mundo.
N´O Clarim e a Oração, Cem Anos de Os Sertões, organizado por Rinaldo de Fernandes e editado pela Geração Editorial em 2002, escrevi que já há mais de 50 músicas a Canudos e a Conselheiro, inúmeros folhetos de cordel, filmes e peças para teatro.
.
...................
POUCAS E BOAS
- O Senado brasileiro continua em brasa.
Ontem Suplicy se destemperou e deu cartão vermelho ao rei do Maranhão, que no palco falava de Euclides da Cunha, como se tudo estivesse na santa paz de Deus.
- Crise braba na Receita Federal se alastra que nem estopim aceso, enquanto o ministro Mantega, da Fazenda, diz, como Lula, que tudo está bem. Ora, ora, agora são mais não sei quantos os auditores que pediram demissão dos cargos de confiança que ocupavam.
- E o amigo Belchior, hein? Agora virou notícia no The Guardian.
Sete anos depois, Euclides da Cunha Filho, com 19 anos, tentou vingar a morte do pai e também caiu morto pelas balas assassinas do mesmo Dilermando.
Ciúmes e traições não escolhem vítimas.
Foi sempre assim, ainda é e será. E não interessa se o sujeito é rico ou pobre, branco ou preto, analfabeto ou intelectual como Euclides, que até presidir presidiu interinamente os destinos da Academia Brasileira de Letras no lugar do seu fundador, Machado de Assis.
Mas essa é outra história.
O tema traição já foi desenvolvido zilhões de vezes de todas as formas e em todas as línguas, desde que homem é homem e mulher é mulher.
Há uma dica na tábua dos dez mandamentos: não cobiçar a mulher do outro... Mas cobiça-se!
Dilermando cobiçou a mulher de Euclides e o resto se sabe. Importante, porém, é que ele legou à posteridade uma obra sem igual, sem a qual não se entenderia Canudos.
O arraial de Canudos, no norte da Bahia, caiu nos fins do século XIX pela força bruta do Exército comandado pelo general Artur Oscar de Andrade.
Euclides escreveu, no seu livro mais famoso:
“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores (...) Um velho, dois homens feitos e uma criança na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados...”.
Até hoje Canudos e o seu líder, o cearense Antônio Conselheiro, são cantados em verso e prosa por poetas eruditos e populares, como João Melchíades, Apolônio Alves dos Santos, Patativa do Assaré, Leandro Tranquilino, Ivanildo Vila Nova, Antônio Queiroz de França, Klévisson Viana; e também por compositores da nossa música, como João da Bahiana (samba Cabide de Molambo), em 1931; Almirante e Luiz Peixoto (toada Pai João), em 1932.
Até o romancista peruano Vargas Llosa escreveu um livro sobre a insurreição popular na Bahia: A Guerra do Fim do Mundo.
N´O Clarim e a Oração, Cem Anos de Os Sertões, organizado por Rinaldo de Fernandes e editado pela Geração Editorial em 2002, escrevi que já há mais de 50 músicas a Canudos e a Conselheiro, inúmeros folhetos de cordel, filmes e peças para teatro.
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POUCAS E BOAS
- O Senado brasileiro continua em brasa.
Ontem Suplicy se destemperou e deu cartão vermelho ao rei do Maranhão, que no palco falava de Euclides da Cunha, como se tudo estivesse na santa paz de Deus.
- Crise braba na Receita Federal se alastra que nem estopim aceso, enquanto o ministro Mantega, da Fazenda, diz, como Lula, que tudo está bem. Ora, ora, agora são mais não sei quantos os auditores que pediram demissão dos cargos de confiança que ocupavam.
- E o amigo Belchior, hein? Agora virou notícia no The Guardian.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
GETÚLIO VARGAS E BELCHIOR
O Brasil caiu em prantos e se vestiu de luto na manhã do dia 24 de agosto de 1954, ao tomar conhecimento do suicídio do gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, baixinho que formara chapa à Presidência no ano de 30 com o paraibano João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, morto a tiros numa confeitaria da capital pernambucana, Recife.
Na hora como a de agora, naquele agosto de 54, muita gente desmaiava no Rio de Janeiro, sofrendo tipos diversos de dores e sentimentos no velório do político que ficou conhecido de norte a sul do País como o “pai dos pobres”.
O Catete, em Copacabana, virou muro de lamentações.
Primeiro, foi a Rádio Nacional que divulgou a tragédia na voz do ministro Oswaldo Aranha, da Fazenda.
Depois, todas as emissoras de rádios do País emitiam seguidamente a íntegra e partes mais fortes da carta-testamento do presidente morto.
Essa carta logo teria interpretação registrada num disco (selo Monumento) de dez polegadas na voz do paulista Silvino Netto, cantor, compositor, radialista:
“Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate”.
A carta dramática, com imagens shakespearianas, findava assim:
“Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
Getúlio começou a morrer na Rua Tonelero pelos tiros de uma Smith & Wesson 45 disparados pelo pistoleiro de aluguel Alcino João que atingiram o major Vaz, e no Catete quando acionou o gatilho de um Colt 38 com cabo de madrepérola no próprio peito. Mas seu fim fora anunciado bem antes, pela boca de seu arquiinimigo Carlos Lacerda que o chamava nas páginas do seu jornal, Tribuna da Imprensa, de “protetor de ladrões”.
A história polêmica é conhecida por muita gente.
Um dia antes do suicídio, o jornal Última Hora estampou em manchete uma frase histórica: “Só morto sairei do Catete”.
Nunca, nenhum presidente do Brasil foi tão espontaneamente cantado em verso e prosa como Getúlio Vargas.
Dezenas e dezenas de músicas foram compostas e gravadas em sua memória. E até clássicos perduram no nosso cancioneiro, como o rojão Ele Disse, de Edgar Ferreira, gravado, entre outros, por Jackson do Pandeiro e Zé Ramalho. Diz o refrão:
“Ele disse muito bem
O povo de quem fui escravo
Não será escravo de ninguém...”
.
Nunca também nenhum presidente do Brasil fez o que Getúlio fez. E não por falta de bala ou revólver...
.......................
Mas cá pra nós, o que diria hoje Carlos Lacerda do presidente Lula, hein?
.......................
O rei do Maranhão, o bigodudo Sarney, subiu mais uma vez ontem ao palco da Casa que preside – a de mãe Joana – para falar sobre o escritor Euclides da Cunha. O velho ator falou e falou como se nada tivesse acontecido. Crise, que crise? E ainda ficou irritado com o aparte feito por Eduardo Suplicy, que queria explicações dos atos que lhe renderam 11 denúncias indevidamente arquivadas pelo Conselho de aÉtica da Casa. Resposta ao aparte: Vossa Excelência, disse ele a Suplicy, “coloca neste gesto um gesto que não é de Vossa Excelência. A não ser que tenha sido tomado por paixão política para que tenha desrespeitado as regras da educação e convivência parlamentar. Eu coloquei todas as acusações feitas à minha presidência do Senado. Se Vossa Excelência tiver alguma a apontar, coloque se é da minha primeira presidência, da segunda. Se naquela época não protestou, qual tomamos nos últimos cinco meses se não corrigir o Senado? Mas não quero arranhar a memória de Euclides da Cunha".
Pqp!
........................
E o caso Belchior?
Quanta besteira foi dita ontem no programa Fantástico, da Plim plim. O programa mostrou exatamente como não fazer jornalismo sério.
Há uns dois anos, eu já registrava isso na coluna que assinava no Music News. Mas um registro comum, natural; do sumiço voluntário e momentâneo de um artista que tem mais o que fazer além de cantar simplesmente o que as gravadoras querem, ora!
O Vandré fez o mesmo.
Onde anda Vandré? Compondo em casa, tomando uma cervejinha, conversando com amigos fora dos palcos.
Do colega jornalista Luciano Sá, assessor de imprensa do BNB, eu recebo:
“Em 28 de agosto de 2007, o cantor e compositor Belchior concedeu entrevista musical, aberta ao público, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, dentro do programa Nomes do Nordeste, quando compartilhou sua história de vida e descreveu sua trajetória artística. Nessa entrevista, Belchior falou sobre os projetos artísticos em andamento. Ele revelou ter iniciado a exaustiva façanha de traduzir o poema épico e teológico A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321), considerado até hoje o maior poeta italiano. Para se ter uma idéia da proeza estética enfrentada pelo artista cearense, o poema tem nada menos que 14.233 versos a serem vertidos para o Português. A Divina Comédia é a fonte original mais acessível para a cosmovisão medieval, que dividia o Universo em esferas geocêntricas, dividindo a Terra e o Céu pela órbita lunar. (Coincidentemente, Belchior é autor de uma canção intitulada Divina Comédia Humana, gravada em 1978, como faixa de abertura do disco Todos os Sentidos.
Paralelamente, ele afirmou estar preparando um CD que incluirá músicas com diversos parceiros, além de uma caixa com três DVDs, trazendo uma completa retrospectiva sobre sua vida e obra. Enfim, será um documentário com tratamento cinematográfico apurado, abrangendo imagens de espetáculos e entrevistas realizadas, material musical inédito e depoimentos de amigos, parceiros, pesquisadores e fãs.
Essas duas informações foram publicadas na matéria intitulada Belchior em Quatro Tempos, veiculada na revista Conterrâneos (edição nº 8, setembro/outubro 2007), editada pelo Banco do Nordeste com periodicidade bimestral, tiragem de sete mil exemplares e distribuição entre os funcionários do BNB.
Talvez o sumiço de Belchior - divulgado ontem (domingo, 23) pelo programa Fantástico, da TV Globo - possa estar relacionado à sua imersão total nesses dois projetos”.
Tel.: 85 3464-3196 / 8736-9232
lucianoms@bnb.gov.br
Na hora como a de agora, naquele agosto de 54, muita gente desmaiava no Rio de Janeiro, sofrendo tipos diversos de dores e sentimentos no velório do político que ficou conhecido de norte a sul do País como o “pai dos pobres”.
O Catete, em Copacabana, virou muro de lamentações.
Primeiro, foi a Rádio Nacional que divulgou a tragédia na voz do ministro Oswaldo Aranha, da Fazenda.
Depois, todas as emissoras de rádios do País emitiam seguidamente a íntegra e partes mais fortes da carta-testamento do presidente morto.
Essa carta logo teria interpretação registrada num disco (selo Monumento) de dez polegadas na voz do paulista Silvino Netto, cantor, compositor, radialista:
“Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate”.
A carta dramática, com imagens shakespearianas, findava assim:
“Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
Getúlio começou a morrer na Rua Tonelero pelos tiros de uma Smith & Wesson 45 disparados pelo pistoleiro de aluguel Alcino João que atingiram o major Vaz, e no Catete quando acionou o gatilho de um Colt 38 com cabo de madrepérola no próprio peito. Mas seu fim fora anunciado bem antes, pela boca de seu arquiinimigo Carlos Lacerda que o chamava nas páginas do seu jornal, Tribuna da Imprensa, de “protetor de ladrões”.
