... Saiba, que o senhor terá de mim, não apenas a lealdade que um ministro que se soma a de um vice, mas minha dedicação integral em prol de uma agenda que contribua para reverter os resultados inaceitáveis que nossa economia vem acumulando nos últimos anos.[...]A nossa união, presidente Lula, não é episódica, de ocasião ou por uma eleição. A nossa união é por um país, por um povo e pelo seu direito de viver em um regime democrático e em um país verdadeiramente produtivo. Tenha em mim, presidente Lula, aquele a quem o senhor poderá confiar sempre a primeira e mais árdua missão, porque é inabalável o meu compromisso com o senhor, o seu governo e o nosso país. Que venham dias de crescimento e justiça social.
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
A HISTÓRIA DO BRASIL RECOMEÇA
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
AINDA 20 DIAS QUE SACUDIRAM O BRASIL
Eis aqui uma notícia breve, curta, incisiva sobre um pedaço da tragédia brasileira. Um ato de extraordinária movimentação, que se inicia com as cenas iluminadas da esperança a explodir nas ruas, nos rostos pintados dos meninos, no grito do povo geral reunido nos comícios e termina frêmito de medo que percorre as praias cariocas assoladas pelos arrastões.
O Brasil mudou nesses vinte dias? De um modo ou de outro, mudou.
Collor escorraçado do Palácio do Planalto, onde permanecera por mais de dois anos a esbanjar a vaidade e a arrogância de pequeno ditador de província, não significou apenas a mudança que todos esperamos seja definitiva para a Casa da Dinda. Na esteira de seus passos, na retirada humilhante, cresceu o clamor popular contra a impostura, a safadeza, o furto descarado de um grupo que, ao invés de um projeto político, tinha montado uma quadrilha para assaltar o poder.
Naquele instante o povo se apropriava do direito secularmente usurpado da cidadania. Como nunca acontecera antes, em nossa História, o povo falou pela boca de juizes e parlamentares. As instituições se dignificaram ao interpretar o clamor das ruas. Então, houve uma importante, importantíssima mudança.
Mas a tragédia brasileira não se encerra nesse ato de afirmação popular. O rastro de miséria deixado por Collor em sua passagem apenas marcou mais fundo a miséria secular que atinge a imensa maioria do nosso povo.

Mal Itamar Franco sobe ao poder, caem as bolsas de valores e sobe a cotação do dólar no câmbio negro, numa imediata demonstração de que os donos da riqueza não estão dispostos a perder nada. Com Collor ou sem Collor, a chamada elite quer continuar no seu bem-bom, mesmo que pairando sobre o abismo da miséria mais abjeta. Por isso, um ministério formado em sua maioria por "desconhecidos", alguns até nordestinos, a assusta. E faz com que ela se previna do jeito que sempre fez; remarcando os preços. Porque - a velha história pode vir por aí algum pacote.
Tudo isso acontece enquanto o país navega da esperança à frustração, da alegria dos cara-pintadas ao ranger de dentes do inferno superlotado da Casa de Detenção de São Paulo e do ódio que apagou o sorriso das crianças da Febem.
Assis Ângelo, jornalista, nos dá a notícia que já é história, no livro curto que é um registro, um lembrete, um corte que sintetiza em vinte dias uma tragédia de cinco séculos.
Em flashes, ele nos dá conta das coisas acontecidas nesses vertiginosos dias: o povo nas ruas, à espera do momento de libertar o grito de vitória pela queda de Collor; três dias depois, a descida ao inferno de fogo e sangue da Casa de Detenção; a posse desajeitada do novo presidente e a escolha de seus ministros; a constatação, pelo ministro do Trabalho, de que o salário mínimo é seis vezes menor do que deveria ser o justo e necessário, mas que não há jeito a dar nessa miséria, porque o país não tem com que pagar; o vôo que levou Ulysses Guimarães e com ele muitas das esperanças por um país mais digno.
20 DIAS QUE SACUDIRAM O BRASIL (4, FINAL)
... E pensar que o Sr. Fernando Affonso Collor de Mello, um ex-caçador de "marajás" — como se autodenominava — e redentor dos chamados "pés descalços" e "descamisados" (que se multiplicam aos milhões todos os dias pelos rincões deste País sem fim) pretendia permanecer à frente dos nossos destinos por um período mínimo de 30 anos… Argh!, chega a arrepiar. Deus do céu! E que palhaçada! Que dizer de alguém metido a poliglota, e investido (legalmente, para infelicidade nossa) no cargo de presidente da República Federativa do Brasil, que recebe pomposamente — na ilusão de se fazer mais importante — o mundialmente consagrado e competente escritor peruano Mário Vargas Llosa, com a seguinte frase:
— Eu estou torciendo por vocé, Mário.
Pois é, dizer o que?
O correto seria: "Estoy haciendo barra por usted, Mário." Quem duvidar, que leia o livro de memórias de Llosa, El Pez en el Agua (Ed. Seix Barral). Antes de cometer essa barbaridade linguística, Collor sacou a frase que levou o humorista Jô Soares ao delírio:
— Duela a quien duela.
