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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

CEGA ESCAPA DA MORTE NO METRÔ

Vida de cego não é mole. De portadores de deficiência física, em geral.
Quinta 1º Magda de Souza Paiva, de 45 anos, dirigia-se ao trabalho quando, na estação Trianon-Masp do Metrô, escorregou e caiu da plataforma onde aguardava o trem. Assustados, os passageiros gritaram para que Magda se deitasse entre os trilhos e lá ficasse. Isso a salvou, pois segundos depois um trem com seis vagões passou sobre ela.
O caso é incrível. A passageira nasceu de novo.
Magda de Souza Paiva foi levada ao metrô pelo marido Marcos. No Metrô foi atendida por um funcionário. Inexplicavelmente a passageira alcançou a plataforma sozinha, sem ajuda de ninguém. E foi aí que aconteceu o imprevisto.
O Metrô de São Paulo opera com menos funcionários do que precisa.
Diariamente, segundo a diretoria de operação, são atendidos pelo Metrô cerca de 2.000 pessoas portadoras dos mais diferentes tipos de deficiência. Magda é 100% cega.
Nos poucos mais de 10 anos que trabalhei como assessor de imprensa do Metrô paulistano, nunca soube de algo sequer parecido com o que ocorreu com Magda de Souza Paiva, que trabalha como assessora parlamentar da senadora e candidata a vice-presidente Mara Gabrilli.

domingo, 4 de setembro de 2022

HUMOR, POLÍTICA E PROTESTO (2, FINAL)

O suicídio de Getúlio, além de enlutar o País, provocou uma enxurrada de folhetos de cordel e músicas nos gêneros mais diversos. Jackson do Pandeiro, por exemplo, emplacou o sucesso Ele Disse:

Ele disse muito bem:
O povo de quem fui escravo
Não será mais escravo de ninguém.

Para todo operário do Brasil
Ele disse uma frase que conforta
Quando a fome bater na vossa porta
O meu nome é capaz de vos unir
Meus amigos por certo vão sentir
Que na hora precisa estou presente
Sou o guia eterno desta gente
Com meu sangue o direito eu defendi.

Ele disse com toda consciência
Com o povo eu deixo a resistência
O meu sangue é uma remissão
A todos que fizeram reação
Eu desejo um futuro cheio de glória
Minha morte é bandeira da vitória
Deixo a vida pra entrar na história
E ao ódio eu respondo com o perdão.


Em 1959, o cantor e compositor Luiz Wanderley (1931-1993) mandou à praça o atualíssimo xamego Trabalhadores do Brasil:

Trabalhadores do Brasil.
Jamais o nome do Velhinho.
Será esquecido perante.
O operariado da nossa pátria.

Eu não aguento mais a situação.
Tá faltando carne, tá faltando pão.
Tá faltando leite e não tem feijão.

Trabalhadores do Brasil.
Vocês agora não tem pai.
O homem que lutou por vocês.
Que derramou seu sangue por vocês.
Foi embora e não volta nunca mais.
Ta faltando carne, tá faltando pão.
Tá faltando leite e não tem feijão.

Nosso povo hoje em dia.
Tá passando privação.
O dinheiro que ganha.
Não dá pra despesa.
Nem comprar um quilo de feijão.
Todo mundo vivendo na base do agrião.
Tá faltando carne, tá faltando pão.
Tá faltando leite e não tem feijão.

Na eleição de 1959, o povo de São Paulo elegeu a rinoceronte Cacareco como vereadora. Nenhum político teve tantos votos à época, como Cacareco. Protesto claro, claríssimo, dos eleitores de São Paulo.
Fechando com chave de ouro a história de Cacareco, a dupla Ouro e Prata lançou a marcha Cacareco.
Outra marcha que fez grande sucesso, em disco de 78 RPM, foi Só Mamãe Votou Em Mim na voz do ator e humorista Zé Trindade.
Na linha de Trindade, Waldomiro Lobo lançou O Candidato (Parte I e Parte II).
O teatro e os discos do desbocado Costinha, de batismo Lírio Mário da Costa (1923-1995), eram todos recheados de palavrinhas e muitos palavrões do mar agitado da sacanagem, diferentemente do que fazia seu colega de palco Zé Trindade (Milton da Silva Bittencourt; 1915-1990).
Diante de Costinha, Trindade era um santo, como Walter D'Ávila (1911-1996), com aquela carinha de besta...
No formato de LP, o satírico menestrel Juca Chaves deitou e rolou, falando/cantando política. Quem não se lembra de Presidente Bossa Nova, hein?
Como Juca, o humorista acreano José Vasconcelos (1926-2011) também deitou e rolou no campo político. Impagável o texto que interpreta intitulado Lançamento de Candidatura.
Chico Anísio e Jô Soares fizeram enorme sucesso com os personagens Salomé e o general argentino Gutiérrez.
Quem não se lembra da Salomé, do programa Chico City?
E quem não se lembra também do general Gutiérrez, que no Brasil tentava passar-se por baiano.
O escritor gaúcho Fernando Veríssimo também marcou bonito ao criar a Velhinha de Taubaté, que era a única pessoa que ainda acreditava no governo. Morreu diante da televisão, ao receber notícia sobre o Mensalão. Decepcionada, colapsou.
Os personagens políticos da vida real continuam pairando no imaginário popular, os mais frequentes são Getúlio, Juscelino, Jânio e Lula. Há muitas músicas compostas em louvor à Lula e uma ou outra "dedicada" a José Sarney e Collor.
São muitas as músicas de protesto. Chico Buarque e Vandré são os nomes mais lembrados nesse campo, mas o autor de Pra não Dizer que Não Falei de Flores não aceita essa classificação. "Não sou cantor de protesto coisa nenhuma, nunca protestei contra nada", disse ele um dia a este escriba de plantão.
É isso e a história segue.Quem não se lembra de Arueira? Clique:

sábado, 3 de setembro de 2022

HUMOR, POLÍTICA E PROTESTO (1)

