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terça-feira, 10 de setembro de 2024

HÁ 51 ANOS MORRIA O PALHAÇO PIOLIN

Ribeirão Preto é um dos 645 municípios paulistas, distante cerca de 300 km da Capital. 
Foi lá em Ribeirão que nasceu um dos mais importantes palhaços do Brasil: Piolin. 
Piolin, de batizado Abelardo Pinto, caiu nesse nosso mindinho besta no dia 27 de março do distante ano de 1897.
São Paulo ainda tinha lá seus ricos barões do café quando, já nos anos 20, Piolin destacava-se entre os palhaços conhecidos.
Seu sucesso espalhou-se Brasil afora, mas foi entre Rio e São Paulo que ele virou o xodó de intelectuais como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Tarsila do Amaral. 
Entre os fãs desse grande palhaço se achava o último presidente da chamada República Velha: Washington Luiz (1926-1930).
Os tão falados modernistas fizeram uma barulhenta festa no dia de aniversário de Piolin, em 1929. 
O ano de 29 foi o ano da quebradeira da Bolsa de Valores de Nova Iorque. 
No correr da quebradeira  da Bolsa, o presidente golpista Getúlio Vargas mandou queimar milhares e milhares de sacas de café. Isso para o preço subir, mas não subiu. O que subiu, e muito, foi o desespero da baronada. 
Abelardo Pinto morreu em casa engasgado com uma bala de caramelo, no dia 4 de setembro de 1973, levando consigo a sua grande criação: Piolin. 
Criador e criatura foram sepultados no Cemitério da Quarta Parada, antigo Brás, na zona leste paulistana.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

LUIZ WILSON PINTA O SETE HÁ 17 ANOS

Foi num setembro como este que ora vivemos que, em 1922, o Brasil e nós brasileiros fomos surpreendentemente apresentados ao rádio. Desse mês, o dia era 7. Pois, pois, há exatamente 202 anos.
O rádio encurtou lonjuras, trazendo notícias e músicas de todo o canto.
O presidente do Brasil à época era o paraibano Epitácio Pessoa. Esse Pessoa foi a Paris e de lá voltou presidente. Ora, ora... Que coisa! Mas essa é outra história.
A gente está falando de setembro de 22, não é mesmo?
O primeiro dono de rádio no Brasil foi o cientista Roquete Pinto. Chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Bancou, fez bonito. Depois, no comecinho dos anos 30, Pinto doou a sua rádio ao governo. Vargas. Que deu voz ao Brasil.
Estamos falando de rádio AM, frequência AM e Curtas.
A rádio de frequência FM surgiu entre 52 e 55. Frequência Modulada.
A primeira dessas rádios na tal sintonia foi a Imprensa.
E esse é o ponto.
A rádio Imprensa acolhe rítmos variados do Nordeste. Algumas coisas até boas, outras...
O pernambucano Luiz Wilson estreou nessa rádio em setembro de 2007. Há 17 anos, portanto.
Esse Luiz é um cara que procura sempre estar antenado com o que ocorre no nosso país.
O apresentador do programa Pintando o Sete pinta e borda. Ou seja: canta, compõe, toca violão e improvisa poesia. É bom o cara.
Está na praça um livro contando a história do pernambucano Luiz Wilson. Título: Minha Terra, Minha Gente, Minha Vida, cuja leitura recomendo.
É isso aí, Luiz!

domingo, 8 de setembro de 2024

CEGOS FAZEM BONITOS EM PARIS

Depois de uma semana e quatro dias  terminou hoje em Paris a Paralimpíada que mais resultado rendeu desde seu início em 1960, em Roma.
O total de medalhas conquistadas por nossos representantes brasileiros soma 462 de ouro, prata e bronze. Dessas 134 de ouro, 158 de prata e 170 de bronze.
Os brasileiros estão voltando da França com 89 medalhas conquistadas por lá.
A seleção brasileira de cegos ficou em 3º lugar. O 1º coube aos franceses e o 2º aos argentinos.
A sensação brasileira da Paralimpíada em Paris foi a pernambucana Carol Santiago, de 39 anos de idade, que faturou três medalhas de ouro.
Juntando essas de ouro que acaba de ganhar com as outras faturadas em torneios anteriores, Carol já tem seis medalhas do mais cobiçado metal.
Medalhas de ouro valem 350 mil reais.
Nada mal, né?
Curiosidade: é incerto o número total de pessoas cegas no Brasil. A última pesquisa do IBGE foi feita em 2010.

ANALFABETISMO

Hoje 8 é o Dia Mundial da Alfabetização. Ser analfabeto é como ser cego. Deve ser pior, até pois ter olhos que veem mas não leem deve ser de lascar.
No Brasil há pelo menos cerca de 7% da população não sabe ler ou distinguir o O de uma roda. Pena. É muita gente.
A educação é a mola que alavanca um país.

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (128)

No Brasil de Guimarães Rosa, Paulo Dantas (1922-2007), Limeira e Manoel Camilo dos Santos (1905-1987) houve e continua havendo espaços para o fantástico. 

