Seguir o blog

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

ABAIXO O ÓDIO, VIVA A ESPERANÇA!

Dois mil e vinte e dois finda com o Brasil de cabeça pra baixo, mas com a esperança de cabeça pra cima.
Há muita esperança no seio do povo brasileiro.
O presidente Bolsonaro, com o seu ódio sem limite, intoxicou nosso País. Por pouco não nos atirou a todos no buraco mais profundo que é o buraco do Inferno. 
O Brasil está gemendo, penando, mas com a esperança se recompondo no coração de todos nós.
Não há vitória sem luta.

Eu planto esperança
Pra depois colher amor
Quem planta o que planto
Tem em Deus seu protetor

Planto tudo quanto posso
Na minha terra querida
Esperança bem plantada
Não faz mal, faz bem à vida

Esperança é preciso
Pra quem gosta de viver
Sem isso ninguém vive
Nem na dor, nem no prazer

Deus do céu é protetor 
De quem planta esperança 
E de quem gosta de brincar 
Brincadeira de criança 
 
Coisa boa é brincar
Brincadeira de criança
Brincadeira que consiste
Por de pé a esperança

Ontem 20 o terceiro jornal mais antigo do Brasil, A União (1893), publicou à pág. 9 uma ótima conversa que tive dois ou três dias antes com o repórter Joel Cavalcanti. Falamos de um monte de coisas, desde política à literatura, poesia, música e da adaptação que fiz de Os Lusíadas. Divido com vocês nossa conversa. Antes, devo lembrar que o jornal mais antigo do Brasil é o Diário de Pernambuco (1825) e o Estado de S.Paulo (1875). Leia:

 

SOBRE OS LUSÍADAS E SOBRE CAMÕES, LEIA: CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (1) CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (2, FINAL)

domingo, 20 de novembro de 2022

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (3, FINAL)

Oswaldo Faustino e Assis Angelo
Pessoalmente e pardo que sou no corpo e documentos, considero necessária a iniciativa de proclamar o direito de cotas pra negros, negras e indígenas neste país tão imenso e tão desigual. Perguntei ao jornalista, ator e autor musical Oswaldo Faustino o que acha disso. E ele:
“As cotas/reparações raciais que incomodam tantas as pessoas são mais que necessárias por conta dos 350 anos de escravidão em que a população descendente de africanos, através de leis, foi proibida de se  beneficiar de vários setores da sociedade, dentre eles a educação, a posse de terras, entre outros. No caso das universidades, eu vejo as cotas mais do que beneficiando os cotistas, beneficiando a própria instituição, uma vez que abre estudos de temas que jamais seriam abordados e que com a presença negra dão à universidade a possibilidade de se tornar universal.”
Embalado pela resposta que ouvi, fiz com ele a seguinte entrevista, na base do pingue-pongue:

O Brasil é negro. Que importância tem o Brasil para o Negro?
A importância do Brasil para o negro é a mesma do negro para o Brasil. Nossos antepassados foram trazidos à força para cá. Sequestrado em sua terra, sem saber o que estava acontecendo, sob violência, sem conhecer a língua, nem entender as ordens que lhe eram dadas. Os mais de 350 anos de escravidão ensinaram meus ancestrais a enfrentar todas as intempéries da vida, pelos séculos que se seguiram. Assim como ajudamos a forjar o Brasil, construindo-o e nos construindo, o Brasil nos fez um povo essencial para transformá-lo na grande Nação que ele é.

Muitas profissões aconteceram e acontecerão durante todo o tempo. O jornalismo é uma profissão. Por que você escolheu essa profissão?
Não escolhi o jornalismo. O jornalismo me escolheu. Eu, desde menino sonhei em ser ator. Passei minha infância nos porões da Pinacoteca do Estado, onde funcionava a Escola de Arte Dramática de São Paulo, criada por Alfredo Mesquita, onde minha mãe trabalhava, na cozinha, preparando e servindo a tradicional sopa para os alunos. Na hora do vestibular, porém, tentei me lembrar de quantos negros e negras eu vi se formarem na EAD, ao longo dos anos todos, em que lá estivemos. O número não passava de três. Então me entreguei ao meu segundo amor, já que o primeiro me parecia inalcançável. O segundo era a palavra. A palavra para mim é sinônimo de ar, eu a respiro. Hoje vivo dela e me fiz amante da arte da informação.

O negro, com toda importância que tem para o Brasil, continua discriminado. O jornalismo mexe nesta questão, no sentido positivo?
Sem dúvida. “Conhecimento é poder”. Informar é transmitir conhecimento. E, sempre que possível, e algumas vezes até enfrentando o impossível, eu aproveito da minha profissão para transmitir algum conhecimento que ajude as pessoas a se empoderar.

João do Rio
Você é um jornalista de grande importância para o Brasil. Que importância você dá para o jornalismo dito “negro”?

Meu jornalismo é negro, porque eu sou negro. Mesmo que eu não esteja atuando na chamada “imprensa negra”, meu olhar sempre será negro. E as informações que transmito são fruto desse olhar. Historicamente há uma imprensa, desde os tempos da escravidão, que teve esse olhar, então chamado “Abolicionista”, mas que ia para muito além do abolicionismo. Houve uma importante rede de trocas de informação, no século XIX. Mesmo que hoje sejamos tão poucos nas redações, continuamos essa tradição de compartilhar o que sabemos e nos mantemos abertos no que os demais compartilham. 

Existe jornalismo branco e negro?
O jornalismo hegemônico é branco. Basta ver as prioridades na escolha do que será noticiado. Um desentendimento na família real britânica, ou uma cadelinha perdida em qualquer país europeu, derruba a pauta dos resultados das eleições presidenciais em qualquer país africano. Um Prêmio Nobel a um africano ou africana só será notícia, se houver um buraco na página da editoria internacional. E já houve 22 ganhadores do Prêmio Nobel naquele continente: quatro de Literatura, três de Medicina, 13 da Paz e dois de Química. Quem já leu sobre isso? Sempre que possível, a imprensa branca alimenta o imaginário das massas com conceitos mentirosos que nos inferiorizam e até nós mesmos acabamos acreditando nessa inferioridade. O normal é ser branco, e os demais são no máximo “toleráveis”.
 
Gilberto Freyre, sabemos, disse muita idiotice a respeito do negro no Brasil. Ele também foi jornalista. Que importância você vê no que ele escreveu sobre a história do negro?
O melhor da produção de Gilberto Freyre é estimular nossos estudiosos a pesquisarem, com afinco,
Abdias do Nascimento
para contradizê-lo. Por outro lado, Casa Grande de Senzala, nos ajuda muito bem a entender a branquitude. Confesso que não conheço a produção jornalística dele.

Enumere-me 10 jornalistas negros, no Brasil, de todos os tempos:
O primeiro é Luiz Gonzaga Pinto da Gama, o Luiz Gama. Da mesma época, José Ferreira de Menezes e José Carlos do Patrocínio. Depois destacaria Afonso Henriques de Lima Barreto. Gosto também de ler as crônicas jornalísticas de João do Rio, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Mais para cá, o campineiro Lino Guedes, que criou os jornais O Getulino e O Progresso, Jaime Aguiar e Abdias do Nascimento. Nos anos 1960, Odacir de Mattos, em especial por sua famosa reportagem com Narciso Kalili, para a revista Realidade: “Existe Preconceito de Cor no Brasil”, de 1967. Ele foi o editor do Jornegro, um importante jornal do Movimento Negro. Dos nossos contemporâneos, amo Oswaldo de Camargo, apesar de ele ter atuado muito mais na revisão, mas seus escritos e estudos jornalísticos são impecáveis. E todos os meus parceiros e minhas parceiras da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, com destaque para meu irmãozinho Flávio Carrança. Porém, tem muita gente boa fazendo jornalismo negro, no rádio, na TV – Veja Maju Coutinho, o Heraldo, a Joyce Ribeiro –, como também na revista Raça Brasil e os jornais Alma Negra e O Empoderado.