Homem: Boa tarde, patrício!
Caipira: Bas tarde!
Homem: E o senhor, como vai?
Caipira: Aqui como veio, perrengue, viveno de lembrança e de sodade...
Homem: Os homens envelhecem, mas a pátria se remoça. Agora vai por todo o Brasil um sopro de vida nova de reação...
Caipira: Qua! Como tempo de dantes nunca mai há de fica.
Homem: Que mal lhe pergunte...
Caipira: Pregunta bem...
Homem: O senhor e eleitor?
Caipira: Pra que que ocê que sabe?
Homem: Queria que o senhor fosse votar na próxima eleição para presidente da Republica.
Caipira: Oi, moço. Num seja tonto. Largue mão disso. Deixe dessas patacoada. Oi, eu já fui monacrista, virei repurbicano, desvirei e revirei. Eu hoje em dia nem num sei o que e que eu sô. Esse negocio de monacria e de repurbica pra mim e a mesma coisa que criação de porco.
Homem: O, o senhor e pessimista.
Caipira: Isso que ocê falo num sei o que e. Mas isso eu num sô. Ocê arrepare que eu tenho razão. Ocê recoie um porco magro no chiqueiro. De minha cedo, ocê pinche um jaca de mio, ele: "hum". No meio do dia, outro jaca de mio, ele: "hum". Na boca da noite, outro jaca. De minha cedo tá puido. O porco vai cumeno, vai ingordano, vai ingordano, ingordano... Quando ele tá bem gordãao, só que dormir, roncar dia e noite. Vance pincha uma espiguinha de mio cateto, ele exprementa, larga, sobeja pras galinha pinica... Tá gordo, tá infarado, tá cheio, num tem mais fome, num precisa mais cume, paro de cume... Esse e o imperado. Agora com a Repurbica, não tem jeito. Vance recoie um porco magro, antes de ingorda; vance sorta, arrecoie outro, num há mio que chegue, pois.
Homem: O senhor não tem razão. A República e muito boa.
Caipira: Pode se, mas... Pra encurta o causo. Vance que tem viajado muito, tem andado muito aqui pra roça?
Homem: Tenho.
Caipira: Então ce deve cunhece muitas qualidade de arve.
Homem: Conheço.
Caipira: Vance cunhece aquel'uma que tá ali perto da ponte?
Homem: Conheço muito. E um ingaieiro.
Caipira: Ingazeiro nada. Aquela arve aqui nóis chama de arve do guverno.
Homem: Por quê?
Caipira: Vance arrepare, oi. Tem parasita inté no úrtimo gaio!
(Cavando Votos, Cornélio Pires, 1929) 
 
Em 1929, o paulista de Tietê Cornélio Pires (1884-1958) iniciava a sua famosa série de discos (52) na
Cornélio Pires
extinta gravadora Columbia. Eram discos que registravam as cantigas caipira de São Paulo. Foi nessa série que saíram as primeiras modas de violas, causos e piadas. E também foi por Cornélio feito o registro do comportamento do homem dito caipira. É desse ano o disco (78 RPM) que trás as faixas Agitação Política em S. Paulo e Cavando Votos. Pérolas. A primeira trata, de modo bem humorado, da Guerra Paulista; e a segunda, de pura filosofia entre dois caipiras.
O humor caipira, escrachado ou não, está presentíssimo no teatro, televisão e cinema. E nas páginas dos jornais e revistas também, desde o Império.
Mais do que fotografias, raríssimas, as charges e desenhos que tais ilustravam as publicações do tempo dos Pedros I e II.
Com o Império destroçado, findo, as fotografias passaram a disputar espaço quase pau a pau com as charges e chargistas.
Com a chegada do rádio em setembro de 1922, o Brasil começou a ser tocado e cantado por artistas populares da época. E até eruditos, como Carlos Gomes (1836-1896).
Em 1929, foi composta a primeira música comercial e de enaltecimento político a um candidato à presidência da República: Júlio Prestes.
Mas antes disso, dessa peça comercial (jingle), caía na boca do povo uma sátira musical feita pra tirar sarro do presidente marechal Hermes da Fonseca (1855-1923). Hermes, que governou o Brasil entre 1910 e 1914, ganhou a eleição com pouco mais de 400 mil votos. Disputou com o baiano Ruy Barbosa, que não teve nem 300 mil votos.
Getúlio Vargas

A sátira, cantada por Bahiano (Manuel Pedro dos Santos; 1870-1944), tinha por título Ai Philomena.
Getúlio Vargas tomou a eleição de Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.
Com a tomada do poder por Getúlio, choveram sambas enaltecendo o governo do gaúcho Getúlio.
Em setembro de 1950, o paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1894-1968) trouxe para o Brasil a grande novidade da época: a televisão.
Com a chegada da televisão, dizia-se que o rádio morreria.
O rádio e a televisão, na verdade, deram-se às mãos e o caso foi que o Brasil passou a ser mais ouvido e visto nos seus quadrantes.
A indústria fonográfica no Brasil, iniciada em 1902, vivia bons tempos desde 1929.
Em 1924, São Paulo entrou em guerra.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

CRISTINA KIRCHNER ESCAPA DA MORTE

Chocante a notícia do ataque frustrado contra a vida da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Foi ontem 1, à noite, em Buenos Aires.
O autor do ataque é um brasileiro de 35 anos, que rapidamente foi imobilizado por apoiadores da vítima. 
Nenhum membro do corpo de segurança de Cristina impediu os movimentos do brasileiro. 
A violência, como se vê, continua se espalhando por todo canto.
Bolsonaristas, na sua maioria, carregam o ódio e disposição para bater e matar como aconteceu recentemente no Paraná, PR.
Policiais federais estão dando guarda aos presidenciáveis. Lula é o mais protegido por uma guarda formada por mais de 100 homens.
Este mês de setembro pode nos trazer muitas más noticias. 
Dentro de exatamente um mês serão realizadas eleições para presidente, governador, senador, deputado estadual e deputado federal. 
Que Deus nos proteja!

SEBASTIÃO MARINHO 

O cantador repentista Sebastião Marinho será entrevistado amanhã 3 por Carlos Sílvio, apresentador titular do programa Paiaiá na Conexão, apresentado todos os sábados na Rádio  Conectados. O papo começará, pontualmente, ao meio-dia. Fica a dica. Não percam!

EU E MEUS BOTÕES (36)

Olá pessoal, estou trazendo um amigo pra conhecer vocês. Trata-se do historiador e ensaísta Darlan Zurc.
"De onde você é, Zurc?", perguntou Zilidoro emendando outra pergunta: "Tem livro na praça, seu Zurc?".
Zurc sorriu tirando o blazer e disse: "Sou baiano de Nova Soure, cidadezinha abrasível de quase 30 mil habitantes e localizada há 225 km de Salvador".
Biu cutucou o irmão Barrica, dizendo em voz baixa: "O cara é meio esquisito...". E o irmão, também em voz baixa: "Intelectual é assim mesmo, esquisito, metido...".
Lá do seu canto, Lampa cabisbaixo cutucava as unhas com seu punhalzinho de estimação, aparentemente indiferente. 
O Zurc, pessoal, está lançando um livro muito interessante. O título já é de chamar atenção: A Fúria de Papéis Espalhados.
"De que trata esse livro, Sr. Zurc?", perguntou o bom Mané. E Zurc: "É um livro no qual reúno ensaios sobre escritores brasileiros. Basicamente é isso".
Para minha surpresa, Zé pediu a palavra pra dizer que lera um texto que escrevi a respeito de Zurc e seu livro. Com o celular aberto pediu licença e leu em voz alta um trecho do que escrevi: 
 
"Declaradamente fã do jornalista Paulo Francis (1930-1997), Zurc escreve com leveza e um quê de graça.
Nos tempos de Silvio Romero e José Veríssimo o que se lia nos jornais era poesia e romances continuados. Folhetins. Mas isso não impedia que os jornalistas daquele tempo escrevessem com firmeza e originalidade.
Eram os tempos do jornalismo literário. À propósito, João do Rio (1881-1921) deixou um livro específico sobre esse tema: O Momento Literário, publicado em 1909. Tempos aqueles em que escritores formavam opinião, como os jornalistas de hoje.
Eram jornalistas todos aqueles que escreviam em jornais.
José de Alencar (1829-1877) escreveu críticas e folhetins, como O Guarany. Obra-prima.
Machado de Assis seguia na mesma linha, publicando poemas, contos, crônicas, romances e críticas diversas.
E assim foi.
Pra falar do presente, é preciso saber do passado.
Já na virada do século XIX para o século XX, João do Rio ganhava notoriedade publicando críticas, crônicas, contos etc. O João referido foi o cara que inventou a reportagem. História.
É basilar a função de um crítico.
Darlan Zurc pode ser, quem sabe, uma luz no deserto da crítica literária nacional..."
 