A história polêmica é conhecida por muita gente.
Um dia antes do suicídio, o jornal Última Hora estampou em manchete uma frase histórica: “Só morto sairei do Catete”.
Nunca, nenhum presidente do Brasil foi tão espontaneamente cantado em verso e prosa como Getúlio Vargas.
Dezenas e dezenas de músicas foram compostas e gravadas em sua memória. E até clássicos perduram no nosso cancioneiro, como o rojão Ele Disse, de Edgar Ferreira, gravado, entre outros, por Jackson do Pandeiro e Zé Ramalho. Diz o refrão:
“Ele disse muito bem
O povo de quem fui escravo
Não será escravo de ninguém...”
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Nunca também nenhum presidente do Brasil fez o que Getúlio fez. E não por falta de bala ou revólver...
.......................
Mas cá pra nós, o que diria hoje Carlos Lacerda do presidente Lula, hein?
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O rei do Maranhão, o bigodudo Sarney, subiu mais uma vez ontem ao palco da Casa que preside – a de mãe Joana – para falar sobre o escritor Euclides da Cunha. O velho ator falou e falou como se nada tivesse acontecido. Crise, que crise? E ainda ficou irritado com o aparte feito por Eduardo Suplicy, que queria explicações dos atos que lhe renderam 11 denúncias indevidamente arquivadas pelo Conselho de aÉtica da Casa. Resposta ao aparte: Vossa Excelência, disse ele a Suplicy, “coloca neste gesto um gesto que não é de Vossa Excelência. A não ser que tenha sido tomado por paixão política para que tenha desrespeitado as regras da educação e convivência parlamentar. Eu coloquei todas as acusações feitas à minha presidência do Senado. Se Vossa Excelência tiver alguma a apontar, coloque se é da minha primeira presidência, da segunda. Se naquela época não protestou, qual tomamos nos últimos cinco meses se não corrigir o Senado? Mas não quero arranhar a memória de Euclides da Cunha".
Pqp!
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E o caso Belchior?
Quanta besteira foi dita ontem no programa Fantástico, da Plim plim. O programa mostrou exatamente como não fazer jornalismo sério.
Há uns dois anos, eu já registrava isso na coluna que assinava no Music News. Mas um registro comum, natural; do sumiço voluntário e momentâneo de um artista que tem mais o que fazer além de cantar simplesmente o que as gravadoras querem, ora!
O Vandré fez o mesmo.
Onde anda Vandré? Compondo em casa, tomando uma cervejinha, conversando com amigos fora dos palcos.
Do colega jornalista Luciano Sá, assessor de imprensa do BNB, eu recebo:
“Em 28 de agosto de 2007, o cantor e compositor Belchior concedeu entrevista musical, aberta ao público, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, dentro do programa Nomes do Nordeste, quando compartilhou sua história de vida e descreveu sua trajetória artística. Nessa entrevista, Belchior falou sobre os projetos artísticos em andamento. Ele revelou ter iniciado a exaustiva façanha de traduzir o poema épico e teológico A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321), considerado até hoje o maior poeta italiano. Para se ter uma idéia da proeza estética enfrentada pelo artista cearense, o poema tem nada menos que 14.233 versos a serem vertidos para o Português. A Divina Comédia é a fonte original mais acessível para a cosmovisão medieval, que dividia o Universo em esferas geocêntricas, dividindo a Terra e o Céu pela órbita lunar. (Coincidentemente, Belchior é autor de uma canção intitulada Divina Comédia Humana, gravada em 1978, como faixa de abertura do disco Todos os Sentidos.
Paralelamente, ele afirmou estar preparando um CD que incluirá músicas com diversos parceiros, além de uma caixa com três DVDs, trazendo uma completa retrospectiva sobre sua vida e obra. Enfim, será um documentário com tratamento cinematográfico apurado, abrangendo imagens de espetáculos e entrevistas realizadas, material musical inédito e depoimentos de amigos, parceiros, pesquisadores e fãs.
Essas duas informações foram publicadas na matéria intitulada Belchior em Quatro Tempos, veiculada na revista Conterrâneos (edição nº 8, setembro/outubro 2007), editada pelo Banco do Nordeste com periodicidade bimestral, tiragem de sete mil exemplares e distribuição entre os funcionários do BNB.
Talvez o sumiço de Belchior - divulgado ontem (domingo, 23) pelo programa Fantástico, da TV Globo - possa estar relacionado à sua imersão total nesses dois projetos”.
Tel.: 85 3464-3196 / 8736-9232
lucianoms@bnb.gov.br
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
VIVA O CINEMA BRASILEIRO!
O pessimismo é uma desgraça, corrói e mata alma; embora Augusto não achasse isso, e nem Shopenhauer, tampouco Mark Twain que dizia que “só os tolos não são pessimistas”.
Já Wilde parecia brincar com sua definição sobre o tema: na escolha de um entre dois males, o pessimista prefere ambos.
Mas o fato é que muita gente foi pro inferno sem sorrir, e isso não é bom.
Sorrir faz bem, relaxa os músculos e ainda é o melhor remédio pra dor de dente.
Desde há muito ouço dizer que o samba morreu, que o Brasil é um horror etc.
“Só aqui (no Brasil), isso (coisa ruim) acontece”, quem já não ouviu?
Este preâmbulo faço para dizer da alegria que senti ao assistir, hoje de manhã, o longa O Milagre de Santa Luzia (Uma Viagem pelo Brasil que toca Sanfona), de Sergio Roizenblit, numa sala do Shopping Frei Caneca, cá em Sampa.
De 104 minutos, o filme começa com o sanfoneiro Dominguinhos puxando seu fole de ouro enquanto caminha devagar pela estrada de terra que leva a Exu, de Luiz Gonzaga.
O canto é bonito, choroso: Lamento Sertanejo, parceria com Gilberto Gil.
Um trecho do livro Os Sertões, de Euclides o Sertanejo é antes de tudo um forte da Cunha, diz a que vem O Milagre.
Roizenblit conta um pouco do Brasil através de foles, desde o Nordeste.
Alguns depoimentos enriquecem o filme.
A poética de Patativa, por exemplo: é significativa sobre o Rei do Baião, que nasceu no Dia de Santa Luzia, 13 de dezembro.
Uma informaçãozinha: o poema que Patativa declama fui eu quem lhe pediu que fizesse para o livro Eu Vou Contar pra Vocês (Ed. Ícone, 1990), sobre Luiz Gonzaga, que lancei em 1990. Está na página 114, sob o título Adeus, Luiz. Na ocasião, lembro, eu me encontrara com poeta no Memorial da América Latina e no extinto Teatro das Nações Unidas. Foi nesse teatro que lancei o livro em noite de autógrafos ao lado de amigos como Juarez Carvalho, José Nêumanne, José Ramos Tinhorão e Paulinho Nogueira e show com Inezita Barroso e grupos folclóricos.
E ainda há gente que diz que não temos cinema, ora. Temos, sim! E também cinema documental.
Nesses dias, por exemplo, o bom Versificando, de Pedro Caldas, estará sendo exibido no 33º Festival de Filmes do Mundo, em Montreal.
Versificando conta a história da poesia feita de improviso, ao som de violas, pandeiros e outros instrumentos. Importantíssimo, não?
O diretor embarca quarta que vem.
.............
Da colega jornalista Anna Pires recebo a informação de que os artistas Claudette Soares, Pery Ribeiro, Os Cariocas, Izzy Gordon, Alaíde Costa, Ithamara Koorax e a atriz/cantora Soraya Ravenle (a Zefa da novela Paraíso) estarão na cidade participando de três shows gratuitos em homenagem à cantora Dolores Duran, desaparecida dentre nós há 50 anos. A irmã de Dolores, Denise, também participará dos shows, que ocorrerão na Praça do Patriarca. Mais informações pelo telefone 3865.8840 ou através do email annac.p@uol.com.br
.................
Bom, agora vou à Casa das Rosas, ali na Avenida Paulista, 37, onde logo mais às 20 horas será lançado Catálogo da Exposição Poesia Experimental Francesa: Zona Digital.
Já Wilde parecia brincar com sua definição sobre o tema: na escolha de um entre dois males, o pessimista prefere ambos.
Mas o fato é que muita gente foi pro inferno sem sorrir, e isso não é bom.
Sorrir faz bem, relaxa os músculos e ainda é o melhor remédio pra dor de dente.
Desde há muito ouço dizer que o samba morreu, que o Brasil é um horror etc.
“Só aqui (no Brasil), isso (coisa ruim) acontece”, quem já não ouviu?
Este preâmbulo faço para dizer da alegria que senti ao assistir, hoje de manhã, o longa O Milagre de Santa Luzia (Uma Viagem pelo Brasil que toca Sanfona), de Sergio Roizenblit, numa sala do Shopping Frei Caneca, cá em Sampa.
De 104 minutos, o filme começa com o sanfoneiro Dominguinhos puxando seu fole de ouro enquanto caminha devagar pela estrada de terra que leva a Exu, de Luiz Gonzaga.
O canto é bonito, choroso: Lamento Sertanejo, parceria com Gilberto Gil.
Um trecho do livro Os Sertões, de Euclides o Sertanejo é antes de tudo um forte da Cunha, diz a que vem O Milagre.
Roizenblit conta um pouco do Brasil através de foles, desde o Nordeste.
Alguns depoimentos enriquecem o filme.
A poética de Patativa, por exemplo: é significativa sobre o Rei do Baião, que nasceu no Dia de Santa Luzia, 13 de dezembro.
Uma informaçãozinha: o poema que Patativa declama fui eu quem lhe pediu que fizesse para o livro Eu Vou Contar pra Vocês (Ed. Ícone, 1990), sobre Luiz Gonzaga, que lancei em 1990. Está na página 114, sob o título Adeus, Luiz. Na ocasião, lembro, eu me encontrara com poeta no Memorial da América Latina e no extinto Teatro das Nações Unidas. Foi nesse teatro que lancei o livro em noite de autógrafos ao lado de amigos como Juarez Carvalho, José Nêumanne, José Ramos Tinhorão e Paulinho Nogueira e show com Inezita Barroso e grupos folclóricos.
E ainda há gente que diz que não temos cinema, ora. Temos, sim! E também cinema documental.
Nesses dias, por exemplo, o bom Versificando, de Pedro Caldas, estará sendo exibido no 33º Festival de Filmes do Mundo, em Montreal.
Versificando conta a história da poesia feita de improviso, ao som de violas, pandeiros e outros instrumentos. Importantíssimo, não?
O diretor embarca quarta que vem.