Oswaldo de Camargo
Eu sabia, Oswaldo, que você ia me dizer, que Luiz Gama foi o mais forte jornalista negro no Brasil. Por quê?

A começar pela história de ele não ter podido estar em escola formal, por ter sido escravizado por 8 anos. Foi alfabetizado aos 17, por um jovem estudante da escola de Direito do Largo São Francisco. Pouco tempo depois escreveu nos mais importantes jornais da província de São Paulo, e criou três jornais com o Angelo Agostini: O Diabo Coxo, o Cabrião e o Polichinelo. Árduo defensor da abolição, da República e da liberdade. Só se fala de sua carreira de advogado, mas foi também um grande jornalista. A cada dia se descobrem novos escritos dele. Um pesquisador levantou mais de 800. Não por acaso eu escrevi um romance juvenil intitulado: “A Luz de Luiz – Por uma terra sem reis e sem escravos”.

No jornalismo eu cresci sem jornalistas negros ao meu redor. Isto continua. Por quê?
Esta resposta já foi dada. Esse número continua ínfimo porque a imprensa hegemônica é branca. Mas não seja injusto, no final dos anos 70 e início dos 80, você trabalhou na reportagem policial da Agência Folhas, ao lado de um grande jornalista negro, chamado Oswaldo Faustino, que mais tarde seria editor de Cultura, no Diário Popular… Grande e modesto (risos)

Seu melhor momento como repórter:
Vou destacar uma matéria para a revista Raça Brasil. O editor me pediu para entrevistar por telefone para uma matéria de capa o Ed Motta. Mandou um fotógrafo, do Rio, fotografá-lo. A assessora disse que ele só tinha uma hora para a revista, somando o tempo com o fotógrafo e com o entrevistador e que as fotografias demoraram 45 minutos. Eu só teria 15. O editor até passou mal e eu ri. Começou a entrevista e, em determinado momento eu disse: “Ed, sua assessora disse que só tenho 15 minutos para te entrevistar. Já conversamos uma hora e meia. Você quer parar?”. E ele respondeu: “De jeito nenhum, esta entrevista está ótima. Vamos continuar!”. Me senti realizado.

Sofreu alguma discriminação na sua vida profissional?
Quanto tempo você tem para ouvir todas? (risos)



O dia 20 de novembro foi escolhido como o Dia da Consciência Negra em 2011, quando Dilma Rousseff era presidente da República. O texto, aprovado pelo Congresso foi:

LEI Nº 12.519, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2011
Institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É instituído o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de novembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.
DILMA ROUSSEFF
Mário Lisbôa Theodoro

A dívida que o Brasil tem com os negros e negras é impagável.

LEIA MAIS: IMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IVIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIII (FINAL)

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 19 de novembro de 2022

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (2)

Mariana Aldano
No próximo domingo (20/11), Dia da Consciência Negra, Mariana Aldano e duas colegas suas, Denise Thomaz Bastos e Gabriela Dias, vão apresentar um programa especial na TV Globo, logo depois do Fantástico: Sons de São Paulo. Esse programa tratará do que se refere o título, ou seja, da presença dos negros nos mais diversos cantos da Capital paulista.
Sobre a música de São Paulo, leia: SÃO PAULO EM VERSO, PROSA E MÚSICA, que publiquei no dia 24 de janeiro de 2022 como especial do Jornalistas&Cia.
Ao ator Davi de Almeida, outrora repórter cinematográfico da TV Globo e de outras tevês em São  Paulo, perguntei se em algum momento de sua vida fora de algum modo discriminado, na Redação ou fora da Redação. Depois de dizer que nunca foi discriminado, que nunca o viram com preconceito, disse: “Na vida há espaço para todos. O universo está aí à disposição pra realizar tudo o queremos ser. Feliz com o reconhecimento e as conquistas dos negros, que cada vez mais estamos ocupando espaços em todos os setores, inclusive no audiovisual. Somos todos iguais nessa vida de meu Deus e perante a Constituição”.
Trabalhei com Davi na Globo e dele guardo belíssimas imagens. Como ator, Davi de Almeida brilha nas séries PSI (2014), Beleza S/A (2013), Pico da Neblina (2019), Hebe (2019) e nos filmes VIPs (2010) e Carcereiros (2019).
Jorge Araújo é baiano como Davi de Almeida. Disse que nunca sofreu discriminação nenhuma entre colegas. Como baiano, aqui e acolá, foi visto por olhares preconceituosos e discriminadores. “Mas isso faz parte da vida”, diz ele.
Trabalhei com Jorge, na Folha. Século passado. Jorge Araújo é repórter fotográfico dos melhores do
Davi de Almeida com a atriz Brenda Lígia Miguel
Brasil e do mundo. Tem quase 50 prêmios, nacionais e estrangeiros, ganhados no decorrer da vida profissional. É dele a famosa foto da Pomba da Anistia. E diz, a mim: “Trabalhei durante 40 anos na redação da Folha de S.Paulo. Eu contei nos dedos de uma mão quantos profissionais de cor negra trabalharam ao meu lado e em cargos de chefia. Dados do Perfil Racial da Imprensa Brasileira mostram que a maioria da categoria (77,1%) é branca, segundo dados do IBGE. Em 40 anos na editoria de  Fotografia da Folha, somente dois negros trabalharam ao meu lado. Eu, como pardo declarado em minha carteira de identidade, nunca sofri nenhum preconceito pela minha cor. Num país com 56% de negros (IBGE), o Nordeste é o que mais emprega jornalistas negros, com 39%. Norte, 25%, Oeste, 21%, e Sul, apenas 5%. Na Semana da Consciência Negra é muito triste ver as pesquisas do IBGE. Precisamos caminhar mais 100 anos para equipararmos esta tragédia profissional”.
Na Folha trabalhei também com o craque Ubirajara Júnior, repórter policial. E nas horas vagas, contista. Na Folha trabalhei também com o fotógrafo pernambucano Manuel Isidoro, que se vangloriava de ser impoluto perante as mulheres. Era um cara cheio de graça, que já está no céu.
Jornalistas negros fizeram história, inclusive na Paraíba.
O primeiro presidente negro do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, Sindjorp, foi João Bosco Gaspar (1947-2018). Trabalhei com ele, no tempo em que ele era editor geral do jornal Correio da Paraíba, hoje portal na internet, e eu editor de Local.
Local era o nome que se dava, na Paraíba, à editoria que reunia notícias da cidade. No caso, 
Jorge Araújo
especificamente, João Pessoa.
João Bosco foi uma figura muito conhecida e polêmica.
Figura conhecida e também polêmica foi o paraibano de Santa Rita Severino Ramos Pedro da Silva, por todos chamado de Biu Ramos. Também trabalhei com ele. Biu Ramos (1938-2018) iniciou a carreira de jornalista como datilógrafo do promotor público Ivaldo Falconi, editorialista do jornal Correio da Paraíba. E foi então que ele, a partir daí, foi contratado como redator do jornal. E aí tudo ficou mais fácil. Biu Ramos escrevia muito bem, mas era um chefe ranheta. Detestava burrice. Uma de suas frases mais conhecidas é esta: “[...] A vida roda, até a consumação dos séculos, para sempre, sem fim, amém [...]”. O jornalista Biu Ramos não conheceu o poeta Augusto dos Anjos, mas conheceu e entrevistou o romancista paraibano, autor de Menino de Engenho e Fogo Morto, Zé Lins do Rego. O texto memorial que Biu faz sobre Zé Lins é memorável. Começa assim:

“Lembro-me como se fosse hoje. Foi aí por volta de 1952 (eu tinha exatamente 14 anos). Era o governo de José Américo, eu havia lido em A União que o grande romancista de Pilar encontrava-se na Paraíba em visita ao seu amigo governador, de quem participara da campanha que o elegeu em 1950. Passava pouco das nove horas da manhã, eu sentado num banco em frente à igreja, quando vi parar um jipe na porta da casa-grande e dele saltar aquele corpanzil imenso, sólido e ágil, os óculos inseparáveis, a roupa de linho branco, o paletó aberto, sem gravata, tão à vontade como se estivesse entrando na casa-grande do seu avô. Nunca o tinha visto de corpo inteiro, conhecia apenas a sua cara redonda com aquele começo de sorriso, no célebre bico de pena de Luiz Jardim. Mas não tive dúvida: ‘Zé Lins’, disse comigo. ‘Meu Deus, é Zé Lins do Rego que está chegando ali, trazido por Dr. Odilon’. Senti uma emoção forte e sincera. Tanto falava dele em minhas conversas com Seu Rodolfo que toda a minha mente já estava tomada de sua narrativa sem floreios, de seus personagens familiares e de sua linguagem peculiar, que eu o considerava um desses seres distantes, inalcançáveis, que só existiam em nossa imaginação. Dois dias antes eu tinha lido um de seus artigos em A União, reproduzido de outono, no qual ele falava de coisas da Paraíba, citava José Américo. Como podia um escritor daquela dimensão, que escrevia em O Globo, que já publicara tantos livros, estar ali, à meia distância de mim? Eu me refiz do susto − e foi um susto − e decidi que iria abordá-lo, iria conversar com ele, aquele seria o meu dia de glória e da minha definitiva consagração, que haveria de ficar eternamente gravado na minha memória. E ficou. [...]”
(Do livro Memórias de Um Repórter, A União; 1994)
 
O santarritense Biu deixou sete ou oito livros publicados.
A maior parte da população brasileira é formada por pretos e pardos. Em 1872, o Brasil tinha uma população estimada em algo em torno de 10 milhões de pessoas. Mais ou menos 15% dessa população era constituída de negros escravizados.
Tem sido comum, mas não dá para nos habituarmos com frases do tipo “negro, quando não faz na
Flávio Tiné
entrada, faz na saída”. Pedi ao jornalista pernambucano Flávio Tiné, pardo, um pequeno depoimento a respeito de frases desse tipo, questões desse tipo. E ele: “Como todo pretenso escritor, me surpreendia às vezes construindo frases de caráter racista. A revisora imediatamente chamava a minha atenção para o deslize, sabedora de que não se tratava de convicção, mas de um texto mal articulado, que não levou em conta a natural convivência de pessoas de cor diferente. Tinha em minha própria casa algumas pessoas de cor preta, encarregadas das tarefas domésticas. Eram tratadas como pessoas da família, que comiam a mesma comida e participavam de festas ou comemorações com a maior intimidade. Apesar dessa comprovada experiência, algumas vezes me surpreendi chamando de coisa de preto algum procedimento pouco civilizado, como jogar papel na rua ou buzinar na frente de um hospital. Mais recentemente, tem sido comum certas pessoas se recusarem a entrar num elevador onde se encontra uma pessoa de cor preta ou má vestida. Casos do gênero aparecem diariamente nos noticiários de televisão, fartamente ilustrados com imagens. Já passou da hora de superarmos tais desencontros. Tenho certeza, ou pelo menos esperança, de que alcançaremos em breve a igualdade de tratamento entre pessoas diferentes de gênero, cor ou qualquer outra forma de identificação.”
No jornal, revista, Rádio e TV é visível a atuação de redatores e repórteres. Carlos Silvio é um
Carlos Silvio
profissional do rádio e a ele pedi um pequeno depoimento:

“’Racismo, preconceito e discriminação em geral/É uma burrice coletiva sem explicação’, diz um trecho da letra da música Racismo É Burrice, de Gabriel, O Pensador. Pois bem, o racismo existe. O racismo sempre existiu. O racismo sempre, infelizmente, existirá. O debate racial nunca esteve tão em alta na sociedade brasileira. As políticas de ações afirmativas, idem. Eu, como radialista e apresentador do programa Paiaiá na Conectados, há mais de seis anos, na Rádio Conectados, nunca sofri racismo. Mas já entrevistei gente que sofreu, como o locutor esportivo baiano Sílvio Mendes. ‘O início foi muito difícil no rádio, por eu ser negro’, afirma Mendes. Os movimentos negros, que poderiam contribuir mais para o debate, parecem adotar uma narrativa político/partidária, em que se um negro não é da  mesma linha ideológica, é excluído, deixado de lado. Eu, como índio/negro, o fato de não ter sofrido racismo, não significa que não luto para o fim deste mal. No entanto, acredito que a melhor forma é o direito à igualdade, sem qualquer tipo de porcentagem em qualquer espaço. O rádio me deu esta  possibilidade de me comunicar, sem me sentir inferior ou superior. Nossa consciência é única e deve ser sempre mais humana.”

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

FAUSTO SETENTÃO!


Ao criar o mundo, Deus encheu o Brasil de chargistas, cartunistas, quadrinistas e tudo o mais que recriam o tempo e a vida através de lápis, canetas, pincéis.
No Brasil, real e fictício, germinaram talentos chamados J. Carlos, Mendez, Jaguar, Henfil, Alcy, Nani, Santiago, Fortuna, Ziraldo, Laerte, Angeli, Novaes, Luiz Gê, JAL, Maurício de Sousa e os irmãos Paulo e Chico Caruso.
E Fausto Bergocce?
Fausto é um craque do traço nascido em Reginópolis, SP. Sabe tudo de criação e recriação. Inventa e reinventa a vida como mestre que é.
Fausto, através da sua obra, faz o tempo mais bonito.
Eu conheci Fausto Bergocce ali pelos começos da década de 80 na redação do suplemento Folhetim, que circulava aos domingos no jornal Folha de S.Paulo. Ilustrou muitos textos meus, inclusive textos que eu fazia para o extinto Pasquim.
O acervo de charges, cartuns, colagens, xilos, aquarelas, é riquíssimo.
A obra de Fausto calculada em números é absurda e linda. A ele pedi que escolhesse uma dezena de charges e cartuns para ilustrar essa coluna. E não se fez de rogado. O resultado é o que se vê.
Fausto é daqueles caras que encantam à primeira vista. É muito observador e tem curiosidade por tudo.

Conhece uma dúzia e meia de países, entre os quais Estados Unidos e França. Dentre todos em que botou os pés, destaca o Marrocos.
O Marrocos fica ao norte da África e foi lá, no final do século 16, que o jovem rei D. Sebastião de Portugal sumiu. A lenda diz que ele, D. Sebastião, seguia à frente de sua tropa combatendo inimigos na batalha de Alcácer-Quibir. Mas essa é outra história. O que importa é que Fausto tornou-se o orgulho do pai Antônio e da mãe, Maria. E dos irmãos Luiz, Francisco, Flávio, Maria Albina e Sebastiana.
A jornalista Carla Maio está mergulhada em pesquisas para contar como se deve, passo a passo, a história de Fausto Bergocce. O livro, que ainda não tem título, será lançado em 2023 e nele estará com a primeira ilustração de Fausto, publicada em 1972, no tablóide Diário de Guarulhos. Há 50 anos, pois.
Fausto, que está completando 70 anos de idade, já publicou 16 livros. O mais recente é Pré-Histórias, com prefácio assinado por mim.
Em 2023 Fausto e eu lançaremos o livro Histórias de Esquina.
Ah! Sim: Fausto, o cara que traça tudo, é um orgulho do Brasil.