Zilidoro bateu palmas e perguntei, rindo: Pra quem são essas palmas, Zilidoro? "Pra seu Zurc e para o Sr., seu Assis", disse Zilidoro.
Ainda em silêncio, Lampa continuava cutucando as unhas. Zoião, em silêncio até agora, ousou perguntar: "Por que o Sr. resolveu escrever livro?". Resposta: "Escritor escreve livros. Cursei História na Universidade da Bahia e a minha vontade era ensinar. Talvez faça isso agora. Estou me preparando. Quero ser professor e o caminho, mais uma vez, é a Universidade".
Jão perguntou: "As pessoas parecem que estão lendo menos, a que se deve isso?".
Zurc gostou da pergunta e respondeu: "Pesquisas indicam que cada vez mais, menos pessoas estão lendo. É uma pena, pois a leitura nos enriquece sobremaneira. A leitura nos enriquece, nos dá conhecimento. Quem não lê, não sabe o que está perdendo".
Zé seguiu na linha de Jão, perguntando: "O Sr. lê muito?". E Zurc: "Sim, leio bastante. Pelo menos um livro por semana. Mas leio também jornais e revistas. Tenho fome por leitura. E o Sr., seu Zé, também gosta de ler?", aproveitou para perguntar o escritor. E Zé: "Mais ou menos, mais ou menos. Mas gosto de ler".
E você Lampa, lê também?, perguntei.
Pego de surpresa, Lampa tossiu e gaguejando respondeu: "Não, não leio. Não sei ler, não aprendi a ler. Durante toda minha vida, só trabalhei".
"No Brasil ainda há milhões de brasileiros analfabetos. A educação é de fundamental importância para um país, mas entra governo e sai governo e a educação passa sem a atenção merecida", disse Darlan Zurc. E Zilidoro: "O Lula e o Ciro, candidatos à presidência da República, têm dito que se eleitos vão radicalizar positivamente no campo da educação. Garantem que no seu governo vão acabar com o analfabetismo. Tomara que isso aconteça".
Bom pessoal, a conversa está muito boa e pronto. "Bom fim de semana a todos e foi ótimo conhecer vocês", emendou o convidado dessa prosa, o escritor baiano Darlan Zurc.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

BATE-PAPO SOBRE CULTURA POPULAR

Moreira de Acopiara, Sebastião Marinho, Assis Ângelo e Mariana Ananias
 
Agosto costuma ser um mês agitado, além de comprido: 31 dias.
Também chamado de o mês do agouro, do cachorro louco e do desgosto, o último agosto finalmente terminou.
Foi nesse mês que Getúlio enfiou uma bala no peito e partiu deixando órfãos milhões de eleitores e eleitoras.
Foi nesse mês também que Jânio tomou um porre e assinou uma carta renunciando ao cargo de presidente da República.
O dia 22 de agosto é o Dia Internacional do Folclore.  Como uma coisa puxa outra, representantes da nossa boa cultura popular estiveram ontem à noite 31 falando de cantador repentista e poeta de bancada. 
Poeta de bancada é como é chamado o poeta cordelista, o que faz verso para publicar em folheto. E tem muita mulher fazendo poesia pra cordel. Pois bem, estiveram comigo o cordelista Moreira de Acopiara, o poeta repentista, improvisador ao som de viola Sebastião Marinho e a professora e doutoranda na USP Mariana Ananias.
Mariana, a Mari, está concluindo tese de doutorado sobre cultura popular; mais precisamente sobre a quase desconhecida paraibana Chica Barrosa, cantadora repentista que se definia como "a negra Chica Barrosa, é faceira e é dengosa".
Durante muito tempo passaram de boca em boca trechos de cantorias das quais participaram Chica. Este, por exemplo: 

"...Mas se Neco a diferença
Entre nós só é na cô
Eu também fui batizada
Sô cristã como o senhô!
De lançar mão no “alei”
Nunca ninguém me acusô!
 
De ir preto para o céu,
Seja o branco sabedô;
E lá na Mansão Celeste
Se quiser Nosso Senhô:
Vai o branco pra cozinha,
E o preto para o andô!" 

O Neco aí referido, tinha como nome de batismo Manuel Martins de Oliveira. Era rico e cantador,
segundo Luís da Câmara Cascudo.
Além de professora interessada pela cultura popular do Nordeste, Mariana Ananias toca violão e canta de modo muito agradável. Gosta especialmente de decassílabos. 
Moreira de Acopiara contou causos, declamou poemas e cantou acompanhado ao violão por Sebastião Marinho. Foi um encontro agradável esse ocorrido ontem.
Chica Barrosa morreu quando tinha cerca de 50 anos de idade, provavelmente em 1916.
Dia desse desenvolvi uma sextilha em homenagem ao querido Rolando Boldrin. Essa sextilha ficou mais bonita na voz e nas cordas da viola do mestre Marinho. Confiram:

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

EU E MEUS BOTÕES (35)