Afe!
E nós, ó, só sofrendo. Pra lembrar: no dia 26 de abril de 1984 foi rejeitada a emenda Dante de Oliveira, que restabelecia a eleição direta para presidente da República. Um ano depois, no dia 21 de abril, morria Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral. Surgia a malfadada Nova República. O então presidente José Samey lança o Plano Cruzado e é endeusado — a desilusão viria depois. Entre 1987 e 1988 é redigida e aprovada por deputados e senadores a Constituição que nos salvaria a todos — era o que se dizia na época, mas o tempo se incumbiria de comprovar o contrário. Finalmente, a maior de todas as decepções:
Collor, um aventureiro desconhecido, chegaria ao poder...
As decepções, porém, não devem, jamais, suplantar os sonhos e esperanças de um povo.
Nada como um dia atrás do outro.
Em frente!
Cerca de 35 milhões de brasileiros acreditaram nas promessas de Collor e depois se arrependeram. Pudera! Coisas da vida.
Ah! Sim: Segundo o folclore, o boto é um golfinho muito safadinho e louco por rabo de saia, que na calada da noite costuma seduzir virgens e mulheres casadas às dúzias, nas margens dos afluentes do rio Amazonas, onde mora. É um perigo danado. Não custa lembrar que Bernado Cabral nasceu naquela região.
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Abaixo, leia o texto nas páginas originais:
domingo, 1 de janeiro de 2023
20 DIAS QUE SACUDIRAM O BRASIL (3)
Para piorar a situação de Collor e seus asseclas surgiu, através das páginas de Isto é (revista semanal com grande índice de leitura no País), um humilde motorista nordestino do Rio Grande do Norte de nome Francisco Eriberto Freire França, falando com desenvoltura e propriedade da perigosíssima ligação entre PC Farias e a secretária do próprio Fernando Collor, Ana Acioli. Isso no dia 28 de junho de 1992. Para complicar foi inventada, no princípio de agosto, uma tal "operação Uruguai" (denunciada pela ex-secretária da ASD Empreendimentos Ltda., Sandra Fernandes de Oliveira), com a pretensa finalidade de justificar a origem de alguns milhões de dólares conseguidos sabe Deus onde. Paralelamente a tudo isso, já pululavam os "fantasmas" de PC em inúmeras agências bancárias do País e na imaginação criativa do povo brasileiro. Até folhetos de cordel o tema rendeu, além de sambas, pagodes, canções e até uma minissérie de televisão (Marajá, da TV Manchete).
Desesperado com tantas denúncias, Collor só faltava arrancar os cabelos (logo ele que sempre gostou de andar com a cabeleira arrumadinha). E haja gel! Durante um jantar na casa do deputado Onaireves Moura (PTB-PR), no dia 16 de setembro, o presidente Fernando Collor ainda abriu a boca e soltou impropérios de todo tipo contra Deus e todo mundo. Na ocasião, sobraram pesadas farpas para o desaparecido deputado Ulysses Guimarães, que foi injustamente chamado de "esclerosado, senil, decrépito" e acusado de ser "um bonifrate dos interesses econômicos de São Paulo".
Era o sinal da loucura, do desespero de Collor.
Para encerrar essa triste e lamentável história, o povo resolveu ir às ruas — os estudantes adoraram — e forçar um basta contra o descalabro que já enojava a Nação inteira. A Câmara aprovou o pedido de impeachment (processo por crime de responsabilidade cuja pena principal é a perda do cargo) feito formalmente no dia 12 de setembro pelos presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Marcello Lavanere Machado e Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, respectivamente.
Era o fim, não havia mais jeito.
O destino do Sr. Fernando Affonso Collor de Mello foi selado no dia 29 de setembro, dia de histórica votação na Câmara dos Deputados. Mas, atenção, é erro grave imaginar que os únicos ladrões (e/ou corruptos) que infestam o Brasil atendem só por Collor e sua cara-metade de aventuras, PC Farias ( até agora, junho de 1993, PC foi indiciado em 34 inquéritos policiais; seu sócio, Jorge Bandeira, foi enquadrado nove vezes em 19 artigos do Código Penal Brasileiro).
Comecemos, agora, a narrativa da incrível história dos 20 dias que mudaram os rumos deste País. Quer dizer, mudaram mas os escândalos, como a indústria da seca (que anualmente rende US$ 1 bilhão aos espertalhões de plantão), os roubos e as safadezas de todos os tipos continuam aí. Quer dizer, rigorosamente continuamos na mesma, sem saber direito para onde ir. Nesse ponto, basta darmos uma olhadela despretensiosa em volta para constatar que os usineiros, por exemplo, vão muito bem, obrigado, com suas usinas falidas mas com bens materiais incalculáveis, entre os quais mansões "hollywoodianas" no Brasil e no exterior, fazendas, carros, iates, aviões etc. e, ainda por cima, recebendo benesses do governo Itamar a toda hora e a todo instante. Quem diria, hein?