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Da colega jornalista Anna Pires recebo a informação de que os artistas Claudette Soares, Pery Ribeiro, Os Cariocas, Izzy Gordon, Alaíde Costa, Ithamara Koorax e a atriz/cantora Soraya Ravenle (a Zefa da novela Paraíso) estarão na cidade participando de três shows gratuitos em homenagem à cantora Dolores Duran, desaparecida dentre nós há 50 anos. A irmã de Dolores, Denise, também participará dos shows, que ocorrerão na Praça do Patriarca. Mais informações pelo telefone 3865.8840 ou através do email annac.p@uol.com.br
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Bom, agora vou à Casa das Rosas, ali na Avenida Paulista, 37, onde logo mais às 20 horas será lançado Catálogo da Exposição Poesia Experimental Francesa: Zona Digital.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
DE CORONELISMO, PATATIVA E GONZAGA
O coronelismo nordestino, como qualquer outro tipo de coronelismo da terra ou do inferno, é safado, desumano, impiedoso com qualquer um que não siga à risca a sua mesquinha e individualista – e por que não dizer? – assassina cartilha.
O que aconteceu com Patativa do Assaré também aconteceu com o pernambucano Luiz Gonzaga, o rei do baião, e milhares de cidadãos do Nordeste, e não só do Nordeste, que num momento qualquer de fraqueza foram traídos por si próprios, isto é: pelo excesso de vaidade. E assim, ingenuamente, acabaram rendidos ao canto sereioso dos tubarões dos mares de lama que a nossa República parece, infelizmente, ter já se acostumado.
Patativa, coitado, caiu na besteira de aceitar uma cadeira de balanço como presente de aniversário ofertada pelo esperto ex-governador cearense Tarso Jereissati. E quase se lasca.
O poeta não era de aceitar favores de poderosos e nem de não-poderosos, como eu.
Certa vez em Assaré, por exemplo, fui surpreendido por sua curiosidade despertada por um gravadorzinho mixuruca, portátil, que, aliás, usei para entrevistá-lo (foto acima).
Ele adorava gravador, tanto que compôs um poema intitulado Dor Gravada, uma beleza.
Pois bem, o autor de A Triste Partida pegou o aparelhinho de gravar conversa e mexeu pra cá e mexeu pra lá, dando a entender que gostaria de possuí-lo. Perguntei se o aceitava de presente. Ele soltou um “hein?” e um “o que?”, para depois, sisudo, soltar um não sonoroso.
Quanto a Luiz Gonzaga, posso dizer que embora costumasse fazer “plantão” nas portas dos gabinetes de Brasília, em especial no gabinete da eminência parda e atual senador pelo PFL, hoje DEM – que fundou – Marco Maciel, não tirou o Rei do Baião vantagem nenhuma disso. Ele apenas interferia em favor da gente pobre da sua terra. Morreu se gabando disso, que levara luz, água, telefone e “até” uma agência do Banco do Brasil para Exu e que fora o responsável pelo fim das brigas sangrentas entre as famílias Sampaio, Alencar e Saraiva.
Patativa do Assaré era de direita e oportunista?
Não, nem uma coisa nem outra. Era apenas um analfabeto político, até poucos anos antes de morrer.
E Luiz Gonzaga?
O mesmo que Patativa.
No comportamento pessoal, de cidadão, ambos também se identificavam num ponto: eram autoritários com amigos e familiares. Falavam grosso...
A razão disso?
A ignorância, a falta de estudos. Mais do que nunca, acho que o meio forma a mente e faz o cidadão.
Diante disso tudo, mais uma coisa precisa ser dita: Patativa e Luiz Gonzaga foram gênios e o tempo e o povo nunca os esquecerão.
E chega!
Hoje não vou falar dos trolhas capitaneados por Renan etc.
O que aconteceu com Patativa do Assaré também aconteceu com o pernambucano Luiz Gonzaga, o rei do baião, e milhares de cidadãos do Nordeste, e não só do Nordeste, que num momento qualquer de fraqueza foram traídos por si próprios, isto é: pelo excesso de vaidade. E assim, ingenuamente, acabaram rendidos ao canto sereioso dos tubarões dos mares de lama que a nossa República parece, infelizmente, ter já se acostumado.
Patativa, coitado, caiu na besteira de aceitar uma cadeira de balanço como presente de aniversário ofertada pelo esperto ex-governador cearense Tarso Jereissati. E quase se lasca.
O poeta não era de aceitar favores de poderosos e nem de não-poderosos, como eu.
Certa vez em Assaré, por exemplo, fui surpreendido por sua curiosidade despertada por um gravadorzinho mixuruca, portátil, que, aliás, usei para entrevistá-lo (foto acima).
Ele adorava gravador, tanto que compôs um poema intitulado Dor Gravada, uma beleza.
Pois bem, o autor de A Triste Partida pegou o aparelhinho de gravar conversa e mexeu pra cá e mexeu pra lá, dando a entender que gostaria de possuí-lo. Perguntei se o aceitava de presente. Ele soltou um “hein?” e um “o que?”, para depois, sisudo, soltar um não sonoroso.
Quanto a Luiz Gonzaga, posso dizer que embora costumasse fazer “plantão” nas portas dos gabinetes de Brasília, em especial no gabinete da eminência parda e atual senador pelo PFL, hoje DEM – que fundou – Marco Maciel, não tirou o Rei do Baião vantagem nenhuma disso. Ele apenas interferia em favor da gente pobre da sua terra. Morreu se gabando disso, que levara luz, água, telefone e “até” uma agência do Banco do Brasil para Exu e que fora o responsável pelo fim das brigas sangrentas entre as famílias Sampaio, Alencar e Saraiva.
Patativa do Assaré era de direita e oportunista?
Não, nem uma coisa nem outra. Era apenas um analfabeto político, até poucos anos antes de morrer.
E Luiz Gonzaga?
O mesmo que Patativa.
No comportamento pessoal, de cidadão, ambos também se identificavam num ponto: eram autoritários com amigos e familiares. Falavam grosso...
A razão disso?
A ignorância, a falta de estudos. Mais do que nunca, acho que o meio forma a mente e faz o cidadão.
Diante disso tudo, mais uma coisa precisa ser dita: Patativa e Luiz Gonzaga foram gênios e o tempo e o povo nunca os esquecerão.
E chega!
Hoje não vou falar dos trolhas capitaneados por Renan etc.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
QUE VERGONHA!
É phoda.
Aqui neste espaço, eu disse anteontem e ontem da minha profunda tristeza por haver gente do meu Nordeste da laia e calibre horroroso de um Renan, de um Collor, de um Sarney e de tantos outros.
Sim, essa raça não presta!
É suja que só.
Tenho vergonha da maioria da bancada política nordestina, nas diversas esferas políticas em que agem...
O Brasil e nós brasileiros perdemos todos com a decisão tomada hoje pelo tal Conselho de Ética do Senado, que, por não sei quantos votos, enfiou debaixo do tapete as safadezas do rei do Maranhão, Sarney, eleito, aliás, com voto de cabresto pela gente humilde do Amapá; sofrida, manipulada, como manipulada continua sendo boa parte da gente trabalhadora do Acre, terra do Norte também cheia de nordestinos desde o começo dos anos de 1940 quando o pai dos pobres, Getúlio, enrolou os cearenses e outros do Nordeste para arrancar leite de árvore na Amazônia e, assim, “honrar” contrato com a praga do Tio Sam, durante a 2ª Grande Guerra.
Nesse ponto, um detalhe: os Aliados ganharam a guerra, mas em nenhum momento foi ressaltada a importância dos nordestinos, que viraram escravos na Amazônia, obrigados a tirar borracha de pé de pau para atender as necessidades bélicas dos vitoriosos...
O tal Conselho, como se sabe, resolveu arquivar todas as denúncias contra o bigodudo do Maranhão eleito pelo Amapá – repito – e que chegou (por acaso?) a governar o Brasil em proveito próprio; se vê hoje, ontem e anteontem...
Pura que pariu!
Como é que um cara desse naipe pode dormir em paz, Deus do céu?
E os cordelistas deste País onde estão que não escrevem e nem publicam nada a respeito?
A Constituição de 88 é democrática e nos permite dizer o que achamos sobre tudo, inclusive sobre políticos desonestos.
Ano que vem é ano de eleição, de novo.
Será que vamos acertar na escolha de boa gente para nos representar nos nossos anseios por um país melhor?
Acordemos gente, antes que nos manietem e nos calem.
O que diria Patativa do Assaré, hein?
Para ilustrar, um de seus belos poemas: Eu Quero.
Quero um chefe brasileiro
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha
Eu quero o agregado isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro
A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.
Antonio Gonçalves da Silva (foto acima), cuja biografia escrevi em 1999 (O Poeta do Povo, Vida e Obra de Patativa do Assaré, CPC-Umes; esgotado), é um dos personagens do filme O Milagre de Santa Luzia, do cineasta Sérgio Rozemblit, que assistirei sexta que vem. Aliás, a coleguinha Erika Teixeira, da Foco Jornalístico Assessoria de Imprensa, me faz uma correção: a sessão é aberta a qualquer jornalista, portanto não é pré-estréia. “A pré-estréia é segunda 24”, ela corrige.
Aqui neste espaço, eu disse anteontem e ontem da minha profunda tristeza por haver gente do meu Nordeste da laia e calibre horroroso de um Renan, de um Collor, de um Sarney e de tantos outros.
Sim, essa raça não presta!
É suja que só.
Tenho vergonha da maioria da bancada política nordestina, nas diversas esferas políticas em que agem...
O Brasil e nós brasileiros perdemos todos com a decisão tomada hoje pelo tal Conselho de Ética do Senado, que, por não sei quantos votos, enfiou debaixo do tapete as safadezas do rei do Maranhão, Sarney, eleito, aliás, com voto de cabresto pela gente humilde do Amapá; sofrida, manipulada, como manipulada continua sendo boa parte da gente trabalhadora do Acre, terra do Norte também cheia de nordestinos desde o começo dos anos de 1940 quando o pai dos pobres, Getúlio, enrolou os cearenses e outros do Nordeste para arrancar leite de árvore na Amazônia e, assim, “honrar” contrato com a praga do Tio Sam, durante a 2ª Grande Guerra.
Nesse ponto, um detalhe: os Aliados ganharam a guerra, mas em nenhum momento foi ressaltada a importância dos nordestinos, que viraram escravos na Amazônia, obrigados a tirar borracha de pé de pau para atender as necessidades bélicas dos vitoriosos...
O tal Conselho, como se sabe, resolveu arquivar todas as denúncias contra o bigodudo do Maranhão eleito pelo Amapá – repito – e que chegou (por acaso?) a governar o Brasil em proveito próprio; se vê hoje, ontem e anteontem...
Pura que pariu!
Como é que um cara desse naipe pode dormir em paz, Deus do céu?
E os cordelistas deste País onde estão que não escrevem e nem publicam nada a respeito?
A Constituição de 88 é democrática e nos permite dizer o que achamos sobre tudo, inclusive sobre políticos desonestos.
Ano que vem é ano de eleição, de novo.
Será que vamos acertar na escolha de boa gente para nos representar nos nossos anseios por um país melhor?
Acordemos gente, antes que nos manietem e nos calem.
O que diria Patativa do Assaré, hein?