Chefe...!
"Iiiiihh, lá vem ele de novo", cochichou Biu ao pé do ouvido do irmão Barrica. E Barrica, respondendo quase sem abrir a boca: "Pelo jeito ele gostou de chamar a atenção da gente, quando disse que acompanhou o debate entre os caras e as caras que querem ser presidente do Brasil".
"Chefe! Chefe! O Lula se saiu mal no confronto com o Bulsa, mas agora ele começa a falar pelos cotovelos. Diz que vai criar, ou recriar, um monte de ministérios. Até o do Índio, do Planejamento, dos Direitos Humanos, da Pesca. Uns oito, pelas minhas contas", falou com voz grave o velho Lampa deixando de lado, surpreendentemente, o seu inseparável punhal. E falou o que falou olhando nos meus olhos com aqueles olhos meio amarelados, feios e até temerosos para uns. "O que é que o chefe acha disso? Criar ou recriar ministérios é uma boa, é uma boa para o povo, para nós?", perguntou olhando pausadamente para seus companheiros.
"É! O que é que o Sr. acha do Lula, seu Assis?", entrou na conversa o bom Mané.
"É! O que o sinhô acha disso? O Lula está no lugar certo?", emendou Jão.
Quando eu ia dizer o que acho de Lula e dos demais candidatos, fui interrompido pelo ilustrado Zilidoro: "Acabo de ouvir no rádio a primeira dama, Michelle, falar que vivemos uma tal 'guerra espiritual'. Afe! O que venha ser isso?".
Bom pessoal, é nessa hora que o bicho pega. Todos querem chegar ao poder e pra chegar ao poder fazem tudo, qualquer coisa... Aliam-se a Deus e ao Diabo. Aliás, Deus é o nome mais clamado pelos candidatos e até pelos ateus. Os evangélicos são disputados pau a pau por Lula e Bolsonaro. Mas há um detalhe: Bolsonaro não gosta de mulher, tenha ela a religião que tiver...
"Bolsonaro é viado!", descontrolou-se Barrica. Calma, calma. Política é coisa séria, no mais é condenável qualquer baixaria. Mantemos a linha, o bom diálogo. É isso, pessoal.
"É, é isso mesmo! Lembro de uma fala que muito me marcou. Foi na campanha de Dilma pra sua reeleição. Ela disse que 'em campanha a gente faz miséria'", interrompeu-me Zé. 
Estou acompanhando o que é possível acompanhar nessa campanha dos candidatos aos diversos cargos. O Lula tem falado bastante. Falado o que não falou no debate que a Bandeirantes promoveu domingo 28 passado. O Lampa tem razão, já são uns oito ministérios que Lula promete criar ou recriar. Mas isso é o de menos, o importante é fazer um governo que atenda a todos nós, independentemente da ideologia de cada um. Não custa lembrar que o radicalismo de esquerda ou de direita não faz bem à Nação, seja qualquer nação.
Aparentemente satisfeitos com a minha resposta, Lampa e Zilidoro bateram palma e em uníssono todos disseram: "Muito bem! Muito bem!".
Agora,  eu recomecei: o que não tenho ouvido falar foi a recriação do necessário Ministério da Cultura. Bolsonaro acabou com tudo e pelo jeito ele detesta cultura e de quem não gosta dele...
Atento, Lampa deu de garra do seu punhalzinho e começou a cutucar as unhas, nervoso. Olhou pra mim e para os outros, vagarosamente, e nada disse. Olhou-nos de novo, limpou o punhal na calça e em seguida o enfiou nos quartos. Fez menção de falar, mas não falou. Passou a mão na cara e deu um peido.
De repente todos riram. 
Zoião pediu a palavra e opinou: "O Lampa é uma besta!".
"Besta é a sua mãe!", reagiu Lampa, olhando feio pra Zoião. 
Calma Lampa! O que é isso? Aqui ninguém tem o direito de xingar ninguém, tampouco mãe. Mãe é sagrada. Mãe é um ser sagrado!
Meio envergonhado, naquele seu jeito bruto de ser, Lampa pediu desculpas.
O papo está bom, mas já que indiretamente falei de cultura, não custa lembrar que hoje 31 de agosto faz 27 anos da morte de Agepê, 29 anos da morte de Isaura Garcia e 50 anos da morte da paulista Dalva de Oliveira. A Dalva foi uma das mais belas vozes que já tivemos. Era casada com Erivelto Martins e mãe de...
"Pery Ribeiro! Pery Ribeiro! O Pery foi um grande cara! Um grande cantor, um grande artista!", interrompeu-me exultante o poeta Zilidoro, acrescentando: "E se não estou enganado, hoje 31 é dia do aniversário de nascimento de Jackson do Pandeiro e de Emilinha Borba".
Muito bem, seu Zilidoro. Isso mesmo! E pra encerrar nosso papo lembro que o paulista de Tietê Ariowaldo Pires, o Capitão Furtado, nasceu também no dia 31 de agosto de 1907. Cheguei a entrevistar o Pery Ribeiro. O Pery foi o primeiro artista a gravar Garota de Ipanema. Vamos ouví-lo?

terça-feira, 30 de agosto de 2022

EU E MEUS BOTÕES (34)

Chefe!, começou gritando pra minha surpresa o sempre caladão e arredio Lampa, deixando o seu punhalzinho de estimação de lado. Prosseguiu ele: "Eu acompanhei o debate entre os cabras e duas mulheres que desejam ser presidentes do Brasil. Foi fraco. Não gostei, pois poderia ter sido melhor. Depois li o que o sinhô escreveu a respeito do debate na Bandeirantes. Eu pergunto: o sinhô odeia o Bolsonaro?".
Os demais botões da casa entraram numa espécie de convulsão, surpreendidos com a fala direta e reta do velho Lampa.
Zilidoro depressa pediu a palavra: "Curioso, eu estava com vontade de fazer essa mesma pergunta, porque outro dia li um poema do seu Assis sobre o atual presidente. Não gosto do presidente e gostei do poema que começa falando da irresponsabilidade do presidente que deu banana ao povo e tirou sarro de quem estava sofrendo vítima do novo Coronavírus. Um horror!".
Barrica ficou interessado no poema e pediu que Zilidoro o declamasse. Sem delongas, Zilidoro começou: 

Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o Bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente matador 
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador 
 
"Chefe! Mas o sinhô até agora não me disse se odeia ou não o Bulsa, como diz o Zoião: o sinhô odeia ou não esse cabra?", pressionou-me Lampa, a quem imediatamente respondi: Não, não odeio ninguém. Não tenho essa capacidade de odiar. Não odeio ninguém. Quem odeia corre o risco de sofrer como o odiado. Tudo que desejo é que um presidente faça bem à Nação tomando medidas benéficas e necessárias a todos.
Meus botões, todos, disseram "urraaa!".
Biu perguntou-me se eu acompanhei o debate com os presidenciáveis. Respondi afirmativamente, mas concordo com Lampa: foi fraco. Esperava mais.
Zé e Jão disseram que estão inclinados a votar no Ciro. Mané disse também que, talvez, vote no Ciro. "Acho o Ciro muito enrolado, fala uma linguagem meio doida", disse Zoião.
Finalizando, Lampa contou que ouvira há pouco no rádio notícia dando conta de que o Congresso está prestes a decidir a questão sobre eleitores que poderão ou não adentrar à cabine de votação armados. E opinou, com firmeza: "Sou contra! A arma do eleitor é o voto e não um revolver". 
Ante a fala de Lampa, todos os botões se levantaram e bateram palmas. 
E ainda pediram que eu compartilhasse um vídeo intitulado Presidente sem Noção, que fiz há algum tempo. Este:

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

MENTIRAS NO DEBATE


Iniciado pontualmente às 21h, o debate político que reuniu Felipe, Soraya, Simone, Ciro, Bolsonaro e Lula foi bastante proveitoso. Embora meio morno, transmitiu aos telespectadores e ouvintes o pouco que se passa na cabeça dos postulantes ao cargo de presidente da República.
Por instantes, Bolsonaro agitou-se. Fez o que faz com maestria: mentiu do começo ao fim. Sua cara de pau foi visível até ao mais cego dos humanos. O cabra não presta, mesmo.
Lula, mergulhado no passado, em nenhum momento mostrou ideias novas. Faltou clareza, inclusive quando foi questionado sobre atos de corrupção no tempo em que foi presidente. Em determinados instantes agitou-se também, que nem o seu principal adversário ao Planalto. Camaleão.
Simone marcou presença, falando com firmeza. Lembrou que já fora prefeita do lugar onde nasceu. E vice-governadora também. Exibiu ideias, muitas delas direcionadas à mulher. Surreal, em alguns pontos.
A Soraya foi feijão com arroz. Nada acrescentou.
Felipe, boçal, não desistiu em nenhum momento da ideia fixa de privatizar tudo. Até o ensino público. Que coisa!
O paulista Ciro Gomes, firme, exibiu ideias para um eventual governo. Baseou-se o tempo todo nos exemplos que deixou no Ceará, à época que governou o Estado.
O debate promovido pela rede Bandeirantes de rádio e televisão não decepcionou. Grosso modo, foi positivo. 
Dividido em três blocos, o debate teve a mediação de, primeiramente, Eduardo Oinegue e Adriana Araújo; de representantes do "pool" de empresas jornalísticas; de Fabíola Cidral, do UOL e de Leão Serva, da TV Cultura.
Bolsonaro e Lula saíram menores do encontro, que durou cerca de três horas.
Ah! Sim: ao fim do encontro, Bolsonaro fugiu dos jornalistas que o aguardavam à saída da Band.