LEIA MAIS: JOGANDO CONVERSA FORAHOJE É DIA DE FAUSTO!FAUSTO: O TURISTA APRENDIZREMÉDIO PRÁ TRISTEZA É CARTOONNO PAIAIÁ O MELHOR DE SEMPRE

BOQUINHA MILITAR PODE ACABAR

Indevidamente, e na moita, quase 80 mil militares receberam o tal auxílio Brasil. Indevidamente porque, segundo o presidente do TCU Bruno Dantas, estão empregados e trabalhando como funcionários públicos. Esse pagamento começou a ser feito em setembro de 2020. Somente o titular do ministério da Cidadania, Osmar Terra, tinha conhecimento da irregularidade.
Esse escândalo, mais um do governo Bolsonaro, foi levado à conhecimento num relatório ao vice-presidente da República eleito, Geraldo Alckmin.
Muitas irregularidades, e até crimes, contra o povo estão sendo identificados. 

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente predador
Hoje quem foge é caça
Amanhã é caçador 
 
À propósito: por onde anda Bolsonaro, hein?
Os malucos e maluquetes bolsonaristas fizeram de um tudo para infernizar a vida do ministro Barroso, em Nova Iorque. Barroso, nervoso, deu o troco chamando um provocador de mané. Assim: "Perdeu, mané. Não amola!".

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (1)

Pesquisas indicam que a maioria da população brasileira é formada por pretos e pardos.
Pretos e pardos são pessoas que assim se declaram aos agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para fins políticos, segundo o Instituto, “negra é a pessoa de ancestralidade africana, desde que assim se identifique”.
A Região Nordeste é a que registra o maior número de pretos e pardos. Dentre os nove Estados, a Bahia é destaque. A História aponta que foi a Bahia o lugar em que os chamados “homens de cor” mais se rebelaram contra o sistema escravocrata. Foi lá, por exemplo, que ocorreu a Revolta dos Malês, na  madrugada de 25 de janeiro de 1835. Entre os líderes, uma mulher: Luiza Mahin, mãe do jornalista e poeta Luiz Gama.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi o primeiro jornalista negro do Brasil. Nasceu em Salvador e pelo pai foi vendido como escravo. Tinha dez anos de idade. Passou uns tempos no Rio de Janeiro e depois, no interior paulista. Foi alfabetizado, às escondidas, por um amigo de seu dono.
Depois de livrar-se da condição de escravo, Luiz Gama dedicou-se à luta pela liberdade das pessoas escravizadas. No decorrer dessa luta conseguiu livrar do cativeiro centenas de homens e mulheres.
A própria liberdade Luiz Gama conseguiu pouco antes de completar 18 anos de idade, provando que nascera de um ventre livre. Casou-se aos 29 anos com uma mulher chamada Claudina Fortunato, com quem teve um filho: Benedito.
Na imprensa foi atuante, chegando a fundar jornais junto com profissionais do naipe de Angelo Agostini e Rui Barbosa. Chegou a dividir espaço em jornais com Castro Alves, O Poeta dos Escravos. Esse título, digamos assim, Alves ganhou espontaneamente da imprensa por sua dedicação à causa abolicionista. É dele o poema Navio Negreiro, uma parte do qual gravei com o professor músico Jorge Ribbas. Foi no jornal recifense A Primavera que publicou o primeiro poema sobre a temática, A Canção do Africano, em 1863. Começa assim:

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez, pr’a não o escutar!...


Luiz Gama que viveu num tempo de extrema violência, política inclusive, morreu de diabetes e sem
voz, seis anos antes de a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, na manhã do dia 13 de maio de 1888.  Tinha 52 anos. Seu féretro foi acompanhado por cerca de 4 mil pessoas. A população da Capital paulista era de 40 mil habitantes. O corpo está sepultado no Cemitério da Consolação.
Durante toda a sua vida Luiz Gama atuou na imprensa paulista e em alguns jornais do Rio. O que escreveu está sendo reunido pelo doutorando em História do Direito Bruno Rodrigues de Lima, da Universidade de Frankfurt. Segundo ele, esse material será publicado até o final deste ano pela editora Hedra, em 11 volumes.
Não à toa, os poderosos de seu tempo o temiam. Uma de suas frases fez muito barulho, esta: “Todo escravo que mata um senhor, seja em que circunstância for, mata em legítima defesa”.
Gama, autor do livro Primeiras Trovas Burlescas (1859) costumava apresentar-se assim:

Amo o pobre, deixo o rico,
Vivo como o Tico-tico;
Não me envolvo em torvelinho,
Vivo só no meu cantinho:
Da grandeza sempre longe
Como vive o pobre monge.
Tenho mui poucos amigos,
Porém bons, que são antigos,
Fujo sempre à hipocrisia,
À sandice, à fidalguia;
Das manadas de Barões?
Anjo Bento, antes trovões.
Faço versos, não sou vate,
Digo muito disparate,
Mas só rendo obediência
À virtude, à inteligência...
(Quem Sou Eu, páginas 110 a 114)