Para ilustrar, um de seus belos poemas: Eu Quero.
Quero um chefe brasileiro
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver
Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal
Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha
Eu quero o agregado isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro
A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária
Finalmente meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.
Antonio Gonçalves da Silva (foto acima), cuja biografia escrevi em 1999 (O Poeta do Povo, Vida e Obra de Patativa do Assaré, CPC-Umes; esgotado), é um dos personagens do filme O Milagre de Santa Luzia, do cineasta Sérgio Rozemblit, que assistirei sexta que vem. Aliás, a coleguinha Erika Teixeira, da Foco Jornalístico Assessoria de Imprensa, me faz uma correção: a sessão é aberta a qualquer jornalista, portanto não é pré-estréia. “A pré-estréia é segunda 24”, ela corrige.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
A POÉTICA FRANCESA NA CASA DAS ROSAS
Por sugestão minha, o repórter do extinto Diário Popular Donizeti Costa solicitou ao cordelista e xilogravurista J. Barros que compusesse, em fins de maio de 1997, algumas estrofes sobre o pega-pra-capar entre os ex-craques do Palmeiras e do Corinthians, Viola e Mirandinha.
Era costume do centroavante corinthiano provocar os goleiros adversários.
Numa ocasião, ele disse que o palmeirense Veloso estava ficando careca de tanto engolir gols seus. Viola fez disso suas dores e rebateu, dizendo: “O Mirandinha não pensa muito antes de falar, até porque ele veio do Nordeste e não é uma pessoa culta”.
Pronto, o qüiproquó estava feito.
E lá vieram os versos de Barros, pondo panos quentes na história:
Esse grande jogador
Parece falar com a bola
Chutando-a para o gol
Ela vai, não descontrola,
Mirandinha é bom no chute
E bom também na viola.
Ele é quem lembra o Nordeste
Fingindo toca viola
Correndo dentro do campo
Parece que é de mola
Parabenizo o craque,
Grande jogador de bola.
Acho que foi essa a única vez que J. Barros fez sextilhas falando de jogador e futebol.
Ah! Quando sugeri a Donizeti que J. Barros escrevesse algo sobre o bate boca entre Mirandinha e Viola, sugeri também que ele fosse remunerado por isso. E foi. Como acho que foi também o poeta repentista, Lourinaldo Vitorino, que também participou da matéria que, aliás, foi capa do suplemento Já Diário Popular, edição 31, Ano 1, de 8 de junho de 1997. Chamada: “Oxente! O craque Viola, do Palmeiras, ofende o corinthiano Mirandinha e, por tabela, mais de 3 milhões de pessoas que fazem da Grande São Paulo a maior cidade nordestina do País”.
Fica o registro.
...............................
E com relação ao que sucede na casa de mãe Joana, isto é no Senado brasileiro, eu disse ontem neste espaço sentir vergonha de figuras como Renan, Collor, Sarney e outros tais. Por quê? Porque são lamentáveis e são do Nordeste em que nasci. Além de vergonha, tenho pena de nomes como esses, que integram a bancada nordestina.
Mas o Brasil tem jeito. Ora se tem!
E cadê os cordelistas Marco Haurélio, Moreira de Acopiara, João Gomes, Klévisson Viana, Arievaldo e Varneci que não escrevem em versos as safadezas que estão rolando há tempos no Senado, hein? Isso é preciso. Vamos mexer nisso, minha gente.
.............................
o pau tá comendo, entre Globo e Record. Temos todos a ganhar com essa briga. É esperar para ver.
...........................
Quanto à gripe dita suína, mais uma coisa: nunca imaginei que água benta e hóstia fizessem mal a alguém. Agora vem a CNBB proibir isso aos fiéis no Nordeste. É o que eu disse ontem: tamifludidos.
..........................
Sexta-feira tem pré estréia do documentário de Sérgio Rozemblit, O Milagre de Santa Luzia, no Unibanco Frei Caneca, às 10:30. Irei. A foto que ilustra o texto de hoje é do sanfoneiro e compositor Mário Zan, que conheci bem e que participou de vários programas meus nas rádios Capital e Jovem Pan e que costumava freqüentar meu escritório na Avenida Paulista, como também o fazia João Pacífico. Escrevi muito a respeito de Zan, como escrevi a respeito de Patativa, Sivuca, Domninguinhos...
........................
Na mesma sexta 21, às 20 horas, outro programa imperdível. Dessa vez no Espaço Haroldo de Campos da Casa das Rosas, ali na Avenida Paulista, 37: lançamento do catálogo da exposição Poesia Experimental Francesa: Zona Digital. Também estarei lá, junto com a produtora cultural Andrea Lago e o pessoal da Luminar.
.............................
Este blog está cumprindo com a sua finalidade, embora eu ainda não saiba direito como fazer para que o maior número de pessoas o acessem e opinem sobre o que é posto por mim nele. Deve haver um jeito... Para minha alegria, foi a partir deste espaço que tomei conhecimento do paradeiro de um dos meus grandes amigos: Marco Zanfra, ao lado de quem trabalhei nas Folhas. Bons tempos!
Era costume do centroavante corinthiano provocar os goleiros adversários.
Numa ocasião, ele disse que o palmeirense Veloso estava ficando careca de tanto engolir gols seus. Viola fez disso suas dores e rebateu, dizendo: “O Mirandinha não pensa muito antes de falar, até porque ele veio do Nordeste e não é uma pessoa culta”.
Pronto, o qüiproquó estava feito.
E lá vieram os versos de Barros, pondo panos quentes na história:
Esse grande jogador
Parece falar com a bola
Chutando-a para o gol
Ela vai, não descontrola,
Mirandinha é bom no chute
E bom também na viola.
Ele é quem lembra o Nordeste
Fingindo toca viola
Correndo dentro do campo
Parece que é de mola
Parabenizo o craque,
Grande jogador de bola.
Acho que foi essa a única vez que J. Barros fez sextilhas falando de jogador e futebol.
Ah! Quando sugeri a Donizeti que J. Barros escrevesse algo sobre o bate boca entre Mirandinha e Viola, sugeri também que ele fosse remunerado por isso. E foi. Como acho que foi também o poeta repentista, Lourinaldo Vitorino, que também participou da matéria que, aliás, foi capa do suplemento Já Diário Popular, edição 31, Ano 1, de 8 de junho de 1997. Chamada: “Oxente! O craque Viola, do Palmeiras, ofende o corinthiano Mirandinha e, por tabela, mais de 3 milhões de pessoas que fazem da Grande São Paulo a maior cidade nordestina do País”.
Fica o registro.
...............................
E com relação ao que sucede na casa de mãe Joana, isto é no Senado brasileiro, eu disse ontem neste espaço sentir vergonha de figuras como Renan, Collor, Sarney e outros tais. Por quê? Porque são lamentáveis e são do Nordeste em que nasci. Além de vergonha, tenho pena de nomes como esses, que integram a bancada nordestina.
Mas o Brasil tem jeito. Ora se tem!
E cadê os cordelistas Marco Haurélio, Moreira de Acopiara, João Gomes, Klévisson Viana, Arievaldo e Varneci que não escrevem em versos as safadezas que estão rolando há tempos no Senado, hein? Isso é preciso. Vamos mexer nisso, minha gente.
.............................
o pau tá comendo, entre Globo e Record. Temos todos a ganhar com essa briga. É esperar para ver.
...........................
Quanto à gripe dita suína, mais uma coisa: nunca imaginei que água benta e hóstia fizessem mal a alguém. Agora vem a CNBB proibir isso aos fiéis no Nordeste. É o que eu disse ontem: tamifludidos.
..........................
Sexta-feira tem pré estréia do documentário de Sérgio Rozemblit, O Milagre de Santa Luzia, no Unibanco Frei Caneca, às 10:30. Irei. A foto que ilustra o texto de hoje é do sanfoneiro e compositor Mário Zan, que conheci bem e que participou de vários programas meus nas rádios Capital e Jovem Pan e que costumava freqüentar meu escritório na Avenida Paulista, como também o fazia João Pacífico. Escrevi muito a respeito de Zan, como escrevi a respeito de Patativa, Sivuca, Domninguinhos...
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Na mesma sexta 21, às 20 horas, outro programa imperdível. Dessa vez no Espaço Haroldo de Campos da Casa das Rosas, ali na Avenida Paulista, 37: lançamento do catálogo da exposição Poesia Experimental Francesa: Zona Digital. Também estarei lá, junto com a produtora cultural Andrea Lago e o pessoal da Luminar.
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Este blog está cumprindo com a sua finalidade, embora eu ainda não saiba direito como fazer para que o maior número de pessoas o acessem e opinem sobre o que é posto por mim nele. Deve haver um jeito... Para minha alegria, foi a partir deste espaço que tomei conhecimento do paradeiro de um dos meus grandes amigos: Marco Zanfra, ao lado de quem trabalhei nas Folhas. Bons tempos!
TAMIFLUDIDOS
O sem-papas na língua Pedro Simon comparou hoje o Senado a uma espécie de sucursal do inferno, e que tal deve-se ao presidente da República, Sr. Luís Inácio. Ao fim, o temido senador pediu novamente a renúncia do velho coronel Sarney, que por sua vez disse ser vítima de uma campanha nazista e que a imprensa é a culpada por sua desgraça.
Ai, ai, como eu me envergonho dessa coisa toda.
Envergonho-me de ver que n´alguma parte do Nordeste há coisas tão feias, como Renan, Collor, Sarney e tantas.
A oportuna comparação de Simon feita enquanto labaredas enormes lambiam terras e engoliam árvores nas proximidades do Congresso, me fez lembrar o folheto A Chegada de Lampião ao Inferno, clássico do cordel nacional do pernambucano de Corrientes José Pacheco.
Na história fictícia de Pacheco, nem o cão quer o capitão Lampião.
E na história real, Lampião quereria o velho coronel do Maranhão?
E onde estão os cordelistas que não contam essa loucura toda em versos de sete linhas?
Cadê você, Klévison Viana? E você, Marco Haurélio? E você Arievaldo?
Poxa vida, por onde anda esses grandes cordelistas?
Eu se fosse eles já teria posto na rua um bom punhado de folhetos contando as diabruras de Sarney, Renan, Collor e outros e outros.
.............
E o Jota Barros, hein? Foi-se embora, acho que com raiva dos nossos representantes na Ilha da Fantasia.
O Jota, cujo nome todo era João Antônio de Barros, nascido em Glória de Goitá, PE, era dos que respeitavam calça comprida.
Amanhã falarei um pouco mais sobre esse grande cordelista, que partiu para a eternidade no dia 11 deste mês de cachorro louco.
.........
Enquanto isso, a tal gripe suína continua esgotando os estoques de Tamiflu das farmácias brasileiras. A continuar assim, acreditando na indústria farmacêutica, tamifludidos mesmo!
............