QUE NÃO HAJA FUJÃO NO DEBATE DA BAND!

Eu e os brasileiros estamos ansiosos para acompanhar o debate entre os principais concorrentes à cadeira de presidente da República neste ano de 2022. Será daqui a pouco, às 21 horas. 
Serão seis os presidenciáveis convidados pela direção de Jornalismo da rede Bandeirantes de rádio e televisão. Estes: Lula (PT), Bolsonaro (PL), Ciro (PDT), Simone (MDB), Soraia (União Brasil) e Felipe (Novo).
A Bandeirantes iniciou a série de debates políticos em 1982. À época, o debate foi entre candidatos ao governo de São Paulo. 
Em 1989, a Band iniciou o debate com presidenciáveis. A mediação coube à competentíssimo Marília Gabriela.
O Brasil está no poço e temos, é certo, boas opções para nos livrarmos de um desastre maior, cujo resultado só Deus sabe.

sábado, 27 de agosto de 2022

A HISTÓRIA DOS JINGLES POLÍTICOS NO BRASIL

Na Música Popular Brasileira se acha tudo, ou quase tudo, do que ocorreu no nosso País desde que nas nossas terras desembarcaram os primeiros dominadores estrangeiros. Falo do primeiro navegador português: Duarte Pacheco, que chegou à costa maranhense na virada do século 15.
Na nossa música popular se acha a fuga de Dom João VI de Portugal para o Brasil.
Na nossa música também se acham as estripulias sexuais de Pedro I, que tinha 35 anos em 1834 quando morreu.
Os mais variados assuntos referentes ao nosso País podem ser encontrados.
Com todas as letras, os dramas de homens, mulheres e crianças escravizados estão na pauta da MPB.
Inclusive a queda de Pedro II, sua partida para o exílio e o golpe militar que levou ao poder o alagoano Deodoro da Fonseca, em 1889.
A partir de 1889 deu-se início a República, cuja primeira parte chamada de velha findou com o golpe que derrubou Washington Luís e impediu que Júlio Prestes assumisse a Presidência, em 1930.
Em 1922, o rádio engatinhava no Brasil.
Em 1929, as pouquíssimas emissoras de rádio recebiam o primeiro disco com um jingle político: Seu Julinho Vem, uma marchinha assinada por Freire Júnior, interpretada por Chico Alves.
O jingle fez um sucesso danado. E o fato é que Júlio Prestes ganhou a eleição com quase 1,1 milhão de votos, quase o dobro recebido por Getúlio Vargas.
Inconformado com o resultado da eleição, Vargas liderou um golpe de Estado apoiado pelos governadores do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.
Não podemos esquecer que o paraibano João Pessoa formou a chapa de vice de Getúlio.
Eu não entendo uma coisa: por que o golpe de 1930 é chamado de revolução?
Depois do jingle da campanha de Júlio Prestes, muitos outros foram feitos.
Getúlio Vargas ficou no poder durante 15 anos seguidos. Obrigado a renunciar, renunciou para não ser deposto sob armas. Isso ocorreu em 1945. No seu lugar, assumiu o marechal Eurico Gaspar Dutra.
Cinco anos depois, em 1950, mais uma marchinha (Retrato do Velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto; gravado por Chico Alves) ajudaria Getúlio a voltar ao poder. E voltou. E do poder só sairia morto, com um tiro no peito.
Substituiu Getúlio o seu vice, Café Filho.
Corria o ano de 1954.
A cada eleição aumentava o número de jingles.
Ganharam bonitos jingles Prestes Maia, Rogê Ferreira, José Bonifácio, Ademar de Barros, Jânio Quadros e seu vice, João Goulart.
Já na chamada Nova República, que começou com o fim da ditadura militar, os jingles feitos para ajudar Lula e Dilma a ganhar as eleições foram marcantes: Lula-lá e Coração Valente.
O jingle que ainda permanece vivo na memória popular é Varre Varre Vassourinha, Maugeri Neto.

Varre, varre, varre, varre vassourinha!
Varre, varre a bandalheira!
Que o povo já 'tá cansado
De sofrer dessa maneira
Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!
Alerta, meu irmão!
Vassoura, conterrâneo!
Vamos vencer com Jânio!


São muitos os artistas famosos que interpretaram e ainda interpretam jingles políticos. Entre esses Luiz Vieira, Jorge Veiga, Luiz Gonzaga (abaixo), Carmélia Alves (abaixo), Dircinha Batista, Isaurinha Garcia, Elizeth Cardoso e até o flautista Altamiro Carrilho.
Roberto Carlos subiu várias vezes ao palco para puxar votos para o empresário José Ermínio de Moraes, à época em que se candidatou ao governo de São Paulo em 1986.
O cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos também deixou sua marca em campanhas políticas. Esteve a serviço, por exemplo, de Fernando Henrique.
Curiosidade: o baião Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, surgiu originalmente como jingle político gravado pela primeira vez por Emilinha Borba.
 
 
Dos quase 40 presidentes que o Brasil já teve, oito deles eram vice.
Os vices presidentes que assumiram a Presidência foram Floriano Peixoto, Nilo Peçanha, Delfim Moreira, Café Filho, João Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.
A campanha política de 2022 já está a todo vapor.
Segunda 22/8, Bolsonaro foi sabatinado no Jornal Nacional, por William Bonner e Renata Vasconcellos. No mesmo jornal de terça 23, o sabatinado foi Ciro Gomes. Na quinta 25, Lula. E sexta 26, Simone Tebet.
Na mesma sexta 26, começou a campanha política no rádio e na televisão.
O primeiro debate reunindo presidenciáveis está marcado para a noite do dia 28, na TV Bandeirantes, mas há dúvidas quanto à presença de Lula e Bolsonaro.
Os jingles de Bolsonaro, Lula, Ciro e Simone são, musicalmente, uma bobagem.
Os responsáveis pela campanha de Bolsonaro foram buscar o sertanojo para embalar bobagens referentes ao candidato. O pessoal de Lula foi buscar o forró de plástico, forró eletrônico. Um horror!
Ciro está sendo representado em jingle na forma de pagode. Ai, ai, ai. Pior: Simone vem com sertanejo feminino.
O que é isso de “sertanejo feminino”?




Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

EU E MEUS BOTÕES (33)

O Biu adentrou na sala da casa correndo, esbaforido. Disse, atropeladamente, que um carro com a bandeira do Brasil e um monte de policiais estava se aproximando. "O que é isso, você está ficando doido?", perguntou Jão. Quase sem fôlego, resfolegando, Biu completou: "Sei não, mas acho que eu ouvi uns pipocos, uns tiros, uma coisa dessa".
O irmão de Biu, que é o Barrica, caiu na risada: "Vai ver que é o Bolsonaro chegando aí pra mais uma motociata".
De fato era o presidente que se aproximava com a sua trupe espalhafatosa para mais uma passeata sobre motos. "Hmmm...", resmungou Lampa de lá do seu canto, lambendo seu punhalzinho de estimação.
Bom, pessoal, vamos ao que interessa: Eu quero saber de vocês o que acharam das entrevistas que a Globo está fazendo com os presidenciáveis.
Zilidoro levantou a mão e disse: "Achei fracas as entrevistas com o Bulsa, Ciro e Lula. Hoje tem a Simone Tebet. À propósito, gostei muito da sabatina a que ela foi submetida na rádio CBN. Foi ontem 25. Disse coisas ótimas. Ela é afinada e diz perfeitamente coisa com coisa".
Mané ouviu a fala de Zilidoro, concentradamente. E disse: "Eu ouvi a sabatina. Coisa de alto nível. Tranquila e objetiva é a Simone". Zé emendou: "E o legal também é que a chapa dela, à presidência, é formada por outra mulher".
Zoião levantou-se do tamborete onde estava sentado e bateu palmas: "Perfeito! E o legal é que a vice da Simone é uma cadeirante chamada Mara Gabrilli, é senadora por São Paulo. Cabeçona!".
Muito bem, gostei do que disseram sobre a vice pretendida de Simone Tebet e o detalhe é que nunca na história do Brasil houve uma chapa formada apenas por mulheres. Vejo isso com bons olhos, mas quero saber também o que acham de Bolsonaro, Ciro e Lula.
Novamente Zilidoro levantou a mão, mas Barrica foi mais rápido e disse: "Na primeira entrevista da série com presidenciáveis no Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcelos pareciam pisar em ovos ao formularem perguntas ao presidente, que a princípio parecia também esquisito...".
Zilidoro interrompeu a explanação de Barrica, dizendo: "Esquisito? O cara é esquisitíssimo, horroroso! O lugar dele é na lata de lixo da história".
"Eu não gostei nem um pouco da entrevista com o Bulsa. Nem amarrado eu votaria nele. Agora quanto ao Ciro... O Ciro é invocado e fala uma fala de difícil compreensão para nós reles mortais", disse enfaticamente o Mané.
Foi a vez de Jão bater palmas, concordando plenamente com o que dissera Mané.
Zoião espichou seu olhar em direção ao Lampa e, sem se conter, falou alto: "Eu concordo com tudo o que foi dito até agora neste nosso ambiente democrático sobre os presidenciáveis. Mas e o Lampa, o que Lampa acha disso tudo?".
Devagarzinho Lampa abriu os olhos, resmungou, enfiou o punhal nos quartos e deu um pulo: "Eu to ouvindo tudo, mas não vi entrevista nenhuma na TV. Aliás nem sei se vou votar. No dia 2 de outubro nem sei onde vou estar, talvez caçando algum feladaputa por aí!".
Calma Lampa, calma, eu disse, aquiete-se homem. Você parece estar sempre com raiva do mundo todo!
Diante da minha fala amigável, Lampa voltou ao tamborete dizendo: "Eu não tenho raiva do mundo, eu tenho raiva é de quem não presta. E esse tal Bulsa, não presta!". 
Zoião deu uma risada e disse: "Lampa gosta é do Lula!".
De novo ocupando o tamborete, Lampa levantou uma sobrancelha e sem querer deu uma piscadela. Tipo tique nervoso. Gargalhada geral. Com a sua cara feia, de bravo, Lampa conseguiu dizer: "E gosto do Lula, eu gosto de gente boa, como o chefe aí".
Quieto, observando tudo, Biu bateu palmas dizendo que o Lampa tem razão: "O seu Assis é gente boa, é dos nossos!".
Meio sem jeito, dei por acabado nosso encontro de hoje.
"Pera! Pera! Pera! Eu tenho uma triste notícia a dar", interrompeu Zilidoro: "Esta semana morreu a artista Marilene, da dupla As Galvão. Confesso que fiquei muito triste e até chorei. As duas eram amigas de outras grandes artistas, como as irmãs Célia e Celma. Se seu Assis permitir, eu gostaria de compartilhar um trecho de apresentação em que elas cantam Beijinho Doce".
Aí está:

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O MUNDO CAIPIRA ESTÁ DE LUTO. MORREU UMA GALVÃO

 
O mundo da viola caipira e da sanfona de alto nível está de luto.
Morreu na tarde de ontem 24, aos 80 anos, a paulista de Palmital Marilene Galvão. O fato se deu no hospital Professora Lydia Storópoli, onde se achava internada há meses, por complicações decorrentes de Alzheimer.
Marilene formava dupla com a irmã Mary desde os 10 anos.
Por muitos anos a dupla Mary e Marilene atendiam por Irmãs Galvão. No correr do tempo passaram a chamar-se As Galvão. 
Mary e Marilene gravaram muitos discos de 78 RPM, LPs e CDs.
Além de cantar, Marilene tocava viola e a irmã, Mary, sanfona.
A melhor gravação da moda Beijinho Doce, de Nhô Pai, é de As Galvão.
Há uns 10 anos produzimos o CD Assis Angelo Apresenta Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo. Numa das faixas do disco, entrevisto as duas a respeito do famoso Capitão. Confira:
 

HÁ 61 ANOS, JÂNIO RENUNCIAVA À PRESIDÊNCIA

 
Forças ocultas derrubaram o presidente Jânio Quadros, no dia 25 de agosto de 1961. Foi um choque. 
As tais "forças ocultas" foram o argumento que Jânio deu a sua carta-renúncia. Mas esse argumento não colou, não cola até hoje. 
Certa vez entrevistei o presidente renunciante, ao tempo que ele ocupava a cadeira de prefeito da prefeitura de São Paulo.
A saída de Jânio Quadros da presidência da República abriu espaço para que os militares apeassem do poder o vice de Jânio, João Goulart.
O resto é história.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