Os poderosos mais esclarecidos viam no filho de dona Luiza Mahin um dos revoltosos da tomada de São Domingos, no Haiti.
Se Luiz Gama foi o primeiro jornalista negro de nossa história, também não custa lembrar que foi um jornalista negro o primeiro e único, até agora, a ocupar a cadeira de presidente da República, entre 1909 e 1910, depois de eleger-se deputado Constituinte, governador do Rio de Janeiro e senador.
Refiro-me ao fluminense Nilo Procópio Peçanha. Nilo Peçanha nasceu no dia 2 de outubro de 1867 e
morreu no dia 24 de agosto de 1924. Era pobre, de família pobre. O pai era padeiro. Frequentou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, mas bacharelou-se no Recife. Tinha 20 anos. E, como Luiz Gama, foi um grande abolicionista. Permaneceu no cargo de presidente por 17 meses, substituindo Afonso Pena (1847-1909), que morreu no Catete vítima de pneumonia.
Bom administrador da coisa pública, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura e introduziu o ensino técnico no Brasil, depois de criar o Serviço de Proteção ao Índio, que em 1967 se transformaria na Funai.
Contemporâneo de Luiz Gama foi o poeta, tipógrafo e editor literário Francisco de Paula Brito quem descobriu Machado de Assis para as letras nacionais.
O tempo faria de Machado crítico literário e colunista político, com presença frequente no Parlamento. Publicava seus textos políticos no Diário do Rio de Janeiro. Embora tenha sido o fundador da revista A Mulher do Simplício (1832) e dos jornais O Homem de Cor (1833) e A Marmota (1849), Brito não se considerava jornalista.
A importância dos jornalistas negros na imprensa brasileira é inegável. Muitos jornais foram fundados,
dirigidos e redigidos por profissionais negros, mas nem todos são identificados. Ficavam na moita. Muitos textos eram assinados com o carimbo, digamos, de Redator. Poucos sabiam quem era Redator ou O Redator.
Editor era um detalhe, como detalhe era o corpo redacional.
Os jornais pioneiros no campo de luta pelo abolicionismo foram publicados em Pernambuco (O Homem), Rio Grande do Sul (O Exemplo), São Paulo (A Pátria) e outras publicações noutras partes do País.
A chamada “imprensa negra” continuou atuando. Hoje são poucas as publicações direcionadas à questão da negritude, mas o problema continua grave.
Todo dia sai notícia relacionada ao racismo.
No último dia 29 de outubro deste ano de 2022, a deputada por São Paulo Carla Zambelli, de revólver
em punho, foi vista e filmada por câmeras instaladas estrategicamente nas ruas perseguindo um jornalista negro, atuante no setor esportivo: Luan Araújo, de 32 anos.
Nos jornais, revistas, rádio e televisão, o campo de trabalho para jornalistas negros está se ampliando, embora vagarosamente.
O primeiro repórter negro a ocupar espaço de apresentador no Jornal Nacional, ainda o mais assistido,
foi o paulista Heraldo Pereira. Isso em 2002, portanto há exatos 20 anos. Heraldo passou pelos principais jornalísticos da TV Globo, incluindo o Fantástico. E continua firme fazendo o que sabe fazer: jornalismo. A propósito, ele destaca que foi numa edição desse programa que fez uma de suas melhores
reportagens. Tratava-se do acordo entre o governo da África do Sul com os grupos que defendiam o fim do apartheid.
A primeira jornalista negra a apresentar o Jornal Nacional foi a paulistana, da região de Pinheiros, Maria Júlia Coutinho, a Maju.
Maju é uma pessoa incrível, cheia de graça e muito simples. Sabidona. Sabe de tudo e um pouco a mais. Conheci Maju pouco antes da pandemia do Novo Coronavírus, quando apresentava um programa todo seu na extinta Rádio Globo. E aí falei, falei e declamei, declamei e disse muita coisa. POEMA DOS OLHOS
Maju foi vítima do radicalismo político e racial, de pessoas que atacam pessoas por pensarem diferente.
Antes de Heraldo, estreou no programa Fantástico a repórter negra, carioca, Glória Maria. Linda. Isso em 1998. Uma de suas melhores reportagens foi a que fez sobre o chamado “País da Felicidade”,  localizado no Continente asiático, Butão.
Glória é do ano de 1949. Bem mais nova do que ela é Mariana Aldano, nascida na Capital paulista em
1986. É negra, ativíssima. De uma inteligência espantosa. Simples. Antes de ser contratada pela TV Globo, correu mundo. Fala alemão, dinamarquês, espanhol e inglês e esteve a trabalho em Londres,
Alemanha, Dinamarca, Malásia, Hong Kong e Tailândia. Perguntei: Qual é a importância dos  movimentos negros no Brasil?
Mariana considera de extrema importância os movimentos negros não só no Brasil, mas também mundo afora. Pra ela, e também pra mim, “somos todos iguais, independentemente de cor, condição social e crença”.
À propósito, esse entendimento natural consta da nossa Constituição (1988), especialmente no art. 5º:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A ESPERANÇA ESTÁ DE VOLTA

 
O presidente eleito Lula da Silva falou que nem gente grande ontem 16, na COP27, que ora se realiza no Egito. Começou dizendo que o Brasil, através dele, está voltando para de novo mostrar sua importância ao mundo. Falou durante cerca de meia hora. Seu discurso foi aplaudido várias vezes e transmitido, ao vivo, para inúmeros países.
Na sua fala deixou claro que vai cobrar o que devem os países ricos aos países pobres. A dívida é grande e antiga.
Entre várias promessas, Lula garantiu que vai acabar com o desmatamento criminoso na Amazônia. E também com o garimpo, visando a proteção dos povos originários residentes na região amazônica. Disse: 
"O planeta que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer".
A fala de Luís Inácio Lula da Silva foi a fala de um verdadeiro estadista. Gostei.
Lula trouxe de volta a esperança.
Para ilustrar, lá vai:
 
Eu planto esperança
Pra depois colher amor
Quem planta o que planto
Tem em Deus seu protetor

Planto tudo quanto posso
Na minha terra querida
Esperança bem plantada
Não faz mal, faz bem à vida

Esperança é preciso
Pra quem gosta de viver
Sem isso ninguém vive
Nem na dor, nem no prazer

Deus do céu é protetor 
De quem planta esperança 
E de quem gosta de brincar 
Brincadeira de criança 
 
Coisa boa é brincar
Brincadeira de criança
Brincadeira que consiste
Por de pé a esperança

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

AMERICANOS MANDAM FOGUETE À LUA

Depois de o homem pisar pela primeira vez na Lua, os cabeções da Nasa preparam-se para repetir a façanha.
Na madrugada de hoje 16, foi disparado o foguete Space Launch System (SLS).
O foguete SLS tem 98 metros de comprimento e pesa cerca de 130 toneladas. Custo: 50 bilhões de dólares. Foi disparado de uma plataforma no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 3h47 (horário de Brasília). É considerado o mais sofisticado, completo, da história espacial.
A ideia, segundo os bam-bam-bans da Nasa, é testar a possibilidade de levar à Lua astronautas. Isso, até 2025.
Manequins feitos à "imagem e semelhança" humana, feminina inclusive, foram acomodados nas dependências do foguete. A viagem, portanto sem tripulantes, está programada pra durar 25 dias.
A conquista do espaço pelo homem foi resultado da guerra fria travada pela ex-União Soviética e os EUA, no final dos anos 40.
Em 1957, os soviéticos mandaram ao espaço o primeiro satélite espacial, o Sputnik.
Em 1961, o presidente norte-americano John Kennedy (1917-1963) anunciou aos seus patrícios, que até o final da década conquistaria a Lua. Isso ocorreu na noite de 20 de julho de 1969.
O Sputinik dos soviéticos mereceu do compositor e cantor nortista Ary Lobo (1930-1980) a música Eu Vou pra Lua, gravada por ele mesmo e muitos outros artistas, como Zé Ramalho.
Ary Lobo morreu há exatos 42 anos.



LEIA MAIS: AINDA O HOMEM NA LUA HOJE É DIA DE HOMEM NA LUA

terça-feira, 15 de novembro de 2022

SOMOS TODOS SUICÍDAS

Os craques especialistas em cálculos da Organização das Nações Unidas, ONU, chegaram à conclusão de que o nosso planetinha não passa de um perigoso e crescente formigueiro. Há pouco apontaram que hoje terça 15 o número de pessoas alcançaria a estratosférica soma de 8 bilhões de habitantes. 

Os números indicam que continuam nascendo mais pessoas do que morrendo.

As pragas e todos os males conhecidos e desconhecidos matam o tempo todo, sem contar os conflitos corriqueiros e guerras envolvendo nações como Ucrânia e Rússia. Inexplicavelmente. 

Viver continua sendo um desafio pra gentes e bichos. 

Cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome nos quatro cantos do mundo.

Sim, viver é desafio.

Números indicam que mais de 30 milhões de brasileiros sofrem de fome aguda e o dobro disso chupa o dedo e reza pedindo a Deus um dia melhor.

Além de tudo é preciso levar em conta os problemas, mortais inclusive, provocados pelo violento e criminoso desmatamento de florestas mundo afora. 

A derrubada da Amazônia e a ilegítima prática do garimpo nas terras indígenas são inaceitáveis sob qualquer aspecto.

E o efeito estufa, hein?

A poluição é veneno, puro veneno.

Os mares e rios estão morrendo.

Doentes os peixes morrem afogados. 

Somos todos assassinos e suicidas.