Mais uma coisa: a burguesia é uma senhora gorda e aética que costuma ficar sempre do lado de quem ganha, seja em que situação for. Portanto o povo que se cuide, pois nem sempre — está definitivamente provado — depois de uma grande tempestade reina a santa e sagrada calmaria tão ansiosamente esperada por todos.
Saravá!
sábado, 31 de dezembro de 2022
20 DIAS QUE SACUDIRAM O BRASIL (2)
A série de escândalos da era Collor começou com a deslumbrada ex-ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, trocando bilhetinhos apaixonados por baixo da mesa em reuniões de trabalho, no Palácio do Planalto, e dançando em casa de amigos o bolerão Besame Mucho, de rosto colado com o descolado ex-ministro da Justiça, Bernardo Cabral, em outubro de 1990. O romance que deixou a Nação perplexa e acabou melancolicamente numa cama de hotel em Paris, rendeu um belo samba (ainda inédito) do genial compositor paulistano Paulo Vanzolini, autor de Ronda e Volta por Cima. O samba é assim:
Minha neguinha
Hoje eu acordei disposto
Pra fazer seu gosto
Vamos nos casar
Hoje é o dia
De enfrentar a Pretoria
De na pausa ou na agonia
A gente se amarrar
E o padre e o cartório
Já estão avisados
O bifê tá contratado
Nada vai faltar
Você se pinte
Você se enfeite
Você se vista
Que eu vou dar uma passada
No dentista e volto já.
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traço de Fausto Bergocce |
Depois do malfadado bolerão de autoria da mexicana Consuelo Velasques, e da fuga estratégica do boto Cabral, de Paris, foi a vez de o próprio Collor soltar a franga no reveillon de 1990, em Angra dos Reis, RJ, a bordo de caríssima e sofisticada lancha do playboy Alcides dos Santos Diniz, o Cidão, um dos seus amigos do peito. Diante dessa moleza toda, o monstro da inflação resolveu despertar e pôr toda a sua maldade para fora. Azar nosso!
Com a inflação então na casa dos 20% ao mês, a ministra da Economia acabou sendo posta no olho da rua (8/5/1991) e ao País apresentada a figura desengonçada do embaixador neoliberal de mentirinha Marcílio Marques Moreira, que da noite para o dia virou ministro da Fazenda e papa da economia brasileira. Um horror! Começou, em seguida, uma onda gigantesca de privatizações varrendo o País, de cara com a Usiminas sendo entregue à iniciativa privada pela bagatela de Cr$ 709,6 bilhões, sob protesto e muito pau entre operários e engravatados em geral ( e com a presença da polícia, que efetuou várias prisões) no dia 24 de outubro de 1991. Detalhe: cena idêntica viria a ocorrer meses depois já durante o governo Itamar Franco quando, depois de muito disse-me-disse, foi anunciado ao País, mais uma vez, o leilão da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, a maior fabricante de folha-de-flandres da América Latina e a mais importante usina do Continente.
A equipe ministerial é refeita.
No dia 11 de maio de 1992, pra desespero de muita gente, é posta uma bomba do tamanho de um trem no caminho do super-Collor: seu irmão mais novo, Pedro Collor, denuncia por razões pessoais o enorme esquema de corrupção comandado pela eminência parda do governo que atendia pelo nome de Paulo César Cavalcante Farias, o PC.
O bafafá deu no que deu.
A partir daí foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias. Essa CPI, chamada de CPI do PC, acabou provocando um incêndio de grandes proporções na Casa da Dinda e levando às favas, e de roldão, um jardim babilônico de US$ 2,5 milhões e 13 mil m2 de área verde, oito cachoeiras, piscina de 100m2 e um lago com 1,5 milhão de litros de água especialmente tratada etc.
O fim já estava bem próximo.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
20 DIAS QUE SACUDIRAM O BRASIL (1)
Presidente da Associação Brasileira da Imprensa
No curto período de 20 dias — de 29 de setembro a 18 de outubro de 1992 — o Brasil deu um arriscado giro de 180 graus no seu corpo gigante e ganhou uma nova cara. Não novíssima, mas nova; pois é certo que ainda há muito o que fazer para que o Brasil entre nos seus devidos eixos. Enfim, como bem lembrou o cantor e compositor Geraldo Vandré, num bate-papo comigo na sua casa, em São Paulo:
— O povo ainda tá de tanga na rua.
Pois é.
As bases fisiológicas que historicamente têm possibilitado o descalabro e a corrupção continuada na máquina administrativa do País (a sonegação de impostos chega à casa absurda dos US$ 50 bilhões por ano, segundo as estimativas mais otimistas) continuam firmes e sólidas como nunca. Nesse particular, a imprensa continua deitando e rolando, vendendo jornal e faturando ibope. E só. De todo modo, porém, é muito cedo para se saber com precisão a real dimensão e importância da mudança em si só inédita e histórica (na forma e no conteúdo) no Brasil e em todo o mundo. Não vale citar o caso de Carlos Andrés Pérez, presidente derrubado pelo Senado venezuelano, sob a acusação de embolsar algo em tomo de US$ 17 milhões do erário público.