Camilo, como Limeira, deixou além de saudade uma obra muito bonita.

A Viagem a São Saruê por exemplo, país inventado por Camilo, começa assim:


…Eu que desde pequenino

sempre ouvia falar

nesse tal São Saruê

destinei-me a viajar

com ordem do pensamento

fui conhecer o lugar.


Iniciei a viagem

as quatro da madrugada

tomei o carro da brisa

passei pela alvorada

junto do quebrar da barra

eu vi a aurora abismada…


E lá pras tantas, segue dizendo o poeta:


…Lá os tijolos das casas

são de cristal e marfim

as portas barras de prata

fechaduras de “rubim”

as telhas folhas de ouro

e o piso de sitim.


Lá eu vi rios de leite

barreiras de carne assada

lagoas de mel de abelha

atoleiros de coalhada

açudes de vinho do porto

montes de carne guisada…


Na terra de São Saruê há de um tudo. Lá ninguém passa fome, porque lá tudo tem e tudo dá sem sequer precisar plantar. É tudo frouxo e legal. 

Quase no fim dessa história, diz o cordelista sobre amor e felicidade:


Tudo lá é festa e harmonia 

amor, paz, benquerer, felicidade 

descanso, sossego e amizade 

prazer, tranquilidade e alegria;... 


Pois é, amigos e amigas, esse cara, Camilo, deixou um monte de coisas bonitas.

Eu o entrevistei e publiquei nossa conversa no extinto diário paulistano Jornal da Tarde.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 7 de setembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (127)

Baixinho, gordinho, feinho… Tinha uma inteligência invulgar.
Esse era João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921), que assinava com pseudônimo de João do Rio.

Suas reportagens chamavam atenção do grande público. Eram feitas nos morros, puteiros, casas de umbanda. Por aí. O submundo era, de certo modo, o seu mundo. Simples e muito inteligente, era admirado e respeitado pela plebe e pela elite. Tinha sempre o que dizer. E ainda encontrava tempo para bebericar com amigos, brincar o Carnaval e outras festas do povo. Também para escrever e enviar cartas às pessoas de que gostava, como o português João de Barros.

Para Barros, João do Rio escreveu uma carta em que fala de orgia. Curiosa e cheia de fofoca. Deve ter sido enviada a seu amigo, um ex-ministro português, em fevereiro de 1912.


Meu caro João,
Chegou a Ema. Criaturinha insignificante. O José Moraes (o empresário) literalmente sem dinheiro, porque ela em dois anos comeu-lhe duzentos contos e estragou-lhe vários negócios, não quer ser amante e ama-a. A Ema dá ataques e fornica com toda a gente. É do sangue. A terrível senhora que me domina pela ameaça do suicídio, a senhora Aurea, apesar de ser divorcée do Porto Carrero e de sociedade, deu de fazer o Carnaval em pijama, comigo e com a Ema. Passamos quatro dias nessa orgia de que se não fala…

A Ema aí referida na carta era uma atriz bastante conhecida à época.

Ainda naquele ano de 1912, sempre no tom de fofoca, João escreveu ao seu velho xará português:

João, queridíssimo,
Tenho uma coisa impagável. Lembras-te do Amaral França, o elegante senhor do Paiz? Era o amante da madame Camacho! O marido, aquele cretino com ares de boneco de alfaiate barato – soube! Soube e teve ciúme. Então mandou cinco, nota bem, cinco amigos seguirem a feia Camacho e quando a bela Camacho (digo bela agora porque não se compreende uma adúltera feia) palpitava nos braços do Amaral, na sua garçonnière do Russell, deu-se o flagrante delito mais escandaloso do Rio de Janeiro. O divórcio é amigável. Camacho chora (isto é, Camacho fêmea) enquanto Camacho de barba olha o céu pensando ver o chifre. Isso causou na bande a impressão do raio. O nosso incorrigível ingênuo Sampaio ficou prostrado, e assegurou-me que felizmente a Marguett era angélica…

João não morreu pobre nem rico. Viveu e deixou dúzia e meia de livros pra quem quiser saber de histórias reais e inventadas que trazem a assinatura do famoso repórter.

No seu último livro A Mulher e os Espelhos (1919), João do Rio conta histórias curtas do cotidiano carioca. Nessas histórias, os personagens mais frequentes são mulheres com seus dramas pessoais; amor, sexo, adultério e violência. São textos limpos, claros, atualíssimos.

Síntese era a marca desse João.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

QUEM MATOU O PAI DE PEDRO I?