Uma coisa boa? O filme documentário O Milagre de Santa Luzia, de Sérgio Rozemblit, que traz as últimas imagens do peota Patativa do Assaré e dos sanfoneiros compositores Sivuca e Mário Zan. Dominguinhos é destaque, me dizem. Vou assistir sexta, no Frei Caneca. A respeito, direi algo mais amanhã.
Ai, ai, como eu me envergonho dessa coisa toda.
Envergonho-me de ver que n´alguma parte do Nordeste há coisas tão feias, como Renan, Collor, Sarney e tantas.
A oportuna comparação de Simon feita enquanto labaredas enormes lambiam terras e engoliam árvores nas proximidades do Congresso, me fez lembrar o folheto A Chegada de Lampião ao Inferno, clássico do cordel nacional do pernambucano de Corrientes José Pacheco.
Na história fictícia de Pacheco, nem o cão quer o capitão Lampião.
E na história real, Lampião quereria o velho coronel do Maranhão?
E onde estão os cordelistas que não contam essa loucura toda em versos de sete linhas?
Cadê você, Klévison Viana? E você, Marco Haurélio? E você Arievaldo?
Poxa vida, por onde anda esses grandes cordelistas?
Eu se fosse eles já teria posto na rua um bom punhado de folhetos contando as diabruras de Sarney, Renan, Collor e outros e outros.
.............
E o Jota Barros, hein? Foi-se embora, acho que com raiva dos nossos representantes na Ilha da Fantasia.
O Jota, cujo nome todo era João Antônio de Barros, nascido em Glória de Goitá, PE, era dos que respeitavam calça comprida.
Amanhã falarei um pouco mais sobre esse grande cordelista, que partiu para a eternidade no dia 11 deste mês de cachorro louco.
.........
Enquanto isso, a tal gripe suína continua esgotando os estoques de Tamiflu das farmácias brasileiras. A continuar assim, acreditando na indústria farmacêutica, tamifludidos mesmo!
............
Uma coisa boa? O filme documentário O Milagre de Santa Luzia, de Sérgio Rozemblit, que traz as últimas imagens do peota Patativa do Assaré e dos sanfoneiros compositores Sivuca e Mário Zan. Dominguinhos é destaque, me dizem. Vou assistir sexta, no Frei Caneca. A respeito, direi algo mais amanhã.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
O BIXIGA DE ARMANDINHO, ADONIRAN, RAGO...
Acabo de ler Memórias de Armandinho do Bixiga, ditadas ao jornalista Júlio Moreno. O livro, excepcional e esgotado, saiu pela editora SENAC de São Paulo em 1996, dois anos após o desaparecimento de Armando Puglisi, o Armandinho, que conheci de perto pouco antes de nascer o Museu do Bixiga, com “i”, por ele mesmo criado.
A cada virada de página, nomes de amigos e lembranças iam surgindo.
Uns ainda por cá, como o querido José Sebastião Witter.
Outros já no chamado andar de cima, como Roberto Fioravanti, Antônio Rago, Francisco Petrônio, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa.
O professor Witter, da USP, experiente e sério na prática de revirar a história à procura de verdades, eu conheci nos anos de 1980.
À época, eu trabalhava como repórter para o grupo Folha, do Frias pai; hoje, do Frias filho.
Ao lado de Witter, um cidadão incrível como Armandinho, eu tomei prazerosamente muitos dedos de cana, ao tempo em que ele comandava o Arquivo Público do Estado, ali na Rua Marquês der Paranaguá, próximo à 4ª DP.
Eu costumava ir ao arquivo em busca de informações para meus artigos e reportagens...
Ler o livro é o mesmo que ouvir Armandinho em conversa com amigos.
Fala fácil, alegre, fluente.
Nesse ritmo, as informações vão surgindo da memória privilegiada do bom Armando que, como Adoniran, não aceitava que chamassem o Bixiga de Bela Vista.
“Na verdade, eu faço uma distinção”, ele diz à pág. 117: “O Bixiga é o centro da Bela Vista, embora o Bixiga não exista oficialmente”.
Uma máxima que repetia sempre: “O Bixiga é um estado de espírito”. E exemplificava: “Você sente quando está no Bixiga, você cheira a Bixiga”.
Duas páginas adiante, ele nos dá o mapeamento que fez da região:
“Sempre a divisão do Bixiga foi (avenida) 9 de Julho, (avenida) Brigadeiro e uma linha imaginária, a (rua) Ribeirão Preto. É um triângulo. Do lado de lá da Brigadeiro sempre foi (avenida) Liberdade. Até o Paramount (antes teatro, hoje cinema) é Liberdade. Mas quando construíram a (avenida) 23 de Maio, o pessoal da Liberdade começou a achar que a divisa da Liberdade era a 23. Nós continuamos com a onda e aquele pedaço ficou órfão. É onde estão os Arcos do Bixiga, a Vila Itororó, um dos monumentos fantásticos. É onde você cheira a Bixiga. Fizemos um movimento e adotamos aquela parte. Agora o Bixiga pega também a (rua) Asdrúbal do Nascimento, a 23, tudo do lado de cá, sobe a (rua) Pedroso e pega a Brigadeiro, Ribeirão Preto e 9 de Julho...”.
Depois de falar da morte de Pato n´Água, que virou tema de música de Geraldo Filme (Silêncio no Bixiga), Armandinho conta que foi ele quem sugeriu ao prefeito Faria Lima que homenageasse o violinista e compositor Alberto Marino, autor da valsa Rapaziada do Brás, com seu nome num viaduto. Sugestão aceita. O viaduto é o que passa sobre a extinta porteira do Brás, também tema de várias músicas, uma delas cantada por Nélson Gonçalves.
Acho que todos os bairros de São Paulo deveriam ter sua história contada da forma como Armandinho contou o Bixiga.
....................
PLOCAS & BOAS
- Pelo jeito, o Sarney não cai nem a pau. E se cair, cairá de pé: é o jeito sacana de fazer política...
- Incrível: agora é o próprio Jesus Cristo quem está assinando diploma e oferecendo a chave do céu como prêmio aos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. É ou não é um caso de polícia?
- Pela TV Aberta, os titulares do programa Em Cartaz Atílio e Roberta Bari entrevistam amanhã ao meio-dia o escritor Roniwalter Jatobá, que está lançando o livro O Jovem Luiz Gonzaga, pela editora Nova Alexandria. Canais Net, TVA Digital...
A cada virada de página, nomes de amigos e lembranças iam surgindo.
Uns ainda por cá, como o querido José Sebastião Witter.
Outros já no chamado andar de cima, como Roberto Fioravanti, Antônio Rago, Francisco Petrônio, Geraldo Filme, Adoniran Barbosa.
O professor Witter, da USP, experiente e sério na prática de revirar a história à procura de verdades, eu conheci nos anos de 1980.
À época, eu trabalhava como repórter para o grupo Folha, do Frias pai; hoje, do Frias filho.
Ao lado de Witter, um cidadão incrível como Armandinho, eu tomei prazerosamente muitos dedos de cana, ao tempo em que ele comandava o Arquivo Público do Estado, ali na Rua Marquês der Paranaguá, próximo à 4ª DP.
Eu costumava ir ao arquivo em busca de informações para meus artigos e reportagens...
Ler o livro é o mesmo que ouvir Armandinho em conversa com amigos.
Fala fácil, alegre, fluente.
Nesse ritmo, as informações vão surgindo da memória privilegiada do bom Armando que, como Adoniran, não aceitava que chamassem o Bixiga de Bela Vista.
“Na verdade, eu faço uma distinção”, ele diz à pág. 117: “O Bixiga é o centro da Bela Vista, embora o Bixiga não exista oficialmente”.
Uma máxima que repetia sempre: “O Bixiga é um estado de espírito”. E exemplificava: “Você sente quando está no Bixiga, você cheira a Bixiga”.
Duas páginas adiante, ele nos dá o mapeamento que fez da região:
“Sempre a divisão do Bixiga foi (avenida) 9 de Julho, (avenida) Brigadeiro e uma linha imaginária, a (rua) Ribeirão Preto. É um triângulo. Do lado de lá da Brigadeiro sempre foi (avenida) Liberdade. Até o Paramount (antes teatro, hoje cinema) é Liberdade. Mas quando construíram a (avenida) 23 de Maio, o pessoal da Liberdade começou a achar que a divisa da Liberdade era a 23. Nós continuamos com a onda e aquele pedaço ficou órfão. É onde estão os Arcos do Bixiga, a Vila Itororó, um dos monumentos fantásticos. É onde você cheira a Bixiga. Fizemos um movimento e adotamos aquela parte. Agora o Bixiga pega também a (rua) Asdrúbal do Nascimento, a 23, tudo do lado de cá, sobe a (rua) Pedroso e pega a Brigadeiro, Ribeirão Preto e 9 de Julho...”.
Depois de falar da morte de Pato n´Água, que virou tema de música de Geraldo Filme (Silêncio no Bixiga), Armandinho conta que foi ele quem sugeriu ao prefeito Faria Lima que homenageasse o violinista e compositor Alberto Marino, autor da valsa Rapaziada do Brás, com seu nome num viaduto. Sugestão aceita. O viaduto é o que passa sobre a extinta porteira do Brás, também tema de várias músicas, uma delas cantada por Nélson Gonçalves.
Acho que todos os bairros de São Paulo deveriam ter sua história contada da forma como Armandinho contou o Bixiga.
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PLOCAS & BOAS
- Pelo jeito, o Sarney não cai nem a pau. E se cair, cairá de pé: é o jeito sacana de fazer política...
- Incrível: agora é o próprio Jesus Cristo quem está assinando diploma e oferecendo a chave do céu como prêmio aos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. É ou não é um caso de polícia?
- Pela TV Aberta, os titulares do programa Em Cartaz Atílio e Roberta Bari entrevistam amanhã ao meio-dia o escritor Roniwalter Jatobá, que está lançando o livro O Jovem Luiz Gonzaga, pela editora Nova Alexandria. Canais Net, TVA Digital...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
A BAIXARIA CONTINUA NO SENADO
Sem dúvida, a noite de ontem foi agradável.
Até pareceu que São Paulo parou para curtir a onda em torno do rei do baião, Luiz Gonzaga. Aliás, eu e Andrea ficamos por horas presos no trânsito. Na Amaral Gurgel, nada andava. Nem em cima, nem embaixo. Tudo parado. Buzinas loucas. Um caos dos infernos! Chegamos atrasados à Casa das Rosas. Umas trezentas pessoas lá, nos esperando. A rainha do forró, Anastácia, calmíssima. Roniwalter, com sorriso mineiro novo na cara, só paciência. Uns não foram. Jurubeba na roda, garçom servindo água e coca. Mais uns docinhos. Fiquei na água. Ângela Coelho abriu a noite ao microfone, dizendo coisas bonitas e me chamando depois. Fred todo sorrisos, após constatar o sucesso da sua iniciativa, ao reservar espaço pra curtição e dança, com palco e tudo. Chumbinho da Sanfona, acompanhado de triângulo e zabumba, deu susto ao bater o carro no caminho, mas nenhum ferido. No meio tempo, no palco, Anastácia, Luiz Wilson e Júbilo Jacobino, depois Costa Senna. Marcos Haurélio e trupe da Nova Alexandria não continham a alegria. O repentista Sebastião Marinho foi se chegando, perdendo a timidez junto com os cordelistas João Gomes e o galego Varneci Nascimento, entre outros. Júbilo mandou a foto que encima o texto, na qual aparecem, em primeiro plano, Andrea, Anastácia e Roni. E chega! Quem não foi perdeu.