O fato meu amigo, o fato minha amiga, é que não temos salvação. 


domingo, 13 de novembro de 2022

NOSSO MUNDO ESTÁ DOENTE, ENTUBADO (2, FINAL)

 
A questão ambiental é uma questão que diz respeito a todos nós.
Meu amigo, minha amiga, você conhece a Canção Maringá?
Meu amigo, minha amiga, você conhece a toada Asa Branca, o baião Riacho do Navio e outras coisinhas lindas no sentido musical como Acauã, Planeta Água e O Índio?
Eu também andei falando sobre índio. Clique: ÍNDIO, VIDA E PÁSSARO. TUDO É NATUREZA
A floresta amazônica nos dá o ar que respiramos.
O erudito Villa-Lobos escreveu uma bela peça sobre a Amazônia (Forest of the Amazon).
Artistas populares, como o paraibano Vital Farias, também mergulharam olhares na grande mata.Vital é autor de Saga Amazônica. Trata da preservação/destruição da Amazônia. Obra-prima.
Preservar a natureza é fundamental.
A natureza é forte, fortíssima. Não há nada nem ninguém mais forte do que a Natureza.
O repórter fotográfico paraense José Pinto e Iuri Moraes, lançaram, em 1997, o livro Natureza Cidade. Esse livro reúne legendas e poemas de anônimos e famosos que vivem ou viviam em São Paulo.
No livro Natureza Cidade há textos de personalidades como o cardeal Arns, o cantor e instrumentista Paulinho Nogueira, os cantores Pena Branca/Xavantinho, o pintor Aldemir Martins, o engenheiro Peter Alouche e o jornalista Audálio Dantas. Até eu entrei nessa história, provocado que fui por Zé Pinto:

O verde que dá vida
é verde que vem do chão
é verde que vem com fé,
força, graça e emoção;
emoção que leva às lágrimas
e ava o mais duro coração.

A força da natureza
é força que vem do nada
é uma força que dá vida
é uma força danada!
é uma força que renova
é bem-vinda, aventurada.

E o que faz o homem?
mata rio, mata mata,
mata pássaro, rã e cobra
cachorro, gato e gata
descontrolado transforma
vida em aço, ferro e lata.


Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora.
Xilogravura de Fausto Bergocce.

sábado, 12 de novembro de 2022

NOSSO MUNDO ESTÁ DOENTE, ENTUBADO (1)

Morre sorte, morre vida
Morre fé, morre esperança
Morre fim, morre começo
Morre paz, morre bonança
Morre tudo, nada fica
Só a dor da má lembrança

Morrem homens e mulheres
E crianças nas esquinas
Morre dia, morre noite
Nos morros, nas colinas
Morre tudo que se mexe
No rico solo de Minas

Mariana se repete
Com dor e muito espinho
O povo de Deus precisa
De amor e mais carinho
Por quê morre tanta gente
D'uma vez em Brumadinho…?


Que o mundo está perdido, está. Desde sempre. Desde Noé, que tentou salvar as espécies naquele diluviano bíblico.
A história do fim do mundo se acha em todo canto, mas ainda pode ser tempo de salvar essa história. Quem sabe?
O Cristo veio à Terra e à terra foi sepultado depois de torturado e morto cravado numa cruz.
Terremotos, maremotos e tsunamis a todos nos assustam.
Os mares continuam subindo de nível, assustadoramente. A temperatura, também.
O planetinha Terra está se afunhenhando rapidamente.
Toneladas e toneladas de lixo são expelidos anualmente nos mares.
O Atlântico e seus pares, que são sete, estão pedindo socorro a cada segundo em que se espraiam. E nós, nem não.
E os rios, hein?
Milhares e milhares de rios e riachos que os acompanham gemem correndo em direção aos mares.
O verde das águas marinhas mudam de cor a cada instante. Ao mudarem de cor, exalam o fedor que acolhem das águas dos rios. Da gente, das gentes.
Dos céus caem chuvas tóxicas. Com elas, pedaços de coisas quase sempre não identificadas.
E os ventos, hein?

O vento sou eu
O vento sois vós
Sem os ventos ventando
O que será de nós...?

A questão ambiental é uma questão mundial que a todos nos toca.
O mundo está doente, gravemente. E o Brasil, também.
Para que o nosso planetinha possa um dia se salvar é preciso que contribuamos de alguma maneira. Por exemplo: parar de jogar uma latinha de cerveja na rua ou uma garrafinha contendo água, leite ou sei lá o quê.
Domingo 6 foi inaugurada no Egito a COP-27.
A COP é um tipo de conferência promovida pela Organização das Nações Unidas. Reúne quase todos os 200 países identificados e com banca na ONU. O objetivo é discutir as questões climáticas sob todos os ângulos. O número 27 representa o total de conferências realizadas até agora.
O Brasil tem grande importância nas questões referentes ao clima do planeta.
A temperatura está subindo a cada ano e a Terra, esquentando. O mar avançando.
Essa é uma questão importantíssima para debate.
A Amazônia é o pulmão do mundo?
O meio ambiente tem sido discutido com intensidade e isso já faz tempo, e de todas as formas.
Desde o século 19, os autores realistas têm abordado a questão.
A questão seguiu como tema dos luteranos do século 20.
Vale a pena ler o romance A Bagaceira, do paraibano José Américo de Almeida; O Quinze, da cearense Rachel de Queiroz e também Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos.
Os poetas populares Leandro Gomes de Barros e Patativa do Assaré também abordaram a temática que faz doer até hoje o coração do povo nordestino.
Há muito o povo do Brasil do fundão anda esquecido pelos poderosos de plantão, incluindo Pedro II que chegou a jurar a se desfazer até da última pérola da sua coroa em prol das assassinas secas seculares.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

TINÉ E A ARGENTINA: UMA HISTÓRIA DE AMOR

Tiné, Flávia e Teodoro, numa visita à
Casa Rosada
O jornalista pernambucano Flávio Tiné (85) é daqueles que a gente guarda com carinho e respeito na caixa do peito.
Conheço Tiné há muito tempo, desde quando trabalhei na TV Globo. À época ele era o bam-bam-bam da assessoria de imprensa do complexo HC, Hospital das Clínicas.
Figura incrível é o Tiné.
Foi não foi, Flávio Tiné dá o ar da sua graça cá em casa. Ele sempre me possibilita bons momentos.
Flávio Tiné acaba de voltar de um giro pela Argentina. Esteve acompanhado da filha Flávia, do filho Paulo e do neto Teodoro. Do povo argentino, ele próprio quem fala: "Encontrei um povo alegre e tranquilo, sem a neurose de que se fala. Uma gente educada, alegre, cumpridora de suas obrigações sociais, de vestes despojadas. Apesar da crise financeira, não demonstravam preocupação e lotavam os restaurantes, com mesas e cadeiras nas calçadas. Fui muito bem tratado em todas as oportunidades que ousei falar o Portunhol. No mínimo, era tratado com amável sorriso".
Eu estive na Argentina há alguns anos, ainda quando meus olhos viam cores, gente e tudo o mais. Gostei muito de Buenos Aires e de outras localidades. Fui muito bem recebido pela direção da Biblioteca Nacional. Tiné disse que também adorou Buenos Aires e até tomou um vinhozinho lá deles, diga-se de passagem.
Além de visitar Buenos Aires Flávio Tiné visitou Santa Fé, La Plata e San Isidro. Ele, sobre La Plata: "A 56 km de Buenos Aires, La Plata tem uma característica singular: ruas planejadas e numeradas, que se iniciam numa praça e são cortadas por diagonais. Adorei. Na praça principal, Moreno, em homenagem a Mariano Moreno, encontra-se a Catedral de um lado e a prefeitura, de outro. Na praça, estátuas de figuras históricas".
A visita de Tiné à Argentina durou 8 dias e por esse período pagou sua estadia num hotel a quantia de apenas 1 mil reais. 
A inflação na Argentina está beirando à estratosfera.
O filho de Tiné, Paulo, se acha na Argentina ministrando um curso na Universidade de Santa Fé, com todas as mordomias possíveis. "Adorei a Argentina. Pretendo retornar a esse país o mais breve possível. A Argentina é um país lindo!".
Pedi a Tiné que me encaminhasse fotos dando conta da sua presença no país vizinho.