Essa mudança entre nós começou com estudantes de cara-pintadas protestando contra o governo nas ruas. Culminou primeiro com a aprovação do pedido de impeachment (por corrupção) contra Collor na Câmara dos Deputados e sua posterior renúncia à Presidência da República exatos dois meses depois quando o Brasil começava a respirar mais aliviado das muitas humilhações até então sofridas.
A queda do presidente Fernando Collor não foi, a rigor, surpresa para ninguém. Era esperada sim, pois nem o Brasil e nem os brasileiros mais simples suportavam mais ler ou ouvir falar a respeito de tantas denúncias de assaltos à luz do dia ( e/ou à calada da noite) aos cofres públicos, apresentadas diariamente pela imprensa nacional e estrangeira, envolvendo o nome exatamente de quem foi eleito para moralizar e pôr o País no caminho da prosperidade, do respeito e do desenvolvimento industrial, como exaustivamente era prometido pelo então candidato do PRN em modernoso e aventureiro discurso durante a sua fulminante e vitoriosa campanha à presidência da República.
O governo Collor — encerrado definitivamente no dia 30 de dezembro de 1992 — colecionou em pouco mais de dois anos uma vergonhosa série de escândalos de todos os tipos, incluindo o incrível e criminoso sequestro da poupança dos brasileiros (infelizmente aprovado pelo Senado, não nos esqueçamos) e das aplicações legais no mercado financeiro.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
PELÉ, UMA LENDA NA TERRA E NO CÉU
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BRASÍLIA EM POLVOROSA
A tarde de terça-feira de 29 de dezembro de 1992 fervia, em Brasília. Como hoje, quinta.
Naquele dia de exatos 30 anos atrás o carioca boçal Fernando Collor de Mello era posto entre a cruz e a espada. Sobre ele pesavam acusações de corrupção. PC Farias, seu testa de ferro fazia tudo para encher os bolsos de dinheiro público.
Hoje 29 policiais federais foram a campo em sete Estados com 32 mandados de prisão e de busca e apreensão. A ordem foi dada pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes. O alvo tinha a ver com os responsáveis pelo quebra-quebra geral na noite de 12 último após a diplomação de Lula como novo presidente da República.
Na tarde de 29 de dezembro de 1992 Collor encaminhou ao Senado carta em que anunciava a renúncia do cargo de presidente. Foi lida e tal. Logo após foi aberta no Senado a sessão que resultaria em impeachment e suspensão dos direitos políticos por oito anos. Isso já na madrugada de 30.
No final da manhã de hoje Lula anunciou os dezesseis nomes que ainda faltavam para formar o grupo de 37 ministérios do governo que iniciará no próximo dia 1º.
A propósito da posse de Lula milhares de policiais civis e militares, estaduais e federais, estarão mobilizados e atentos para agir diante de qualquer movimento suspeito.
Lula ainda não decidiu se vai desfilar em carro aberto ou não.
Há 30 anos, logo após a queda de Collor, escrevi o livro 20 Dias que Sacudiram o Brasil. Não foi publicado. Os originais desse livro foram achados num lugar qualquer do Instituto Memória Brasil, IMB. Tem textos de apresentação, prefácio e posfácio dos colegas jornalistas José Nêumanne, Audálio Dantas (1929-2018) e Fernando Coelho.
Voltarei ao assunto.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
LULA: O DIA DA POSSE ESTÁ PERTO
De fato, são muitas as expectativas em torno da posse do novo presidente do governo que está se formando.
As barracas e sei lá o que dos bolsonaristas aloprados armadas em torno do QG do Exército em Brasília estão sendo desmontadas. Menos mal.
Lula ainda não decidiu se vai desfilar no carro chique que o governo americano deu ao governo brasileiro tempos atrás. Opa! Eu disse isso?
O carro em questão, um Rolls Royce, foi comprado pelo governo brasileiro e inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas em 1953. Custou a bagatela de 420 mil dólares. A informação é do jornalista e escritor Lira Neto, um dos biógrafos de Vargas.
O novo comandante do Exército já foi escolhido, Júlio César de Arruda.
Há expectativas vibrantes para o anúncio dos 16 nomes que faltam para formar o grupo de 37 ministérios do que será o terceiro governo de Lula. Extraoficialmente, falam-se às escancaras que Simone Tebet já foi indicada para ocupar a pasta do Planejamento. Ana Moser e Marina Silva deverão ser respectivamente as titulares dos Esportes e do Meio Ambiente.
O Ministério dos Esportes foi criado no governo de FHC. O seu primeiro titular foi o mineiro Edson Arantes do Nascimento, mundo afora mais conhecido como Pelé.
Pelé, eterno rei da bola, está há 29 dias internado no hospital Albert Einstein.
Há muitas expectativas em torno de Pelé. Está com câncer que vem se agravando a cada dia. Tomara que fique bom, curado do maldito tumor que o vitima.