...........
No ar, agora, entrevista que dei a Robson Gil Gazzola, comandante do programa São Paulo, uma Cidade Curiosa, pela TV Aberta e canais Net e TVA. Será reprisada no correr da semana. Avisarei o dia e hora. Tema? Luiz Gonzaga. Quinta que vem será a vez de Roniwalter Jatobá, que também comparecerá ao programa de Paulinho Rosa, na USP, para falar também sobre o criador do baião.
...............
PLOCAS & BOAS
- O dia 7 amanhecerá com nova proibição: fumar em canto nenhum. Tomara que isso valha também para o pessoal da Cracolândia.
- Enquanto isso a baixaria continua no Senado. Depois de Collor esculhambar Pedro Simon anteontem, hoje à tarde foi a vez de Renan chamar Tasso Jereissati de “coronel de merda”, que revidou chamando-o de “cangaceiro de terceira categoria”.
- E o Sarney, hein? Continua irredutível no seu propósito de não largar a presidência do Senado. Ah! E você aí, mortalzinho, sabe quanto o homem do bigode subtrai mensalmente dos cofres públicos? R$ 52 mil, o dobro do que permite a Constituição. Irritado, ele agora pede ao presidente da Câmara, Michel Temer, que puna o deputado petista Domingos Dutra por “quebra de decoro parlamentar”. Pode? E o que fez Dutra? Ora, apenas tornou público um livreto de sua autoria no qual compara Sarney a camaleões, por mudar de cor e posição. E por falar em livreto, um novo folheto de Miguezim de Princesa, O Bigode da Nação, que cabo de receber:
Presidente Zé Sarney,
Queira ao menos me explicar
Se tudo o que o senhor faz
Há como fundamentar:
Se é coisa consciente
Ou, se o assunto é parente,
Costuma se abilolar?
Pois um homem experiente,
Que nunca perdeu uma meta,
Que apoiou a ditadura
E a renegou na indireta
Ao se eleger com Tancredo,
Vai se lascar no segredo
Do namorado da neta!
Vai se perder na hospedagem
Do cabra lá de Codó
(Vereador muambeiro,
Babão de uma conversa só,
Exímio catimbozeiro,
Pomba-gira de terreiro,
Amarrador de cipó)?
Como dizia Platão,
Tu és do primeiro time,
Rei, príncipe, seja o que for,
Comandante do regime,
Pra cujas falhas a pena
Não passa de cantilena,
Não existe nem redime.
Quem sabe, não foi por isso,
Engolfado nos milhões,
Que pra ti virou besteira
O destino dos tostões
Desviados de Brasília,
Que são troco da família
De assinalados barões.
E aí o presidente,
A nossa máxima excelência,
Hierarquizou o crime,
Nos pedindo paciência:
Simples mortais, a prisão;
Quem representa cifrão
Tem inteira complacência!
O Brasil do Bolsa-Fome,
Que vive na precisão,
De milhões que nunca viram
A luz da educação,
Suporta agora quieto
Seiscentos atos secretos
No bigode da Nação.
Atire a primeira pedra,
Senador ou deputado,
E eu de cá escutando
A coruja no telhado
Ou algum bicho agoureiro
Campanado no poleiro
Esperando o resultado.
A campanha dos jornais
Escolheu José Sarney:
Ele é a bola da vez
(Da minha lista eu rifei),
Mas eu conheço mais gente,
Supostamente decente,
Em quem não apostarei.
E para finalizar,
Peço a Sarney atenção:
Beiço não é arroz doce,
Polenta não é pirão;
Jumenta nunca foi égua;
Compasso nunca foi régua;
Brasil não é sua mansão!
Até pareceu que São Paulo parou para curtir a onda em torno do rei do baião, Luiz Gonzaga. Aliás, eu e Andrea ficamos por horas presos no trânsito. Na Amaral Gurgel, nada andava. Nem em cima, nem embaixo. Tudo parado. Buzinas loucas. Um caos dos infernos! Chegamos atrasados à Casa das Rosas. Umas trezentas pessoas lá, nos esperando. A rainha do forró, Anastácia, calmíssima. Roniwalter, com sorriso mineiro novo na cara, só paciência. Uns não foram. Jurubeba na roda, garçom servindo água e coca. Mais uns docinhos. Fiquei na água. Ângela Coelho abriu a noite ao microfone, dizendo coisas bonitas e me chamando depois. Fred todo sorrisos, após constatar o sucesso da sua iniciativa, ao reservar espaço pra curtição e dança, com palco e tudo. Chumbinho da Sanfona, acompanhado de triângulo e zabumba, deu susto ao bater o carro no caminho, mas nenhum ferido. No meio tempo, no palco, Anastácia, Luiz Wilson e Júbilo Jacobino, depois Costa Senna. Marcos Haurélio e trupe da Nova Alexandria não continham a alegria. O repentista Sebastião Marinho foi se chegando, perdendo a timidez junto com os cordelistas João Gomes e o galego Varneci Nascimento, entre outros. Júbilo mandou a foto que encima o texto, na qual aparecem, em primeiro plano, Andrea, Anastácia e Roni. E chega! Quem não foi perdeu.
...........
No ar, agora, entrevista que dei a Robson Gil Gazzola, comandante do programa São Paulo, uma Cidade Curiosa, pela TV Aberta e canais Net e TVA. Será reprisada no correr da semana. Avisarei o dia e hora. Tema? Luiz Gonzaga. Quinta que vem será a vez de Roniwalter Jatobá, que também comparecerá ao programa de Paulinho Rosa, na USP, para falar também sobre o criador do baião.
...............
PLOCAS & BOAS
- O dia 7 amanhecerá com nova proibição: fumar em canto nenhum. Tomara que isso valha também para o pessoal da Cracolândia.
- Enquanto isso a baixaria continua no Senado. Depois de Collor esculhambar Pedro Simon anteontem, hoje à tarde foi a vez de Renan chamar Tasso Jereissati de “coronel de merda”, que revidou chamando-o de “cangaceiro de terceira categoria”.
- E o Sarney, hein? Continua irredutível no seu propósito de não largar a presidência do Senado. Ah! E você aí, mortalzinho, sabe quanto o homem do bigode subtrai mensalmente dos cofres públicos? R$ 52 mil, o dobro do que permite a Constituição. Irritado, ele agora pede ao presidente da Câmara, Michel Temer, que puna o deputado petista Domingos Dutra por “quebra de decoro parlamentar”. Pode? E o que fez Dutra? Ora, apenas tornou público um livreto de sua autoria no qual compara Sarney a camaleões, por mudar de cor e posição. E por falar em livreto, um novo folheto de Miguezim de Princesa, O Bigode da Nação, que cabo de receber:
Presidente Zé Sarney,
Queira ao menos me explicar
Se tudo o que o senhor faz
Há como fundamentar:
Se é coisa consciente
Ou, se o assunto é parente,
Costuma se abilolar?
Pois um homem experiente,
Que nunca perdeu uma meta,
Que apoiou a ditadura
E a renegou na indireta
Ao se eleger com Tancredo,
Vai se lascar no segredo
Do namorado da neta!
Vai se perder na hospedagem
Do cabra lá de Codó
(Vereador muambeiro,
Babão de uma conversa só,
Exímio catimbozeiro,
Pomba-gira de terreiro,
Amarrador de cipó)?
Como dizia Platão,
Tu és do primeiro time,
Rei, príncipe, seja o que for,
Comandante do regime,
Pra cujas falhas a pena
Não passa de cantilena,
Não existe nem redime.
Quem sabe, não foi por isso,
Engolfado nos milhões,
Que pra ti virou besteira
O destino dos tostões
Desviados de Brasília,
Que são troco da família
De assinalados barões.
E aí o presidente,
A nossa máxima excelência,
Hierarquizou o crime,
Nos pedindo paciência:
Simples mortais, a prisão;
Quem representa cifrão
Tem inteira complacência!
O Brasil do Bolsa-Fome,
Que vive na precisão,
De milhões que nunca viram
A luz da educação,
Suporta agora quieto
Seiscentos atos secretos
No bigode da Nação.
Atire a primeira pedra,
Senador ou deputado,
E eu de cá escutando
A coruja no telhado
Ou algum bicho agoureiro
Campanado no poleiro
Esperando o resultado.
A campanha dos jornais
Escolheu José Sarney:
Ele é a bola da vez
(Da minha lista eu rifei),
Mas eu conheço mais gente,
Supostamente decente,
Em quem não apostarei.
E para finalizar,
Peço a Sarney atenção:
Beiço não é arroz doce,
Polenta não é pirão;
Jumenta nunca foi égua;
Compasso nunca foi régua;
Brasil não é sua mansão!
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
RONIWALTER JATOBÁ E O JOVEM LUIZ GONZAGA
Luiz Gonzaga, o rei do baião, não era santo e nem deixou procuração para eu falar bem ou mal dele.
E nem carecia.
Quem me conhece sabe que a mim me basta falar do que presta na vida brasileira, notadamente no tocante às artes, à cultura popular.
E Gonzaga prestava.
Após uma surra lascada que a mãe Santana e o pai Januário lhe deram aos 17 anos, por se engraçar da filha de um poderoso de Exu, terra onde nasceu, partiu pras ordens no Exército e depois pro deus-dará no oco do mundo, que por um tempo se chamou zona do mangue carioca, onde chafurdou e chafurdou até ser chamado pra substituir um sanfoneiro numa gravação nos estúdios da finada Victor.
E aí sua vida mudou.
Antes, nas rodas do mangue, conheceu um garoto de nome Armando, que viria a ser ministro do “nada a declarar”, lembram? Dos tempos do Figueiredo, o general que preferia cheiro de cavalo a cheiro de povo e que um dia pediu para “ser esquecido”, lembram? Está no inferno.
Pois bem, o garoto era um garoto como tantos. Estudante de Direito, no Rio. Nordestino, incentivou Gonzaga a tocar as cantigas da sua terra.
Nada demais.
Entre 1941 e 1945, Gonzaga lançou 24 discos, apenas como sanfoneiro-compositor.
Em 46, escolheu o grupo Quatro Azes e um Coringa para lançar o baião.
Em 47, gravou Asa Branca com o grupo do Canhoto.
Ninguém apostava, achava que não ia muito longe.
O ano de 49 chegou com Gonzaga sendo procurado por políticos para compor um jingle contra José Américo. Nasce o baião Paraíba, que Emilinha Borba lançou em março do ano seguinte, com um sucesso da gota serena.