O dia 6 de setembro de 1822 foi, para o então imperador Pedro I, um dia inesquecível.
Naquele distante dia 6, ali já pela boca da noite, o imperador acabara de deixar a casa do seu ministro José Bonifácio onde comera um moooonte de coisas. Tomou vinho e tal. Estava em Santos, SP. Em seguida pôs o pé na estrada, melhor: a mula, picou a mula em direção à Capital paulista. Montado nela.
Conta a história que foi um tormento essa viagem de Pedro I.
Ainda segundo a história, o Pedro não deu grito nenhum em prol da independência do Brasil. O grito que provavelmente tenha dado saiu do seu gogó na surdina, num gemido. Ou nuns gemidos, pois o moço estava com o intestino em desarranjo total, provocado pelas tranqueiras que comeu na casa do seu Bonifácio.
E essa é a história. Uma história.
The Guardian: The beautiful anthem
Outra história dá conta do nosso hino nacional. Na sua origem era todo instrumental e trazia o título Hino 7 de Abril. Depois, outro título: Marcha Triunfal. E finalmente, já no fim do século 19, com o Império transformado em cinzas, ganhou a obra o título definitivo de Hino Nacional Brasileiro. Porém ainda sem letra. A letra viria logo depois, assinada pelo poeta Osório Duque Estrada.
Pedro I era pai de Pedro II e filho de Dom João VI, que era filho do rei Pedro III de Portugal.
Pedro I, que morreu de tuberculose aos 35 anos de idade, entrou para a história como o herói que deu o grito da independência às margens do riacho Ipiranga. A história diz o contrário, mas o pintor paraibano Pedro Américo incumbiu-se de espalhar a história que quase todo mundo sabe, através do quadro Grito do Ipiranga. Esse quadro foi feito em Paris no ano de 1888. Encomendado.
O pai de Pedro I foi vítima de assassinato provocado por um veneno identificado como arsênio. Isso ocorreu quando ele tinha 58 anos de idade. Há quem diga que tenha sido vítima do filho Miguel, que acabaria perdendo batalha ferrenha travada contra o irmão Pedro. Foi coisa séria. Guerra Civil no Porto, com mortos, feridos e tal. Culminou com o exílio de Miguel determinado pelo mano Pedro.
Como o filho Pedro I, Dom João VI viveu boa parte da vida pulando cerca. A sua mulher, Carlota Joaquina, deu troco e gerou filhos que não eram dele. Bastardos. Pois, pois.
O Hino Nacional foi tocado pela primeira vez dia 13 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara, RJ.
Ah! Sim: o autor da música do nosso Hino Nacional foi Francisco Manuel da Silva (1795-1865). Esse hino foi considerado o mais bonito dentre todas as nações pelo prestigiado jornal britânico The Guardian, em 2002.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

CEGOS EM CAMPO

Driblando com segurança 
Graça e categoria 
Nossos cegos na França 
Fazem o que Deus faria
Com guizos e bola nos pés
Da noite criam o dia

No campo esportivo, atletas não têm, nem deveriam ter, inimigos. Adversários, sim. Salutar, até porque uma coisa é diferente da outra.
Pessoalmente, acho bonito quando adversários se abraçam amigavelmente após perder uma disputa. Seja qual for.
A Paralimpíada ora em andamento na França tem sido aos meus olhos algo incrível. 
O Brasil lá na França, ora ocupa o 3° ou 4° lugar. Isso não é pouco. 
Com os meus olhos cegos vejo o mundo. 
Ser cego, nascido assim ou não, acho que não é o fim do mundo.
Fim do mundo é ficar de braços cruzados esperando o. bem bom que do céu não vem.
E aí?
A tudo nos adaptamos. Mas não é de mim que aqui quero falar.
Neste momento está começando o jogo entre a seleção de futebol de cegos do Brasil e a seleção de futebol de cegos da Argentina. É lá em Paris, pelas semifinais. 
Bom, vamos ganhar. E se não ganharmos a culpa é minha, simplesmente porque recusei-me a entrar em campo para participar da disputa. Porém, estou torcendo por nossa vitória. 
Vamos lá: fé em Deus e pé na bola!

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

POR QUE ESQUECEMOS NOSSOS ARTISTAS?

