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terça-feira, 1 de novembro de 2022

O BOI NA CULTURA POPULAR

 

Os primeiros bovinos desembarcados no Brasil, precisamente na Bahia, vieram da Ilha da Madeira no ano de 1532.
Em 1534, já havia bois pastando e dando duro na capitania de São Vicente, SP.
O português Martin Afonso de Souza foi o primeiro bam bam bam a dar cartas no que é hoje o município de São Vicente.
Foi em São Vicente que surgiu o primeiro engenho de moagem de cana no Brasil.
A Nova Guiné é a terra de origem da cana de açúcar.
São muitos os tipos de cana-de-açúcar. Para os especialistas, a cana caiana é uma das mais doces e resistentes à pragas.
Foi por intermédio de Martin Afonso que a cana chegou ao Brasil.
A força humana e a força bovina fizeram do Brasil Colônia o maior exportador de cana do mundo.
A contribuição dos animais bovinos para o sucesso do Brasil no exterior é, historicamente, imensurável.
Primeiro os bois foram atrelados a carros, carroças ou carretas em pares ou juntas.
O número de bois atrelados a carros foi se multiplicando rapidamente, à medida que o volume de cana ia aumentando.
Carros, carroças ou carretas chegaram a ser puxados por até 20 juntas de bois. Todos devidamente treinados para a tarefa.
No correr do tempo, os carros de boi, ou de bois, passaram a transportar das plantações os mais variados produtos: batata, milho, mandioca, café e tudo o mais. Inclusive, lenha. E não custa lembrar que o carro de boi foi também o nosso primeiro meio de transporte coletivo. Quer dizer, carregava produtos do campo e gente. Morta inclusive, diretamente para o cemitério.
O carro de boi ainda se acha presente em alguns cantos do Brasil, principalmente no Nordeste.
Em 1889, ano da proclamação da República, o paraibano de Areia Pedro Américo pintou do seu ateliê em Paris o quadro tornado histórico O Grito do Ipiranga. Nessa obra, curiosamente, se acha um carro de boi e trabalhadores ao lado.
Muitas histórias derivadas do chamado "ciclo do carro de boi" entraram para o fantástico mundo da cultura popular.
O bumba-meu-boi ou boi-bumbá, calemba, mamão, pintadinho e outros mais, que são o mesmo bumbá, tem sua origem numa lenda segundo a qual havia numa fazenda do Maranhão um homem e uma mulher escravizados. Século 18. A mulher, grávida, morrendo de desejo pediu ao marido uma língua de boi para comer. Sem dinheiro, decidiu roubar um boi do patrão. Matou o boi e tirou a língua, mas logo foi descoberto. Pra encurtar a história: o boi ressuscitou por obra e graça de um curandeiro. A mulher chamava-se Caterine, corruptela de Catarina; e o marido Francisco ou nego Chico.
A festa do boi ou auto do boi é uma festa bonita, tanto pra quem encena e pra quem assiste. Essa festa continua espalhada no Brasil inteiro. E há uma discografia enorme sobre ela ou a figura do boi.
A 1ª música com título Carro de Boi é uma moda de viola de autoria Ariowaldo Pires e Orlando Palzone, gravada num estúdio da extinta Victor em maio de 1942. Os intérpretes dessa música são Palmeira e Piraci.
Ouça Luiz Gonzaga cantando Boi Bumbá, de autoria de Gonzaguinha:



Recomendo a leitura dos livros Ciclo do Carro de Bois no Brasil, de Bernardino José de Souza; e Boi da Paraíba de Rafael de Carvalho.
Bernardino de Souza (1884-1949) era sergipano e de profissões várias: jornalista, advogado, geógrafo e historiador. Chegou a ser ministro e presidente do Tribunal de Contas da União,TCU. Seu livro clássico sobre carro de bois foi publicado em 1958.
Rafael de Carvalho (1918-1981) era paraibano e ator de teatro e cinema.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.
Aquarela de Fausto Bergocce.
 
Em tempo: nesta quinta-feira (03/11), Assis dará uma entrevista ao vivo para o Boteco APJor, da Associação Profissão Jornalista, programa online, pela plataforma StreamYard. Falará sobre sua trajetória profissional, seu começo, glórias, dificuldades, sua avaliação do jornalismo atual etc. Começa às 16h e segue até 18h/18h30.

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