A partir daí, Gonzaga fez jingles para Jânio, Lacerda, JB (candidato de Carvalho Pinto e primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta) e Humberto Teixeira, que se elegeu deputado federal, facilmente.
Antes e depois disso, ele cantou para Dutra, Getúlio, Eva Perón e mais meio mundo.
Notaram? Hoje ele está cantando melhor do que nunca.
Mas não fosse o lançamento do novo livro do mineiro Roniwalter Jatobá, O Jovem Luiz Gonzaga, na Casa das Rosas a partir das 19 horas, os 20 anos do desaparecimento do Rei do Baião passaria despercebido, pelo menos cá em Sampa.
Que coisa!
A rainha do forró Anastácia e trio liderado por Chumbinho estarão conosco.
Ao lado de Anastácia, estará também Terezinha da Sanfona, líder do grupo feminino Karolinas com K, de Recife.
Vamos todos lá? Avenida Paulista, 37, próximo à estação Brigadeiro do metrô.
....................
PLOCAS & BOAS
- E o Sarney, hein?
- E a tal gripe suína? Quem está gostando disso é a indústria farmacêutica, eu já disse. Por que os coleguinhas da imprensa não explicam a razão de tanto barulho, hein?
- Barão do Pandeiro aniversaria sábado. Você sabe quem é Barão do Pandeiro? Vá um domingo desse à Banca do Choro no Mercado Municipal Paulistano que ficará sabendo. É dos bons e com seus 70 nos nunca gravou um disco. Não liga.
- Acabo de receber o Dicionário de Filmes Brasileiros Longa Metragem, de Antonio Leão da Silva Neto, já na 2ª edição revista e atualizada, lançado com apoio do Ministério da Cultura, através de um dos seus braços, a Secretaria do Audiovisual. O Instituto Brasileiro Arte e Cultura, Ibac, aparece como instituição apoiadora. O livro, escrito por quem é do ramo, traz títulos e sinopses de filmes brasileiros rodados entre 1908 e este ano de 2009. No total, são 4.194 filmes. Na página 908, há o registro de Saudade do Futuro, uma produção franco-brasileira dirigida por Cesar Paes e Marie-Clémence, e que teve por base o livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, do papai aqui, que, aliás, aparece n´algumas cenas. dizem as más línguas que Marlon Brando apressou sua ida o céu depois de me ver em ação...
E nem carecia.
Quem me conhece sabe que a mim me basta falar do que presta na vida brasileira, notadamente no tocante às artes, à cultura popular.
E Gonzaga prestava.
Após uma surra lascada que a mãe Santana e o pai Januário lhe deram aos 17 anos, por se engraçar da filha de um poderoso de Exu, terra onde nasceu, partiu pras ordens no Exército e depois pro deus-dará no oco do mundo, que por um tempo se chamou zona do mangue carioca, onde chafurdou e chafurdou até ser chamado pra substituir um sanfoneiro numa gravação nos estúdios da finada Victor.
E aí sua vida mudou.
Antes, nas rodas do mangue, conheceu um garoto de nome Armando, que viria a ser ministro do “nada a declarar”, lembram? Dos tempos do Figueiredo, o general que preferia cheiro de cavalo a cheiro de povo e que um dia pediu para “ser esquecido”, lembram? Está no inferno.
Pois bem, o garoto era um garoto como tantos. Estudante de Direito, no Rio. Nordestino, incentivou Gonzaga a tocar as cantigas da sua terra.
Nada demais.
Entre 1941 e 1945, Gonzaga lançou 24 discos, apenas como sanfoneiro-compositor.
Em 46, escolheu o grupo Quatro Azes e um Coringa para lançar o baião.
Em 47, gravou Asa Branca com o grupo do Canhoto.
Ninguém apostava, achava que não ia muito longe.
O ano de 49 chegou com Gonzaga sendo procurado por políticos para compor um jingle contra José Américo. Nasce o baião Paraíba, que Emilinha Borba lançou em março do ano seguinte, com um sucesso da gota serena.
A partir daí, Gonzaga fez jingles para Jânio, Lacerda, JB (candidato de Carvalho Pinto e primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta) e Humberto Teixeira, que se elegeu deputado federal, facilmente.
Antes e depois disso, ele cantou para Dutra, Getúlio, Eva Perón e mais meio mundo.
Notaram? Hoje ele está cantando melhor do que nunca.
Mas não fosse o lançamento do novo livro do mineiro Roniwalter Jatobá, O Jovem Luiz Gonzaga, na Casa das Rosas a partir das 19 horas, os 20 anos do desaparecimento do Rei do Baião passaria despercebido, pelo menos cá em Sampa.
Que coisa!
A rainha do forró Anastácia e trio liderado por Chumbinho estarão conosco.
Ao lado de Anastácia, estará também Terezinha da Sanfona, líder do grupo feminino Karolinas com K, de Recife.
Vamos todos lá? Avenida Paulista, 37, próximo à estação Brigadeiro do metrô.
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PLOCAS & BOAS
- E o Sarney, hein?
- E a tal gripe suína? Quem está gostando disso é a indústria farmacêutica, eu já disse. Por que os coleguinhas da imprensa não explicam a razão de tanto barulho, hein?
- Barão do Pandeiro aniversaria sábado. Você sabe quem é Barão do Pandeiro? Vá um domingo desse à Banca do Choro no Mercado Municipal Paulistano que ficará sabendo. É dos bons e com seus 70 nos nunca gravou um disco. Não liga.
- Acabo de receber o Dicionário de Filmes Brasileiros Longa Metragem, de Antonio Leão da Silva Neto, já na 2ª edição revista e atualizada, lançado com apoio do Ministério da Cultura, através de um dos seus braços, a Secretaria do Audiovisual. O Instituto Brasileiro Arte e Cultura, Ibac, aparece como instituição apoiadora. O livro, escrito por quem é do ramo, traz títulos e sinopses de filmes brasileiros rodados entre 1908 e este ano de 2009. No total, são 4.194 filmes. Na página 908, há o registro de Saudade do Futuro, uma produção franco-brasileira dirigida por Cesar Paes e Marie-Clémence, e que teve por base o livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, do papai aqui, que, aliás, aparece n´algumas cenas. dizem as más línguas que Marlon Brando apressou sua ida o céu depois de me ver em ação...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
REI DO BAIÃO, DO FORRÓ, DO XOTE...
Luiz Gonzaga do Nascimento, Lua, o Rei do Baião, nasceu no mês de Cristo e morreu no mês do folclore.
Muito já foi dito a seu respeito e muito ainda se dirá.
É dos grandes; da linhagem dos gênios, dos maiores criadores da nossa música.
Difícil lembrar alguém antes ou depois dele que tenha feito tanto no campo da música popular.
Criou o baião, junto com o cearense Humberto Teixeira.
E o que mais?
– Também pode me chamar de rei do forró, do xote, do arrasta-pé, da marchinha junina e do xaxado, ele me respondeu um dia.
Homem simples resultante da criança que foi dentre uma penca de irmãos e uma multidão de conterrâneos.
Ele amava o povo e amava a Deus.
Para ver seu povo feliz, fazia tudo. Até plantão dava à porta dos gabinetes palacianos de poderosos, como Marco Maciel e Sarney.
Pediu em favor de muitos, nunca dele próprio.
Disse-me uma vez se gabando: levei asfalto, agência do Banco do Brasil e até telefone pra minha terra.
Nos últimos anos de vida, idiotas o acusavam de direitista.
A seu modo, explicava: se direitista for quem cuida dos pobres, eu sou direitista.
Pagou caro por isso e morreu pobre, como nasceu.
Amanhã falarei um pouco sobre os jingles que fez para políticos e sua frustrada tentativa de ser deputado.
Acessem:
www.paulohenriqueamorim.com.br
........................
PLOCAS & BOAS
♦O senador rei do Maranhão é atropelado e morre. Sobe ao céu. São Pedro abre a porta e o deixa entrar. Cabreiro ele entra, olhando prum lado e pra outro. Pedro pergunta se está se sentindo bem.
“Sim, mas...”.
“É raro acolhermos políticos”, conta. “Mas se quiser, pode dar um pulinho no inferno. Se você gostar fica, se não gostar volta e vem morar aqui”.
Num passe de mágica, o senador se vê cercado de amigos sacanas, como ACM, Médici, Figueiredo... Caviar, uísque, mulheres, uma orgia danada. “Ô coisa boa”, babou a velha raposa, coçando o bigodão.
Depressa, ele volta ao céu e diz a São Pedro que quer ficar no inferno.
Num piscar d´olhos, lá está ele abraçado pelo Capeta.
Desconfiado, pergunta onde estão seus amigos ACM...
“Se virando por aí, comendo o pão que amassei”, é a resposta que ouve.
“Não entendo”.
Uma gargalhada estrepitosa explode no ar e um insuportável cheiro de enxofre enche o ambiente em labaredas, enquanto o Demo diz que a cena que o senador presenciou no dia anterior era tudo armação, para lhe conquistar o voto e ter mais um nas suas fileiras.
Baixa o pano.
♦Que coisa feia o comportamento de Collor no Senador ontem, hein? Arrepiei-me
♦Amanhã é dia de reunião do Conselho de Ética do Senado. O que farão os conselheiros diante das 11 denúncias de safadezas debitadas a Sarney, que insiste em permanecer no cargo de manda-chuva do Senado?
♦Schumacher é o cara que vai substituir Felipe Massa no circo da F-1. Dizem as más línguas que Rubinho já encheu os bolsos de molas... Pra que, hein! Aliás, tem nego aí pedindo que Rubinho antes exercite tiro de mola na testa do Lula. Ô, malvadeza...
♦Lembrando: vocês já estão agendados para o encontro que temos amanhã, na Casa das Rosas, a partir das 19 horas? É noite de lançamento do novo livro do escritor mineiro Roniwalter Jatobá: O Jovem Luiz Gonzaga. E ainda tem a rainha do forró cantando, acompanhada por um autêntico trio de forró pé de serra, à frente o Chambinho da Sanfona. Quem não for, terá do que arrepender logo, logo.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
CHIQUERADOR, CACHELÔ, PIADOR...
Ontem fui ao Mercado Municipal, não para tomar cana e comer bacalhau.
Fui para ouvir choro e samba tocado e cantado por gente bamba, como Barão do Pandeiro.
Festa para os meus ouvidos.
João Macambira e outros Macambiras também estavam lá.
João participou do CD Inéditos do Capitão Furtado e Téo Azevedo, que produzimos ano passado e que contou ainda com a participação dos amigos Inezita Barroso, Moacir Franco, Tinoco, Adão da Viola – grande Adão da Viola! –, irmãs Galvão e mais uma penca de craques.
Mas choro e samba no Mercado Municipal Paulistano?
Isso mesmo! Iniciativa do ex-deputado Henrique Pacheco, que agora tem Box no mercado e cuida da alegria de todos, com avental, boa fala e bons gestos.