Foi não foi, ouço dizer que o Brasil é um país sem memória, desmemoriado.
Sim, acho mesmo que somos um povo sem memória. Quer dizer, o povo faz e o que faz o vento leva.
Vários personagens da nossa música popular completaram em brancas nuvens o centenário de nascimento. Entre esses o compositor e violonista Billy Blanco, o instrumentista Manezinho da Flauta e a violeira Helena Meirelles.
Pois é, esses artistas não poderiam sumir de vez da nossa memória. Se assim for, afunhenhadas estarão as próximas gerações de brasileiros e brasileiras. 
Eu conheci de perto Billy Blanco, um cara bom de papo e violão. Mais: excepcional compositor, autor de uma obra extensa e rica. Foi parceiro de artistas como Tom Jobim. Com Tom, Billy compôs Sinfonia do Rio de Janeiro. Beleza! Foi em 1960.
No início da década de 70, Billy compôs sozinho títulos que couberam certinho no LP Paulistana, homenagem sensibilíssima à Capital paulista. O disco foi à praça pela Odeon, em 1974. Dele participaram os cantores Pery Ribeiro, Claudya, Elza Soares, Miltinho...
Muitas músicas de Billy Blanco foram gravadas por muita gente boa como a paulistana Inezita Barroso.
E Manezinho da Flauta, hein?
A rigor, Manezinho, sobrinho de Pixinguinha, não era compositor. Era músico. Adotou, muito cedo, a flauta como instrumento para nos encantar. Gravou dois LPs. O primeiro O Melhor dos Chorinhos, lançado em 1967; e Gente da Antiga (1968).
Helena Meirelles foi uma figura e tanto. Uma pessoa incrível. Uma pessoa desabrida, que durante a juventude comeu e pagou o pão que o Diabo amassou. Sua casa foi um cabaré onde tudo fez para sobreviver. A sua história ela me contou com graça, sem raiva, sem amargura. Mulher fortíssima, de personalidade contagiante. Seus discos, poucos, saíram pela extinta gravadora Eldorado.
Além de saudade, esses artistas nos legaram uma obra marcante.
Foi neste ano de 2024 que Paulo Vanzolini, misto de compositor e cientista, completou 100 anos de nascimento. Era paulistano, como Inezita Barroso.
Bom, no próximo dia 21 de dezembro completam-se 100 anos de nascimento do flautista Altamiro Carrilho. Vamos homenageá-lo?
Foi em São Paulo que nos encontramos pela última vez. Em 2012, acho. Confira aí, clicando:



terça-feira, 3 de setembro de 2024

BOULOS NELES!

Boulos e Assis
Uma latomia dos infernos, foi o que foi o incompreensível debate com postulantes ao cargo de prefeito da maior cidade do Brasil: São Paulo.
O que presenciei na TV Gazeta anteontem domingo foi isso e muito mais: os "cãesdidatos" Paulo não-sei-o-quê e não sei mais quem dizendo absurdos uns aos outros. Dessa latomia inominável saíram de ladinho Boulos e Tabata, curiosamente descendentes de nordestinos. Isso é só um detalhe.
Vivo em São Paulo há quase meio século. Aqui tenho aprendido muito e mais ainda ei de aprender para passar pra frente, às novas gerações, o que aprendi e aprenderei no correr do tempo.
Foi aqui, em Sampa, que fiz grandes amizades e tal.
Foi aqui que construí um dos maiores e mais importantes acervos culturais do Brasil. Nesse acervo tem discos de tudo quanto é rotação: 76, 78, 33, 45 e tal e tal. Tem milhares de partituras musicais, jornais e revistas antigas, livros aos milhares etc.
Tomara que São Paulo não caia nas mãos de um desses cãesdidatos cujas fuças foram apresentadas no último dia 1°.
Boulos neles!

domingo, 1 de setembro de 2024

BOULOS GANHA DEBATE NA TV GAZETA

O Brasil corre risco. Seriíssimo. 
Pois é, o crime organizado continua mais organizado do que nunca. As pessoas do bem que se cuidem!
Há minutos findou o debate na TV Gazeta com os cinco dos dez candidatos a prefeito da maior cidade do Brasil e da América Latina: São Paulo. 
O debate começou pontualmente às 18h.
O debate mediado pela jornalista Denise Campos Toledo, começou com um cara chamado Pau, Paulo, Plabo ou Plablito sei lá!
Pois, pois, não entendi. Nomezinho esquisito. Escroto, pois grosseiríssimo. Parece que é cabeçona, porém oca. E dizendo essa cabeça oca coisas ininteligíveis. 
O papo na Gazeta durou, mais ou menos, umas duas horas. Na real, pouquíssimas propostas foram apresentadas aos telespectadores/eleitores.
Meus amigos, minhas amigas vou lhes dizer uma coisa: o nosso cidadão de categoria invulgar, Guilherme Boulos, entrou no debate inteiríssimo e dele inteiríssimo saiu. Apresentou poucas propostas, mas apresentou algumas como o que pretende fazer, se eleito, no campo da saúde em Sampa.
O Boulos vai para o segundo turno e indo para o segundo turno terá, é certo, o apoio dessa mulher incrível chamada Tábata.
Se Tábata for para o segundo turno, tenho certeza de que o Boulos a apoiará.
O bem comum tem de andar de mãos dadas. Sempre.
Quando eu digo que o Brasil corre risco é porque o Brasil corre risco.
Vocês sabem o que é isso?
Estou em São Paulo há 48 anos, uma semana e três dias. Cheguei em 1976, no dia 22 de agosto de 1976. Pois, pois.
Quando eu digo que o Brasil corre risco é porque entendo perfeitamente que o nazifascismo está tentando pôr de volta suas garras assassinas.
Hitler...
Imaginemos a direita se articulando no mundo todo... E aí tem o nosso binóculo identificando perigos como Pau, Paulo, Plabo ou Plablito... Se assim for, cuidemo-nos! Cuidemo-nos!

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (126)

Franz Kafka

Num tempo não muito distante era comum escritores morrerem vitimados pela tuberculose.