Enquanto isso, atenção: o tal que afunhenhou o Brasil deverá ir para o raio que o parta amanhã 29. Dizem às escancaras que ele, sim aquele, aquele mesmo comparado ao capeta aqui na Terra, vai passar uns dias em Orlando (EUA) e em seguida afogar mágoas e lágrimas nos braços daquele outro. Sei não, não sei mesmo, mas acho que os dois têm um caso. Que caso é esse, não sei.
Atenção, atenção de novo: está descartada a possibilidade de Bolsonaro passar a faixa presidencial a Lula.
Só uma vez um presidente, um ex, deixou de passar a tal faixa. Foi Figueiredo, o general que detestava o cheiro de povo e adorava, digamos, o afago dum cavalo. Eu, hein!
Enquanto isso, discretamente, o Centrão faz da moita seu lar.
JOVEM PAN
Hoje 28 liguei a Pan e ouvi o Jornal da Manhã. Os comentaristas de mesa estavam sumidos. Hummm.
No horário não escutei o Morning Show, por que hein? Detalhe: na hora, pouco antes talvez, escutei uma voz impostada dizendo que a Pan é uma rádio do caralho, que só dá notícia verdadeira e coisa e tal. Nada de apoiar golpe e golpista, disse ainda o locutor. Então tá, né?
terça-feira, 27 de dezembro de 2022
EXPECTATIVAS NO AR DE BRASÍLIA
Há uma grande expectativa no Brasil.
Para o bem ou para o mal, sempre houve expectativa no Brasil.
Oficialmente, Lula toma posse do cargo de presidente no próximo domingo 1°.
A posse do novo presidente já está cercada de grandes expectativas. E tensão. Esperam-se cerca de 350 mil pessoas na solenidade de posse em Brasília. Muitos chefes de governo, incluindo o rei da Espanha, deverão comparecer ao ato.
Milhares de policiais, incluindo todo o contingente de segurança do Distrito Federal, estarão a postos e atentos a quaisquer situações que possam parecer estranhas no domingo que vem.
Agora há pouco, ali pelas 11, o governador do DF, Ibaneis Rocha, e os futuros ministros Flávio Dino (Justiça) e José Múcio Monteiro(Defesa), concederam coletiva de Imprensa para falar sobre o esquema de segurança. Falaram da prisão do terrorista George não sei o quê e se Lula vai ou não desfilar em carro aberto. As pessoas de bom senso acham que não deve.
Repórteres quiseram saber de Ibaneis, Dino e José Múcio se os aloprados bolsonaristas que ocupam a área dos quarteis serão postos pra correr antes ds posse de Lula ou não. No ar ficou a interrogação.
Há também muita expectativa em torno do anúncio dos nomes que faltam para formar o quadro de ministros/ministérios.
Se vou à Brasília?
Não, não vou à Brasília.
JOVEM PAN
Liguei hoje de manhã a rádio Jovem Pan e não achei o noticiário polêmico que desenvolve. No lugar, só música estrangeira. O que houve com esse noticiário, hein?
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (56)
'Pronto! Pode falar', disse Maria apertando um botão do seu celular.
Calma, calma. Eu não sou robô. Ainda não, pelo menos.
Maria caiu na risada, dizendo ironicamente: "Ah! Eu tinha me esquecido desse detalhe".
A fala provocou uma risada geral entre os botões. Barrica: "Na verdade eu nunca pensei que seu Assis fosse um robô, mas ahora é hora de pensar nisso". Zilidoro: "É mesmo! Seu Assis fala de tudo com propriedade. Está sempre atualizado. Ligado em tudo. Parece saber de tudo. Nunca vi ninguém assim. A Maria brincou, mas acho que ela tem alguma razão no que diz".
O que é isso, pessoas? Vocês endoidar? Estão indo longe demais! Eu sou gente. Em mim bate um coração já bastante cansado, diga-se. Deixem de onda!
Essa foi a primeira vez que Assis adentrou a casa levando consigo uma mulher, jovem, bonita e engraçada. Apresentando-a disse que a conheceu em Oxford. Brasileira, nascida em Minas Gerais, Josefina Sebastiana Carolina Dora Flor Maria de Sapucaí especializou-se em História Geral dos Povos e no estudo de línguas árabes, incluindo a língua de Cristo, aramaico. "Virge Nossa Sinhora do céu! Que mulher é essa?", espantou-se sem dissimular o botão Zoião. "Cala boca, deixa o homem falar", disse num cutucão o poeta Zilidoro.
Pois bem, pessoal, Josefina é conhecida em boa parte no mundo como Flor Maria. Nos meios universitários, de Londres principalmente, há muitos que a chamam simplesmente My Flower. "Puxa vida, assim tão nova e já é isso tudo?", pensou em voz alta, estupefato, o Mané. "Uma mulher assim não sabe cuidar de uma casa, não sabe cuidar de filhos... eu hein! Tô fora!", disse o desabusado Lampa num muxoxo.
O que Lampa falou, e como falou, provocou a reação de todos, que em uníssono o repreenderam: "Machão! Machão! Machão!".