Passava pouco das 13 horas quando cheguei, bem depois de tudo começado.
E quem de cara vejo logo? Ele, Paulo Vanzolini! Autor de meia centena de músicas, entre as quais os clássicos Ronda e Volta por Cima.
Antes do “boa tarde” etc., Paulo me puxou ao lado para dizer que não encontrou a palavra chiquerador no Dicionário Catrumano, que escrevi com Téo. A palavra, Paulo disse, ouviu há anos durante suas andanças por terras do Maranhão e hoje confessa ter alguma dificuldade para identificar o seu significado, o mesmo ocorrendo com a palavra cachelô. Chiquerador, ele crê ser chicote comprido. Pode ser. Outra, piador ou peador, Paulo conhece: local onde se peia ou pea um cavalo para não fugir...
Por que tamanha curiosidade?
É que o Paulo se lembrou de um poema, sem título, que escutou há muito e que é assim:
Quando eu vim da minha terra
E passei nos cachelô
Fiz um par de alpargatas
No queixo do teu avô
E só não fiz mais bem feito
Porque o diabo do velho acordou
Mas ainda sobrou um pedaço
Pra fazer um chiquerador
Pra tocar tua madrinha
No caminho do peador
Onde fica o novo reduto do choro e do samba no Mercado? Juntinho do Box do Pacheco: a Banca do Choro.
Vá e leve a família.
....................................
PLOCAS & BOAS
- Eita! José Serra esteve ontem em Exu, terra do rei do baião Luiz Gonzaga. Hoje o colega jornalista Paulo Henrique Amorim me telefonou querendo saber o que acho disso. O que acho sai amanhã no blog dele. A propósito: vocês estão se agendando para prestigiar o lançamento do meu amigo Roniwalter Jatobá, depois de amanhã 5 na Casa das Rosas? O novo livro de Roni trata do criador do baião como gênero musical: O Jovem Luiz Gonzaga, pela editora Nova Alexandria.
- O Rei do Maranhão já não sabe o que fazer. Ora diz que vai soltar o osso, ora diz que não. O caso é grave... Enquanto isso, o povo que se lixe!
- E a gripe suína, hein? Nunca a indústria farmacêutica ganhou tnto.
- E tenho dito!
Fui para ouvir choro e samba tocado e cantado por gente bamba, como Barão do Pandeiro.
Festa para os meus ouvidos.
João Macambira e outros Macambiras também estavam lá.
João participou do CD Inéditos do Capitão Furtado e Téo Azevedo, que produzimos ano passado e que contou ainda com a participação dos amigos Inezita Barroso, Moacir Franco, Tinoco, Adão da Viola – grande Adão da Viola! –, irmãs Galvão e mais uma penca de craques.
Mas choro e samba no Mercado Municipal Paulistano?
Isso mesmo! Iniciativa do ex-deputado Henrique Pacheco, que agora tem Box no mercado e cuida da alegria de todos, com avental, boa fala e bons gestos.
Passava pouco das 13 horas quando cheguei, bem depois de tudo começado.
E quem de cara vejo logo? Ele, Paulo Vanzolini! Autor de meia centena de músicas, entre as quais os clássicos Ronda e Volta por Cima.
Antes do “boa tarde” etc., Paulo me puxou ao lado para dizer que não encontrou a palavra chiquerador no Dicionário Catrumano, que escrevi com Téo. A palavra, Paulo disse, ouviu há anos durante suas andanças por terras do Maranhão e hoje confessa ter alguma dificuldade para identificar o seu significado, o mesmo ocorrendo com a palavra cachelô. Chiquerador, ele crê ser chicote comprido. Pode ser. Outra, piador ou peador, Paulo conhece: local onde se peia ou pea um cavalo para não fugir...
Por que tamanha curiosidade?
É que o Paulo se lembrou de um poema, sem título, que escutou há muito e que é assim:
Quando eu vim da minha terra
E passei nos cachelô
Fiz um par de alpargatas
No queixo do teu avô
E só não fiz mais bem feito
Porque o diabo do velho acordou
Mas ainda sobrou um pedaço
Pra fazer um chiquerador
Pra tocar tua madrinha
No caminho do peador
Onde fica o novo reduto do choro e do samba no Mercado? Juntinho do Box do Pacheco: a Banca do Choro.
Vá e leve a família.
....................................
PLOCAS & BOAS
- Eita! José Serra esteve ontem em Exu, terra do rei do baião Luiz Gonzaga. Hoje o colega jornalista Paulo Henrique Amorim me telefonou querendo saber o que acho disso. O que acho sai amanhã no blog dele. A propósito: vocês estão se agendando para prestigiar o lançamento do meu amigo Roniwalter Jatobá, depois de amanhã 5 na Casa das Rosas? O novo livro de Roni trata do criador do baião como gênero musical: O Jovem Luiz Gonzaga, pela editora Nova Alexandria.
- O Rei do Maranhão já não sabe o que fazer. Ora diz que vai soltar o osso, ora diz que não. O caso é grave... Enquanto isso, o povo que se lixe!
- E a gripe suína, hein? Nunca a indústria farmacêutica ganhou tnto.
- E tenho dito!
domingo, 2 de agosto de 2009
REI MORTO, REI POSTO?
Foi numa manhã fria de vento gelado como essa, e de sol medroso, que o Brasil inteiro caiu em lágrimas e chorou.
Choro de dor sentida.
Aquela manhã chegou acabrunhada aos corredores do Hospital Santa Joana, na capital pernambucana, prenunciando tristeza das maiores.
Num leito branco, um homem.
Inerte, olhos pregados no teto, ele balbuciava algo como um pedido para cantar num aboio as dores que lhe maltratavam.
A sua volta, médicos e enfermeiras lhe acalentavam, fazendo de um tudo para lhe trazer de volta à vida, que agora depressa lhe fugia.
Além do corpo médico, uma mulher apaixonada ilustrava o quadro: Edelzuíta Rabelo, a quem o paciente chamava de “meus amor” desde quando se conheceram numa festa de São João, em Recife.
Ao invés de gemer ou chorar, ele apenas aboiava.
Tangia uma boiada imaginária. Seu povo, talvez, a quem dizia amar e querer só bem.
A cena quem me narrou foi a própria Edelzuíta, numa palestra que fizemos em câmara de vereadores de uma das cidades dos arredores de São Paulo, ao lado de Amorim Filho e Expedito Duarte. Faz tempo. Entre os presentes, o sanfoneiro Zé Paraíba.
Bom, o velho aboiador ou cantador, como ele gostava de ser chamado, partiu para a eternidade exatamente às 5h15m do dia 2 de agosto do ano da graça de 1989.
Ele?
Luiz Gonzaga do Nascimento, o segundo dos nove filhos do casal pernambucano Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, a quem o Brasil ainda hoje chama de Rei do Baião.
Choro de dor sentida.
Aquela manhã chegou acabrunhada aos corredores do Hospital Santa Joana, na capital pernambucana, prenunciando tristeza das maiores.
Num leito branco, um homem.
Inerte, olhos pregados no teto, ele balbuciava algo como um pedido para cantar num aboio as dores que lhe maltratavam.
A sua volta, médicos e enfermeiras lhe acalentavam, fazendo de um tudo para lhe trazer de volta à vida, que agora depressa lhe fugia.
Além do corpo médico, uma mulher apaixonada ilustrava o quadro: Edelzuíta Rabelo, a quem o paciente chamava de “meus amor” desde quando se conheceram numa festa de São João, em Recife.
Ao invés de gemer ou chorar, ele apenas aboiava.
Tangia uma boiada imaginária. Seu povo, talvez, a quem dizia amar e querer só bem.
A cena quem me narrou foi a própria Edelzuíta, numa palestra que fizemos em câmara de vereadores de uma das cidades dos arredores de São Paulo, ao lado de Amorim Filho e Expedito Duarte. Faz tempo. Entre os presentes, o sanfoneiro Zé Paraíba.
Bom, o velho aboiador ou cantador, como ele gostava de ser chamado, partiu para a eternidade exatamente às 5h15m do dia 2 de agosto do ano da graça de 1989.
Ele?
Luiz Gonzaga do Nascimento, o segundo dos nove filhos do casal pernambucano Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, a quem o Brasil ainda hoje chama de Rei do Baião.
sábado, 1 de agosto de 2009
TINA
Tina Cretina é uma gata vira-lata, mas ela não gosta do sobrenome que lhe aplico nas horas em que me tira do sério e fico bravo.
Hoje, por exemplo: está com a macaca, como dizemos no Nordeste.
Subiu numa mesa, noutra, deu saltos mortais, miou, derrubou milhões de coisas que não devia derrubar, arranhou sofás da sala e pulou na cabeça de Lampião e Maria Bonita com gosto de gás. Lampa ficou sem um braço, Bonita com um olho vazado.
Da minha coleção de barros a Vitalino, poucas miniaturas ficaram ilesas.
São Francisco escapou por milagre, o mesmo não sucedendo a Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré. Gonzaga perdeu o chapéu de couro, Patativa a bengalinha...
Enquanto eu dizia, pera, pera, pára Tina! Ela nem-nem, fazia pouco, se atirava ao chão que nem uma doida. Um pouco à distância, fiquei cubando o seu comportamento pra mim um tanto fora de ordem, meio acriançado; e não é que vi na cara dela,nos eus olhos sonsos, um sorriso maroto, sarcástico, como quem diz: pois é, não quer brincar comigo...
Comentei com a minha companheira: será que...? É, apartou ela antes mesmo de eu terminar a frase: ela quer carinho, como todos os seres vivos.
E foi aí que me lembrei de uma fala que ouvi ontem no filme O Menino da Porteira, versão de 1977: “A mulher, cavalo e cachorro carinho nunca é demais”.
E lá fui eu fazer carinho, e não é que deu certo?
Xodó da minha caçula Clarissa, eu acho agora Tina uma graça também.
Sabe o seu jeito leve de andar, de comer, beber água, de miar...? O seu é um miado diferente dos miados dos outros gatos, especialmente dos gatos da capital.
Corri e fui ver seu atestado de nascimento. Nele está escrito que nasceu no interior de São Paulo, a danada, daí certamente o seu miado diferente..
Como a encontramos?
Por acaso, no Centro de Adoção de Cães e Gatos da Avenida Paulista.
........................
PLOCAS & BOAS
- Será que o rei do Maranhão tem gato, mulher e cachorro?
Como será o cachorro do Sarney?
- Lula finalmente parece que abandonou o rei à própria sorte. Já era tempo. Mas é pouco: é preciso uma limpeza geral no Senado. E também na Câmara e também... É preciso uma retomada de consciência nacional.
- Bons tempos os tempos em que políticos da linhagem de um João Teodoro, presidente da província de São Paulo no século 18, dispensavam as vantagens que o cargo por direito o Estado oferecia. Mas, enfim, ainda acho que o Brasil tem jeito.
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