Fora o mal que atacou seus pulmões, Kafka era de pouca conversa, de pouco namoro e tal. Seus relacionamentos amorosos eram raros. Preferia frequentar bordéis a manter relações duradouras com mulheres. “Tenho tanta necessidade de alguém para ter um contato unicamente amigável, que ontem voltei para o hotel com uma prostituta. Ela é velha demais para ser melancólica, ela somente se lamenta; tanto que não fica espantada que não sejamos tão gentis com uma prostituta como com uma amante. Eu não a consolei, pois ela também não me consolou”, isso ele disse em carta para seu amigo e editor Max Brod. Diante disso tudo, da fala que ele dá nessa carta, houve uma jovem que lhe despertou atenção. Com essa jovem, uma burguesa de Praga chamada Milena Jesenská (1896-1944), ele manteve uma longa correspondência que acabaria por virar um livro: Cartas a Milena (1952).

Porém, porém de novo, com ela ele nunca manteve relações sexuais, físicas. Tipo amor platônico. Ele foi, partiu para a Eternidade, antes dela.

No Brasil teve um escritor que foi o tempo todo comparado a Kafka. Seu nome Murilo Rubião (1916-1991). Era bom, mas não era tudo isso. Pelo menos no que se refere à Kafka.

Murilo Rubião estudou e fez um monte de coisas, como um ser inteligente que era. Foi jornalista, antes disso advogado, contista e tal.

A obra literária do mineiro Rubião é pequena, mas densa. Deixou 30 e poucos contos espalhados em um, dois, três… quatro… Talvez cinco ou seis livros. Coisa pouca, como se vê!

Foi bom?

Murilo foi ótimo.

Antes de Murilo Rubião, houve outros autores que tentaram navegar nas ondas de Kafka, mas não conseguiram. E talvez até nem quisessem, como o bom João do Rio.

O João foi o primeiro grande repórter da imprensa brasileira. Mais: como repórter ele retratava a realidade que via na sua cidade do Rio. Ou seja, fazia o que todo bom repórter deve fazer.

Esse João deixou histórias escritas no mundo real e irreal. 

João foi grandão.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 31 de agosto de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (125)

Otto Maria Carpeaux

Safado, gozador, brincalhão e um tanto puto Limeira raramente titubeava pra pôr sua viola no peito e dela tirar som com versos assim:


O véio Thomé de Souza, 

Governador da Bahia, 

Casou-se e no mesmo dia 

Passou a pica na esposa... 

Ele fez que nem raposa: 

Cumeu na frente e atrás, 

Chegou na beira do cais, 

Onde o navio trefega, 

Cumeu o Padre Nobréga,

Os tempos não voltam mais.


Absurdo é o irreal, o que não se vê, coisa ou algo que não se vê.

Na literatura é comum classificar tal gênero como “realismo fantástico” ou “mágico”.

Nessa classificação entra claramente o tcheco Franz Kafka (1883-1924).

Kafka, segundo o austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), era “um rapaz franzino, magro, pálido, taciturno. Eu não podia saber que a tuberculose da laringe, que o mataria três anos mais tarde, já lhe tinha embargado a voz”.

Assim trouxe Carpeaux suas reminiscências com Kafka.

E o mesmo Otto Carpeaux lembra como conheceu o autor de Metamorfose (1915):


“Kauka.”

“Como é o nome?”

“KAUKA!”

“Muito prazer.”

Esse diálogo, que certamente não é dos mais espirituosos, foi meu primeiro encontro com Franz Kafka. Ao ser apresentado a ele, não entendi o nome. Entendi Kauka em vez de Kafka. Foi um equívoco.

Hoje, o “Kauka” daquele distante ano de 1921 é um dos escritores mais lidos, mais estudados e – infelizmente – mais imitados do mundo.


Era do caralho!

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (124)

Em agosto de 1983 a Escola de Comunicação e Artes da USP promoveu um seminário intitulado Jornadas Impertinentes. Desse seminário participaram intelectuais de destaque na vida acadêmica de São Paulo. Os professores Jerusa Pires Ferreira e Luís Milanesi estiveram à frente de tudo. O tema gerou polêmica e acabou no livro Jornadas Impertinentes: O Obsceno.
Na apresentação do livro a professora Jerusa diz que por muito tempo passou a acompanhar o que se produzia sobre o assunto na área da Cultura Popular, incluindo folhetos de cordel. Pra ela foi tudo surpresa, lembra: “Pensando na Cultura Popular tradicional nordestina e na literatura de folhetos populares, hoje conhecida como de Cordel passei a observar que os pesquisadores, no caso de ‘indecências’ ou ‘indecentes’ costumavam assumir duas posturas. Ou um silêncio comprometedor e um véu idealizante ou a revelação sensacionalista do tipo: Nordeste ataca de Pornô Cordel”.

Leu muitos folhetos e inteirou-se da vida e da obra do poeta repentista Zé Limeira (1896-1954).