Paulo, Tiné, Flávia e Teodoro numa visita às beiras do Rio Paraná

JOSÉ NÊUMANNE HOMENAGEIA BOLDRIN NUM POEMA

Assis e José Nêumanne, numa noite de autógrafos

José Nêumanne Pinto é paraibano da terra de Erundina, Uiraúna, cidade localizada a 476km da capital João Pessoa. Fica ali no Alto Sertão. Zé Nêumanne, como os amigos o chamam, é jornalista dos bons e poeta excepcional. Tem vários livros. Em 1999 eu e Zé Ramalho gravamos num CD (capa ao lado) um poema dele: Desafio de Viola Repentina e Guitarra Cética (ouvir abaixo).
O próximo livro de José Nêumanne, Antes de Atravessar (Ibis Libris), trará um poema muito bonito que ele fez em homenagem ao amigo cantor, compositor e ator Rolando Boldrin. Não deu tempo para o homenageado ouvir o poema do Zé, Mas os leitores deste Blog têm agora essa oportunidade. Foi o autor que nos mandou:

SR. BRASIL, PRAZER E PENA
O Brasil é isso aí mesmo, Fernando Henrique Cardoso para João Moreira Salles

O Brasil é isso aí:
munganga de sagüi,
muqueca de siri,
delícia de abacaxi
e licor de pequi.
O Brasil é isso mesmo:
um índio a esmo,
um negro forro,
tutu com torresmo.
O Brasil é isso:
um enguiço,
chouriço,
espinho de ouriço,
ex-voto e feitiço,
uma flor em pleno viço.
Tem bê de bola,
bunda rebola,
bê de Boldrin,
banzo de branco,
ordem no tranco
e progresso pra banco,
muleta de manco.
Erre de rói couro,
a rota do ouro,
erre de Rolando
e Rolando Lero,
de rato e rei,
duplo em errei.
Parece que acabou
e nem sequer começou.
A de Alagoas e Alagados,
A de açude,
vício e virtude.
Esse só de sol e sal,
de safo e sacana,
mas sobretudo de sacripanta
mesmo esse de santa.
Esse de sonho
bom ou medonho.
I de inocente,
como parece a nossa gente,
de ilusão e injúria,
de ignara incúria
e ingênua luxúria,
nosso importuno infortúnio.
Ele de lenga-lenga,
leve e molenga,
também de lama,
um lindo drama.
Ele de lado,
o lado bê da fama.
Ele de Lampião,
lutas e loas
no mar do sertão.
Ele de ladrão,
pelo menos algum há.
Ele de louco,
cada um tem um pouco.
Ele de luz,
Axé, Jesus.
Sr. Brasil, prazer e pena,
ele é fugaz,
ela é pequena.
Torno ao degredo,
nunca fui sério.
Morro de medo,
vivo um mistério.
Levo um segredo
pro cemitério.
Sr Brasil, pena e prazer:
a pena é capital,
e o prazer, mortal.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

HOMEM DEVE CHORAR, SIM!

 Cresci ouvindo a frase que por muito tempo me acompanhou: "Homem não chora!".

Descobri no correr do tempo, e já em São Paulo, que choro alivia qualquer dor que um homem possa um dia sentir. Essa descoberta ocorreu quando eu tinha vinte e poucos anos de idade. O que me levou a isso não vem ao caso. Adianto, porém, que não houve mulher nessa história, ao contrário do que diz a letra do bolero Os homens não devem chorar, de Palmeira e Mário Zan. 

Mas chorar por mulher, também vale a pena. E por homem também, sei lá!

O tema choro trago ora aqui porque acabo de ouvir no rádio um chororo danado de bonito expresso por Lula, há poucos dias eleito novo presidente do Brasil. Ele dizia, entre soluços, que se findasse o mandato com café, almoço e janta na mesa do povo, dar-se-ia feliz, "Com a missão cumprida".

Pois é, choro faz bem.

 

BOLDRIN PARTIU SEM COMBINAR


O dia 9 de novembro de 2022 foi um dia brabo, barra pesada. Nesse dia, de frio e calor em São Paulo, partiram para a Eternidade a baiana Gal Costa e o paulista Rolando Boldrin.
Conheci Gal no tempo em que eu ainda morava em João Pessoa, PB. Tudo muito rapidamente, no centenário teatro Santa Rosa, que ficou lotado por meio mundo que queria vê-la cantando. O trânsito parou e foi tudo muito bonito. 
Gal Costa deixou um repertório constituído de 1.080 músicas, incluindo sambas, forrós, baiões e tal. Ela gravou Trem das Onze (Adoniran Barbosa) e Assum Preto (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), entre outros gêneros e ritmos.
Boldrin eu o conheci de perto.
Em 1993 ele e eu fomos chamados pela direção da extinta Continental para produzirmos uma série de discos sob o título geral de Som da Terra. Ele passou lá em casa e dirigindo me levou no seu carro até a sede da gravadora, que era ali na avenida do Estado. Durante uma reunião, Boldrin pediu uma grana alta. Não toparam pagar e ele não topou fazer a série, que ficou comigo. O resultado, que saiu em 1994, foi um pacotão com 26 CDs, 26 LPs e 26 fitas K-7.
Iniciei a série Som da Terra reunindo os principais violeiros de São Paulo. O primeiro deles, o pioneiro Cornélio Pires. A série encerrei com um disco contendo um belíssimo repertório de Boldrin. Ele gostou. Disse que adquiriu o CD em Nova Iorque, pois estava de férias.
Em 2006, Boldrin levou-me ao palco de onde gravava o seu Sr. Brasil. Plateia lotada, foi ele dizendo: "Esse cabloco aqui é muito bom. É Assis Ângelo, que vocês já conhecem".
Confesso que não sou muito tímido, mas ali ouvindo Boldrin dizer o que disse, acabrunhei-me.
Antes, poucos anos antes, convidei Boldrin a participar do programa São Paulo Capital Nordeste. Esse programa, líder de audiência na rádio Capital (AM 1040), era por mim apresentado nas noites de sábado. Ele foi e levou a tira colo uma garrafa de vinho que bebeu todinha enquanto eu transmitia o programa, ao vivo.
A partida de Boldrin para a Eternidade foi uma partida não combinada.
Rolandro Boldrin e Júlio Medaglia
nos estúdios da TV Cultura

Conversando ontem 9 à noite com o maestro Júlio Medaglia, ouvi: "Pois é, compadre. O dia foi pesado, mesmo. De manhã nos deixou a Gal e à tarde, Boldrin".
Medaglia teve importância fundamental na construção do movimento Tropicalista. Caetano frequentava sua casa, cá em Sampa. Gal, também. Ele lembra que Gal, muito novinha, costumava sentar-se muito à vontade no chão da sua casa. Cruzava as pernas e o vestidão enfeitava tudo. 
Quanto a Boldrin, o maestro conta que o ouvia frequentemente nos corredores da Cultura: "A última vez, faz uns três meses. Se tanto. Tiramos uma selfie (ao lado)".
Fica o registro.
Ah, sim! Ia-me esquecendo: há uns 3 meses eu compus Sr. Boldrin, em homenagem ao amigo. Veja:



LEIA MAIS: SR. BOLDRIN, O MELHOR DA TV (1) • SR. BOLDRIN, O MELHOR DA TV (2, FINAL) • MAIS CAUSOS DE BOLDRIN EM NOVO LIVRO • VIVA BOLDRIN, VIVA A CULTURA POPULAR • VIVA O OITENTÃO BOLDRIN!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

MORTE DE GAL ENLUTA O BRASIL


Eu nunca tive medo da morte, nunca tive. Tive medo de ficar cego, fiquei. Dos olhos. 
Eu sinto a presença da morte quando ela ataca pessoas, artistas, como a cantora soteropolitana Gal Costa. 
A morte de Gal, ocorrida na manhã de hoje 9, pegou de surpresa o Brasil bom, do bem, sensível. Agora mesmo ouvi na rádio CBN a colunista de Política Vera Magalhães chorando. Pouco antes, na mesma emissora a colunista de Economia Miriam Leitão falando sobre Gal entre soluços.8
Gal Costa integrava a grande linhagem de cantoras brasileiras, entre as quais Dalva de Oliveira e Elis Regina. Desse mesmo time participavam também Elizeth Cardoso e Bidú Sayão. 
Gal Costa, de batismo Maria da Graça Costa Penna Burgos, começou a carreira inaugurando um teatro em Salvador, com o show Nós, Por Exemplo . Isso em 1964, em companhia de Caetano Veloso e Tom Zé. Tinha 19 anos de idade. Em 1964 estreou num compacto simples interpretando as músicas Vim da Bahia (Gil) e Sim, foi você (Caetano).
A voz de Gal Costa era uma voz com tom, digamos, de cristal. O Jô Soares chegou a dizer isso, quando a entrevistou. 
Gal, como poucas cantoras, aliava técnica e canto com incomparável talento.
No começo dos anos de 1970, Gal apresentou-se ao Brasil inteiro cantando Meu nome é Gal. O autor dessa obra são dois: Roberto e Erasmo Carlos. A letra é uma jóia: 
Meu nome é Gali
E desejo me corresponder 
Com um rapaz que seja o tal
Meu nome é Gal

E não faz mal
Que ele não seja branco, não tenha cultura
De qualquer altura, eu amo igual
Meu nome é Gal

E tanto faz
Que ele tenha defeito
Ou traga no peito crença ou tradição 
Meu nome é Gal, eu amo igual 
Ah, meu nome é Gal

Essa música foi feita a pedido do empresário Guilherme Araújo (1936-2007).
Meu nome é Gal é o título do longa metragem de Dandara Ferreira, que já foi feito e está no processo de edição e 1montagem. Caetano participa dele.
A estreia desse filme está programada para o primeiro trimestre de 2023.
Gal morava no bairro paulistano de Higienópolis e sofria de câncer. A causa mortis, porém, ainda não foi oficialmente anunciada.
 

DISCOS VOADORES NO CÉU DO BRASIL

Os discos voadores continuam singrando no céu do Brasil. Domingo 6 e Terça 8, pilotos e copilotos de duas aeronaves da Azul e da Tam garantiram à torre que seus olhos viram estranhos objetos em movimento, na barra do horizonte. Os aviões estavam seguindo a Porto Alegre, RS.
Muita gente, famosa inclusive, já disseram que não só viram discos voadores como por seus ocupantes foram abduzidos.
Eu mesmo nunca vi um disco voador, estou acostumado é a ouvir disco de 78rpm e LPs de 8 e 12 polegadas.
Em 1978 entrevistei um cara considerado papa no assunto: Erich Von Däniken (registro ao lado).
A entrevista com Däniken publiquei no caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo. Depois, no dia 8 de julho do mesmo ano, publiquei no Jornal de Verdade. Esse jornal, do município paulista de Carapicuíba, era por mim editado. 
Como eu disse, muita gente garante de mãos postas terem visto e até viajado em discos voadores.
O mundo da música popular está recheado de belas composições que tratam do assunto. Oliveira de Panelas é autor de um belo decassílabo intitulado Esses Discos Voadores/Me Preocupam Demais. Essa composição foi gravada por vários cantores, entre os quais Zé Ramalho. 
Eu, hein!

terça-feira, 8 de novembro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (53)

Oi, pessoal. O dia foi cansativo, não deu pra gente fazer aquela conversa de manhã. Aquela de sempre.
"Seu Assis, o senhor está muito formal hoje, tenso", interrompeu Barrica. "É mesmo, o seu Assis está meio esquisito", concordou Biu.
Vocês são suspeitos. Vocês são irmãos... Barrica: "Nada não, mas que o senhor está diferente hoje está!".
"Pensando bem, Barrica e Bil têm razão. O que é que há, seu Assis?", perguntou com muita calma Zilidoro. 
Vocês estão alterados, procurando pelo em ovo. Procurando confusão onde não há. Estou tranquilo... "Tranquilo uma ova!", ousou berrando do seu canto o Jão. 
Ai, ai, ai. Esses meus botões são do balacobaco, como diria a minha versão feminina Flor Maria.
O botão alagoano Zé, até então em silêncio,  levantou a mão pedindo palavra. Disse: "Pessoalmente, acho que o Brasil está afunhenhado. E se o seu Assis está desse jeito, um tanto macambuzio, é compreensível. Tem de ser compreensível!".
Hummmm... Obrigado, Zé. Devo dizer que ando preocupado, sim. Politicamente falando. Lula ganhou, por um Brasil melhor. O outro, seu adversário, perdeu e tem mais é que se recolher a sua insignificância. 
"Eu não ia falar nada, mas diante da explicação do Zé eu só posso dizer que a preocupação do seu Assis tem a ver com a preocupação dos brasileiros de bem", disse Zoião quebrando o jejum do seu silêncio. E Mané: "Oba! Oba! Concordo,  concordo!".
Foi falando o que falou Mané e, inesperadamente, ouviu-se um toc, toc. Silêncio. Barrica: "Quem será?". Todos parados, ouvidos atentos. De novo toc, toc. Barrica pediu licença pra atender a porta. Nem preciso foi abrir a porta, pois a porta já estava sendo aberta e ali apareceram duas figuras: uma conhecida e outra desconhecida.
"Lampa! Lampa!Lampa!", disseram irradiantes todos os botões. 
"E aí Lampa, por onde você andou?", perguntaram alegres cheios de saudades todos os botões. "Depois eu conto, depois eu conto", prometeu Lampa com a voz um tanto cansada e puxando de uma perna engessada com o auxílio de uma muleta. Barba enorme. 
"Coitado...", murmurou Mané. 
Ao ouvir o murmúrio do Mané, Lampa gritou com voz estridente: "Coitado é a puta que pariu!".
Ao gritar "puta que pariu" Lampa indicou com o dedo a pessoa que o acompanhava. E disse: "Esse aí é meu amigo. O nome dele é Davi de Almeida. Repórter cinematográfico do caralho!". 
Meio perdido, sem jeito, Davi disse simplesmente que "Esse Lampa é fantástico!".
Bom, pessoal, tanta coisa pra contar e nos perdemos no caminho. O que os fanáticos bolsonaristas estão fazendo contra o Brasil é algo completamente surreal. No pior dos sentidos, diga-se de passagem. 
"Seu Assis, o que o senhor achou da lista do Tite?", perguntou Zilidoro. E eu: O Daniel Alves já poderia estar curtindo a tranquilidade da sua vida. Pois, enfim, já está com 39 anos. 
Lá no fundo da casa, ouço uma voz provocadora: "Se esse aí foi chamado pra defender a nossa seleção de futebol, por que seu Assis não foi chamado também?". 
Hummmm esses meus botões...

POSTAGENS MAIS VISTAS