REPÚBLICA MONÁRQUICA

Ridículo.
Na verdade, de péssimo gosto foi a ideia de trazer ao Brasil o coração afunhenhado do imperador Dom Pedro I.
Pedro I, a quem foi atribuído o "grito do Ipiranga", tinha 34 anos quando morreu em 1835. Morreu depois de lutar contra o irmão Miguel, na região portuguesa do Porto. E deixou dito, de próprio punho, que gostaria que o seu corpo fosse posto num caixão simples e assim, simplesmente, sepultado.
Quase 200 anos depois de sua morte, Pedro I volta ao Brasil na forma de coração. Vixi!
O filho de Pedro I, Pedro II, foi deposto por um golpe militar e, com isso, começou a República no nosso país.
Com a queda de Pedro II, deu-se início à República, mas o comportamento dos brasileiros parece continuar atrelado à Monarquia.
Desde sempre temos o Rei da Bola (Pelé), o Rei da Voz (Chico Alves), o Rei do Baião (Luiz Gonzaga), a Rainha do Baião (Carmélia Alves), a Rainha do Forró (Anastácia) e o rei disso e o rei daquilo.
Temos até o Rei da Cocada Preta, que é o cidadão que está por cima da carne seca. O bam-bam-bam.
A ideia de trazer o coração de Pedro I é triste, lamentável. Bizarrice pura!
O coração de Pedro I corre o risco de esfarelar-se, despedaçar-se como o coração do gaúcho Getúlio Vargas. A propósito, foi na terça-feira de 24 de agosto de 1954 que o então presidente da República enfiou um tiro no próprio peito. O tiro que matou Vargas acordou o Brasil naquela manhã de 24 de agosto.
E se o coração de Pedro I espatifar-se no chão,  hein?
Afe, que história triste, bizonha, mórbida!

ORGULHO-ME DE SER JORNALISTA

Clique na imagem para ler o edital
A cara da fome é feia. No Brasil e em todo canto. Mas especialmente no Brasil, porque no Brasil diz-se que é o país que alimenta o mundo.
O mundo está morrendo de fome e de outras mazelas. De guerras, inclusive.
Grosso modo poderíamos dizer que somos impolutamente nada.
O Brasil está morrendo de fome.
Outro dia, 2 de agosto, um menino chamado Miguel ligou para o 190 pedindo socorro. 
O número 190 é o número da polícia.
Miguel, de 11 anos, dizia que estava com fome. E a mãe, também.
Esse caso aconteceu em Minas. Tocou o Brasil.
Milhões e milhões de brasileiros continuam passando fome.
Em 1953, o pernambucano cantor Luiz Gonzaga lançou o baião Vozes da Seca. Dele e de Zé Dantas.
Naquele ano, 1953, o Nordeste estava morrendo de fome e de outras desgraças igualmente aniquilantes.
Havia naquele tempo, de Vozes da Seca, 20 Estados no mapa do nosso país. A maioria morrendo de fome.
No Congresso Nacional foi dito à época que a música de Luiz Gonzaga e Zé Dantas era maior do que qualquer discurso que se pudesse fazer sobre a seca arrasante que ocorria no País.
Hoje 23/8 o Jornal O Estado de S.Paulo publicou belíssimo e necessário editorial chamando a atenção dos poderosos do Brasil e do mundo para o problema gravíssimo que hora especialmente o Brasil vive: o da fome.
Esse editorial, Vergonha brasileira, traça com grande firmeza o que hoje o nosso País vive.
Gostaria de ver e de ouvir o que o Congresso Nacional tem a dizer a respeito desse editorial.
Viva a imprensa brasileira!
Luiz Gonzaga morreu no dia 2 de agosto de 1989. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ÓCULOS PARA CEGOS, HEIN?

Sexta 19, ali pelas 11 horas, fui convidado a conhecer as instalações da biblioteca Louis Braille no Centro Cultural São Paulo. Até lá fui levado por Flor Maria e Cris Alves. Fui muito bem recebido pelas pessoas que cuidam dessa biblioteca. A ideia e o desejo eram testar um equipamento especial, feito em Israel, para possibilitar a leitura de livros a quem não vê. O equipamento tem por nome "óculos-scanner", fabricado pela Orcam.
Os ditos óculos-scanner, chamados também de "óculos inteligentes para cegos", chegaram ao Brasil em 2018, mas até hoje poucas são as pessoas com deficiência visual que tiveram ou têm acesso a eles. Os motivos são vários, mas destaco dois: o altíssimo preço (R$18.000, 00) e na prática sua pouca eficiência. A mim não me entusiasmou, confesso. Como funciona?
Aos óculos é acoplada, numa de suas hastes, pequena câmera. O usuário dá um toque na câmera depois de segurar o livro que deseja ler. A câmera foca a página e dela faz uma foto. Essa foto faz com que a câmera, depois de novamente acionada, leia o texto pretendido. Aí começam as falhas, pois quase sempre a foto sai com má qualidade. A leitura é feita por uma voz robótica, computadorizada. 
A biblioteca Louis Braille do Centro Cultural São Paulo foi criada há 75 anos. No seu acervo há milhares de livros em braille e em audio, à disposição de interessados. Pra tanto, basta fazer um
cadastro. Sete funcionários atendem o público. Quatro dessas pessoas são portadoras de deficiência visual e três videntes.
No linguajar das pessoas portadoras de deficiência visual, videntes são aquelas que não têm problemas visuais. 
À frente da biblioteca Louis Braille se acha Carlos Henrique Gomes Costa, o Caíque.
Caíque é funcionário público e presta serviço na biblioteca há dezoito anos.
Entre as pessoas que me receberam sexta 19, além de Caíque, se achava a baiana Edna, com problemas visuais desde a infância. "Ela não enxergava da vista direita e tinha visão residual na esquerda. O médico disse que sua visão poderia melhorar na puberdade ou poderia perder totalmente esse sentido. Com Edna aconteceram as duas coisas: ela teve súbita melhora da visão no olho esquerdo, mas em seguida perdeu totalmente a visão. Hoje dedica sua vida a colaborar com outros deficientes visuais", conta sua amiga Cris Alves.
Há alguns anos, Edna teve a ideia de criar uma espécie de passeio para videntes, no Centro Cultural São Paulo. Esse passeio, chamado de "Passeio no Escuro", visa promover a sensibilidade de videntes para melhorar a inclusão de quem tem baixa ou nenhuma visão.
Ao fim da visita, que adorei, Edna pediu que  eu declamasse algum poema. E declamei: 
 
 

