Safado, gozador, brincalhão e um tanto puto Limeira raramente titubeava pra pôr sua viola no peito e dela tirar som com versos assim:
O véio Thomé de Souza,
Governador da Bahia,
Casou-se e no mesmo dia
Passou a pica na esposa...
Ele fez que nem raposa:
Cumeu na frente e atrás,
Chegou na beira do cais,
Onde o navio trefega,
Cumeu o Padre Nobréga,
Os tempos não voltam mais.
Absurdo é o irreal, o que não se vê, coisa ou algo que não se vê.
Na literatura é comum classificar tal gênero como “realismo fantástico” ou “mágico”.
Nessa classificação entra claramente o tcheco Franz Kafka (1883-1924).
Kafka, segundo o austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), era “um rapaz franzino, magro, pálido, taciturno. Eu não podia saber que a tuberculose da laringe, que o mataria três anos mais tarde, já lhe tinha embargado a voz”.
Assim trouxe Carpeaux suas reminiscências com Kafka.
E o mesmo Otto Carpeaux lembra como conheceu o autor de Metamorfose (1915):
“Kauka.”
“Como é o nome?”
“KAUKA!”
“Muito prazer.”
Esse diálogo, que certamente não é dos mais espirituosos, foi meu primeiro encontro com Franz Kafka. Ao ser apresentado a ele, não entendi o nome. Entendi Kauka em vez de Kafka. Foi um equívoco.
Hoje, o “Kauka” daquele distante ano de 1921 é um dos escritores mais lidos, mais estudados e – infelizmente – mais imitados do mundo.
Era do caralho!