De fato. A observação de Lampa além de lamentável, é triste e indefensável sob qualquer aspecto. Eu procurei seus olhos, mas ele os escondeu. Quando eu já ia mudar de assunto, Lampa levantou-se acabrunhado: "Dona Flor, me desculpe. A minha vida foi sofrida. Nunca estudei, nunca entrei numa escola, mas nunca matei ninguém. Dizem que matei, mas é mentira. Se eu fosse mais novo, eu pediria pra senhora me ensinar. Eu admiro muito o seu Assis e Zilidoro. De novo, dona Flor, lhe peço desculpas pelas besteiras que eu disse".
Ao dizer o que disse, acomodou-se no seu tamborete. A casa encheu-se de palmas. Lampa pareceu emocionado. Devagarzinho tirou o punhalzinho da cinta e com ele, cabisbaixo, passou a cutucar as unhas.
Maria achou graça e desculpou Lampa. Depois disse estar curiosa e entusiasmada com os nomes que o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva tem apresentado para ajudá-lo a governar. Entre esses, muitas mulheres.
Antes de se retirar do ambiente ao lado de Maria, Assis disse que ele e todos os brasileiros de bem estão torcendo pra que tudo dê certo para o governo que se inicia domingo, dia 1°.
Jão e Zé convidaram os presentes para um cafezinho.
domingo, 25 de dezembro de 2022
JESUS SEMPRE FOI UM CARA NEGRO. PONTO (2, FINAL)
No tal templo trocavam-se moedas de diversas espécies e lugares. Esse templo era dirigido por judeus de alto gabarito. E foram esses que pegaram Jesus e o entregaram a Pilatos que lavou as mãos e deu no que deu.
No geral, e a rigor, comparo Jesus a Antônio Conselheiro.
Conselheiro, beato, saiu dos cafundós do Ceará para brigar contra os poderosos da sua época. E aí, lascou-se. Resultado: 25 mil mortos em Canudos, BA.
Nisso tudo até aqui contado, há algo que me encanta: Jesus, a contragosto dos discípulos, recebeu um dia um grupo de crianças no Jardim das Oliveiras. Justificando a sua vontade teria dito "Vinde a mim crianças".
Agora, meu amigo, minha amiga, imagine Jesus loiro de olhos azuis no Egito.
Naquele tempo, no tempo de Jesus, havia tudo quanto não presta, que nem hoje. Figuras como o rei Salomão eram de grande importância. Temidos. Salomão era negro. O rei Davi, também. Por que não se fala disso?
Existem centenas, milhares, de livros, discos, muita coisa que trata de Jesus e seus discípulos.
Os discípulos eram uma espécie de segurança de Jesus.
Jesus não nasceu em Belém, nasceu em Nazaré.
Nazaré era uma vilinha de nada pegada à Palestina.
E o Natal, hein?
Em dezembro daqueles tempos era um mês de festejos pagãos.
O cristianismo foi adotado como religião, digamos assim, no século 4 pelo Imperador Constantino.
O calendário gregoriano... Bom, essa é outra história. Sem falar da violência comum naqueles tempos. Escravidão, inclusive. Analisando bem, pouco mudou até aqui.
Na segunda parte do século 19 o baiano Castro Alves pegou para si a bandeira da abolição e gerou a obra-prima O Navio Negreiro, cuja a 4ª parte foi musicada pelo pernambucano Jorge Ribbas. Assim:
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!...
Ilustração do cartunista Fausto Bergocce.
sábado, 24 de dezembro de 2022
JESUS SEMPRE FOI UM CARA NEGRO. PONTO (1)
Maria, Maria! Veja isso, Maria!, foi dizendo entusiasmado Zelatiel das Flores à mulher que na sala ajeitava umas tranqueiras referentes ao período natalino. E ela: Oi, oi. Endoidou?.
Zelatiel fez que não ouviu, talvez tenha ouvido, mas entusiasmado, com o celular na mão, disse que acabara de ler uma coisa bonita.
Maria, por uns momentos, parou de mexer nas tranqueiras e encarando o maridão, perguntou: Quem é esse cara a quem você se refere?.
Zelatiel fez que não ouviu e começou a ler com voz impostada:
Oh! Deus teu filho é negro
E tem de ti a semelhança
Dos que nascem em África
No rastro da esperança
Tu sabes, e muito bem,
Que isso dá discussão:
Há brancos que se recusam
A ver num negro seu irmão
Lamentável! Lamentável!
Impróprio para cristãos:
Se somos todos iguais
Por que não somos irmãos?
Hummm... Gostei, gostei. Esse é o cara a quem você se refere? Poxa, muito bom, perguntou já opinando a Maria de Zelatiel. E ele: Sim, ele é o cara!.
E a conversa foi seguindo por aí, entre perguntas e exclamações.
Zelatiel começou a dizer à mulher que não conhecia pessoalmente o autor do poema, mas o acompanhava na imprensa. Disse que os textos dele publicados no newsletters Jornalistas&Cia, por exemplo, fogem da obviedade ululante.