Zé Limeira é uma lenda da cantoria nordestina desenvolvida ao som de viola. Sobre ele o jornalista e também poeta Orlando Tejo (1935-2018) escreveu O Poeta do Absurdo. Esse livro virou clássico do gênero por razões óbvias: Limeira era um destabocado cantador e cantava misérias da vida e do sexo. Exemplo:


Frei Henrique de Coimbra

Sacerdote sem preguiça

Rezou a primeira missa

Perto de uma cacimba

Um índio passou-lhe a pimba

Ele não quis aceitar

E hoje vive a chorar

Embaixo de um pé de jurema

O bom pescador não teme

As profundezas do mar


Pimba, pra quem não sabe, no Nordeste é pênis.

Zé Limeira era absurdamente troncho no verso de metrificação certa e rima torta. Ele:


Pedro Álvares Cabral

inventor do telefone

começou tocar trombone

na Volta de Zé Leal

Mas como tocava mal

arranjou dois instrumento

daí chegou um sargento

querendo enrabar os três

Quem tem razão é o freguês

diz o Novo Testamento


O Zé Leal aqui citado é referência ao famoso jornalista paraibano que assinava coluna no extinto jornal O Norte, PB.

Zé Limeira tinha admiradores em todo canto.

Em São Paulo, um de seus grandes admiradores foi o cientista Paulo Vanzolini (1924-2013), PhD em Harvard e compositor musical, nas horas vagas. É dele o belo samba Ronda, gravado pela cantora Inezita Barroso, em 1953.

Vanzolini também gostava de putaria. É dele:


Eu sou Paulo Vanzolini, 

animal de muita fama. 

Eu tanto corro no seco. 

Como na vargem da lama. 

Mas quando o marido chega, 

me escondo embaixo da cama.


No correr do tempo foi inventado um mote pra lembrar o destabocado cantador:

 

Eu querendo também faço

Igualzinho a Zé Limeira


Muitos cantadores já cantaram e ainda cantarão versos com base nesse mote. Ivanildo Vila Nova e Severino Feitosa, por exemplo:


Vila Nova:

Rei Davi foi deputado

Na Assembléia do Acre

Kruschev fez um massacre

Nas traíras de Condado

Jesus Cristo era cunhado

De Romano de Teixeira

Escreveu A bagaceira

Mas se esqueceu do bagaço

Eu querendo também faço

Igualzinho a Zé Limeira


Feitosa:

Confusão foi na Bahia

Pai-de-santo e curandeiro

Anchieta era pedreiro

No farol de Alexandria

Hitler nasceu na Turquia

Vendia manga na feira

A Revolução Praieira

Degolou Torquato Tasso

Eu querendo também faço

Igualzinho a Zé Limeira…


O estudante Pedro Araujo de Oliveira escreveu um estudo científico, para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, intitulado O Poeta Zé Limeira No Imaginário do Cancioneiro Brasileiro – Relações Entre Cultura Letrada e Oral (2022). Lá pras tantas, ele diz: “Zé Limeira, conhecido como o Poeta do Absurdo, a cujas incertas autorias foram atribuídos versos de fantástica imaginação e delírio, sendo por vezes comparados à literatura surrealista”.

A expressão “poeta do absurdo” faz parte do título de um livro sobre Limeira, publicado em 1971 pela gráfica do jornal O Norte, de João Pessoa, PB.

Nas primeiras páginas desse livro escrito por Orlando Tejo, o ex-governador da Paraíba José Américo de Almeida, define Limeira como:


…Alto, forte, sorridente, impressionava pelo físico e maneiras destabocadas.

Andarilho de sete fôlegos, trazia o matulão a tiracolo e não largava a bengala de aroeira, feita um bordão.

Meio carnavalesco, usava roupa de mescla com um lenço encarnado no pescoço. Seus dedos eram grossos de anéis.

Cantando, com uma bonita voz, erguia, desdenhoso o rosto guarnecido de grandes óculos escuros…


Sobre  Zé Américo, o cantador Zé Limeira teceu loas. Exemplo:


Eu me chamo Zé Limeira,

Cabra macho do Sertão,

Serrote que serra cedra

No tupete do baião…

Se Zé Américo quisé,

Os home vira muié,

Jurema vira aigodão…


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

O FOLCLORE NA OBRA DE TARSILA


O mês de agosto, muitos dizem, é o mês do cachorro louco. Mas nesse agosto, não custa lembrar, é comemorado internacionalmente como o mês do Folclore. E isso, sim, é coisa boa.
São muitos os personagens que habitam o enorme e imaginário campo do folclore. Tem Curupira, Saci-Pererê, Caipora, Boitatá, Mãe d'Água, Boto, Negrinho do Pastoreio, Lobisomem, Mula Sem Cabeça, Homem do Saco, Corpo-Seco, Cuca...
As origens da Cuca remonta há muito tempo. Vem das bandas europeias. Ali dos lados da Espanha, Portugal. Quando chegou ao Brasil? Não sei.
Ainda menino eu ouvia muito sobre a Cuca.
A Cuca é bruxa, uma velha bruxa. Horrorosa. Com cabeça de jacaré, pés de pato e unhas de vampiro. Não houve, no meu tempo, criança que não se assustasse ao falar da Cuca.
O folclore é riquíssimo de causos, cousas, lendas e tal.
Isso tudo me faz lembrar das artes. Plásticas, inclusive.
Em 1924 a pintora paulista Tarsila do Amaral criou um quadro bem bonito a que intitulou A Cuca. Vejam só!
Faz 100 anos que Tarsila legou ao Brasil o quadro que retrata a imaginária Cuca.
Faz 100 anos também que a mesma artista legou ao Brasil a obra Morro da Favela.
Tarsila do Amaral é a autora da obra-prima Abaporu, criada em 1928.
Dessa mesma Tarsila é o quadro mais caro de um artista plástico brasileiro: A Caipirinha, pintado em 1923 e vendido num leilão, em 2020, pela bagatela de 57,5 milhões de reais. 
Tarsila do Amaral morou alguns anos na França. Voltou ao Brasil em 1922, mesmo ano da Semana de Arte Moderna. Dessa Semana ela participou. Em 26 casou-se com Oswald de Andrade (1890-1954) e, três anos depois, separou-se.
Tarsila do Amaral nasceu no dia 1º de setembro de 1886 e morreu no dia 17 de janeiro de 1976.
Pois é, em 1924 Tarsila do Amaral pintou dois belos quadros. A Cuca e Morro da Favela.
A propósito de Morro e de Favela lembro de um cara conhecido como MC Daleste. Seu nome verdadeiro era Daniel Pedreira Sena Pellegrini, que foi morto a tiros no interior de São Paulo quando apresentava um show. Isso foi em 2013. A polícia não achou o autor dos disparos que acabou com a vida do artista. No ano seguinte, em 2014, o processo praticamente parou. E é assim que a coisa está. Ouça Daleste cantando o tema pintado por Tarsila:



quarta-feira, 28 de agosto de 2024

ANISTIA TEM DATA: AGOSTO, 1979



Hoje 28 de agosto marca o dia da sanção da lei n° 6.683. Essa lei, que ficou conhecida como Lei da Anistia, foi sancionada pelo general-presidente de plantão, à época, João Figueiredo (1918-1999). Sim, aquele mesmo que não gostava do cheiro do povo. "O cheirinho do cavalo é melhor", dizia.
O tal general foi o último ditador do ciclo militar, no Brasil.
O golpe militar, que teve o apoio de poderosos civis, foi deflagrado em 1964. Durou 21 anos.
Muita gente boa teve de deixar o País. Milhares, incluindo artistas da nossa música, escritores e tal.
O último presidente que antecedeu o atual, Lula, tentou fazer o que fizeram os militares de 64. Não conseguiu e está solto, por incrível que pareça.
Precisamos nos cuidar, pois o Capeta e filhotes continuam a rondar esta nossa terra brasileira.
Foi o mesmo Figueiredo quem deu ao finado Silvio Santos o SBT. Isso no dia 19 de agosto de 1981. Há 43 anos, pois.
Foram dois cearenses os principais intermediários de S.S. com o general. Estou falando da dupla Dom e Ravel. Dom morreu em 2000 e Ravel, em 2011.
Uma vez entrevistei o Ravel. Foi numa biblioteca pública da zona Leste de Sampa. Não me recordo qual exatamente. Lembro que levei o amigo Paulo Vanzolini para este papo. Ravel não permitiu que a nossa conversa fosse gravada, mas deve ter foto por aí. Ele contou da sua amizade ruidosa com Silvio e defendeu-se dizendo que a marchinha Brasil Ame-o ou Deixe-o foi feita em homenagem aos campeões do tricampeonato de futebol. "Não fizemos essa música para agradar o regime militar".
Além de Brasil Ame-o ou Deixe-o, gravado originalmente pelo grupo Os Incríveis, Dom e Ravel geraram outras "pérolas" ufanistas como Você Também é Responsável, Obrigado ao Homem do Campo e Só o Amor Constrói.
É bom que se diga que a Lei da Anistia não veio de graça. Foi resultado de enorme mobilização do povo brasileiro. E isso há exatos 45 anos.
Entre os artistas obrigados a deixar o Brasil naquela época, estavam Chico, Caetano, Gil, Vandré.
Ditadura nunca mais, não é mesmo?
João Bosco e Aldir Blanc compuseram para Elis Regina gravar a música O Bêbado e a Equilibrista. Ouça:



terça-feira, 27 de agosto de 2024

NAVEGANDO COM CAMÕES E JÚLIO MEDAGLIA

O livro que acabo de pôr nas ruas, nas prateleiras, A Fabulosa Viagem de Vasco da Gama, continua chamando a atenção por aí afora.
Ontem 26 abri a boca pra dizer um monte de coisas maravilhosas a respeito da língua portuguesa e de um de seus artífices: Luís Vaz de Camões.
Pra escrever A Fabulosa Viagem de Vasco eu me inspirei no clássico Os Lusíadas, originalmente publicado no ano de 1572.
Usei os principais personagens criados e usados por Camões na sua fabulosa obra.
Eu disse isso e disse mais à jornalista Tania Morales, titular do programa Noite Total, transmito ao vivo pela Rádio CBN.
Esse meu novo livro tem versão em braile e fonte ampliada para quem tem baixa visão. Foi apresentado pelo maestro Júlio Medaglia e pelo poeta repentista Oliveira de Panelas.
A respeito desse livro, escreveu Medaglia: 