domingo, 21 de agosto de 2022

JÔ É TEMA DE EXPOSIÇÃO EM SÃO PAULO

Filho único de um paraibano (Orlando) com uma carioca (Mercedes), José Eugênio Soares marcaria a vida cultural brasileira como jornalista, humorista, ator e diretor de teatro (e de cinema), ilustrador dos seus próprios textos para o Pasquim, Veja e outras publicações; apresentador de Talk Show primeiramente no SBT e depois na Globo e, nos últimos anos, até como romancista.
De tudo ou de quase tudo esse José foi e fez, com o pseudônimo de Jô Soares.
Estudou na Suíça e aprendeu a falar e a escrever com fluência meia dúzia de línguas. A ideia inicial era seguir a carreira diplomática, mas a tempo desviou-se do caminho e tornou-se um craque completo no campo da cultura, a partir dos anos de 1950.
Jô gravou alguns discos e escreveu alguns livros, sendo O Xangô de Baker Street (Companhia da Letras; 1995) o mais conhecido, até porque chegou a ser traduzido em várias línguas e virou filme em 2001. Entre os LPs que lançou, se acha o de conteúdo engraçado: A B… E Outras Estórias.
Jô Soares era uma graça.
Para contar de modo bem humorado a história desse intelectual e artista, dezenas de cartunistas se juntaram e puseram de pé no Shopping Center 3 (Av. Paulista, SP) a exposição Um BeiJÔ no Gordo, sob a batuta do presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, José Alberto Lovetro (JAL).
“Jô Soares merece todas as homenagens possíveis por sua importância para o Brasil e seu povo. Os cartunistas brasileiros não poderiam ficar de fora porque o humorista adorava o desenho e também desenhava. No Pasquim publicava textos e ilustrava. Depois virou também pintor. Esta exposição é de seus companheiros de humor gráfico que colocam no papel aquele sorriso maroto, aquela piscadinha especial e o fantástico beijo do Gordo”, é JAL falando.
Jô Soares morreu no último dia 5 de agosto. E nesse mesmo dia JAL mobilizou mais de uma centena de cartunistas para uma homenagem virtual levada à vante pelo pelo G1.
A exposição Um BeiJÔ no Gordo foi inaugurada no último dia 12 e poderá ser apreciada até o próximo dia 28. 
 
Ilustrações de: Paffaro, Gilmar Fraga, Francisco Machado, JAL, Afonso Carlos Fernandes, Manga e Maurício de Sousa (Clique para ver melhor)

Os cartunistas participantes da exposição um BeiJÔ no Gordo, são: Afonso Carlos Fernandes, André Brown, André Camargo, Alex, Alisson Affonso, Armando Marcos, Antonio Claudio D. Teixeira; Baptistão, Bixigão, Bira Dantas, Brum; Camilo Riani, Carol Cospe Fogo, Caó Cruz, Cláudio Atílio; Danilo Scarpa; Fausto Bergocce; Érico San Juan, Edra; Fred, Francisco Machado, Fredson, Floreal; Gilberto Maringoni, Gilmar Fraga, Gilmar, Gisele Henriques, Guilherme Bandeira, Guto Respi; Hippertt; Jal, J.Bosco, Júnior Lópes, Joaquim Monteiro, Jorge Inácio, Jhota Melo; Laudo, Luís; Gustavo; Marcos Guilherme, Manga, Mauricio de Sousa, Olante, Orlando; Ricardo Soares; Seri; Paffaro; Thiago, Toni D'Agostinho, Trilho; Ray Costa.
No dia 28 de novembro de 2016, Jô convidou Maurício de Sousa para o seu programa. Clique: https://globoplay.globo.com/v/5480869/
Com a sua partida, Jô Soares deixou mais de 200 personagens órfãos.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 20 de agosto de 2022

O FORRÓ EM PAUTA

Falar de forró é sempre uma coisa boa.
O forró nasceu em Pernambuco e ganhou forma e conteúdo no Rio de Janeiro, quando Luiz Gonzaga gravou pela primeira vez Forró de Mané Vito. Corria o ano de 1950. Fins.
Durante muito tempo o forró e o baião andaram de mãos dadas, lado a lado.
O baião nasceu antes do forró, em 1946. Naquele ano, o grupo musical 4 Ases e 1 Curinga gravou, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, o marco dessa história: Baião, que começa assim: Eu vou mostrar pra vocês/Como se dança o baião/E quem quiser aprender/É só prestar atenção...
Amanhã 20 e domingo 21, ocorrerá no Centro Cultural Olido (Avenida São João, 473, Centro) o 1º Seminário de Formação em Forró. A ideia foi de Alzira Viana.
A programação de sábado e domingo é a seguinte: 
 

 
Você já acessou o site do Instituto Memória Brasil? Clique: https://institutomemoriabrasil.com.br/

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

EU E MEUS BOTÕES (32)

"Seu Assis, seu Assis! O Sr. viu o Tchutchuca do Centrão partindo pra cima de um youtuber lá no Planalto?", começou a falar exaltado o quase sempre tranquilo Zoião.
Que história é essa de Tchutchuca do Centrão?
Risada geral entre meus aparentemente fiéis botões. "O Sr. não sabe, seu Assis, o que é Tchutchuca do Centrão!?", meteu-se na conversa, eufórico e rindo, Barrica. Seu irmão Biu, soltando uma gaitada, disse: "O chefe tá to-tal-men-te por fora". E Lampa, cutucando as unhas com seu punhalzinho de estimação: "Hmmm, achei graça nessa história, confesso".
Zé e Mané ao mesmo tempo disseram: "Merecido! Merecido!".
Zilidoro, com sua calma franciscana, achou de enfiou seu bedelho no papo: "Essa história de Tchutchuca é, claro, muito engraçada. Mas a expressão não é de hoje. Tchutchuca vem lá de trás, de 1999, quando o grupo de funk carioca Bonde do Tigrão mandou ver nas paradas de sucesso com essa coisa de Tchutchuca...".
Zilidoro nem havia terminado a sua explanação sobre a origem da expressão Tchuthuca, quando Jão quietinho no seu canto, começou a cantarolar:

Vem, vem
Tchutchuca
Vem aqui pro seu Tigrão
Vou te jogar na cama
E te dá muita pressão!

Todos os meus botões começaram a cantar esse malamanhado refrão. Pior: e a dançar. E não teve como não rir. Voltou a dizer Zilidoro: "A expressão tchutchuca foi usada pela primeira vez, no campo da política, em 2001. Naquele ano Roberto Requião e Álvaro Dias disputavam o governo do Paraná. E foi Requião que tirou sarro do Álvaro. Requião ganhou a eleição, mas essa é outra história".
Cá pra nós, mas confesso que me surpreendi com a firme explicação de Zilidoro para a expressão Tchutchuca no campo da nossa política. Tudo bem, mas o que me preocupa é o fato de um presidente da República partir para a agressão contra um cidadão insatisfeito com a sua administração. Sim, claro, ser chamado de vagabundo, covarde e safado não é fácil. Não é fácil para nós cidadãos comuns. Mas para um presidente, representante de umaNação, é diferente.
"Mas o que é que se pode  esperar do Bulsa, um cabra tão destemperado?", perguntou Mané.  
Essa fala do Mané despertou a atenção do Biu: "O que é 'Bulsa'?".
Todo mundo caiu na risada com a pergunta um tanto ingênua de Biu. 
"Bulsa, é Bolsonaro, idiota!", provocou Zoião.
É pessoal, a vida política no Brasil está complicada. É xingamento pra tudo quanto é lado. Até a primeira dama, dona Michelle, andou dizendo abobrinhas contra o Lula e o Lula revidou, dizendo que Bolsonaro está tomado pelo Demônio. "É verdade, é verdade, seu Assis! Muita coisa está por vir, por isso a gente precisa se cuidar", disse Zé. 
Bom, vocês viram a última pesquisa do Datafolha?
Barrica levantou a mão dizendo que sim, que viu, opinando: "O Lula continua na frente, que nem cavalo bom de corrida, mas se não se cuidar pode perder". 
No seu cantinho, de rádio portátil na mão, Jão começou a cantarolar incentivando os coleguinhas de casa a dançar no passo do Tigrão:

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