E é por isso, mulher, que você aparentemente gostou dele e sem o conhecer. E quer ver?
Jesus não era branco, não era loiro, era negro.
Não existe loiro de olhos azuis no Oriente Médio.
Não está na Bíblia, mas Jesus tinha menos de 1,70m de altura. Seus cabelos eram curtos e a barba, aparada. Era pessoa aparentemente normal. Era do campo. Agricultor. Talvez analfabeto, mas um dia achou de brigar com o establishment. E aí lascou-se.
Viu Maria, viu Maria?
De fato, o mundo todo guarda na memória a figura de Jesus loiro, magro, de olhos azuis e gostoso, penando de braços abertos numa cruz.
Olha, Maria, o que o cara ainda escreveu:
Na Bíblia há muitas informações a respeito do tempo antigo. Desgraceiras a dar com pau, muitas orgias.
Nem anjos escaparam da sede sexual dos tarados de Sodoma e Gomorra.
Isso é o que diz o velho Testamento.
Você está acompanhando isso, Maria?
Sim, Zelatiel.
Pois é, no velho Testamento há coisas do arco da velha.
Confesso, Zeca, que nunca li a Bíblia. Mas acho que vou deixar minha preguicite de lado e me ocupar dessa tarefa. Na Bíblia há todas essas putarias a que você se refere?
Sim, Maria. A Bíblia é um livro incrível. Nesse livro tem poema, tem romance, tem crônica, tem tudo o que você possa imaginar. Belíssimo. Veja de novo o que o nosso amigo escreveu:
Ninguém sabe quando nasceu e morreu Jesus Cristo.
Lucas, Mateus e Marcos falam de Jesus nos seus textos. Pra mim, eles são jornalistas do tempo antigo. Dão informações a respeito de Jesus. Incompletas, é verdade. Mas está lá: Jesus tinha uns 30 anos de idade quando foi preso, torturado e morto pregado numa cruz por romanos.
Aos 12 ou 13 anos de idade, Jesus encantou sábios em Jerusalém. E foi em Jerusalém que ele botou pra quebrar ao expulsar, na porrada, marreteiros que vendiam bugigangas em torno do que a Bíblia chama de templo.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2022
É NATAL, O RECOMEÇO DE UNTUDO.
A vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação – porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada.Pois é, a vida é um eterno recomeço.
A respeito desse João, atirei o meu pensar numa folha de papel em branco. Saiu isto:
Nonada não é nada
Nas veredas do Sertão
Nonada é apenas
Começo de confusão
Prá macho que nasce frouxo
pedindo a padre perdão
Nonada não é nada
É um sim, talvez um não
É Hermógenes morrendo
No meio dum furacão
É Joca Ramiro vingado
Com muito sangue no chão
Nonada não é nada
É bendito, é oração
É padre puxando reza
Na frente de procissão
Convencendo o pecador
A fazer bem ao seu irmão
Nonada não é nada
Nem é tiro de canhão
É começo de conversa
De gente forte do Sertão
Inventada por um cabra
De nome chamado João
O belíssimo Sertão: Veredas, publicada em 1956, é pra ser lido por todo mundo. Até por quem já o leu.
Na primeira página desse livro, o autor mostra com todos os olhos, pernas e braços, a que veio. Encantado, inventei de gravar o que senti. Ouça:
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
VIDA É ARTE. VIVA A ESPERANÇA!
TESÃO É VIDA!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2022
HOJE É DIA DE ELOMAR E ALTAMIRO CARRILHO
... Assim é Elomar Figueira de Mello: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou 'causos' escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste...
VISITA É COISA BOA
Ontem 20 a minha casa ficou mais alegre com a presença dos amigos Fausto e Vitor Nuzzi. Fausto é um grande chargista e Nuzzi autor de grandes livros. É dele, por exemplo, Geraldo Vandré - Uma Canção Interrompida (Kuarup, 2018). A prosa foi ótima, começou por voltas das 15h e terminou à boca da noite. Falamos de tudo um pouco: política, futebol, literatura, charge, pintura e tal. E molhamos o bico, que ninguém é de ferro. Aí na foto, o registro.
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
O BRASIL FICA MENOR COM A MORTE DOS GRANDES
NÉLIDA PIÑON
CARLOS BRICKMANN
segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
A COPA DO CRAQUE FAUSTO. NOTA DEZ!
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O craque Mbappe grande velocista do time da França |
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Saída melancólica do Brasil diante da Croácia |
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Marrocos, grande surpresa na Copa |
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Lionel Messi levando a Argentina na final |
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Grande final com a Croácia ficando na terceira colocação |
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A grande final com vitória Argentina de Messi |
domingo, 18 de dezembro de 2022
EU E MEUS BOTÕES (55)
CANTOR BOM DE BOLA × JOGADOR BOM DE MÚSICA (2.2, FINAL)
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, paraense, chegou a fazer poesia e a compor músicas. Guardo alguns poemas inéditos dele, escritos de próprio punho.