CAMÕES NA PONTA DOS DEDOS
Júlio Medaglia

No período imediatamente posterior à Idade Média, às vezes chamado de “Noite de dez séculos”, ocorreu uma grande revolução na cultura ocidental com o nascimento dos três maiores gênios da literatura latina de todos os tempos: Dante, Cervantes e Camões. 
Curiosamente, nesse mesmo período, chamado de “Renascentista” e já entrando no estilo “Barroco”, ocorreu também a maior revolução histórica na área música. Se até então fazia-se primordialmente música vocal, a partir desse momento o ser humano resolveu fazer música fora do corpo. Começou a inventar instrumentos de cordas, sopros e teclados que inauguraram gigantescos recursos sonoros, presentes na música universal até os dias de hoje. Mas como era possível fazer essas novas “máquinas” artificiais produzirem a beleza artística? Tangendo-se as cordas do violino com a ponta dos dedos, as teclas dos cravos e logo em seguida do piano, com a ponta dos dedos e abrindo e fechando os furinhos dos tubos dos instrumentos de sopro, com a ponta dos dedos. 
Levaria, porém, 500 anos para que os seres humanos desprovidos da faculdade da visão, pudessem ler a mais importante obra de Camões, Os Lusíadas. E foi neste século XXI que um dos maiores jornalistas, pesquisadores, escritores e compositores deste país, o paraibano Assis Ângelo, encontrou a solução para esse drama. Depois de desenvolver uma das mais brilhantes e multifacetadas carreiras de intelectual, por um grave problema de saúde, ele ficou cego. Como profundo conhecedor da obra de Camões, e mais inquieto que nunca, Assis Ângelo resolveu permitir que outros seres humanos que sofreram do mesmo infortúnio, o da perda da visão, pudessem ler a obra do grande escritor português. E como? Com a ponta dos dedos. 
Foi assim que, para celebrar neste ano de 2024 os 500 anos do nascimento do grande escritor português, Assis Ângelo “traduziu” para o idioma Braile sua obra imortal numa criativa adaptação livre para canto e cordel. Se os olhos dos cegos se situam na ponta dos dedos, Os Lusíadas, em sua nova transcodificação realizada pelo brilhante paraibano, ganha novo impulso de vida – a obra em si e o prazer do cultivo da literatura daqueles que perderam a visão.



JÚLIO MEDAGLIA

O maestro Júlio Medaglia não é brinquedo não, é nome importante para a vida cultural do nosso país.
Não é de hoje que Júlio faz história e nos encanta com sua batuta e com seu falar bem claro.
O mais novo livro do ex-todo poderoso da TV Globo, José Bonifácio Oliveira Sobrinho, O Lado B de Boni, lê-se:


FORÇA BOULOS!

Política bem feita é boa política e fazer isso é salutar para uma população, para o povo.
A política é o meio de ligação e diálogo entre as pessoas.
A má política leva a caminhos perigosos em prol de quem não presta.
Perdi meus olhos, mas continuo ouvindo com clareza tudo que ocorre a minha volta.
O que ouvi ontem 26 no Roda Viva me deixou pasmado, estupefato.
Nordestino que sou, desde cedo puseram-me na cabeça a máxima segundo a qual "Homem não chora".
Eu era menino ainda quando ouvi isso.
O tempo passou, ou eu pelo tempo continuo passando, chorei.
A primeira vez que chorei eu tinha ali uns 20 e poucos anos.
A primeira vez que chorei senti um alívio danado. Alívio idêntico voltei a sentir quando um dia eu disse no programa que a querida jornalista Maju tinha na Rádio Globo que depois dos olhos meus perdidos, só pensava em acabar comigo jogando-me do alto e tal... Eu estava muito aperreado, depressivo, lá embaixo, que nem um cão sem dono.
Ouvi no programa da TV Cultura Guilherme Boulos chorar. Choro profundo. Tocante. E esse choro foi provocado pela pura maldade de um cara chamado Pablo não-sei-o-quê, candidato a prefeito de São Paulo por um partido da direita escrota, irresponsável, maligna, canalha, destruidora, que não prima em instante algum pela honestidade e pelo bem comum. Esse cara, o cara que disse o que disse e fez Boulos chorar, merece cana. Não de beber, mas cana de cadeia, sem cobertor pra se esquentar.
Guilherme Boulos é um cara que merece respeito.
O vício de Boulos é o vício de quem ama verdadeiramente a vida e quer o bem de todos.
Boulos faz a boa política e tem plenas condições de ser o próximo prefeito da cidade de São Paulo.
Um trecho aí do programa Roda Viva. Clique:

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