Papete e Osvaldinho da Cuíca compuseram e gravaram um samba para o Corinthians que se tornou clássico: Vai Corinthians.
Paulinho Nogueira, antigo professor de violão de Toquinho, compôs uma jóia para homenagear o Timão depois de duas décadas sem títulos: Meus Vinte Anos, Ai Corinthians!
O caboclinho querido Silvio Caldas, cantor de voz poderosíssima, era palmeirense roxo. Claro, enalteceu o Palmeiras em música gravada em disco: Tarantela em Verde e Branco e Arrancada Heroica.
O cantor e compositor Moacir Franco é palmeirense, mas um dia não resistiu e gravou uma música em homenagem ao botafoguense Garrincha. Título: Balada n° 7.
Num ano qualquer da década de 70 o humorista Chico Anísio criou o personagem Coalhada. Tipo Bozó, manja?
Quanto a mim devo dizer que nunca disputei nenhuma partida de futebol importante para a vida nacional, mas isso não quer dizer que não fui bom jogador de bola de gude, bola de meia e peteca. Confesso: nunca errei uma peteca na cabeça de um corno adversário. Também devo dizer que tive razoável atuação no futebol de salão e de campo, meio Coalhada, hic!
Em 2026, voltarei ao assunto.
Ilustração do cartunista Fortuna (1931-1994).
sábado, 17 de dezembro de 2022
CANTOR BOM DE BOLA × JOGADOR BOM DE MÚSICA (2.1)
Definitivamente: música e futebol é um lance que combina muito.
É ginga,
ritmo, swing, baile… Essas palavras encaixam-se perfeitamente no repertório
musical e no futebolístico.
Futebol é dança, espécie de balé.
E
música, hein?
Ary Barroso
foi um dos mais prolíficos compositores da nossa música popular. Era um chato,
dizem. Mas o fato é que foi importante. Deixou uma obra extremamente
significativa. Foi um dos primeiros a ter música gravada em outras línguas.
Começou compondo no gênero, digamos, caipira. Alinhou-se ao samba e gerou um
gênero: exaltação, samba exaltação.
Dominguinhos, de batismo José Domingos de Morais, tinha tudo pra ser nada. Mas um dia,
aos oito anos de idade, teve a felicidade de ser visto por Luiz Gonzaga já
rei. Foi no interior de Pernambuco, a terra de ambos. O tempo passou e Gonzaga
findou por adotar, musicalmente, aquele menino.
Ary era desesperadamente
flamenguista e Dominguinhos, botafoguense.
O detalhe é que, fugindo à
regra, Ary nunca compôs uma música para seu time. Dominguinhos, idem.
Curiosidade: Dominguinhos chegou a bater bola com seu ídolo, Mané Garrincha
(1933-1983). "Os dois chegaram a virar amigos", lembra a sua ex-companheira
Anastácia.
O compositor e cantor Ari Lobo, de Belém do Pará, foi um
artista que deixou muitas músicas bonitas. É dele, por exemplo, a música
No Balanço do Garrincha. Ari deixou cerca de 400 músicas, entre as quais
Eu Vou pra Lua e
Menino Prodígio.
A cantora
Elza Soares
pra Garrincha gravou:
Alegria do Povo.
Luiz Gonzaga, o rei do baião, deixou uma infinidade de músicas
bonitas. Entre elas, Asa Branca.
Há coisas curiosas em torno de Asa
Branca, de matriz folclórica. Pois é, de matriz folclórica.
Uma vez
perguntei a Gonzaga qual a origem de Asa Branca. Isso porque eu sabia que o
povo mais simples de Pernambuco e Paraíba já cantarolava essa música. Leia sua
resposta, clicando:
ODE A LUA.
Em
outubro de 2013, levei à cena no Centro Cultural dos Correios, RJ, a história de Gonzaga.
Pra me ajudar na tarefa convidei Ricardo Cravo Albin, Oswaldinho do Acordeon,
entre outros.
Filho do baiano Pedro Sertanejo, o carioca
Oswaldinho
jogou pelada na adolescência. Era o xodó do pai, que queria porque queria
vê-lo sanfoneiro. A primeira música que ensinou ao filho foi Asa Branca. E era
só chegar uma visita em casa, que o pai o chamava para tocar a "bendita
música". O menino ficou traumatizado. Saiba o motivo:
Papete, Paulinho Nogueira e a cantora Inezita Barroso eram fãs de carteirinha do Corinthians, como fãs de carteirinha desse time são Osvaldinho da Cuíca, Tom Zé e mais mundo e meio.Tom Zé fez uma interessante canção para o ex-meio-campista Neto, de batismo José Ferreira Neto. Esse Neto, da safra de 66, é paulista de Santo Antônio de Posse. E tem uma língua enorme, ferina. Para tanto, basta ouví-lo no rádio e TV Bandeirantes.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
MATUSALÉM VAI AO INSS
quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
FORRÓ É SAÚDE E LONGEVIDADE
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Luiz Gonzaga gostava de uma ceverjinha... Com o Assis |
CAMINHADA DO FORRÓ
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